Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Para não separar irmãos, casal adota três crianças no interior de SP https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/24/para-nao-separar-irmaos-casal-adota-tres-criancas-no-interior-de-sp/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/24/para-nao-separar-irmaos-casal-adota-tres-criancas-no-interior-de-sp/#respond Fri, 24 May 2019 11:40:16 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-07-at-12.14.47-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8088 Ao entrar para a fila de adoção, algumas questões são colocadas para os futuros pais como a possibilidade da criança ter um irmão. Hoje, das 46 mil pessoas que esperam para adotar no país, 28 mil optam por apenas uma criança, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Moradores de Taubaté, no interior paulista, a psicóloga Carina Figueiredo,40, e o marido, o administrador e pastor Alex Figueredo, 44, limitaram em um o número de irmãos quando entraram na fila de adoção. Eles foram habilitados em 2012, após um longo período de entrevistas e envio de documentos.

Casados há quase 20 anos, eles descobriram no terceiro ano da união um problema de saúde nele.

“Adoção nunca foi um assunto romântico para nós. Sempre tivemos os pés no chão porque sabíamos que seria para sempre”, conta Carina.

Em agosto de 2018 o casal foi chamado no Fórum, onde foram avisados que três irmãos estavam disponíveis para adoção. Um menino de 5 e duas meninas: uma de 3 e outra de 2 –essa última ainda não havia sido destituída.

“Eles não falaram muito sobre o passado das crianças, apenas que estavam há oito meses na casa de transição e que foram vítimas de negligência”, conta a mãe. Ela explica que o número de filhos não foi uma questão para o casal e que em nenhum momento pensaram em separá-los.

 

Carina e Alex adotaram três irmãos no ano passado (Crédito Arquivo Pessoal)

Marcaram, então, visitas à casa transitória para conversar com a psicóloga. Em uma dessas visitas, Gustavo, o filho mais velho perguntou para o Alex se ele seria seu pai enquanto jogavam bola. “Instruído a não falar nada, Alex apenas perguntou por que o menino dizia aquilo. Ele respondeu que ele era o pai que ele queria”, lembra Carina.

Em uma nova visita, Gustavo havia dito a todas as crianças do local que os dois seriam seus pais. “Ele nos adotou primeiro”, diz.

As idas à casa passaram a ser diárias e o vínculo entre eles foi aumentando. O casal aproveitou o aniversário de uma sobrinha para apresentá-los para toda a família. A experiência foi positiva para os dois lados.

Uma semana depois perguntaram se o casal queria levá-los para casa para ver como seria a experiência. E assim, o juiz liberou a adoção logo em seguida.

“O início foi desafiador. Eles nos testavam. Cheguei a ouvir que não era mãe e sim tia”, explica Carina.

Reações como essas são esperadas, principalmente em adoções tardias, aponta a psicóloga Tatiany Schiavinato, que atua na área de adoção desde 2012.

“É muito comum crianças terem dificuldades para se vincularem aos novos pais. Isso ocorre por causa da quebra de vínculos anteriores. Os testes e conflitos são reflexos do medo de serem novamente abandonados”, afirma.

A psicóloga destaca que contar mentiras e reagir de forma agressiva também são comuns nessa fase, “até que essa criança se sinta pertencente à essa família”, conclui.

 

Os irmãos Eduarda,3, Gustavo, 5 e Kyara, 2. (Crédito: Arquivo Pessoal)

Neste sábado (25) é comemorado o Dia Nacional de Adoção. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), 9.534 crianças estão para adoção no país. Desse total, 5.262 possuem irmãos.

Em 2016, foram adotadas 1.710 crianças. Em 2017, foram 2.128 crianças. Ano passado, foram concretizadas 1.422 adoções no Brasil.

Segundo o CNJ, a regra é que grupo de irmãos permaneçam na mesma família. Tanto que esta é uma das hipóteses para opção por adoção internacional. No entanto, existe possibilidade de que eventualmente possa separar um grupo de irmãos, em famílias, por exemplo, na mesma cidade e região, desde que se comprometam a manter visitas, periódicas para manter o vínculo entre os irmãos.
Caso tenha interesse em adotar uma criança, o CNJ preparou um passo a passo neste link.
DICA

Enquanto produzia esse texto, diversas pessoas indicaram o filme “De Repente Uma Família”. O longa conta a história de Pete (Mark Wahlberg) e Ellie (Rose Byrne), um casal que decide adotar Lizzie (Isabela Moner), uma adolescente que tem outros dois irmãos. O resto não vou contar porque não sou adepta ao spoiler.

