Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Quer contratar uma babá e não sabe por onde começar? Veja algumas dicas https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/#respond Sat, 30 Oct 2021 17:38:50 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-25-at-15.42.40-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9354 Está pensando em contratar uma babá e não sabe por onde começar? Aqui vão algumas dicas que poderão te dar uma luz na hora de escolher alguém para cuidar dos seus pequenos.

Em primeiro lugar, pergunte para pessoas próximas se há alguma indicação. Grupos de pais da escola, academia, do condomínio, amigos dos amigos e colegas no trabalho podem facilitar a busca e indicar pessoas conhecidas.

Durante o período de entrevista e contratação, verifique referências (ligando para antigos patrões),  pergunte sobre flexibilidade de horário, verifique a experiência (facilidades e dificuldades), se tem noção de primeiros socorros e quais atividades ela poderia fazer com a criança da idade da sua.

Sonde se a profissional está disposta a aprender e se é aberta a novos conceitos: envie posts, artigos e empreste livros. Vale perguntar qual o sonho dela e como você poderia ajudá-la. “Essa pergunta aproxima, conecta e abre infinitas possibilidades de troca”, diz Olga Capri, do Amamente Mais. Olga também orienta pedir um relato de alguma situação difícil que ela viveu e como resolveu a questão.

Valores inegociáveis como tempo de telas, uso de bicos artificiais ou ingestão de açúcares, por exemplo, devem ser pontuados o quanto antes.

DIREITOS

As babás se enquadram na modalidade serviços domésticos. Precisam ser registradas em carteira e ter vale transporte, FGTS, férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno, licença-maternidade, aviso prévio e outros benefícios que o empregador queira oferecer.

É importante ter claro que além do salário bruto, é preciso incluir na organização financeira o INSS de 8,8% e os 11,2 % do FGTS, além do vale transporte (é permitido descontar até 6% do salário da profissional para arcar com esse benefício).

Babás não podem receber salário inferior ao mínimo federal ou piso da categoria no estado. Em São Paulo, por exemplo, o piso hoje está em R$ 1.163,55. A experiência da profissional, formação, quantidade de crianças sob sua responsabilidade, se precisará dirigir e demais tarefas que ela realizará também devem influenciar no valor a ser pago.

FUNÇÃO E COMBINADOS

Pelas regras da CBO, Classificação Brasileira de Ocupações, as babás devem cuidar de bebês e crianças, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer.

Todos os combinados com a funcionária, sejam horários, salário, intervalos e atividades devem estar descritos em um contrato. Pode haver um ajuste para que ela exerça outras atividades, como lavar as roupas do bebê, por exemplo. “O importante é que as atividades estejam descritas no contrato para que não se configure acúmulo ou desvio de função”, explica Karolen Gualda, advogada e especialista na área do Direito do Trabalho.

“O contrato estabelece todas as cláusulas que irão reger essa relação. Assim, as duas partes ficarão seguras a respeito do que foi ajustado”, explica a coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Mansur.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Ao empregar uma profissional pela primeira vez, Karolen indicada fazer um contrato de experiência. “Assim, é possível avaliar o trabalho, se o envolvimento com a criança foi o esperado e se a relação está se desenvolvendo como o esperado (o que, principalmente nesse tipo de relação tão próxima, só se descobre mesmo na prática)”.

Se a experiência não for satisfatória, o empregador poderá rescindir o contrato sem precisar arcar com os custos do aviso prévio indenizado ou multa do FGTS. É preciso, porém, ficar atento à dois pontos: o contrato de experiência deverá ser, necessariamente, por escrito e seu prazo não poderá ultrapassar 90 dias.

Nessa situação, se a rescisão acontecer por iniciativa do empregador (antes do final do período), ele deverá pagar as mesmas verbas que a empregada teria direito no final do contrato, além de uma indenização equivalente à metade do salário que ela receberia até a data final.

Se a rescisão antecipada acontecer por iniciativa da empregada, ela receberá as verbas citadas, mas deverá indenizar o empregador pelos prejuízos causados. Esse valor não poderá ser superior ao devido na situação contrária, ou seja, metade dos valores a que ainda teria direito no curso da contratação.

FÉRIAS

A cada 12 meses de trabalho a colaboradora tem direito a 30 dias de férias remuneradas com acrescimo de 1/3. A data não precisa ser exatamente quando a funcionária completa um ano no serviço, mas não pode ultrapassar 12 meses após completar um ano no trabalho. Se isso ocorrer, a babá terá direito a receber férias em dobro.

PAUSAS E DESCANSO

De acordo com a PEC das Domésticas, o intervalo para repouso e alimentação deve ser no mínimo de 30 minutos, e no máximo de 2 horas. Os intervalos não são considerados como horas trabalhadas no cálculo do salário, e devem ser concedidos a cada 6 horas de trabalho.

O trabalho exercido após às 22h até às 5h deverá ser pago com adicional de 20% a mais, como noturno, e caso a pessoa more na empresa, não poderá ser chamada nesse período, tendo em vista se for chamada, o empregador deverá pagar o adicional.

Gleibe Pretti, professor de direito trabalhista da Estácio lembra que o horário noturno deverá ser calculado com a hora reduzida, ou seja, 52 minutos e 30 segundos .

O professor explica que os trabalhos aos finais de semana, que excedam às 44h semanais, tem como escopo o pagamento de 50%. “Caso o descanso semanal remunerado não seja respeitado, o pagamento será de 100%”, diz.

MONITORAMENTO

Se os pais quiserem instalar câmeras para monitorar os filhos em casa, a babá precisa estar ciente.

DEMISSÃO

Quando a babá indica que quer deixar o emprego, ela precisa escrever uma carta de próprio punho pedindo demissão. Devem ser pagos o saldo de férias (se houver), férias vencidas ou proporcionais acrescidas de 1/3, 13º salário integral ou proporcional.

Se a demissão partir do empregador, ele deve pagar o aviso prévio, saldo de salários, férias, 13º salário e levantar o FGTS, e guias de seguro desemprego. A multa de 40% já foi recolhida nas guias do FGTS/DAE.

Já nos casos em que há maus tratos (natureza física ou psicológica),  improbidades como furto, roubo ou estelionato, assédios ou desleixo, a demissão pode ser por justa causa. “Neste caso, a babá só receberá apenas o saldo de salário e férias vencidas se houver”, explica o professor Gleibe Pretti.

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Acupuntura em grávidas atua desde enjoo até em virar o bebê para o parto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/#respond Fri, 24 Sep 2021 16:22:02 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-23-at-16.39.09-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9298 Cada dia mais se debate a importância das práticas integrativas nos desfechos positivos da gestação e do parto.

Reconhecida oficialmente em 2017 na lista de tratamentos oferecidos pelo SUS (apesar de ser usada desde a década de 80), a acupuntura é uma dessas práticas e ganha espaço entre as grávidas porque substitui, por exemplo, o uso de anti-inflamatórios –proibidos durante a gestação.

Durante a sessão, as agulhas estimulam as terminações nervosas existentes na pele e nos tecidos subjacentes e o “recado” gerado por esses estímulos segue pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central onde são liberadas diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, que desencadeam a analgesia na mulher, atuam como anti-inflamatório, relaxante muscular ou sedativo.

“As agulhas também podem agir sobre o sistema endócrino, imunológico e como moduladora sobre as emoções”, explica Roberta Girelli, médica especializada em acupuntura. Ela cita desfechos positivos em casos de cólicas no início da gestação, enjoos, vômitos, depressão, ansiedade, insônia e constipação intestinal.

“Durante as primeiras sessões percebi uma nítida melhora na ansiedade e mais para o fim, fiz sessões para a Olívia virar [estava pélvica] e deu certo [ficou cefálica]”, conta Julia de Santi, 36, que conseguiu ter a filha de parto normal após a cesárea do primeiro filho.

Acupuntura ajudou a amenizar os enjoos de Julia e aposicionar a bebê para o parto (Arquivo Pessoal)

Ela conta que após a bolsa romper chamou a acupunturista em casa e a ação das agulhas ajudaram a engrenar o parto.

Mãe de dois meninos, Viviane Guizelini, 44, também buscou ajuda na primeira gestação para diminuir os enjoos, problemas musculares, ansiedade e alergias. “Tratei rinite alérgica e o resultados era imediato, ao ponto de entrar na sessão com coriza e sair sem desconforto e sem o nariz estar escorrendo”, lembra. Na segunda gravidez, Viviane não conseguiu fazer sessões de acupuntura e notou mais incômodos durante a gestação.

“Os incômodos foram mais evidentes. Tive contrações de treinamento a partir da 26ª semana e também muita pressão no períneo, além de dor nas costas. Era uma mistura de queimação com algo ‘rasgando’ por dentro. A acupuntura fez muita falta”.

