Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Acupuntura em grávidas atua desde enjoo até em virar o bebê para o parto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/#respond Fri, 24 Sep 2021 16:22:02 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-23-at-16.39.09-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9298 Cada dia mais se debate a importância das práticas integrativas nos desfechos positivos da gestação e do parto.

Reconhecida oficialmente em 2017 na lista de tratamentos oferecidos pelo SUS (apesar de ser usada desde a década de 80), a acupuntura é uma dessas práticas e ganha espaço entre as grávidas porque substitui, por exemplo, o uso de anti-inflamatórios –proibidos durante a gestação.

Durante a sessão, as agulhas estimulam as terminações nervosas existentes na pele e nos tecidos subjacentes e o “recado” gerado por esses estímulos segue pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central onde são liberadas diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, que desencadeam a analgesia na mulher, atuam como anti-inflamatório, relaxante muscular ou sedativo.

“As agulhas também podem agir sobre o sistema endócrino, imunológico e como moduladora sobre as emoções”, explica Roberta Girelli, médica especializada em acupuntura. Ela cita desfechos positivos em casos de cólicas no início da gestação, enjoos, vômitos, depressão, ansiedade, insônia e constipação intestinal.

“Durante as primeiras sessões percebi uma nítida melhora na ansiedade e mais para o fim, fiz sessões para a Olívia virar [estava pélvica] e deu certo [ficou cefálica]”, conta Julia de Santi, 36, que conseguiu ter a filha de parto normal após a cesárea do primeiro filho.

Acupuntura ajudou a amenizar os enjoos de Julia e aposicionar a bebê para o parto (Arquivo Pessoal)

Ela conta que após a bolsa romper chamou a acupunturista em casa e a ação das agulhas ajudaram a engrenar o parto.

Mãe de dois meninos, Viviane Guizelini, 44, também buscou ajuda na primeira gestação para diminuir os enjoos, problemas musculares, ansiedade e alergias. “Tratei rinite alérgica e o resultados era imediato, ao ponto de entrar na sessão com coriza e sair sem desconforto e sem o nariz estar escorrendo”, lembra. Na segunda gravidez, Viviane não conseguiu fazer sessões de acupuntura e notou mais incômodos durante a gestação.

“Os incômodos foram mais evidentes. Tive contrações de treinamento a partir da 26ª semana e também muita pressão no períneo, além de dor nas costas. Era uma mistura de queimação com algo ‘rasgando’ por dentro. A acupuntura fez muita falta”.

Presentes no histórico de muitas mães, cefaleia, lombalgia e síndrome túnel do carpo também podem ser tratadas com as agulhas.

Essa liberação de substâncias de forma endógena (produzidas pelo próprio organismo) é uma opção segura em todas as fases da gravidez, mas deve ser feita por profissionais especializados e com aval dos médicos que companham essa mulher no pré-natal.

Gestantes com distúrbios de coagulação ou anticoaguladas precisam de mais atenção e é preciso atentar para o que os antigos livros da medicina tradicional chinesa chamam de ‘pontos proibidos’, porque alguns deles estimulam a contração uterina.

Viviane e os filhos Vitor e Antonio (Lente Materna Fotografia/Arquivo Pessoal)

 

“A acupuntura, como qualquer tratamento, não promete exclusividade. Pelo contrário, a colaboração do paciente é essencial ao bom andamento de qualquer opção terapêutica”, destaca Silvana Maria Fernandes, acupunturiatra do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre.

Silvana cita a correção de hábitos alimentares a ingestão equilibrada de líquidos, um sono regular e prática de exercícios físicos adequados a cada fase gestacional como complementares ao tratamento.  “Tratar ou equilibrar comorbidades, de preferência antes de engravidar e controlar as condições emocionais também são aspectos relevantes abordados na consulta inicial, onde uma anamnese completa deve ser realizada, levando-se em conta todo o histórico médico da paciente, incluindo corpo e mente”, explica.

A literatura também apresenta bons resultados da acupuntura no pós-parto, em distúrbios da lactação (hipogalactia) e em quadros de depressão.

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Conheça 24 direitos das grávidas no trabalho, no médico e na vida cotidiana https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/pai-tambem-deve-arcar-com-despesas-da-gestante-veja-outros-direitos-das-gravidas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/pai-tambem-deve-arcar-com-despesas-da-gestante-veja-outros-direitos-das-gravidas/#respond Wed, 15 May 2019 12:52:39 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-14-at-17.18.30-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8134 Provavelmente, você já ouviu que toda grávida tem direito ao atendimento prioritário em instituições públicas e privadas, assim como assento prioritário nos transportes coletivos. Mas além desses direitos, há muitos outros garantidos por lei.

 

A Constituição prevê estabilidade da gestante no emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Vale ressaltar que a garantia da estabilidade no emprego também vale para a gestante em contrato de experiência.