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Nasci da sua barriga? Não, nasceu do meu coração, diz mãe à filha adotiva https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/25/nasci-da-sua-barriga-nao-nasceu-do-meu-coracao-diz-mae-a-filha-adotiva/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/25/nasci-da-sua-barriga-nao-nasceu-do-meu-coracao-diz-mae-a-filha-adotiva/#respond Wed, 25 May 2016 10:19:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5769 Thalita, entre o pai Daniel e a mãe Ana (Arquivo Pessoal)
Thalita, entre o pai Daniel e a mãe Ana (Arquivo Pessoal)

A jornalista Ana Davini, 40, diz que nunca tentou esconder da filha Thalita, de quase 4 anos, sua história de adoção. Depois de seis anos tentando engravidar e mais dois na fila de espera de adoção, Ana e o marido se tornaram pais de Thalita em 2013, quando ela tinha 1 ano e 1 mês.

“Desde que chegou, dissemos a  ela que era nossa filha do coração.  A gente sempre preparou isso, com a orientação de um psicólogo. Outro dia ela disse que a mãe de um amiguinho tinha um nenê na barriga. E aí perguntou se ela também tinha nascido da barriga. Disse que não, que ela nasceu do meu coração. Agora ela repete e conta essa história para os amigos”, afirma Ana.

O Dia Nacional da Adoção é comemorado neste dia 25 de maio. No Brasil, existem hoje cerca de 6.500 crianças e adolescentes aptos a serem adotados.

A jornalista diz que espera que a filha cresça lidando bem com sua história, pois não “há nada para se envergonhar ou esconder”.

Antes de conhecer Thalita, Ana diz que era muito cética em relação às histórias que ouvia sobre o momento mágico da adoção.

“Pensava que era uma bobagem, que o amor ia nascer do convívio. Que nada! A conheci e fiquei enlouquecida, já queria ficar com ela na mesma hora, não queria esperar nem dois minutos, quanto mais dois dias”, diz ela.

Logo depois de serem chamados para comparecerem ao Juizado da Infância, o casal foi informado sobre toda a história de Thalita. E lá perguntaram se queriam conhecê-la.

Ela diz que quando chegaram ao abrigo, as funcionárias avisaram para não tentarem segurar a menina, pois era meio desconfiada. “Sentamos no chão, ficamos brincando de pecinhas. Bastou um tempinho para ela esticar os bracinhos e vir para o meu colo. Já fiquei apaixonada naquele momento”, conta a jornalista.

Ana conta que entre serem comunicados que havia chegado a vez do casal na fila de adoção e receberem Thalita, tiveram um dia para preparar a casa. Como não tinham especificado o sexo, cor e idade _ pediram uma criança de até 4 anos_, não podiam comprar nada com antecedência. “Tivemos uma tarde para comprar tudo.”

Para a jornalista, a relação entre mãe e filha é tão forte que o tempo que a menina passou longe parece não ter importância. “Ela andou e falou com a gente, fez sua primeira viagem conosco. Perdi a fase de amamentação, apenas.”

Mas antes de adotar Thalita, Ana diz que ‘flertou com a adoção ilegal’. Ela conheceu uma mulher que já tinha cinco filhos e queria dar um casal de gêmeos, que estavam com nove meses. Ela e o marido chegaram a visitar as crianças e se apegaram. O problema é que um belo dia a mãe delas disse que queria uma casa.

“A demora e a burocracia são tão grandes que pensamos em adotar por outras vias. A gente descobriu atalhos, que não deram certos e hoje penso que foi uma sorte, pois no futuro corríamos o risco de não poder contar a verdade para nosso filho. E, em vez de sair do fórum com a documentação, iríamos construir a vida em torno de um segredo”, diz.

Ela conta que o caso dos gêmeos é apenas uma das situações ‘alternativas’ à adoção legal que surgiram em sua vida. “Desistimos e resolvemos desencanar. E logo depois chegou nossa filha.”

Ana transformou sua experiência com adoção no livro “Te Amo Até a Lua”, que será lançado no dia 14 der junho. No livro, ela conta o passo-a-passo para a adoção e fala de temas delicados, como adoção ilegal, barriga de aluguel, tráfico de bebês, além de criticar a falta de profissionalismo de algumas clínicas de fertilização.

Ela conta, por exemplo, que inscritos no Cadastro Nacional de Adoção não devem visitar abrigos antes de serem chamados. “O juiz pode achar que você está querendo furar a fila[de adoção]  e te punir por isso”, diz Ana.

Ana, Thalita e o marido (Arquivo Pessoal)
Ana, Thalita e o marido (Arquivo Pessoal)

PERFIL

Os dados do cadastro nacional de adoção mostram que o perfil das crianças que podem ser adotadas difere daquele pedido pelas famílias interessadas em adotar. Das 6.592 crianças que podem ser adotadas, 48,5% são pardas. Dos 35.821 inscritos na fila de adoção, 22% só aceitam crianças brancas.