Presentes no histórico de muitas mães, cefaleia, lombalgia e síndrome túnel do carpo também podem ser tratadas com as agulhas.

Essa liberação de substâncias de forma endógena (produzidas pelo próprio organismo) é uma opção segura em todas as fases da gravidez, mas deve ser feita por profissionais especializados e com aval dos médicos que companham essa mulher no pré-natal.

Gestantes com distúrbios de coagulação ou anticoaguladas precisam de mais atenção e é preciso atentar para o que os antigos livros da medicina tradicional chinesa chamam de ‘pontos proibidos’, porque alguns deles estimulam a contração uterina.

Viviane e os filhos Vitor e Antonio (Lente Materna Fotografia/Arquivo Pessoal)

 

“A acupuntura, como qualquer tratamento, não promete exclusividade. Pelo contrário, a colaboração do paciente é essencial ao bom andamento de qualquer opção terapêutica”, destaca Silvana Maria Fernandes, acupunturiatra do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre.

Silvana cita a correção de hábitos alimentares a ingestão equilibrada de líquidos, um sono regular e prática de exercícios físicos adequados a cada fase gestacional como complementares ao tratamento.  “Tratar ou equilibrar comorbidades, de preferência antes de engravidar e controlar as condições emocionais também são aspectos relevantes abordados na consulta inicial, onde uma anamnese completa deve ser realizada, levando-se em conta todo o histórico médico da paciente, incluindo corpo e mente”, explica.

A literatura também apresenta bons resultados da acupuntura no pós-parto, em distúrbios da lactação (hipogalactia) e em quadros de depressão.

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Quer desmamar seu filho? Sinais ajudam a reconhecer o melhor momento https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/#respond Thu, 09 Sep 2021 13:50:43 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-08-at-12.49.25-6-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9269 Assim como sentar, andar, correr ou falar, o desmame deve ser encarado como um processo e não um evento.

Partindo desse princípio, nenhuma criança anda ou fala antes de estar pronta e nenhuma deveria ser desmamada antes de estar madura para isso.

literatura não crava uma idade certa, mas aponta maturidade quando a criança aceita outras formas de consolo, permite não ser amamentada em certas ocasiões, consegue dormir fora do peito e prefere outra atividade a mamar. Além disso, não demonstra ansiedade quando o peito é recusado e tem uma alimentação variada estabelecida.

Aguardar os sinais do desmame nem sempre é fácil para todas as mulheres. Há crianças que acordam mais vezes durante a noite para mamar ou demoram para aceitar o fim da amamentação. Há um cansaço invisível e muitas antecipam o processo.

A OMS recomenda amamentar até os dois anos ou mais, e se uma mãe chegou nessa fase da vida, ela tem muitos motivos para comemorar, afinal o Brasil em 2020 apresentava a média de apenas 54 dias de amamentação exclusiva no peito.

Amamentar exclusivamente por seis meses e seguir amamentando até os dois anos, infelizmente, ainda é um privilégio em nosso país.

Especialistas no assunto orientam desmamar de forma gradual, em uma momento tranquilo da vida da criança, ou seja, sem estar enfrentando outras mudanças drásticas como início da vida escolar, chegada de um irmão ou desfralde. É preciso paciência, porque desmamar pode ser imprevisível e até doloroso para mãe para o filho.

Vale lembrar que desde o nascimento o peito é um local de aconchego, segurança e descanso para o bebê. É o maior porto seguro dele, além de fonte de alimentação, é claro.

Quando Jean* completou dois anos, a empresária Fabiana* decidiu começar o processo de desmame. Leu muito sobre o assunto, fez curso de desmame gentil e aos poucos foi aplicando o que aprendeu na consultoria.

“Sou superativista e pró-amamentação, queria que fosse algo suave e tranquilo igual a tantos relatos que a gente lê na internet, mas não foi tão simples assim”, conta a mãe.

A única “vitória” no processo foi conseguir desvincular o peito do sono do filho, mas no restante do dia, incluindo as madrugadas, o menino demandava muito.

“Quando ele me via já corria pro peito. Ele mamava sempre que estava comigo. A situação estava, na minha opinião, descontrolada”, diz.

Fabiana decidiu parar de ofertar de uma vez, oito meses após o início do processo. “A gentileza já tinha ido pro espaço. Acabei indo por um caminho considerado errado e foi um processo doloroso emocionalmente, que faz com que até hoje eu me sinta culpada pela forma que ele aconteceu”, desabafa.

Já para Mayara Freire, 30, desmamar não estava nos planos, mas Estêvão, de dois anos e sete meses começou a dar os primeiros sinais de que esse tempo está chegando.

Grávida de 5 meses, Mayara conta que surgiram fissuras em seus peitos e ela percebeu que a quantidade de leite também diminuiu.

O filho já ficou três dias sem mamar e inclusive disse que “o tetê agora é do neném”, referindo-se ao bebê que está na barriga. “Nós nunca falamos nada sobre isso com ele. A última vez que mamou foi bem rápido, só um aconchego antes de dormir”, conta a mãe. “Acredito também que o gosto do leite tenha mudado”, observa.

Segundo a pediatra Kelly Oliveira, Mayara tem razão. O leite materno pode sofrer alterações no sabor e na quantidade quando a mãe está grávida novamente.

Na maior parte das vezes é possível amamentar estando grávida. Essa condição é chamada de lactogestação.

“O cuidado maior nesses casos são os aspectos nutricionais da mãe, que devem ser acompanhados de perto. Quando a gestação é de risco, aí então o desmame pode ser considerado”, diz a consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE).

Outra forma possível é a amamentação em tandem, quando a mãe oferece o peito para crianças de idades diferentes. A orientação do ginecologista e obstetra também é imprescindível para esses casos.

Kelly não recomenda desmamar de um dia para o outro. “Desmamar de forma abrupta pode trazer consequências negativas para o bebê, principalmente gerar traumas e recusa de alimentos”.

A orientação da especialista é estipular combinados e conversar muito com a criança, cumprindo os combinados para que ela sinta segurança no processo. “Se a mãe define o desmame e volta atrás, a criança ficará confusa, sem saber o que esperar”, explica.

Para a mãe, é importante fazer ordenhas de alívio, retirando leite quando o peito estiver mais cheio. Isso evitará problemas como mastite e fará com que o corpo pare aos poucos de produzir leite. 

*Nomes trocados a pedido da entrevistada

MASTERCLASS

Pais que desejam mais informações sobre desmame gentil podem participar de um evento online e gratuito no YouTube da Pediatria Descomplicada na próxima quinta-feira (9), às 20h30.

A pediatra Kelly Oliveira, consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE), Alergista e Imunologista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) dará uma aula sobre como desmamar sem romper o vínculo com a mãe.

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Clareza sobre nossas feridas evita ferimentos emocionais nos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/#respond Tue, 31 Aug 2021 14:13:15 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-31-at-12.31.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9208 Ter clareza das nossas dores emocionais é o melhor caminho para não repeti-las em nossos filhos. Esse é um dos pilares da Teoria do Apego, que defende a criação segura para que a criança se desenvolva plenamente em todas as áreas.

Pais que apanharam na infância tendem a agir de forma violenta com seus filhos. Lembrando que gritos, ameaças, castigos e até o silêncio, ao ignorar um pedido de ajuda são considerados violência também.

Esse comportamento ocorre porque os pais repetem o padrão que receberam no passado. É o mais familiar e o que está internalizado dentro deles, independentemente de ser o melhor, é o conhecido e o mais fácil de ser acessado, explica a psicóloga e especialista em Teoria do Apego Arieli Groff.

Para encerrar esse ciclo, ela defende o autoconhecimento. “Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor”, diz a especialista que lançou o livro “Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade” (Editora Pirililampos).

Na obra, a autora aborda assuntos caros à maternidade, como raiva dos filhos, saudade da vida de antes, solidão e o cansaço mental por ter que tomar todas as decisões relacionadas à criança.

Dividido por assuntos, numa espécie de diário, Arieli também fala sobre a convivência forçada durante a pandemia, o dia da primeira birra pública e a fuga para o banheiro na expectativa de ter apenas um minuto de silêncio –o sonho de toda mãe.

“Minha filha tem minha melhor versão em vários momentos. Mas não é brincando de boneca”, revela a psicóloga destacando o mito da mãe perfeita. “Não somos boas em tudo. E não devemos nos cobrar isso. É cruel. É utópico”, afirma.

Reconhecer sentimentos, outro pilar da Teoria do Apego, aparece no capítulo “Hoje Tive Raiva”, onde ela ralata quando a filha a tirou do sério. “Ser mãe não me canonizou e ela ser minha filha não lhe dá o título de criança mais legal do universo. Ter raiva da minha filha foi o sentimento mais justo e honesto que pude oferecer. E eu disse o que estava sentindo. Nossa relação continua, com ainda mais verdade”, conta a mãe de Maitê, hoje com cinco anos.