 

A empregada gestante tem direito a licença-maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e salário. Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos mesmos 120 (cento e vinte) dias.

 

Mães adotivas também têm direito à licença-maternidade de 120 dias no caso de criança até 1 ano de idade; de 60 dias no caso de criança de 1 até 4 anos de idade e de 30 dias no caso de criança de 4 até 8 anos de idade.

 

A licença-maternidade de 180 dias é obrigatória no serviço público e opcional para empresas do setor privado inscritas no Programa Empresa Cidadã.

 

É direito da gestante ter as despesas decorrentes da gestação custeadas pelo futuro pai. Isso vale para despesas com alimentação, médico, psicólogo, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições indispensáveis, segundo seu médico, além de outros itens que o juiz considerar pertinentes.

 

A gestante também tem direito a transferência de função, quando sua condição de saúde exigir (mediante atestado médico), tendo assegurada a retomada da função anteriormente.

 

Vale mencionar que a gestante que exerce atividade considerada insalubre em grau máximo (contato com agentes químicos, biológicos, infecciosos e fatores físicos prejudiciais à saúde) deverá ser afastada da atividade enquanto durar a gestação, sem prejuízo do adicional de insalubridade recebido.

 

Entre os cargos que se encaixam nesse perfil estão: soldadoras, técnica em radiologia, profissionais da metalurgia, bombeira, química, mineradora, profissional da construção civil, mergulhadora e enfermeira.

 

A alteração também vale se a gestante tiver um atestado médico nos casos das atividades consideradas de grau médio (lugares quentes e úmidos) ou mínimo (locais ruidosos).

 

A gestante ainda tem direito à dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.

 

Mães desempregadas que contribuíram para Previdência Social também podem receber o salário de licença-maternidade. A solicitação do benefício pode ser feita até a criança completar cinco anos.

 

Após o nascimento da criança, a mulher tem direito a dois intervalos especiais de meia hora cada para amamentação até o filho completar seis meses.

É garantido por lei acesso a uma sala de amamentação no trabalho para que ela realize a extração do leite. O local deve obedecer a regulamentação técnica dos bancos de leite: ambiente tranquilo, privado e confortável, com freezer e lavatório.

 

No caso de aborto até a 22ª semana de gestação, a mulher tem direito ao afastamento por 14 dias.

 

A licença-maternidade de 120 a 180 dias também é garantida em casos de natimorto (feto que morre no útero e tem mais de 500 gramas ou mais de 23 semana de gestação), em casos de prematuridade ou quando o bebê morre no parto.

 

PRÉ-NATAL E PARTO

 

Toda gestante tem direito a realizar até seis consultas pré-natal gratuitas no posto de saúde, fazer exames gratuitos de urina, sangue, verificação de peso e pressão.

 

A mulher deve ser atendida com respeito e dignidade pelas equipes de saúde, sem discriminação de cor, raça, orientação sexual, religião, idade ou condição social.

Também é seu direito aguardar  atendimento sentada, em lugar arejado, com água para beber e banheiros limpos à sua disposição.

A gestante tem o direito de ser informada anteriormente, pela equipe do pré-natal, sobre qual a maternidade de referência para seu parto e de visitar o serviço antes do parto.

Neste vídeo, do Despertar do Parto, saiba mais sobre a importância do plano de parto, outro direito da gestante.

 

Também são seus direitos:

  • Vaga em hospitais: para o parto, a mulher gestante deve ser atendida no primeiro serviço de saúde que procurar. Em caso de necessidade de transferência para outro local, o transporte deverá ser garantido de maneira segura.
  •  Acompanhamento especializado durante a gravidez, o que inclui exames, consultas e orientações gratuitas.
  • No SUS, Sistema Único de Saúde, a mulher grávida tem direito a um acompanhante (homem ou mulher), de sua indicação, durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto.
  • A mulher internada para dar à luz em qualquer estabelecimento hospitalar integrante do SUS tem o direito de realizar o teste rápido para detecção de sífilis e/ou HIV.
  • A mãe portadora do vírus HIV ou HTLV não deve amamentar o bebê. Por conta disso, ela tem o direito de receber leite em pó, gratuitamente, pelo SUS, até o a criança completar seis meses ou mais.

Segundo a OMS, o uso de ocitocina sintética para acelerar o parto (sem indicação ou consentimento da mulher), episiotomia (corte no períneo que facilita a passagem do bebê) ou indicação de cesárea sem necessidade (geralmente por conveniência do profissional) são considerados violência obstétrica.

Além disso, repetidos exames de toque, descolamento das membranas ou redução de colo durante o toque também são práticas violentas. Saiba mais aqui.

 

A mulher também tem direito a uma doula e se movimentar durante o trabalho de parto e ficar na posição mais confortável para ela.

 

As informações acima são da advogada trabalhista Cintia Lima, do Despertar do Parto, do Ministério da Saúde , do Direito das Mulheres no Parto  e Trotta e Beiriz Advocacia.

