Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 ‘Equilíbrio não existe’, afirma Flávia Calina sobre atenção dada aos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/#respond Fri, 05 Nov 2021 17:01:23 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/2-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9360 Quem assiste aos vídeos da educadora Flávia Calina no YouTube pode até pensar que seus filhos nunca brigam, não fazem birra ou jogam as coisas longe quando são contrariados.

Na verdade, ela afirma que Victória, 7, Henrique, 5 e Charlie, 2, são como todas as crianças e passam por tudo isso também, mas que exibir cenas constrangedoras deles não é o intuito do canal, que tem quase oito milhões de inscritos.

Seu primeiro vídeo no YouTube foi publicado em fevereiro de 2009. Na época, ensinava a usar maquiagem e testava produtos.

Com o nascimento de Victoria, há 7 anos, as gravações saíram da frente do espelho e passaram a acompanhar a rotina da família, incluindo viagens, idas ao médico e teste de receitas. As gestações seguintes também foram exibidas no canal, assim como a mudança de casa e um surto recente de pé mão boca.

Flávia mora nos Estados Unidos desde 2005 e conta que algumas diferenças culturais são bastante acentuadas. A principal delas, a forma como os pais americanos ensinam seus filhos a serem independentes desde cedo.

Em conversa com o Blog Maternar, Flávia falou sobre educação respeitosa, equilíbrio na hora de dar atenção para as crianças e a importância de respeitar os sentimentos delas, assunto que aborda nos três livros que lançou recentemente em parceria com a Johnson’s.

Blog Maternar – Você está nos Estados Unidos desde 2005 e trabalhou um tempo como educadora aí. Quais as principais diferenças você encontrou na educação entre os dois países?

Flávia Calina – Há muitas diferenças, mas a principal delas é a independência. No Brasil, a gente era “babá” dos alunos. É normal tratarem as crianças como bebezões por mais tempo. Aqui, com dois anos, por exemplo, eles já se servem e raspam o prato. Em 2007, eu fiz um curso na Califórnia sobre respeito com bebês. Ele abriu minha mente sobre o quanto tentamos fazer tudo por eles, inclusive controlar os sentimentos ou ditar como devem se sentir. Quando comecei a observar as crianças no meu trabalho e depois os meus filhos, a relação melhorou muito, porque eles se sentiam vistos e ouvidos. Também trabalhei com muitas professoras tradicionais que achavam que criança tinha que ficar no seu lugar, eram ríspidas. É difícil mudar essa mentalidade, não fomos ensinados dessa forma. A gente tem vergonha do que a gente sente, não falamos que temos inveja para ninguém. Precisamos aplicar esses ensinamentos primeiro com a gente e aí enxergamos a criança como uma pessoa completa.

Blog Maternar – Os livros trazem seus filhos em momentos de raiva, tranquilidade, medo, confiança, tristeza e alegria. Como escolheu os temas e como faz para trazer leveza a temas delicados, como a birra? 

Flávia Calina – Assim como os adultos, as crianças também experimentam quase todos os dias raiva, tristeza, inveja e medo. A diferença é que nem sempre eles conseguem identificar esses sentimentos. E por não conseguirem explicar o que estão sentindo, pode ser que se joguem no chão ou joguem alguma coisa na parede. Isso não é ok, mas todo comportamento é uma comunicação que ocorre quando elas não conseguem expressar o que estão sentindo. É a partir desses comportamentos que elas mostram o que realmente precisam. Os livros convidam a prestar atenção nesses sentimentos, porque muitas vezes ficamos cegos diante dos comportamentos e mascaramos a necessidade real das crinaças.

Blog Maternar – O choro das crianças pode causar incômodo em alguns adultos e por vezes é silenciado pelo famoso “engole o choro”. Como mudar essa raíz cultural que normaliza esse e outros tipos de violência?  

Flávia Calina- Temos que normalizar o choro. Uma criança não chora porque é mimada, mas porque está realmente sentindo algo. Muitos buscam distrair a criança porque ficam desconfortáveis com aquele sentimento. Normalizar os sentimentos move a violência para longe, por meio da empatia. Chorar não é errado e não é defeito, como digo no livro. Se a criança está com raiva, por exemplo, no lugar de falar “não pode”, observe e diga: você tá com raiva? Como está se sentindo? O que podemos fazer para você não sentir raiva? Eu não sou perfeita, também piso na bola, mas quando isso ocorre, eu peço desculpas e aproveito para ensinar aos meus filhos que sempre há uma nova chance, uma esperança que dá para melhorar, fazer diferente.

Equilíbrio não existe, diz Flávia sobre atenção dada aos filhos (Arquivo Pessoal)

Blog Maternar – Você tem três filhos de idades diferentes (7, 5 e 2). Como faz para equilibrar a atenção para cada um deles e continuar produzindo conteúdo na internet, cuidando da casa e da empresa (loja de roupas)?