“Criança pede presença. A cada comportamento difícil ou ataque de fúria nossos filhos estão nos dizendo ‘me olha’, ‘me ajuda’, ‘ não estou conseguindo sozinho’, ‘preciso de você’. É fácil amar quando ela está brincando de forma criativa e inteligente, de banho tomado, sendo meiga e dormindo como um anjo”, diz o livro.

No livro Quando Nasce uma Mãe, Arieli Groff fala sobre tabus na criação dos filhos (Divulgação)

O seu puerpério foi muito pesado? O que você sentiu e quanto tempo ele durou?

Ele não foi necessariamente pesado, mas me trouxe surpresas e vivências que mesmo já atuando com infância na clínica como psicóloga, eu não tinha clareza de como eram de fato vividos pelas mães. Me trouxe estranhamento e a angústia de por vezes não conseguir nomear o que eu sentia, e com isso, um sentimento de me ver só em tantos momentos, mesmo rodeada de uma rede de apoio afetiva e presente. Para mim foi aos dois anos da Maitê que senti e consegui retomar algumas questões mais voltadas a mim e conseguir me priorizar em algumas coisas. No final do primeiro ano eu senti um alívio do tipo “conseguimos, vivemos e sobrevivemos” e ao final dos dois anos dela veio esse sentimento de me ter de volta.

Por que a ideia de mãe perfeita faz tantas mães reféns?

Percebo que esse estranhamento que senti é também vivido por muitas mulheres, onde existe uma romantização de como é a chegada de um bebê e pouco se fala de sentimentos que não são vistos como positivos socialmente, como a tristeza, raiva, cansaço, questionamentos sobre a escolha de ter tido filhos, mas que se fazem presentes na realidade de muitas mães. E então quando a mulher sente isso, se percebe sozinha, inadequada, culpada de não sentir só amor e gratidão 24 horas por dia, que também estão presentes, mas não são exclusivamente o que se sente. E com isso, muitas mulheres se envergonham de compartilhar suas vivências, sentimentos, medos, cansaços, como se não tivessem o direito de reclamar. Acredito que esse é um aprisionamento que só iremos abrir aos poucos, com informação, diminuição da cobrança social em cima das mães e rede apoio, individual e coletiva, como sociedade.

Você conta sobre alguns momentos de fuga para cuidar de si, nem que seja no sofá para ter um tempo para ver uma série, ou no banheiro para fazer um xixi em silêncio. O quanto essas fugidinhas te ajudaram a não pirar ou levar a maternidade de forma mais leve?

Me ajudaram muito. Foram quase dois anos com a sensação que a minha vida não me pertencia mais, eu descansava enquanto trabalhava (atendimento em consultório). Esses pequenos momentos me traziam a sensação de ter o controle sobre alguma coisa, por menor que fosse, de que eu ainda tinha autonomia sobre meu tempo e espaço para escolher algo que fosse por mim e para mim.

Você assume que não gosta de brincar, que seu melhor é encontrado em outros momentos com a Maitê. Quando você descobriu isso e aceitou que brincar, algo tão importante para uma criança não era muito sua praia? 

Falo desse brincar mais tradicional, especialmente com meninas, que se espera que se brinque de bonecas, por exemplo, e que a mãe goste disso. Interagimos de outras formas, mas teve o tempo em que ainda me cobrei que precisava gostar de tudo que minha filha tivesse interesse em brincar. Até que entendi que aceitar quais eram as minhas brincadeiras favoritas e que eu não precisava gostar de tudo, me trouxe alívio e assim pude me entregar com mais prazer naquilo que gostava e até mesmo nas brincadeiras que não gostava muito, pois agora não havia cobrança, mas o amor de fazer algo pela felicidade dela.

Você fala sobre sentir raiva da sua filha em alguns momentos. Muitas mães têm medo de assumir isso e você fala com muita naturalidade sobre essa raiva. Alguma mãe já te deu feedback sobre sentir isso e estar aprisionada no medo das opiniões alheias sobre esse sentimento?

Muitas. Alguns sentimentos não são socialmente validados e tampouco valorizados. A raiva é um deles e se mostra como se fosse incompatível com a maternidade. Mas os sentimentos não são nem bons nem ruins, apenas são, o que fazem deles terem um aspecto mais positivo ou negativo é o que escolhemos fazer com eles, e isso vem de um lugar de consciência, autoconhecimento, empatia consigo mesma, o que leva a possibilidade de uma regulação emocional. Com isso, muitas mães me relatam que se sentem julgadas, culpadas, inadequadas e envergonhadas de assumirem o quanto seus filhos tantas vezes despertam raiva, aumentando o senso de solidão que leva à mais raiva. A raiva surge como a percepção de não se sentir vista, sem apoio, percebendo que chega em um limite e/ou quando se vê com recursos internos escassos para lidarem com os filhos. A raiva é uma expressão de cobranças externas e internas, frustrações e desamparos vividos pelas mães.

 O que a pandemia despertou de melhor em você como mãe ? E o pior?

 Ter minha filha 24 horas por dia em casa me fez agradecer por ter o privilégio de conseguir manter a rotina com ela e de trabalho (desde 2018 passei a atender somente online, e meu marido também já trabalhava home office, então já estávamos adaptados a esse modelo de trabalho), nos exigiu criatividade, readaptações, como todas as famílias, morávamos fora da nossa cidade, sem nenhuma rede de apoio (desde junho retornamos para Porto Alegre, morávamos em Florianópolis por uma escolha desde 2018 por mais qualidade de vida, mas a pandemia fez revermos prioridades e voltamos para mais perto da família e amigos daqui), mas ainda assim me fez agradecer pela vida que tinha, pelo privilégio da rotina que criamos e me fez também aproveitar mais os momentos com a minha filha. Ao mesmo tempo, precisei de mais “momentos de respiro”, mas aprendi a respeitar esses movimentos, entender quando meu melhor talvez fosse sair de cena, olhar para mim, me dar um tempo, e retornar podendo ser uma mãe o mais inteira possível.

Até que ponto sua filha pode ser ela e quando você “entra em cena” para evitar uma combinação de roupa que não acha adequada, ou fazer algo que não estava no script pelo fato dela ser criança?

Esse foi, e é, um grande desafio para mim. Sou opinativa, gosto de participar de escolhas e é uma nota mental que atualizo todos os dias, de entender que meu gosto, opinião, ponto de vista é somente uma única forma de entender e enxergar o que quer que seja, e não necessariamente a melhor, tampouco a preferida da minha filha, e que não é por ela ter cinco anos que a minha opinião precisa ter mais valor que a dela. Claro, há questões que aos cinco anos ela não tem sequer maturidade para decidir, e aí entendo ser meu dever entrar em cena. Mas em assuntos e situações que ela já possui autonomia pela idade para escolher, procuro incentivar que ela decida. Provoco ela a dizer o que prefere, o que gostaria. Isso vale para roupas por exemplo (desde que não queira sair fantasiada de sereia em um frio de 2ºC do sul) até para questões comportamentais. Quando se chateia ou nos desentendemos, procuro após estarmos emocionalmente mais estabilizadas, conversar com ela, perguntar se entende que a forma como reagiu foi a melhor, como poderia agir em uma próxima situação.

Muitos pais estão ao lado, mas não estão presentes na vida dos filhos. O que essa presença decorativa provoca no emocional das crianças ao seu ver?

Acredito que nada em nossa vida deva ser encarado como sentença, a capacidade de transformação é sempre possível, mas é fato que muitas das vivências da infância deixam marcas e influenciam no desenvolvimento emocional, construção de vínculos e relacionamentos futuros da criança. São várias as mensagens que podemos passar sendo uma presença ausente: fazer com que a criança não se sinta importante, gerar um entendimento que esse amor é condicionado (a criança perceber que é digna de atenção se faz determinadas coisas, por exemplo), gerar comportamentos intensos na criança como forma de chamar a atenção, apresentar dificuldades escolares para igualmente se sentir vista e com isso se desenvolverem adultos com um baixo senso de merecimento, que cultivam relacionamentos de submissão (sejam afetivos, de amizade ou no trabalho, com colegas e chefes) e por vezes expostas à violências (seja física, emocional e/ou psicológica), dificuldade de confiar nas pessoas e em si mesmos. Em termos de construção de vínculos, qualidade e quantidade importam.

Como os pais podem ter essa consciência que você diz necessária para criar sem aprisionar ou sem cometer tantos erros?

Autoconhecimento. Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor, muito amor. Estudar sobre infância, educação, vínculos também é muito importante. Passamos a vida estudando para nossos trabalhos, por que temos a pretensão de achar que não precisamos estudar para a missão mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas? Além disso, poder se olhar com gentileza, empatia e a expectativa da busca pela perfeição, ela é utópica e cruel.