 

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Conheça a história de João, o bebê que surpreendeu familiares e médicos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/04/24/conheca-a-historia-de-joao-o-bebe-que-surpreendeu-familiares-e-medicos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/04/24/conheca-a-historia-de-joao-o-bebe-que-surpreendeu-familiares-e-medicos/#respond Wed, 24 Apr 2019 12:29:36 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/WhatsApp-Image-2019-04-17-at-17.56.25-1-1-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8048 No Brasil, o aborto é permitido em três casos: quando há risco comprovado de morte da mãe, quando a gravidez é fruto de um estupro ou quando o feto for anencéfalo (sem cérebro).

João foi diagnosticado com anencefalia na 12ª semana de gestação. Sua mãe, Karina decidiu manter a gravidez. Segundo os médicos, ele não passaria da 20ª semana de gestação. Se nascesse, não resistiria.

João resistiu. Respirou, bocejou, sentiu cócegas quando seus pezinhos foram carimbados em um quadro.

“João pode não ter cérebro, mas tem alma”, me disse a fotógrafa Paula Beltrão, que participou do nascimento e dos dias seguintes de sua curta vida. Ele partiu no dia 16 de abril.

Segue aqui o relato da Karina Marques. Preferi deixá-lo em primeira pessoa. Você entenderá o motivo.

João é recepcionado pela mãe, Karina, o pai, Flávio, e os irmãos Anna, Arthur e Duda (Paula Beltrão)

“Vim de 3 cirurgias de endometriose num período de um ano. A última era pra tirar o útero mas devido a “complicações intestinais” foram retirados somente os focos da endometriose.

Os médicos disseram que eu podia agradecer por ter 2 filhos. Isso foi no final de junho de 2018.

Em agosto, eu descobri que estava grávida de 4 semanas. Tomamos um susto! Engraçado que fui tomada por uma ansiedade que não tinha sentido na gestação da Anna e nem na do Arthur.

Fiz escondido do Flávio (meu marido) o exame pra descobrir o sexo do bebê e mesmo sabendo que o resultado demoraria pra sair, liguei insistentemente pro laboratório pra agilizarem meu resultado.

Em uma determinada noite, sonhei que era menino. No outro dia saiu o resultado e eu estava certa, era menino! Flávio vibrou de alegria.

Dias depois faríamos o ultra de translucência nucal. Deu alterado, mas o médico não entrou em detalhes e nos encaminhou pra uma especialista. Não aguentei e fiz um particular antes desse que havíamos marcado.

Foram muitos minutos de silêncio e angústia e depois a médica disse que João tinha uma malformação rara e grave. Que eu não deveria chegar às 20 semanas de gestação. Eu estava com 12.

Começamos a saga de médicos na busca de escutar algo diferente. Escutamos muitas vezes que deveríamos interromper, que éramos doidos de levar adiante e coisas do tipo.

Buscamos ajuda até encontrarmos o Grupo Colcha, onde fui acolhida pela Bel e Odete. Elas me colocaram em contato com outras mães que passaram por perdas gestacionais e posteriormente com a Paula que por coincidência já conhecia há alguns anos.

Fomos pesquisando na internet, vendo relatos e fotos. Tudo a princípio muito novo e assustador!

Passou sim pela minha cabeça interromper. Mas a barriga foi crescendo, o amor aumentando, o apego dos nossos filhos aumentando. João começou a mexer.

Com o Grupo Colcha, cheguei até o Dr. William que abraçou nossa história, com conversas leves, tanto apoio e cuidado.

Sempre quis ter um parto humanizado e todos eles me disseram ser possível –contrariando todos os médicos que passei anteriormente.

Importante dizer que sempre tive amigos maravilhosos me apoiando e uma família tão linda nos fortalecendo.

Flávio então, meu Deus! Obrigada pelo marido que tenho! Me acompanhou em todos os exames, todas as consultas e não me desamparou um segundo sequer.

O dia chegou: 12 de abril dei entrada na maternidade com Dr. William para indução.

Foi tudo exatamente como planejei. Pude ter o acompanhamento da Bel, que foi primordial pra que eu conseguisse chegar até os 6 cm de dilatação sem analgesia.

Tantas palavras de carinho e encorajamento. Já estava no meu limite de dor. Chorei e pedi desculpa por não conseguir seguir. Depois da anestesia, foi como tirar a dor com a mão. Minutos depois senti algo descendo.

Achávamos que o João nasceria de bumbum. Pra nossa surpresa ele virou, nasceu cefálico (com acrania-exencefalia).

Pequenino, mas forte! Segurou meu dedo com uma força e chorou! Ele chorou!

Agradecemos a Deus por sua vida, pelo seu nascimento e por aquele calor do corpo a corpo. Estava com meu filho nos braços! Como quis esse momento.