Das crianças que podem ser adotadas, só 2,81% têm menos de 1 ano.  A maioria, 65%, tem mais de 10 anos. Mas 18% dos adotantes querem crianças de até 1 ano.

Um pai que pediu para não ser identificado adotou três irmãos, que hoje estão com 8, 6, e 5 anos. “Filho é filho, não existe essa diferença de ser adotado ou não”, fala.

Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o número de pretendentes que somente aceitam crianças de raça branca caiu nos últimos seis anos: em 2010, eles representavam 38,73% dos candidatos a pais adotivos, enquanto em 2016 são 22,56%.

Paralelamente, o número de candidatos que aceitam crianças negras subiu de 30,59% do CNA em 2010 para os atuais 46,7% do total de pretendentes do cadastro. Da mesma forma, o número de pretendentes que aceitam crianças pardas aumentou de 58,58% do cadastro em 2010 para 75,03% dos candidatos atualmente.

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Com casos reais, cineasta mostra ansiedade da espera pela chegada do filho adotivo https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/26/com-casos-reais-cineasta-mostra-ansiedade-da-espera-pela-chegada-do-filho-adotivo/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/26/com-casos-reais-cineasta-mostra-ansiedade-da-espera-pela-chegada-do-filho-adotivo/#respond Tue, 26 Apr 2016 10:11:36 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5569 Antonio, Ana Amélia, Helena e Berliner; casal conta histórias de adoção (Divulgação)
Antonio, Ana Amélia, Helena e Berliner; casal conta histórias de adoção (Divulgação)

Gestações biológicas podem durar 40 semanas, um pouco mais ou menos. Mesmo sem 100% de precisão, a grávida tem uma noção de quanto tempo terá de esperar para segurar o filho no colo. Já as mães adotivas não sabem quanto tempo terão de aguardar, pois o processo de adoção pode levar anos.

“É uma espera angustiante. A grávida sabe que seu bebê pode vir prematuro, mas elas têm um tempo para pensar e sentir a barriga crescer. As mães adotivas não têm esse mesmo tempo”, diz Ana Amélia Macedo, coautora do livro “Histórias de Adoção: As Mães”.

Ela e o marido, o cineasta Roberto Berliner, têm dois filhos adotivos: Antonio, 14 anos, e Helena, de 11. Os pais receberam as crianças quando elas tinham poucos dias de vida.

A adoção de Antonio e Helena é uma das várias que são contadas na série ‘Histórias de Adoção’, dirigida por Berliner e exibida toda terça-feira, às 23h, no GNT. Um dos episódios mostra a história de um casal que esperou 3 anos e dez meses pela chegada do filho.

Ana Amélia e Berliner não esperaram tanto por Antonio, pois ele se tornou filho do casal por meio da adoção direta, também chamada de consensual ou dirigida _normalmente acontece quando a família já está com a criança pretendida. Para adotarem Helena, eles entraram no CNA (Cadastro Nacional de Adoção). A adoção direta é proibida desde 2009.

Antes de partirem para a adoção, Ana Amélia e Berliner tentaram ter um filho biológico. “Mas não conseguíamos. E adoção não é caridade, eu não conseguia engravidar. O filho veio dessa forma. E ainda bem que existe essa solução”, diz Ana Amélia.

Segundo ela, as famílias em processo de adoção devem procurar grupos para conversar sobre as principais questões que envolvem essa decisão, como o luto de não ter um filho que tem o nariz do marido ou a boca da mulher. “Existem várias elaborações que precisam ser feitas para a família estar inteira para receber a criança quando ela chegar.”

Depois dessa elaboração, Ana Amélia diz que os pais vão perceber que é possível formar uma família tão boa, amorosa e legítima quanto outra com filhos biológicos.

“Os problemas, as alegrias e preocupações são os mesmos. Todos dão alegrias e preocupações”, afirma ela.

Como algumas mães adotivas, Ana Amélia conseguiu amamentar um pouco. Ela foi a um médico que a orientou sobre a forma de estimular o aleitamento. “Ele prendeu uma bolsinha com leite ao mamilo por meio de um caninho. Aí sai um leite que não é o seu. Mas a sucção estimula a produção de leite e eu até tive um pouco. Foi muito legal.”

Além da série, Berliner também dirige o curta-metragem ‘Buscando Helena’, que mostra a chegada da filha. “Com o Antonio não deu para filmar tudo, pois foi meio corrido. Já com a Helena deu para registrar tudo desde o início”, conta Berliner.

Ana Amélia diz que não faz comparações entre o tipo de ansiedade que vive a mãe adotiva e aquela que está grávida. “Adoção é muito emocionante, muito bacana. Não tenho tendência de fazer comparação.”

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