Por que vemos tantos pais repetirem os mesmos erros que juraram que não cometeriam com seus filhos?

O nascimento de um filho é como a abertura de um portal, onde nossos filhos nos catapultam a viver o afeto em sua máxima potência, pois conforme mostra a Teoria do Apego (a qual estudo e é a base teórica que permeia meu trabalho há 16 anos), a criança necessita se sentir segura e protegida para se desenvolver, isso é biológico e inato, e que em qualquer sinal de ameaça, liga seu comportamento de apego, solicitando esse amparo da figura principal de cuidado ( sendo essa ameaça real e legítima para quem a sente, podendo ser desde fome, frio até sentimento de solidão). Ao fazer isso, a criança muitas vezes pede aos pais algo que não receberam em suas próprias infâncias, tráz à tona dificuldades vinculares dos próprios pais, e então muitas vezes pais, com pouca clareza de suas dificuldades e com autoconhecimento não muito aprofundado, tendem a repetir o padrão que receberam, por ser o mais familiar e o padrão que está internalizado dentro de si, independente de ser o melhor, é o conhecido.

Psicóloga especialista em Teoria do Apego Arieli Groff, autora de Quando nasce uma Mãe (Arquivo Pessoal)

Trecho do livro: Nenhuma Novidade

“Especialmente nesse período de isolamento, me peguei pensando nas coisas que precisei abrir mão, seja para mantermos a saúde, seja porque nossa rotina mudou por aqui com Maitê 24 horas por dia em casa. Aí percebi que, por mais que tenha precisado de adaptações, não foi algo inédito.

Percebi que mãe quando vem a parir já abre mão de um monte de coisa. Quiçá já durante a gravidez. Ou pelo simples fato de sermos mulheres. Cursos de gestantes não deveriam ensinar como dar banho ou trocar fralda, tampouco fazer o desserviço de dizer que o bebê tem que mamar a cada 3 horas. Deveriam compartilhar mesmo “como abrir mão da sua vida e se manter sã”, “como se reconhecer após perder sua identidade”.

Deveria ser item obrigatório. Mas isso ninguém nos conta. Não é bonitinho, corrobora para manter as mulheres em uma posição de culpas e deveres como o patriarcado precisa. Enfim, esse tal patriarcado tem me tocado muito nos últimos tempos.

Mas voltando aos meus pensamentos, percebi que, de alguma forma desde meninas, somos ensinadas a sermos as boazinhas, as educadas, a ter modos de mocinha, a dizer amém para os outros e ainda rindo, a deixar nossos quereres de lado. Mas aí nos tornamos mães, e acredito que o que torna tão penoso nesse abrir mão de si mesma não são nossos filhos.

É a reedição de nos sentirmos, mais uma vez, como na nossa história, tendo que nos deixar de lado. Não é algo inédito. Nesse silêncio da casa, me vendo sozinha ainda, entendi que ser mãe não é somente sobre abrir mão de si, é sobre abrir espaços para permitir se transformar.

Deixar que o novo nos atravesse e faça morada. É autorizar trocar a roupa da alma e se preencher de sentimentos, vivências, pensamentos agora, sim, inéditos. E por isso, às vezes, tão assustadores que escolhemos fugir, nos proteger através de medos e reclamações.

Ser mãe é um ato de fé, é ter a coragem de se jogar no vazio e ser surpreendida por aquilo que ninguém nos conta e, ainda assim, seguir inteira, mas agora, de um outro jeito desconhecido. E aí o peso pode ir embora, por mais difícil que seja. O que fica é leveza e amor”.


 SERVIÇO

Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade

Autora: Arieli Groff

R$ 45, Editora Pirililampos, 115 páginas.

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Introdução alimentar: não estamos prontos para aceitar o não de um bebê https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/13/introducao-alimentar-nao-estamos-prontos-para-aceitar-o-nao-de-um-bebe/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/13/introducao-alimentar-nao-estamos-prontos-para-aceitar-o-nao-de-um-bebe/#respond Fri, 13 Aug 2021 14:23:33 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/mario-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9188 Que atire o primeiro brócolis quem nunca se preocupou com a introdução alimentar do seu filho.

O que dar? De que forma? Quanto oferecer e como lidar com a frustração após seu pequeno jogar no chão todo alimento que você passou a manhã preparando para ele devorar feliz.

Quando atende mães e pais nesta fase, a nutricionista materno-infantil Carla Massuia bate sempre na mesma tecla: o enfoque da introdução não é comer, mas ter a oportunidade de conhecer os alimentos.

“Somos de uma geração ensinada a raspar o prato a todo custo e muitas vezes esperamos que nossos filhos comam tudo que é oferecido para eles, mas não há ninguém que goste de tudo”, afirma a especialista.

Ela pontua que os pais se esquecem de que o ato de comer vai se repetir muitas vezes ao dia até o final da vida, e quanto melhor for a relação da criança com o alimento logo no começo, melhor será a relação para o resto da vida.

“Quanto maior guerra para comer, maior será a recusa. Ninguém é feliz comendo a qualquer custo”, diz a nutricionista. Ela também elenca diversos problemas alimentares na vida adulta com os traumas causados durante a alimentação na infância.

A nutricionista, que também é mãe de Mário, de 1 ano, é adepta do método BLW (do inglês Baby Led Weaning ou desmame guiado pelo bebê), aquele em que os pais colocam a criança em um cadeirão e oferecem na bandeja alimentos que ele pode comer usando as mãos. O intuito é estimular o bebê a conhecer diferentes texturas e comer o quanto quiser, na velocidade que desejar.

A principal fonte de nutrição da criança dessa fase ainda é o leite materno ou a fórmula, então a comida é apenas um complemento para eles nessa fase.

Close em Mario, um bebê de 11 meses comendo um brócolis com as mãos. Ele é branco, tem olhos claros, cabelo levemente ruivo. Seu body branco está sujo de comida, assim como seu rosto e cabelo. Apesar da boca cheia, está sorrindo, sentado no cadeirão.
Mário entre os pais Carla e Renê; introdução alimentar é para conhecer diferentes alimentos e não encher a barriga (Fotos de Arquivo Pessoal)

MAS, E A SUJEIRA?

Mesmo que você opte por outro método, certamente alguma sujeira vai ter que encarar, afinal, os bebês estão aprendendo e acidentes podem acontecer (leia comida na roupa, no cabelo ou pratos voando por causa das mãozinhas ágeis deles).

Caso a sujeira seja um impeditivo para experimentar o BLW, Carla Massuia indica o contato com alimentos mais secos, como cenoura ou quiabo, e sugere ao menos uma refeição no estilo, pelo menos uma vez por semana.

“Nossas mãos têm receptores de reconhecimento e ao usá-las para comer, as crianças treinam a coordenação motora, criam intimidade com o alimento e exploram sua cavidade oral. Bebês que reconhecem o que comem ficam mais confortáveis e se alimentam melhor”, diz.

Vale lembrar que nós adultos adoramos apalpar as coisas antes de comprar (seja uma fruta, um livro ou uma roupa). “Com as crianças é igual. Permitir essa experiência, nem que seja uma vez na semana, vai desenvolver habilidades e ampliar o repertório durante a fase oral, que vai até os 18 meses”, completa.

ENGASGO

Quando mama, o bebê faz um tipo de movimento com a língua. Ao começar a comer, a língua passa a lateralizar a comida e jogar o alimento para ser amassado no céu da boca. Para evitar engasgos, os bebês nascem com um mecanismo de defesa chamado reflexo de GAG. É uma ânsia que ele pode apresentar durante a introdução alimentar e que evita que a comida desça de uma vez.

Ao ofertar alimentos para as crianças, os pais devem cortá-los de forma a evitar o engasgo, principalmente os esféricos, como tomate cereja e ovo de codorna (veja mais dicas de cortes de segurança abaixo). Nunca ofereça comida quando o bebês estiverem reclinados, na cadeira de balanço ou deitados. E lembre-se que não são só os sólidos que causam engasgos.

Uma criança nunca deve comer desassistida, principalmente no início. Os pais ou cuidadores devem estar de frente para a criança e com a atenção voltada totalmente para ela. Vale a pena aprender manobras de desengasgo (melhor pecar pelo excesso).

RECUSA

Aos pais cabem três coisas: definir onde a criança vai se alimentar, o que ela irá comer e que horas será a refeição. Evite comer na frente da TV ou sair atrás da criança com o prato na mão. O ideal é sentar-se à mesa e comer junto com os filhos.

A decisão sobre qual alimento dar é de responsabilidade dos adultos, portanto, o filho pode escolher o que quer comer desde que as opções tenham sido dadas pelos pais.

A sensação de previsibilidade traz segurança para os pequenos, por isso, busque ter uma rotina básica, com horários para se alimentar.

