Queridinho dos médicos, soro fisiológico vai além de desentupir o nariz; veja dicas

O mito do inverno ser a estação mais elegante e romântica já caiu faz tempo no grupo de mães do WhatsApp. “Só curte o frio quem não tem filhos pequenos”, dizem.

Espirro, tosse, nariz entupido e, assim como no ano passado, um medo adicional: será que é Covid-19?

Neste ano, para desespero de muitos pais, o inverno vai ter temperaturas mais baixas e pouca chuva, um prato cheio para os vírus respiratórios.

Unanimidade entre os especialistas, a lavagem do nariz com soro fisiológico 0,9% volta a ser lembrada e é eficiente tanto para prevenir doenças, como amenizar os sintomas delas.

O produto dilui as impurezas, diminui a inflamação local, elimina as secreções purulentas e hidrata as vias respiratórias, diminuindo substâncias que irritam a narina e deixam o ambiente propício para os vírus se instalarem.

Segundo a pneumologista infantil Jéssica Carrasco, o mais indicado é fazer o uso do soro desde bebê. “O ideal é começar quando a criança não está doente: no banho, de brincadeira, fazendo em si mesmo, usando e abusando do lúdico. Doente tudo fica mais estressante”, lembra.

Para os casos em que não há o hábito, o bebê pode chorar e se debater (e assustar os pais, inclusive). A recomendação é contar com a ajuda de outra pessoa que consiga segurar a cabeça do bebê, enquanto a outra vem com a seringa e aplica rapidamente na narina.

“A lavagem nasal deve ser feita com o paciente sentado ou em pé e com o tronco ligeiramente inclinado para a frente. Os pacientes maiores podem ficar com a boca aberta e falar ‘AAAA’ enquanto estão lavando nariz. Isso diminui a chance de engasgos”, explica a pediatra especializada em alergias Camilla Pereira, do Plunes Centro Médico, de Curitiba (PR).

“A maioria dos aspiradores nasais são superficiais e só tiram a secreção anterior. Soro em spray ou conta-gotas têm volume menor e não conseguem fazer a pressão necessária para eliminar as secreções”, completa Jéssica Carrasco.

A especialista alerta que a limpeza nunca deve ser feita com a criança deitada. “Muitas vezes as mães acham que o soro causou infecção de ouvido, quando na verdade é o contrário: por não lavarem bem as vias aéreas superiores há o acúmulo de secreção até o ouvido, o que pode ocasionar uma otite. O medo do soro ir para o ouvido não deve existir se você está fazendo a técnica correta”, afirma.

Aspiradores nasais nem sempre são eficientes (Foto Adobe Stock)

Dicas das especialistas

  1. Faça a lavagem nasal e, se possível, inalação com soro todo dia, mesmo estando saudável;
  2. Recém-nascidos devem usar 1ml de soro, bebês, de 3 a 5ml e adultos podem usar 10ml de soro;
  3. Converse, cante ou coloque músicas para atrair a atenção do pequeno e conseguir colocar o soro no nariz;
  4. Após aberto, o soro fisiológico deve ser guardado na geladeira e as seringas devem ser lavadas e descartadas após uma semana de uso;
  5. O soro para uso no nariz deve estar em temperatura ambiente. Se estiver na geladeira, pode ser aquecido de 5 a 10 segundos no micro-ondas. Ele não pode ser aplicado morno para quente;
  6. Para inalação, o soro pode ser aquecido. Inclusive, mais morninho ajuda a fluidificar melhor. O soro gelado irrita a mucosa,  sobretudo para quem tem asma;
  7. Se a criança estiver obstruída, é melhor usar a cabeceira da cama um pouco mais elevada. Colocar um travesseiro pequeno a mais embaixo do colchão já ajuda. Sob a cabeça, o travesseiro dobra o pescoço e atrapalha ainda mais a respiração;
  8. Lave o nariz até a secreção ficar clara;
  9. Caso o soro não saia pela outra narina, não se preocupe. A criança pode engolir o jato eventualmente.
  10. Se a lavagem e a inalação não derem conta de reduzir a secreção, o pediatra pode encaminhar a criança para a fisioterapia respiratória.
  11. A procura pelo médico nesses casos respiratórios deve ocorrer sobretudo se houver febre por mais de 48 – 72h, se a criança estiver com esforço respiratório ou se a tosse durar mais de 10 dias.
  12. Para evitar doenças contagiosas comuns nessa época, as crianças devem ter os mesmos cuidados contra a Covid-19 na escola: usar máscara, lavar bem as mãos, usar álcool em gel, deixar o ambiente ventilado, não dividir brinquedos, materiais ou comida;
  13. Em casa, evite dividir alimentos do tipo “finger food”, aqueles que todo mundo pega do mesmo pote/saquinho/prato;
  14. Não mande o filho doente para escola, mesmo que seja “só” uma coriza;
  15. Caso a criança ainda não tenha sido vacinada contra a gripe, procure um posto de saúde mais próximo e vacine-o;
  16. Ofereça cerca de 1,5 a 2 litros de água por dia, pois a água ajuda a diluir o muco;
  17. Utilize pano úmido ou aspirador, para que a limpeza não espalhe a poeira e deixe os ambiente expostos ao sol o máximo que der;
  18. Não deixe muitos ursinhos de pelúcia no quarto das crianças;
  19. Se usar tapetes ou cortinas que possam acumular muito pó, limpe-os periodicamente também.

Como saber se é Covid-19?

Tanto a gripe como a Covid-19 são causadas por vírus e tem sintomas semelhantes. “A suspeita fica maior se a criança teve contato com pessoa positiva para Covid-19. É menos comum o acometimento respiratório em crianças, mas se houver suspeita, a única maneira de descartá-la é realizando o teste”, explica Jéssica Carrasco.

“Crianças têm menores desfechos ruins. O que nos preocupa são aquelas que apresentam asma não controlada e também mais alguma comorbidade (como obesidade, cardiopatia grave, diabetes mellitus ou erros inatos da imunidade). Crianças com perfil inflamatório aumentado podem apresentar quadro mais grave de Covid-19 e devem ser acompanhadas de perto”, explica Camilla Pereira.

Curta o Maternar no Instagram.