Flávio cortou o cordão e ali achávamos que não teríamos muito mais tempo com ele.

João ali nos mostrou que veio para superar expectativas e pra mostrar que existe um Deus maior que tudo que a medicina já estudou e sabe.

Os batimentos e saturação continuaram em níveis excelentes!

Disseram que ele não poderia se alimentar e 24h depois com seringa ele tomou leite. O primeiro de vários!

E ele tomou do meu leite! Eu pude indiretamente alimentar meu pequeno guerreiro!

Muita gratidão a todas as enfermeiras que nos atenderam. Todas atenciosas e impressionadas com a força do João pra viver aqueles momentos conosco. João conheceu os avós, tios, primos, irmãos e os padrinhos.

João foi além de tudo que nos disseram que aconteceria.

Ele fez xixi, cocô, tomou banho, chorou, bocejou…

Na segunda, a psicóloga perguntou se eu queria ir pra casa com ele e eu disse que preferia ficar no hospital. Ali eu me sentia mais segura e teríamos mais suporte.

Flávio foi em casa a noite buscar mais roupas e aí eu tive meu único momento a sós com o João.

Coloquei música no celular e dancei com meu pequeno milagre.

Dançamos juntinhos e eu chorei, grata por aquele momento.

João sorriu, tava ali quentinho e coradinho no meu colo

Flávio chegou e quando a enfermeira veio nos ver João teve a primeira parada.

Com muita vontade ainda de estar conosco, ele voltou.

Ele abriu os olhos como ainda não havia aberto, me olhou, e saíram lagriminhas, como se ele tivesse ali me agradecendo por eu não ter desistido dele quando lá atrás era só o que ouvíamos.

Nunca, nunca vou me esquecer desse momento.

João ainda teve mais 5 paradas. Entre elas, ele dormiu no meu colo e no do Flávio. Na última ele já perdeu a cor no quarto ainda. Ele partiu com semblante leve.

João foi sinônimo de força de garra de inspiração e ensinamento. Foram 3 dias repletos de amor, muito amor!

Meu pacotinho de amor virou estrela. A mais linda que vai brilhar no céu. O anjinho que olhará por nós de agora em diante. Me falta agora um pedaço.

Mistura de dor profunda com gratidão, porque Deus foi bom demais com a gente por deixar que ele ficasse esses dias.
Espero que ele tenha voado sabendo que foi muito desejado e amado.

Espero vê-lo nos meus sonhos e reencontrá-lo na eternidade sem dodói na cabecinha.

Certos de que fizemos tudo pelo João desde a barriga até sua partida.  Coisa mais linda. Tão pequeno e tão forte.

João, meu amado filho, te  amarei pra sempre!”

O vídeo acima, feito pela Felice logo após o parto, mostra os primeiros momentos dos pais com ele. Há, inclusive, uma cena de João bocejando.

Dias após sua partida, conversei com Karina. Segundo ela, as crianças aceitaram com mais facilidade.

“Anna (8) faz desenhos do João como anjinho e tem o suporte da psicóloga da escola. Arthur (3) é super engraçado e falador. Sua forma de demonstrar é ficando ligado no 220”, conta.

“Flávio está devastado como eu, mas segurando mais as pontas porque sabe o quanto está pesado pra mim. Ele tem sido meu apoio maior e meu estímulo pra seguir”.

Karina agradece as fotos e vídeos que recebeu de presente. “É a única coisa que teremos pra recordar além das lembranças. Tenho muito medo de esquecer do rostinho dele”, diz.

Hoje, no quarto do casal, que vive em Belo Horizonte (MG), há um cantinho do João, com objetos que lembram a força e ensinamentos deixados pelo menino. “João respira, João inspira”, virou seu lema.

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Mark Zuckerberg publica foto da mulher grávida https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/mark-zuckerberg-publica-foto-da-mulher-gravida/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/11/04/mark-zuckerberg-publica-foto-da-mulher-gravida/#respond Thu, 05 Nov 2015 00:07:47 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=4615 O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, compartilhou em seu perfil uma foto ao lado da mulher, Priscilla Chan, grávida do primeiro filho do casal.

“Essa é uma foto deslumbrante de Priscilla. Eu amo sua expressão: intensa mas gentil, feroz e ainda capaz de apoiar os outros”, escreveu ele.

A imagem foi tirada pela famosa fotógrafa Annie Leibovitz. “Obrigado a Annie Leibovitz para capturar o seu espírito tão maravilhosamente”, escreveu ele.

Zuckerberg e Priscilla esperam uma menina. Ele anunciou a gravidez da mulher em julho no Facebook.

À época, ele contou que a mulher sofreu três abortos antes dessa gestação.