Já ao bebê cabe definir a quantidade de alimento, e se vai ou não comer. Afinal, o estômago é dele e o gosto também. “Não estamos prontos pra aceitar o não de um bebê. Fomos criados para comer a todo custo, achando que criança não tinha que querer. Temos uma grande oportunidade de reverter isso, respeitando a escolha dos nossos filhos”, afirma a nutricionista, que atende famílias há 12 anos.

Para tornar esse processo mais leve, a especialista dá mais dicas:

  1. Para o bebê poder iniciar sua aventura com a comida, é necessário que tenha pelo menos 6 meses e que dê sinais de aptidão para iniciar sua jornada: demonstrar interesse pelo alimento, sustentar o tronco e coordenar o movimento mão boca. Isso pode acontecer no dia em que ele faz 6 meses ou não.
  2. A partir daí, podem ser ofertadas todas as frutas, vegetais, cereais (como arroz, aveia, trigo), proteínas de origem animal (ovo, carne, peixe, frango). Neste início, o bebê não precisa de sal e nem de leite de vaca e derivados.
  3. Açúcar deve ser evitado até os 2 anos de vida.
  4. Em geral, essa fase é próxima ao nascimento dos dentes, o que já causa um enorme desconforto para o bebê. Há casos em que a introdução alimentar coincide com o retorno da mãe ao trabalho, então a descoberta pode ser ainda mais angustiante para eles nesse momento, assim como para seus pais. Paciência é a palavra chave.
  5. Ofereça alimentos recusados em novas formas e com outros temperos. No caso de uma recusa recorrente, nunca engane a criança, incluindo esse alimento escondido para forçá-la comer. Isso pode refletir na recusa de mais alimentos.
  6. Comer junto com o bebê e de preferência a mesma comida (apenas temperadas de forma diferente), traz ainda mais confiança para a criança.
  7. Fuja dos mitos e palpites sem base científica. Bebês podem comer todos os tipos de banana, maçã e laranja.
  8. Ofereça bastante água ao longo do dia.
  9. Não há problema algum em repetir as refeições. Nosso filho precisa da gente mais inteira possível. Se um brócolis congelado permitir ter mais tempo com seu filho, vá em frente.
  10. O bebê é exatamente igual a gente: gosta de comida bonita, gostosa, cheirosa e apetitosa. Bote em jogo a boa e velha refoga de alho com cebola, aproveite e já use a salsinha, alecrim, azeite, coentro (há controvérsias), cúrcuma e mais um monte de temperos naturais.
  11. Aos maiores, deixem participar da rotina da alimentação, permita que pegue os alimentos antes do preparo, que lavem as frutas e verduras
  12. Já dizia o ditado: O ladrão de felicidade é a comparação. Cada bebê tem um tempo e um gosto. Relaxe e procure focar em estar com a criança no processo. Comer vai muito além do nutrir o corpo.

MAIS INFORMAÇÕES 

https://www.instagram.com/carlamassuia.nutri/

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Amamentação gemelar exclusiva é possível, mas caótica; leia relato https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/31/amamentacao-gemelar-exclusiva-e-possivel-mas-caotica-leia-relato/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/31/amamentacao-gemelar-exclusiva-e-possivel-mas-caotica-leia-relato/#respond Sat, 31 Jul 2021 17:18:31 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Capturar-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9112 Assim que anunciei que estava grávida de gêmeos, recebi mensagens perguntando qual seria o tipo de parto e se eu amamentaria exclusivamente os dois como fiz com minha primeira filha até os seis meses.

Achei cedo para dar essas respostas. Disse que faria o possível para ter um parto normal e que tentaria amamentá-los exclusivamente no peito, mas sem expectativas ou preconceitos caso precisasse usar leite artificial.

No fundo, queria amamentá-los só no peito, principalmente pelos benefícios que eu vi na vida da Helena, que desmamou aos três anos.

Além disso, uma lata de leite custa uns R$50,00 e por aqui seriam sempre duas doses.

Assim que os meninos nasceram (farei meu relato de parto em breve), tivemos a golden hour e eles mamaram na primeira hora. Com um pouquinho mais de experiência, ajeitei a pega dos dois, mas mesmo assim tive fissuras horríveis.

O Miguel nasceu primeiro, com 2,520 quilos. Como tive diabetes gestacional, e ele nasceu abaixo do peso e com pouca reserva de gordura, a indicação era acordá-lo sempre para mamar. Que dureza! Ele apagava no colo, mamava muito pouco e voltava a dormir. Pedia ajuda para as enfermeiras no hospital, tirava a roupinha, molhava o rostinho dele e nada. Achava aquilo tudo muito violento, inclusive. Miguel dava umas cinco mamadas e apagava outra vez.

Tivemos alta.

Em casa, na primeira noite, Miguel estava amolecido, não acordava. Medi sua glicemia (como aprendi no hospital) e estava 24. Corremos para o pronto-socorro com a mala da maternidade, que não havia sido desfeita.

Ele teve uma crise de hipoglicemia, causada pela língua presa. Além de me machucar bastante durante as mamadas, ele ficava exausto para sugar o leite, porque o freio atrapalhava a sucção. Ele mais se cansava do que recarregava as energias mamando.

Samuel, que nasceu com bem mais reserva de gordura no corpo (3,220 quilos) estava com icterícia e a pediatra do plantão decidiu internar os dois.

A enfermeira não me perguntou nada. Tacou uma mamadeira de 120 ml na boca do Miguel, que mamou com gosto. Coitado, estava faminto.

Samuel, no embalo, mamou a mesma quantidade. Estava em choque, tão assustada com o desmaio do Migs, que só fiquei olhando atônita.

Foram cinco dias de internação até o Samuel clarear e o Miguel reagir. Só que eu tinha outra pequena em casa, que estava ansiosa pela chegada dos irmãos, e o pós-parto imediato dentro de uma UTI em plena pandemia de Covid-19, somado à queda hormonal após a gestação gemelar mais a preocupação com os meninos resultaram no atraso da descida do leite.

Eu tive um baby blues pesadíssimo e só chorava.

Quase ninguém sabia o que estava acontecendo e choviam mensagens querendo saber como foi o encontro dos irmãos e se já estávamos com muito sono. Queria eu estar sem dormir na minha casa.

Intestino preso, peitos cheios de fissuras por causa da confusão de bicos e da língua presa, hemorroidas cantando ópera e sem dormir há dias. Minha amiga Denise Saquetto, que é fisioterapeuta pélvica, veio nos ver  e trouxe o laser. O alívio das dores foi quase instantâneo. Incluo as dores emocionais também. Ela sabe ouvir como ninguém.

Comecei a focar na alta, depois resolveria a amamentação. Apesar do protocolo do hospital não permitir oferecer leite no copinho, algumas vezes nós dávamos na tampinha da mamadeira mesmo. A fono me ajudou bastante com as mamadas e me tranquilizou sobre a possibilidade de ainda poder amamentá-los exclusivamente.

No penúltimo dia de internação, durante uma chamada de vídeo com minha filha e minha mãe, senti a blusa molhada. A ocitocina, hormônio do amor, estimulou a descida do leite –11 dias após os meninos terem nascido. Eu sempre vou dizer pra Helena que o leite deles desceu por causa do amor dela.

Não gosto muito de lembrar desses dias na UTI, senti muita culpa pelo desmaio do Miguel. Eu leio e escrevo sobre maternidade, defendo a amamentação com unhas e dentes e estava ali, meio suspensa no ar, sentindo como se alguém estivesse roubando algo de mim. Entendi, porém, que esses dias foram necessários.

Após a alta, paramos em uma farmácia pra comprar uma lata de leite e já agendei a visita da Thalytta Costa, enfermeira especialista em amamentação.

Miguel fez a cirurgia à laser no dia seguinte e assim que o procedimento acabou, mamou com a pega perfeita, sem me machucar. A recuperação dele foi rápida também.

Thalytta me auxiliou na relactação e me deu muitas dicas para conseguir amamentá-los só no peito. Em 15 dias fui diminuindo a oferta noturna do leite artificial e aos poucos fui pegando confiança em mim e neles.

As mamadas sempre foram em livre demanda e eu fiquei em função disso, enquanto a casa, a comida e as roupas eram cuidadas pela minha rede de apoio: minha mãe e minha sogra. Meu marido teve um mês de licença (somando férias e banco de horas) e caprichava na atenção para a filha mais velha.

Sempre preferi amamentar um de cada vez, para entender o ritmo deles e ter um momento “só nosso” com cada um. Quando apertava e os dois mamavam ao mesmo tempo, até água ou comida na boca eu pedia.

Eles estavam ganhando peso, altura e sempre davam sinais de saciedade após as mamadas. Fora isso, as fraldas estavam sempre cheias. A amamentação exclusiva estava rolando bem.

