Tratamento para infertilidade é caro, mas já está mais acessível
Reportagem: Tatiana Cavalcanti
Receber um diagnóstico de infertilidade é uma péssima notícia a qualquer casal que tenha o sonho de ter um filho. Um dos fatores mais comuns, mas não o único, é a idade avançada da mulher —a partir dos 35 anos, elas começam a entrar na terceira idade biologicamente.
O homem também pode apresentar dificuldades, que podem ser analisadas com exames simples. A tecnologia ajuda, mas os tratamentos artificiais ainda são muito caros e não são garantia de sucesso. Apesar disso, há projetos com preços mais acessíveis.
Os valores da FIV (fertilização in vitro) podem chegar a R$ 30 mil, considerando a estimulação ovariana (com remédios que custam, em média, R$ 7.000), a cirurgia para a retirada dos óvulos e a transferência de embriões, além de tratamentos paralelos que podem surgir.
Há programas que oferecem o procedimento por metade desse valor em troca de doação de óvulos, por exemplo— ou para quem comprove baixa renda. Recorrer a um procedimento, como inseminação artificial, coito programado ou fertilização in vitro pode significar um rombo no orçamento mas, muitas vezes, a única esperança.
Segundo Thaís Domingues, médica especialista em reprodução assistida e coordenadora do programa de Ovodoação do Grupo Huntington, é possível baratear os custos de várias formas —doando óvulos, por exemplo. Mas essa medida só é válida a mulheres de até 35 anos. “As mulheres mais velhas, que não conseguem com os próprios óvulos, podem sugerir doadoras e, assim, baratear o custo.”
Quando a mulher não tem mais óvulos de qualidade (que por problemas cromossômicos podem causar abortos ou deformidades), a ovodoação —doação de óvulos de outra mulher— se torna opção muitas vezes dolorida, mas que pode ajudar a conquistar a maternidade.
Engajamento materno
Durante quatro anos, a consultora de marcas de moda Karina Steiger, 45 anos, passou por duas FIVs, indução de ovulação e até coito programado, sem sucesso. Até que descobriu a opção da doação de óvulos.
“Eu queria sentir a barriga crescer e ter o parto. Essa era a única maneira na minha situação, eu já tinha 43 anos. Porque tudo que eu desejava era gerar amor”, diz Karina, que hoje morre de amores pelo filho, Enrico, de 1 ano, gerado graças a um óvulo doado por uma espanhola.
“Ele é a cara do meu marido, não tem o que por, nem o que tirar”, afirma ela sobre a semelhança entre Enrico e seu marido, o ator Pedro Corbetta, 46 anos.
Para divulgar o tema da ovodoação —ainda desconhecido por muita gente e pouco debatido, muitas vezes um tabu—, Karina passou a falar do tema em palestras que ela chama de encontros. “É uma grande reunião entre estranhas que parecem amigas íntimas. Isso acontece pela identificação da situação.”O engajamento de Karina gerou o “Nós Tentantes – Projeto de Vida”, um bate-papo que teve início em agosto, com a primeira palestra em Porto Alegre (RS), e que no dia 12 de dezembro aconteceu em São Paulo, em parceria com o Grupo Huntington.
“Tudo começou porque queria trocar experiências nessa jornada, tão árdua, e para as mulheres sentirem que não estão sozinhas. Minha luta é fazer com que as pessoas se desarmem e encarem a ovodoação com mais naturalidade.”
Segundo Thaís, as chances de gravidez com a ovodoação em uma mulher de 35 anos são de 65%, contra 50% com óvulos dela. “Os óvulos doados estão ligados à idade da doadora. Por isso, a mulher que recebe um óvulo mais jovem pode ser mãe bem mais velha.”
Informações: www.ideiafertil.com.brwww.ideiafertil.com.br
Gera (Girassol)
Mais informações pelo email saude@ipgo.com.br e pelo www.ipgo.com.br/projetos-fertilizando-sonhoswww.ipgo.com.br/projetos-fertilizando-sonhos
SUS
Ingressam pacientes que recebem diagnóstico de infertilidade após dois anos de tentativa
Em São Paulo, são elas: Pérola Byington, Unifesp, Faculdade de Medicina do ABC, Santa Casa de SP, Hospital das Clínicas de SP e Faepa de Ribeirão Preto
ATENÇÃO: Para doar óvulos, são aceitas apenas mulheres de até 35 anos.