Mark e Priscilla (Reprodução/Facebook/Mark Zuckerberg)
Mark e Priscilla (Reprodução/Facebook/Mark Zuckerberg)
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‘Perdi minha mãe em um aborto e mesmo assim abortei duas vezes’ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/21/perdi-minha-mae-em-um-aborto-e-mesmo-assim-abortei-duas-vezes/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/21/perdi-minha-mae-em-um-aborto-e-mesmo-assim-abortei-duas-vezes/#respond Sat, 21 Feb 2015 13:13:48 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=2975 A jornalista Magnólia, 65, perdeu a mãe quando tinha apenas três anos. Descobriu anos mais tarde que ela abortou por não querer o quinto filho seguido. Magnólia e suas três irmãs ficaram órfãos, em Recife, e foram separadas sendo criadas pelos avós paternos e maternos enquanto o pai, viúvo e com 23 anos, trabalhava. Magnólia, que prefere omitir sua identidade, também abortou. Duas vezes, no auge da sua juventude. A jornalista, que hoje é mãe de três filhos e avó, diz que não se orgulha dos seus abortos, mas acha que a mulher deve ter autonomia sobre o seu próprio corpo. O aborto no Brasil é o considerado  crime l – exceto em casos de gravidez resultante de estupro e de risco para a gestante. Confira a seguir o depoimento desta mãe:

 

A gente não fala muito sobre isso na família, um manto de silêncio cobre essa “história vergonhosa”. Eu mesma só descobri depois de muito buscar a verdade. Mas, sim, foi isso mesmo. Ela bebeu um chá de uma erva abortiva, sem nenhuma assistência, entrou em choque e morreu no hospital. Deixou quatro filhas, a mais nova com três meses.

E, mesmo tendo vivido isso, como muitas mulheres, eu também abortei, duas vezes. Um aborto aos 23 anos, outro aos 25. Também não gosto de falar disso, não sinto culpa, mas esse ainda é um assunto tabu e nunca tenho a chance de dizer o que penso. Quando tento, as pessoas geralmente me condenam por antecipação. Só que eu acho que agora é hora de falar. Com a divulgação dos casos de Jandira Magdalena dos Santos, Elizângela Barbosa e tantos outros de mulheres mortas depois de um aborto, e com avalanche de críticas e comentários que culpam as vítimas, me sinto na obrigação de contar a minha história. A história do lado de cá desse muro de hipocrisia e preconceito.

Da mesma forma que a minha mãe, sou de classe média com instrução universitária e já vivi melhor financeiramente, mas ainda vivo bem. Com 20 e poucos anos fazia faculdade, comprometidíssima com o movimento estudantil, curtindo meu corpo lindo, ágil e forte, mantendo a cabeça livre de preconceitos. Tinha um namorado não tão livre como eu, mas com quem eu transava, tomando pílula. Um dia, a pílula não funcionou e engravidei. O garoto apavorou e caiu fora, sinceramente, achei até bom. Fiquei eu com a situação para resolver, só com o auxílio de uma amiga sem experiência e mais apavorada do que ele.

Andei sondando e me falaram de um comprimido que a gente tomava e com dois dias a menstruação descia. Só vendia numa farmácia especifica e com um vendedor cúmplice, e assim fui lá, comprei e tomei como ele me ensinou. Tensão, tensão, quase não dormi esperando o sangue e nada. No dia seguinte e no outro, nada, de novo. Aí resolvi ir a uma festa num dancing que a galera frequentava, adorava e ainda adoro dançar. E foi lá, no meio da noite, que começou uma hemorragia feroz. Eu, trancada no banheiro, era tanto sangue que o papel higiênico acabou. Fui socorrida por uma das dançarinas profissionais, mulher incrível e solidária. Ela ligou pra uma parenta, me botou num táxi e fui para casa de uma aborteira, num bairro popular. Me lembro da dor, a mulher (mais velha) fazendo o procedimento comigo na cama de baixo do beliche, enquanto uma menina dormia na parte de cima. Ela me pedia: “não grita pra não acordar a criança”. Demorou um pouco, não sei o que ela fez, mas numa hora tudo acabou. Eu paguei um valor mais ou menos, estava sem grana, deixei um cheque e tive que vir para casa ainda meio grogue. Fiquei boa, não me aconteceu nada depois, era e continuo sendo saudável. A dançarina me procurou para saber como eu estava – só outra mulher para entender a situação.

Da segunda vez foi uma paixão avassaladora, daquelas que duram pouco, mas deixam a cabeça meio tonta, sem pensar direito. Engravidei, o cara saiu fora e a paixão acabou. Dessa vez, uma amiga me ajudou a decidir e fui numa clínica em outra cidade. Liguei, marquei para o dia seguinte e fui cedo com a amiga, mas entrei sozinha. Tudo muito simples por fora, mas um verdadeiro hospital por dentro. Tinha umas seis garotas esperando, iam fazer o procedimento antes e depois do meu, tipo linha de montagem. A secretária recebeu o pagamento adiantado, me lembro que era caríssimo. A enfermeira fez algumas perguntas, mandou trocar de roupa e deitar numa maca, dali fomos para o centro cirúrgico, onde nos deram uma anestesia.

