Bebê nasce em motel e estabelecimento cobra multa ‘por orgia’

Para que um bebê chegue ao mundo de forma natural, em geral, são necessárias algumas horas de trabalho de parto. Da fase latente, passando pela fase ativa, expulsivo até o nascimento da placenta são esperadas pelo menos 12 horas.

Também há relatos de parto que duraram alguns dias e outros que ocorrem a jato: o bebê nasce em casa (sem planejamento), no carro ou na recepção do hospital, por exemplo.

E foi exatamente assim que Chloe escolheu chegar no último dia 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil. A filha da analista financeira Priscila Bomfim e do professor Vitor Neves nasceu em um motel de São Paulo. Abaixo, o pai conta melhor essa história:

“11:40 Eu chego em casa e juntos nos preparamos para correr para o hospital. A Chloe vai nascer! Lá, demos entrada no PS, onde para nossa tristeza, após exame de toque, a Priscila não apresentou dilatação suficiente. Sugeriram refazer o exame em duas horas. Neste intervalo, fomos ao restaurante, almoçamos e aguardamos. Após nova avaliação, nada! A equipe sugeriu que retornássemos para casa (buááááá).

Como já era próximo das 18h, sexta-feira, véspera de feriado, greve de ônibus, e chovendo, fizemos contato com nossa doula, Isabela Colaço, que sugeriu, irmos para um hotel próximo.

Para localizar você, que está lendo, estávamos no hospital Sepaco, na Vila Mariana, então buscamos um local próximo, na [avenida] Ricardo Jafet. Às 17h acabamos entrando em um motel.

Na recepção, disse que minha esposa estava em trabalho de parto e que precisávamos de uma banheira apenas para ela relaxar. A recepcionista se assustou. Eu corrigi e disse que iríamos apenas descansar, pois precisávamos evitar ir para casa, para não correr risco de enfrentar o trânsito de São Paulo.

Até então, tudo certo. Entramos, a Pri foi para a banheira, e durante a noite ocorreram contrações bem espaçadas e irregulares, tudo monitorado pela equipe médica e por nossa Doula, à distância.

No sábado, às 5h45, fiz contato com a equipe para informar que as contrações estavam ficando mais fortes, mas ainda irregulares. A Fernanda, que prestou o atendimento, informou que o plantão estava encerrando às 8h a Mika, obstetriz, assumiria. O Coletivo Nascer trabalha com esquema de rodízio das equipes.

Às 7h03, as contrações ainda estavam irregulares e espaçadas. Já às 7h28, minha esposa soltou o primeiro palavrão. Apesar de irregular, a contração já estava mais forte.

Às 9h33 chamamos a doula, que prontamente se deslocou para vir para o motel. Lembrando que nosso plano era seguir para o hospital, quando o trabalho de parto já estivesse engrenado.

Como estávamos em um motel, informei que iríamos receber uma massagista para acalmar nossa esposa, e assim a entrada seria liberada.

Mas, às 9h40 estourou bolsa. Priscila entra no banho, mas começa a sair muito sangue. Imediatamente, aviso a Isa. Tensão no ar!

Minha esposa começou a gritar: Vai nascer! Vai nascer. Aviso a doula que a bebê vai nascer. ‘Isa, vem logo’, escrevi pra doula às 10h02.

As contrações ficaram regulares e a doula disse para seguirmos para o hospital, onde nos encontraríamos. Impossível! A esta altura, a Pri esmurrava a banheira, e dizia aos berros: vai nascer!

A Isa pediu para tirá-la da banheira. Toda equipe estava a caminho do motel.

No banho, minha esposa se tocou e sentiu Chloe já coroada. Exausta e sem forças, ela caminhou de perna aberta até a cama. Foi quando vi a cabeça da bebê para fora. Que adrenalina!

Em uma chamada de vídeo fui recebendo orientações. Uma mão segurava o telefone e a outra, abaixo da Pri, esperando a Chloe sair. Apesar da tensão, pude ver uma das imagens mais incríveis da vida: era a cabeça toda da minha bonequinha, que já estava prestes a nascer. Pri gritava ‘espera Chloe, espera’.

Rapidamente, apareceu o braço direito da Chloe. Na sequência, ploft, nasceu! Às 10h05 veio ao mundo a minha bonequinha, para dar o seu grito de liberdade. Ela caiu em minha mão e puder agarrar, com toda a segurança, mas ela caiu com a barriga para cima.

Pelo telefone a Paula, obstetriz que nos auxiliava, pediu para virá-la e massageá-la. Chloe soltou o seu grito de independência e chorou. Que alívio! Após todo o desespero da melhor experiência de minha vida, recebi a Isa, que me abraçou forte. Choramos juntos, de felicidade, após o parto.

Ela prestou os primeiros atendimentos e na sequência chegaram Mika, a obstetriz e Ana, a enfermeira obstetra”.

VISÃO DA MÃE

“Acho que ela já nasceu fazendo história e fazendo com que esse momento se eternizasse em nossas memórias e mudasse nossas vidas para sempre. Estamos cheios de amor como nunca antes”, conta Priscila.

Chloe nasceu com 3,605 kg e 49 cm e pela “orgia” causada no motel, a família desembolsou R$ 1.082, quatro vezes mais que o combinado na entrada. Segundo a administração do local, o valor a mais referia-se a cada pessoa que estava no quarto, além da higienização necessária.

Curta o Maternar no Instagram e no Twitter.