A introdução alimentar começou aos sete meses, quando deram a maioria dos sinais de prontidão. Eu já não aguentava mais amamentar exclusivamente os dois. Na realidade, eu nunca gostei de amamentar. Faço pelos benefícios que a amamentação proporciona para eles, mas se eu disser que amo amamentar, estarei mentindo.

Curto a troca de olhares, a mãozinha deles fazendo carinho em mim, amo ver o ganho de peso e o desenvolvimento a partir do que sai do meu corpo, mas as dores, a abnegação, as mamadas na madrugada  e o “estar à disposição 24 horas por dia” é muito pesado para mim.

A demanda emocional é invisível e somado a tudo isso uma filha de três anos querendo atenção, ainda tentando entender o seu novo lugar na família e sofrendo muito com isso (outro relato que prometo trazer em breve).

Passamos por todos esses perrengues, saímos mais fortalecidos e unidos da internação e fiquei ainda mais empática em relação às mães que não conseguem amamentar.

É muito mais gente jogando contra do que à favor. Então, conseguir e seguir amamentando os dois é uma vitória para todos nós.

 SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO 

Nesse ano, o tema da SMAM é  “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”. Não cabe só à mulher a responsabilidade pela amamentação.

Médicos, familiares, parceiros e amigos também são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da amamentação de uma mãe. Sem apoio, é impossível.

‘Proteger a amamentação: uma responsabilidade de todos’ é o tema da Semana Mundial em  2021

]]> 0 Dores, lágrimas e culpa: o que nem sempre te contam sobre amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/#respond Tue, 25 Aug 2020 16:31:10 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-19-at-17.55.36-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8960 Todo ano, a campanha #AgostoDourado fala sobre os benefícios de dar de mamar, fala sobre a importância da informação, da preparação ainda no pré-natal, sobre confusão de bicos, consultorias de amamentação e sobre rede de apoio.

Saber sobre tudo isso é essencial, mas não é garantia de sucesso no processo. E é isso que esse relato corajoso da minha amiga Dani Braga mostra. Mesmo bem informada, cercada por uma rede de apoio e de profissionais especialistas no assunto, ela vivenciou momentos muito doloridos no corpo e na mente para seguir em frente com a amamentação de seu filho.

“Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso”, comemora a mãe do Ian, um dos bebês mais simpáticos que já conheci (virtualmente, por causa da pandemia, claro).


“Quando engravidei, estudei e decidi pelo parto normal, mas sabia que poderia precisar de uma cesárea. E tudo bem, não sofria com isso, de verdade.

Algo que eu não tinha dúvida, no entanto, era que a amamentação seria com leite materno e em livre demanda (sempre que o bebê solicita). Fiz um curso de amamentação online e aprendi sobre os inúmeros benefícios para a criança e para a saúde da mãe. No meu plano de parto, expressei meu desejo pela “golden hour” — quando o bebê é colocado para mamar na sua primeira hora de vida.

Ao completar 40 semanas, senti todas as dores do parto até atingir nove dedos de dilatação. Ian nasceu rapidamente. Que sorte eu tive! Agora viria o próximo passo: o bebê em meu colo para ser amamentado. Aqui começa a história que quase ninguém conta. Você até lê que há alguma dificuldade, mas sempre impera o clima de que é algo tão natural que tudo se ajeita rapidamente. Provavelmente o obstetra não vai abordar o assunto a fundo e aquela médica humanizada que você segue no Instagram vai dizer que o grande problema é a cultura da indústria da fórmula láctea.

Quando o bebê veio para os meus braços, eu sabia que a boca dele tinha de ter a abertura semelhante a de um peixinho, que o corpinho dele devia estar barriga com barriga comigo e que ele tinha de abocanhar a aréola. Lembrei de checar tudo, mas não contava com um fator importante: não estava ali sozinha com o bebê da teoria. Ian chegou sugando com pressão e força e não abria a boca suficientemente, nem com a ajuda da minha mão.

Na primeira abocanhada, voou sangue do mamilo na cara dele. A enfermeira veio ajudar e falou que estava tudo certo no manejo. Uma outra técnica confirmou. Passei para o outro seio: sangue e hematoma no primeiro minuto. Doeu. Doeu muito, mas achei que na próxima daria certo. Até posei para uma foto sorrindo.

Não, não deu certo na próxima nem nas seguintes. Piorou. Dois dias depois, veio a apojadura —momento em que o leite de fato desce. Eu também já conhecia o termo. Estava presente quando ela surgiu para minha cunhada, há um ano e meio. Ela passou mal, quase desmaiou, sentiu-se fraca e ofegante durante o banho. Comigo, porém, não foi assim.

Fui tomar banho esperando sintomas semelhantes, mas nada fora do normal ocorreu. De repente, acordei com as mamas muito inchadas. A dor era tão alucinante que quando os fios do cabelo tocavam o peito, eu beliscava minha perna para ver se me concentrava em outra dor. O desespero era tão grande que cancelei todas as visitas.

Duas enfermeiras, uma de cada lado, massageavam as mamas de três em três horas. Eu chorava antes, durante e depois dos procedimentos. O bebê passou a mamar sangue em todas as doloridas tentativas. Foi então que começou a tomar alternadamente fórmula e meu leite ordenhado em um copinho.

Eu detestava ver a cena do bebê bebendo leite no copo, embora soubesse que era o mais indicado na ausência do peito, para não causar a má afamada confusão de bicos. Ao mesmo tempo, sentia-me culpada por odiar a fórmula, afinal, não fosse meu privilégio social, nem teria essa saída. Fórmulas custam caro.

A cabeça foi para o espaço e eu fui para casa sem nem saber quem eu era direito. E permaneci assim por um mês e meio. Queria amamentar, mas odiava. Lembro de bater a cabeça na parede de tanta dor e de desejar que o relógio parasse para não ter de amamentar de novo. Procurava na internet mães que desistiram da amamentação e, curiosamente, só encontrava relatos daquelas que superaram todas as adversidades. Estava claramente procurando na minha bolha, já que, no Brasil, o tempo médio que uma mãe amamenta é de apenas 54 dias.

Comecei a acreditar que era eu quem não amava suficientemente o próprio filho, por isso me sentia daquela forma, sem vontade de amamentar e sem ânimo para qualquer coisa que não fosse chorar. Diagnóstico psiquiátrico: princípio de depressão pós-parto –ao mesmo tempo em que o país entrava de cabeça na pandemia pelo coronavírus.

Além da dor física, doía mais ainda ouvir e ler que se a mãe não está bem, o bebê não fica bem. Era como se alguém gritasse na minha cara que eu estava prejudicando o meu filho.

Remédio. Terapia. Amor da família. Rede de apoio. Eu tive tudo isso, mas a dor da amamentação não passava, as feridas não cicatrizavam. Era peito no sol, peito na compressa fria, peito na pomada, peito no laser e peito na boca do nenê, que lacerava novamente.

Consultora de amamentação 1, consultora de amamentação 2, banco de leite, vídeos, conversas com especialistas. Lancei mão de tudo, insisti. Por quê? Não faço ideia. Talvez por querer que Ian tivesse todos os benefícios nutricionais, uma vez que, nos primeiros dias, não conseguia doar todo o meu afeto? Seria perfeccionismo? Ou por almejar ter a liberdade de alimentar meu filho a qualquer momento e em qualquer lugar, sem ter de esterilizar mamadeiras e carregar trambolhos? Hoje, penso que foi tudo isso.

Usei bombinha elétrica para tirar leite (tenho trauma do barulho que ela faz até hoje), fiz ordenha manual, Ian tomou leite no copinho, na colher dosadora e na mamadeira. Tive mastite e necessitei de antibiótico. Enquanto isso, insistia em colocá-lo no peito.

Precisei dar fórmula nos primeiros dias em casa também, mas não fazia ideia de como oferecer, só sabia sobre aleitamento materno. É ridículo para uma jornalista, que prega ouvir todos os lados, ter ido apenas atrás da informação que me interessava.

Durante a gestação, imaginava as respostas que daria quando falassem que era hora de desmamar ou quando sugerissem que seria melhor me esconder para amamentar, mas, no fim das contas, o pitaco que eu mais desejava ouvir era “minha filha, use logo uma mamadeira e pare de sofrer”.

Das poucas opiniões que recebi, uma das mais clássicas: “Seu meu leite não está sustentando o bebê”. Diante da perda de peso dele nas duas primeiras semanas, parecia muito real, o que me jogou ainda mais para baixo.

No mais, todas as pessoas a minha volta respeitaram a minha vontade de persistir amamentando. Enfim, depois de longas semanas, o negócio engrenou.