Não senti nada, acordei um pouco depois e o médico disse: “acabou”. E com a gente ainda meio anestesiada, a enfermeira nos devolve a roupa pra gente vestir. E nós, as sete garotas, escutamos do médico: “vocês vão embora agora, porque não quero problema pra mim. Fiz um enorme favor a vocês, não esqueçam disso. A polícia já veio aqui uma vez e não posso me arriscar”.

Minha amiga me esperava na rua e fomos para casa da irmã dela, onde pude me recuperar para pegar o avião de volta. Já em casa, semanas depois, soube que a clínica foi fechada após uma batida policial. Duas meninas, iguais a mim, foram detidas.

Quero deixar claro que em nenhum momento senti culpa pelo que fiz. Não fiquei apavorada com o que as pessoas podiam pensar, nem com medo da danação eterna. Me lembro de ter ficado com muita raiva, porque achava injusto eu não poder resolver a minha vida com um pouco mais de segurança. Desde aquela época eu já pensava assim. E minha história é comum, são muitas as meninas e mulheres que passaram e continuam passando pela mesma situação. É incrível que, tantos anos depois, as coisas continuem iguais ou talvez piores. Ainda há pouca informação sobre métodos de contracepção, especialmente para os jovens. Quando há é tudo ensinado de uma forma como se sexo fosse errado, um pecado a ser evitado que só lhes trará doenças venéreas.

As mulheres vivem a gravidez indesejada na maior solidão, qualquer que seja a idade, e sofrem muito até decidir o que fazer. Num país em que o aborto é crime tomar essa decisão torna-se mais desesperadora ainda. Isso é profundamente injusto, pensar num mundo em que há liberdade para algumas mulheres e para outras não.

Meu nome não é esse, é um pseudônimo. Não assinei esse texto, do qual não me envergonho, porque tenho filhos adultos e não quero, nem por um momento, colocá-los numa situação vulnerável, onde pessoas se sintam no direito de dizer alguma coisa que eles não gostem. É por amor a eles que faço isso. Que tempo esse que a gente vive, hein?

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Mulheres dizem que ‘desafio da grávida’ é simplista e prejudica campanha pela legalização do aborto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/14/mulheres-dizem-que-desafio-da-gravida-e-simplista-e-prejudica-campanha-pela-legalizacao-do-aborto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/14/mulheres-dizem-que-desafio-da-gravida-e-simplista-e-prejudica-campanha-pela-legalizacao-do-aborto/#respond Sat, 14 Feb 2015 12:28:21 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=2950 Post de Gaabriela em defesa da descriminalização do aborto viralizou ina internet (Foto: Arquivo Pessoal)
Post de Gaabriela em defesa da descriminalização do aborto viralizou na internet (Foto: Arquivo Pessoal)

O desafio da foto de grávida que circula nas redes sociais é criticado por mulheres que defendem a legalização do aborto. A pedagoga Gaabriela Moura, 25, por exemplo, causou polêmica depois de postar uma mensagem defendendo a descriminalização do aborto.

O que talvez tenha chamado atenção seja o fato de Gaabriela estar grávida. “Fui marcada e vi algumas pessoas postando suas fotos gestando, felizes, com as hashtags contra o aborto. Considerei a campanha simplista e um desserviço à luta pela descriminalização. Por isso resolvi postar também minha foto, feliz e realizada, dizendo que aquilo cabia só a mim e que eu não deveria julgar ou culpar qualquer mulher a partir das minhas experiências felizes.”

Para a psicóloga e doula Gabriela Prado, 31, esse desafio da foto provocou uma confusão entre que era opinião pessoal e escolha de vida com criminalização. “Muitas dessas mulheres que estavam ali dando sua opinião sobre o aborto estavam compartilhando decisões que tomaram em suas vidas. E expor a opinião pessoal é direito de todo cidadão.”

Segundo ela, o fato da campanha contra o aborto usar fotos de mulheres grávidas romantiza a gestação. “Como se fosse uma escolha de puro amor e dedicação. E como se quem optasse pelo aborto fosse um ser cruel. Mas muitas [mulheres] que optam por aborto têm um ou mais filhos, são pessoas como nós, como eu e você.”

“Usar imagens de mulheres para uma manifestação contra o direito da mulher é mais uma forma de estimular a rixa entre as mulheres, apontar que o desejo pela legalização do aborto é algo que apenas uma parcela ‘sem coração’ gostaria”, afirma Gabriela.

O desafio da foto de grávida ganhou as redes sociais depois de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dizer que o projeto que trata da legalização do aborto só iria a votação se fosse “por cima do seu cadáver”.

A frase foi considerada infeliz, já que muitas mulheres morrem em abortos clandestinos. “Discutir o aborto não é pedir a opinião de ninguém, mas debater uma causa de morte de mulheres no nosso país, causa que somos capazes de evitar se tivermos um posicionamento de política pública de saúde”, afirma Gabriela.

Gaabriela cita casos de países que descriminalizaram o aborto sem elevar a ocorrência desse tipo de intervenção, como o Uruguai. “Descriminalizar o aborto é reduzir os gastos do SUS com o atendimento para salvar mulheres que morrendo por intervenções violentas, sem higiene e, sobretudo, romper com as mortes dessas mulheres.”

Apesar da defesa das duas, as fotos de mulheres grávidas continuam ganhando as páginas do Facebook. Na maioria das vezes, as mulheres escolhem hashtags de defesa pela vida para acompanhar a imagem.

Em vez de uma foto de grávida, Gabriela Prado posto foto de Jandira, morta após aborto clandestino
Em vez de uma foto de grávida, Gabriela Prado posto foto de Jandira, morta após aborto clandestino
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Após declaração de Cunha, mulheres se dividem em campanhas pró-legalização e contra aborto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/11/apos-declaracao-de-cunha-mulheres-se-dividem-em-campanhas-pro-e-contra-aborto-nas-redes-sociais/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/02/11/apos-declaracao-de-cunha-mulheres-se-dividem-em-campanhas-pro-e-contra-aborto-nas-redes-sociais/#respond Wed, 11 Feb 2015 23:36:55 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=2902

A timeline do seu Facebook muito provavelmente foi invadida por fotos de grávidas nos últimos dias. Algumas pessoas não se deram ao trabalho de ler as hashtags que acompanhavam as imagens.  Quem leu percebeu que essas mulheres tinham aderido a campanhas em defesa da vida (contra o aborto) ou pela legalização do aborto.

Coincidentemente essas campanhas ficaram mais fortes após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarar que não colocaria em votação o projeto que trata da legalização do aborto “nem que a vaca tussa”. “O último projeto de aborto eu derrubei na Comissão de Constituição e Justiça. […] No aborto, sou radical”, disse ele em entrevista ao site do jornal “O Estado de S. Paulo”.

A campanha em defesa da vida funciona mais ou menos como o desafio do balde de gelo. Uma mulher posta uma foto de quando estava grávida e desafia amigas e parentes a fazerem o mesmo. Foi isso o que ocorreu com a produtora cultural Rachel Coelho, 32, desafiada por sua cunhada.

Rachel não chega a ser totalmente contra o aborto, mas diz que ele não pode ser banalizado. “Eu apoio a livre decisão sobre o nosso corpo, mas sou contra fazer o aborto como forma de se livrar de um problema, como se fosse tomar a pílula do dia seguinte.”

Já a vendedora Bárbara Futema, 39, afirma ser totalmente contra o aborto. Ela assumiu sozinha a criação da filha, que hoje tem 8 anos. Mas no início da gravidez, quando se viu sozinha, diz que chegou a pensar se conseguiria seguir em frente.  “Hoje não só me culpo, chego a ter pesadelos e acordo chorando. Isso acontece frequentemente.”

Do outro lado estão mulheres que defendem o direito de decisão das mulheres e a descriminalização.

O post da pedagoga Gaabriela Moura, que está grávida, em defesa da descriminalização do aborto já tinha mais de 6.000 compartilhamentos e 26 mil curtidas.  “Estou ao lado dos direitos reprodutivos das mulheres. Eu sou TOTALMENTE favorável à descriminalização do aborto, ao respeito às mulheres e suas escolhas e seus corpos. […] Mulheres casadas abortam, cristãs abortam, prostitutas abortam, mulheres de mais de 40 anos, mulheres de menos idade abortam e eu jamais vou usar a minha gestação contra elas. Solidariedade às minhas irmãs mulheres.”

A doula Gabriela Prado aderiu a campanha publicando em seu perfil a foto de Jandira dos Santos Cruz, que morreu vítima de um aborto clandestino em 2014. “Mulheres que abortam não são criminosas, assassinas, monstras. São suas amigas, colegas, mães, filhas, primas, tias, namoradas, esposas, professoras, chefes, vizinhas. São cidadãs, são pessoas como você. O que mudaria legalizando o aborto?”

E você: é a favor ou contra a legalização do aborto? Vote na enquete.

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Irmãs lutam para melhor atendimento em hospitais após perda gestacional https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/11/04/irmas-lutam-para-melhor-atendimento-em-hospitais-apos-perda-gestacional/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/11/04/irmas-lutam-para-melhor-atendimento-em-hospitais-apos-perda-gestacional/#respond Tue, 04 Nov 2014 10:31:49 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=2379 Toda mãe vai para a maternidade certa de que vai sair de lá com o seu bebê no colo. E quando isso não ocorre? O luto para quem perdeu um bebê seja no início ou no final da gravidez é muito difícil até porque a sociedade não está preparada para lidar com isso.