Quando estava no terceiro mês e tudo parecia normal, uma nova inflamação e um ducto lactífero entupido surgiram. Dor lancinante. O tratamento: usar uma agulha esterilizada ou esfregar uma toalha molhada até estourar a bolha de leite formada no mamilo, além de massagear as ingurgitações doloridas que apareceram no seio. Tentei tudo, sem sucesso imediato. Feito isso, coloquei o bebê para mamar em diferentes posições, a principal delas era a que eu ficava em quatro apoios com o seio na boca do bebê. A cena se repetiu no quarto mês e no quinto, com uma nova mastite e um febrão de três dias.

Alguém já viu alguma propaganda, filme, série ou novela com uma mãe nesta posição? Só observo mãe e filho se entreolhando e sorrindo, como se fosse um ato totalmente instintivo.

Nesta última crise, a ferida aberta no terceiro mês voltou a incomodar. Ao redor dela, o mamilo fica todo esbranquiçado, como se não circulasse sangue na região. Arde demais.

Obviamente nem todas as mães percorrem essa via crucis e muitas sentem prazer desde o início com a amamentação, mas isso não pode ser considerado o padrão. É necessário falarmos sobre as dificuldades para munirmos de informação outras mulheres. Sabendo dos eventuais problemas, podemos buscar soluções que não sejam o desmame precoce, para quem deseja continuar, e também apoio, para quem prefere desistir.

Seria hipocrisia dizer que não me orgulho de olhar as dobrinhas do Ian, frutos da amamentação. Ainda assim, não penso que toda mãe deva passar por isso, sobretudo as que têm pouco ou nenhum apoio. Respeitar-se e estabelecer limites também são atos de amor. Amor próprio e amor materno.

Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso.

A maternidade tem um mantra, o “vai passar”. Junto dele deveríamos incluir “não julguemos outras mães. Não nos comparemos. Falemos sobre nossos filhos e nossas experiências sem precisar esfregar na cara de mães que estão inseguras nosso sucesso com as tais siglas LM/LD/PN/SN, entre outras. Não meçamos outro maternar com a nossa própria régua”.

Feliz fim de agosto dourado e início de primavera florida para quem amamenta no peito, para quem oferece mamadeira e principalmente para quem faz uso real da palavra da moda: empatia.”

 

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Problemas com a amamentação? Veja locais que oferecem ajuda de graça https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/problemas-com-a-amamentacao-veja-locais-que-oferecem-ajuda-de-graca/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/problemas-com-a-amamentacao-veja-locais-que-oferecem-ajuda-de-graca/#respond Thu, 06 Aug 2020 20:21:48 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-05-at-16.22.26-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8932 Apesar da amamentação estar cada vez mais na mídia, é muito comum ouvirmos relatos de mulheres que, mesmo informadas, penaram até a amamentação engrenar.

O respeito à hora dourada (a primeira de vida fora do útero e que o bebê fica em contato pele a pele com a mãe), a pega correta e a distância de mamadeiras e chupetas para evitar confusão de bico não significam sucesso no processo.

Débora que o diga. A mãe da pequena Lucia, de 4 meses, teve apoio no hospital onde a filha nasceu e contou com quatro visitas de uma consultora em amamentação ao longo dos últimos meses. Porém, até hoje passa por incômodos que achava que estariam distantes pelas informações que adquiriu ainda grávida.

“Uma das partes mais difíceis foi a apojadura [descida do leite, que pode ocorrer de 3 a 7 dias depois do parto]. Você tem alta do hospital e sozinha em casa, por causa da pandemia, se vê perdida, com dor, febre e sem saber posicionar o bebê, mesmo sendo algo tão simples”, conta.

“A desinformação ainda é a maior barreira a ser vencida para mudar o perfil de amamentação do nosso país. Muitas gestantes pensam que a amamentação é um processo instintivo e se informam pouco sobre o assunto durante o pré-natal”, observa Cristina Nunes dos Santos, coordenadora da sala e parto e alojamento conjunto do Hospital Sepaco, em São Paulo.

Para se ter uma ideia de como amamentar não é instintivo, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a gestante tenha uma consulta com o pediatra ainda durante o pré-natal com 32 semanas de idade gestacional para se preparar para amamentar, mas essa prática não é comum no Brasil.

Deixar programada uma consulta para avaliação da amamentação de 48 a 72 horas após a alta hospitalar também pode ajudar no processo. “Pode ser na UBS ou Banco de Leite mais próximo da sua casa, uma consultora de amamentação ou com o pediatra”, explica Cristina.

Apesar das dores, culpa e até frustrações que passou, Débora conta que insistiu na amamentação por causa dos benefícios que Lucia teria e a insistência trouxe muitos resultados. A bebê está saudável, ganhando peso e apesar das dores que vivenciou por muitas ocasiões, a mãe comemora o resultado.

Em uma situação diferente está Aline. Sua filha, Lorena, de 8 semanas, nasceu bem antes da hora. A data provável do seu parto era 20 de setembro, mas uma pré-eclâmpsia antecipou o parto e a bebê, que nasceu com 26 semanas e 730 gramas, precisou ficar internada no Hospital Santa Joana, em São Paulo, desde então.

Lorena chegou a utilizar leite materno do banco de leite do hospital e hoje toma apenas o leite da mãe. “É impressionante como o leite materno tem trazido resultados no ganho de peso dela”, conta a mãe, que doa em média, 200 ml por dia ao hospital.

“Lorena precisou da doação e do mesmo jeito que foi beneficiada quero ajudar outros bebês na mesma situação”, afirma a mãe.

A previsão de alta é no próximo mês. Enquanto isso, Aline continua extraindo leite do peito e cuida dos hábitos alimentares, aguardando o dia em que pegará a filha e poderá amamentá-la direto no peito, em casa.

“O leite de uma mulher que teve bebê prematuro é diferente do leite de uma mãe que teve o filho com 40 semanas, por exemplo. O leite  tem nutrientes compatíveis com a necessidade de cada bebê”, explica Mercedes Sakagawa, nutricionista e coordenadora responsável pelo lactário e Banco de Leite Humano do Grupo Santa Joana.

Segundo ela, o corpo sempre vai se adaptar e produzir nutrientes necessários para cada fase do bebê. A profissional ressalta também que o leite da mãe tem benefícios de transferência imunológica que nenhum outro alimento pode oferecer.

ENCONTRE APOIO

Para quem não pode pagar pelos serviços de uma consultora em amamentação ou não que sair de casa durante a quarentena, para evitar se contaminar pelo novo coronavírus, segue uma lista de locais que apoiam lactantes de graça. Vale lembrar que gestantes e puérperas fazem parte do grupo de risco e muitas dúvidas podem ser sanadas por telefone, ou chamada de vídeo pelo WhatsApp, inclusive.

Grupo de Quinta – Grupo de Amamentação da Lumos Cultural – SP
Projeto da Lumos cujo objetivo é reunir gestantes e lactantes para discussões à respeito deste tema tão complexo. A roda acontece toda quinta-feira, às 14h30, gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. A moderação fica à cargo da fonoaudióloga Kely Carvalho e da pediatra Renata Lamano tendo como premissa o respeito à individualidade e o acesso à informação baseadas em evidências científicas. Durante a pandemia a roda acontece virtualmente. Telefone: (11) 3862 5327 ou (11) 3872 6344


GVA (Grupo Virtual de Amamaentação – Facebook) – https://www.facebook.com/groups/grupovirtualdeamamentacao


Casa Curumim – SP

Rua Pereira Leite, 513, Sumarezinho, São Paulo – SP,

 Atendimento toda terça, no período da manhã, precisa agendar. Telefone: (11) 98133-9360 e (11) 3803-9926

Aplicativo Bella Materna

Em comemoração ao mês de incentivo à amamentação, o Agosto Dourado, a MAM disponibiliza um cupom de acesso a um mês de teste no aplicativo Bella Materna. A experiência oferece às mães e grávidas o acesso gratuito, 24 horas por dia, a consultas com pediatras, obstetras e enfermeiras, além de contar com um conteúdo exclusivo, informativo e especializado. Para utilizar o aplicativo, basta se cadastrar, inserir o cupom e começar a experiência de um mês, até 31 de agosto.  O aplicativo está disponível para Android e iOS, ou pode ser baixado por meio do link: https://www.bellamaterna.com.br/.


Lactare, banco de leite da Eurofarma

Telefone (11) 4144-9604, por WhatsApp (11)  96629-0681 e por e-mail:  bancodeleite@eurofarma.com.br

Hospital da Mulher – Santo André- SP

Rua América do Sul, 285 – Parque Novo Oratório,  Santo André – SP

Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, Telefone: (11) 4478-5048 ou (11) 4478-5027


Banco de Leite – Unifesp – SP

R. Dr. Diogo de Faria, 395 – Vila Clementino, São Paulo – SP, 04037-001

Telefone: (11) 5576-4891

 


Banco de Leite do Hospital Fêmina – Porto Alegre- RS

Rua Mostardeiro, 17, 8º andar,  Porto Alegre, RS

Telefone: (51) 3314-5362

 


Mais endereços e telefones espalhados pelo país (cadastrados na Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano)

Norte: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=norte

Nordeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=nordeste

Sudeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=sudeste

Centro-oeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=centro-oeste

Sul: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=sul


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Grávidas e lactantes não transmitem coronavírus para o bebê https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/03/13/gravidas-e-lactantes-nao-transmitem-coronavirus-para-o-bebe/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/03/13/gravidas-e-lactantes-nao-transmitem-coronavirus-para-o-bebe/#respond Fri, 13 Mar 2020 17:42:57 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/03/WhatsApp-Image-2020-03-13-at-14.24.52-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8791 Grávidas não transmitem coronavírus para o feto. Conhecida como transmissão vertical (da gestante para filho), a contaminação foi descartada pela Organização Mundial de Saúde e pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

Quem amamenta também pode ficar tranquila, porque não há relatos de transmissão pelo leite materno. Inclusive, a recomendação é de que as mamadas sejam em livre demanda, uma vez que o leite da mãe é uma espécie de vacina para o bebê e reforça seu sistema imunológico.

“Se a mãe tiver algum quadro há alguns dias ou até mesmo outros vírus, o corpo dela produzirá a defesa para o bebê”, afirma o ginecologista Antonio Fernandes Lages, vice-presidente da Comissão Nacional Especializada em Aleitamento Materno da Febrasgo.

“Os benefícios da amamentação superam os possíveis riscos”, completa o especialista.

Vale lembrar que a doença pode ser transmitida pelo contato com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão e contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Se a mãe estiver contaminada e não quiser amamentar no peito ou necessite se afastar do bebê, o leite pode ser ordenhado e oferecido normalmente. Nos casos em que a mãe quiser manter a amamentação, a higienização das mãos e o uso de máscara já criam barreiras para a proliferação da doença.

O único estudo clínico disponível foi realizado na China e analisou amostra de seis grávidas que tinham a doença. Foram observados o líquido amniótico, o sangue do cordão umbilical, o leite materno e o swab da orofaringe do recém-nascido (teste com cotonete nas vias respiratórias). Todas as amostras deram negativo. Também não houve relato sobre nenhum tipo de malformação nos bebês.

Precauções para mães infectadas

  • As mães devem lavar bem as mãos antes de tocar no bebê, bomba extratora ou mamadeira;
  • O uso de máscaras é aconselhável durante as mamadas;
  • Siga rigorosamente as recomendações para limpeza das ordenhadeiras após cada uso;
  • Considere a possibilidade de solicitar a ajuda de alguém que esteja saudável para oferecer o leite materno ordenhado ao bebê;

Precauções para mães em geral

  • Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienizar as mãos;
  • Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
  • Usar lenço descartável para higiene nasal;
  • Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir (etiqueta respiratória);
  • Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
  • Manter os ambientes bem ventilados.

PODCAST

Na edição desta segunda-feira (9) do podcast 40 Semanas, eu e o Renan Sukevicius falamos sobre o assunto com a infectologista Rosana Richtmann. Ela trabalha no Emilio Ribas, instituto referência em infecções no Brasil, e no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Vale a pena ouvir, também!

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Passamos os melhores anos das nossas vidas preocupados com bobeiras, diz pediatra https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/11/bebes-nao-dormem-sozinhos-muito-menos-a-noite-toda-preocupar-se-e-bobeira-diz-carlos-gonzales/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/11/bebes-nao-dormem-sozinhos-muito-menos-a-noite-toda-preocupar-se-e-bobeira-diz-carlos-gonzales/#respond Mon, 11 Nov 2019 20:29:40 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/WhatsApp-Image-2019-11-11-at-14.23.35-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8627

Muitas crianças no sling, bebês correndo entre brinquedos e tapetes de palha no chão, enquanto outros dormem no aconchego do seio materno.

Esse era o clima entre os mais de 200 participantes da palestra sobre alimentação dada neste domingo (10) pelo pediatra espanhol Carlos Gonzáles. “Quem vê, pode pensar que estamos numa convenção de vegetarianos hippies, mas a verdade é que acolher e dar colo aos bebês é uma das verdades de diferentes povos, em diferentes continentes há muito tempo”, diz ele durante a palestra.

Com mais de 400 mil livros vendidos, amplo currículo acadêmico e ícone na defesa da amamentação e da criação com apego, o médico conduziu uma conversa sobre mitos e verdades na criação do bebê para mães atentas na plateia e foi taxativo ao falar como seguir fórmulas são o combustível para errar na educação dos pequenos.

“Somos patéticos como pais. Passamos os melhores anos das nossas vidas preocupados com bobeiras: o bebê não dorme sozinho, o bebê não dorme a noite toda, o bebê chupa o dedo, o bebê não quer comer brócolis. Todas essas coisas não serão problemas em cinco anos. E, em 30 anos. Serão as melhores memórias de nossas vidas”, diz ele.

Durante a palestra, ele coloca fim em diferentes mitos -sono do bebê, amamentação, frustração, castigos, estímulos e alimentação -todos os pitacos que as mães recebem (e todas nós recebemos em algum momento da vida) são derrubados pelo pediatra.

Ele, no entanto, não aponta nenhum caminho milagroso, apenas ressalta a importância de ouvir o bebê, atendê-lo e amá-lo, respeitando seu tempo. “Somos animais sociais. Vivemos em sociedade. Devemos querer que nossos filhos vivam em sociedade. E isso significa respeitar as regras: saber como obter ajuda quando precisar e a prestar ajuda quando pedirem”, diz ele.

 Nas poucas vezes em que confirma sua preferência em algum comportamento, mostra dados. Quando fala sobre cama compartilhada, por exemplo, traz números que demonstram que crianças que dormem com os pais desde o nascimento, têm maior confiança para dormir em seu próprio quarto a partir dos três anos.

“É simples. Se sei que serei bem recebido na cama dos meus pais, posso dormir tranquilamente na minha cama e correr pra deles se algo dá errado, mas se nunca consegui essa confiança de aceitação, vou sempre tentar dormir lá para não ser rechaçado na madrugada”, afirma, mostrando um estudo com crianças suíças, que aumentaram as idas aos quartos dos pais entre os três e os seis anos de idade, quando, segundo o médico, começam a entender melhor as rotinas da família.

Ele também defende que os pais devem investir tempo e amor nos filhos, sem castigos ou recompensas e aceitando que birras acontecem porque os bebês ainda não têm maturidade para entender que não podem ter algo naquele momento.

“O carinho não deseduca. Os adultos são condenados quando roubam, matam e, mesmo assim, só quando vários juízes determinam isso. Mas os pais condenam quando colocamos o pé no sofá,  quando não nos comportamos conforme o esperado. Isso precisa parar”, diz.

 

Gonzáles defende cama compartilhada e menos ‘neura’ sobre criação dos filhos (Luciano Bergamaschi)

Entre as mães na plateia, a psicóloga Fernanda Queiroz Aly, 40, chamava a atenção. Grávida, ela acompanhava atenta aos dados de Gonzáles. “Não concordo com tudo, mas tenho uma aproximação com as posições dele e acho importante expandir o horizonte, ouvir outras linhas de pensamento” afirma ela.

Já a dona de casa Desiree Guedes, 38, levou Liam, de apenas dois meses, à tira-colo para ver de perto o médico espanhol. “Acompanho muito as indicações dele. Hoje amamento em tandem (quando a mãe amamenta bebês de idade diferentes ao mesmo tempo) e faço isso muito inspirada nas informações dele”, diz.

A bancária Kelly Magni, 33 anos, e a professora Thayane Guagliardi Fieri Pereira, 32, saíram juntas do ABC com os filhos no sling para ouvir o médico. “Fazemos dança materna em Santo André e conhecemos lá os livros e as opiniões dele. Foi uma identificação muito grande. Estamos muito felizes de estar aqui e compartilhar esse momento”, diz Kelly.

O médico ainda abordou pontos como a importância de uma alimentação saudável para toda a família para que o bebê crie hábitos alimentares saudáveis e a necessidade da vacinação no controle das epidemias, e finalizou falando de seu neto e sua experiência em ser, agora, avô. “Com meu neto hoje, mais do que nunca, percebo que o tempo passa rápido demais.”

‘Passamos os melhores anos da vida preocupados com bobeiras’, diz Gonzáles (Luciano Bergamaschi)

MAIS PALESTRAS

A palestra ocorreu no Teatro Fecap, em São Paulo, e foi promovida pela Editora Timo, que publica os livros do pediatra espanhol no Brasil. Carlos Gonzáles também passará por Fortaleza e Vitória.

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(REPORTAGEM: PAULA CABRERA)

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