Quem já perdeu um bebê diz que é muito difícil ouvir frases como “logo você engravida de novo” ou “não sofre, ele nem tinha nascido ainda”. Mães que já perderam seus filhos dizem que esse tipo de ‘apoio’ não dá nenhum conforto pois um filho jamais vai substituir o outro e sim, dói perder um bebê independente se ele estava há poucas ou muitas semanas na sua barriga.

A psicóloga Larissa Rocha Lupi, 31, acompanhou de perto a perda do segundo filho de sua irmã gêmea, Clarissa. Em fevereiro deste ano, aos três meses de gestação, ela teve um aborto espontâneo e enfrentou um grande sofrimento. Além da dor por nunca poder segurar o filho no colo, Clarissa enfrentou muitas dificuldades na maternidade particular no Rio de Janeiro onde passou por uma curetagem.

Larissa conta que na maternidade Perinatal não há uma separação entre as mulheres que ganharam bebês das que perderam seus filhos, ou seja, gestantes felizes ficam lado a lado com aquelas que estão no maior momento de dor das suas vidas. “Após o procedimento ela ficou em um quarto onde tinha uma plaquinha com uma cegonha sorridente na porta. O quarto era ao lado do berçário e o tempo todo ouvíamos o choro dos recém-nascidos. Isso só aumentava a dor dela”, lamenta Larissa.

Segundo ela, o rapaz que transportou Clarissa do centro cirúrgico até o quarto deu parabéns e fez perguntas sobre o bebê. “Ela chorou muito e esse despreparo do hospital para lidar com o luto foi ainda mais difícil”, diz Larissa, que é mãe de Tomas, 1.

Em abril, Larissa conta que também engravidou do segundo filho, mas preferiu não falar logo para a irmã pois ela ainda sofria muito com a sua perda. “Torcia para que ela engravidasse logo de novo e eu pudesse contar a minha novidade quando ela contasse a dela”, diz. A psicóloga lembra que pouco tempo depois a irmã ligou emocionada para dizer que, assim como ela, estava grávida de novo. “Comemoramos muito. Foi uma emoção dobrada pois nossos bebês teriam poucos dias de diferença”, diz.

Larissa com o filho Tomas no sling ao lado da irmã gêmea e o sobrinho (Foto: Arquivo pessoal)
Larissa com o filho Tomas no sling ao lado da irmã gêmea e o sobrinho (Foto: Arquivo pessoal)

Um sangramento em agosto,  quando estava de 19 semanas, no entanto, interrompeu esse sonho das irmãs gêmeas. A caminho do hospital, Larissa diz que sentia que seu bebê já estava morto e que passaria pelo mesmo sofrimento da irmã. “Revivi tudo o que ela passou no mesmo hospital. Cegonha na porta do quarto, bebês chorando enquanto eu chorava pela perda do meu filho. O rapaz da maca dando parabéns”, diz Larissa.

A psicóloga comenta que após ter perdido seu bebê, Clarissa disse que nunca mais pisaria naquela maternidade. “Não sei de onde ela tirou forças para me acompanhar. Ainda mais estando grávida”, diz.

As duas contam que não desejam que outras mulheres passem pelo mesmo sofrimento e chamam à atenção de médicos e diretores dos hospitais sobre a necessidade de ter alas separadas para esses casos. “Além de um setor à parte, essas mulheres deveriam ser identificadas por pulseiras de uma cor diferente para evitar gafes de perguntarem como está o bebê ou virem parabenizar por um bebê que não nasceu. Tudo isso só aumenta a dor”, comenta a psicóloga.

Larissa e o seu marido decidiram criar uma petição para pedir que as maternidades adotem essas mudanças para poder minimizar um pouco a dor dessas mulheres. Larissa conta que pretende criar um grupo presencial para que as mulheres que perderam seus bebês possam dividir a sua dor. Por enquanto, ela reúne as informações em um grupo no Facebook chamado “Do Luto à Luta: Apoio à Perda Gestacional”. Algumas maternidades contam com alas separadas para os bebês que nascem bem e aqueles que vão para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas nem sempre essa é uma regra.

Nesta segunda-feira (3), Larissa esteve reunida com a direção do hospital para tratar sobre essa questão e ela diz que a maternidade pareceu interessada em escutar as suas sugestões.

Procurada, a maternidade diz que lamenta qualquer constrangimento que possam ter passado as pacientes. Segundo a Perinatal, os funcionários da maternidade passam por treinamentos constantes para melhor o atendimento ao pacientes.

“A maternidade Perinatal já possui uma metodologia de atendimento diferenciada para estas pacientes e procura, sempre que possível, alocá-las em alas destinadas à ginecologia”, diz nota enviada pela maternidade.

O hospital diz que vai avaliar as sugestões apresentadas e que tem o costume de ouvir os pacientes para aprimorar ainda mais o atendimento prestado.

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