Flávia Calina – Cheguei a conclusão de que o equilíbrio não existe. Sempre a gente vai dar mais atenção de um lado e acabar deixando o outro. Mas sigo alguns principios que me ajudam a priorizar. Por exemplo, o Charlie quando era bebê precisava de muito colo, do contato físico. A Vic pede uma atenção diferente , típica da idade dela. O Henrique é o mais independente, mas tem necessidade de ter um tempo junto brincando. Em geral não me pede muitas coisas, apenas para que eu jogue um pouco com ele. O importante é sempre enxergar a pessoa, ouvir, se colocar no lugar e perceber qual a necessidade naquele momento. Todos querem se sentir vistos e amados.

Blog Maternar – Recentemente, no aniversário de um dos seus filhos, os demais irmãos entregaram presentes para o aniversariante e não ganharam nada. Como educar para não sentir inveja e entender que naquele dia não ganharão nada?   

Flávia Calina – Não há solução rápida para criar filhos, todo dia é uma sementinha. É preciso regar, falar e aparar arestas. Quem tem irmão ou teve primos próximos sabe que há competição. O que não devemos fazer é envergonhá-los por sentirem o que sentem, porque muitas vezes eles não sabem lidar com aquilo. Já passei por isso aqui e procuro dizer: você também queria isso? Eu entendo, mas você se lembra de quando foi sua vez? Como será no seu aniversário? Procuro levar pro lado de sentir algo gostoso ao ver o outro feliz e curtir junto. Nós ensinamos o ABC para as crianças, a se vestirem, e não ficamos bravos quando erram a conta ou a forma de colocar a roupa. Porém, quando sentem ciúmes, nós ficamos bravos. O problema é que eles vão dar um jeito desse sentimento fazer sentido para eles e o comportamento pode virar uma bola de neve. Costumo dizer que o papel dos pais é serem mentores: como eu quero que ele enxergue a vida? As crianças têm que saber que eles sempre têm com quem contar.

Blog Maternar – Seu canal exibe sua vida, sua rotina, você fala sobre algumas dificuldades e até expõe vulnerabilidades. Um exemplo é quando se trancou no closet e chorou falando sobre suas dores no puerpério do Charlie. Qual o limite da exposição? O que entra e o que você prefere ocultar do seu público?

Flávia Calina – Essa é a pergunta que me faço diariamente. Eu tento me colocar no lugar deles, mas sei que não sou eles. Evito choros, cenas que podem soar engraçadinhas, mas que gerem constrangimentos. Vídeos com biquini ou momento de birras também não entram. Pode até soar que quero parecer perfeita, mas não é isso. Não consigo imaginar eu discutindo com meu marido e alguém colocando o vídeo na internet. Eu sempre aviso que vou gravar antes e agora que são maiores conseguem entender esse trabalho, principalmente quando nos reconhecem na rua.  A Vi é quem mais veta coisas. Ela tem mais vergonha e o não dela é não. Além disso, o canal não é das crianças. Se fosse, teria que forçar a gravação. Depender somente da criança é ruim porque uma hora expana. Minha bandeira é o respeito com a criança. Minha missão é que mais  pessoas entendam essa mensagem.

LIVROS

Flávia lançou recentemente, em parceria com a Johnson´s, três livros infantis que falam sobre emoções. Cada “Me sinto amado quando estou…” traz dois sentimentos distintos (tristeza e felicidade, medo e confiança, e raiva e tranquilidade).

Por meio de vivências com seus filhos, ela mostra como reconhece, valida e lida da melhor forma com o que sentem. “Sentir-se amado em todas as ocasiões faz toda diferença”, diz a idealizadora do movimento “Ganhe o coração de uma criança”.

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Passamos os melhores anos das nossas vidas preocupados com bobeiras, diz pediatra https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/11/bebes-nao-dormem-sozinhos-muito-menos-a-noite-toda-preocupar-se-e-bobeira-diz-carlos-gonzales/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/11/bebes-nao-dormem-sozinhos-muito-menos-a-noite-toda-preocupar-se-e-bobeira-diz-carlos-gonzales/#respond Mon, 11 Nov 2019 20:29:40 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/WhatsApp-Image-2019-11-11-at-14.23.35-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8627

Muitas crianças no sling, bebês correndo entre brinquedos e tapetes de palha no chão, enquanto outros dormem no aconchego do seio materno.

Esse era o clima entre os mais de 200 participantes da palestra sobre alimentação dada neste domingo (10) pelo pediatra espanhol Carlos Gonzáles. “Quem vê, pode pensar que estamos numa convenção de vegetarianos hippies, mas a verdade é que acolher e dar colo aos bebês é uma das verdades de diferentes povos, em diferentes continentes há muito tempo”, diz ele durante a palestra.

Com mais de 400 mil livros vendidos, amplo currículo acadêmico e ícone na defesa da amamentação e da criação com apego, o médico conduziu uma conversa sobre mitos e verdades na criação do bebê para mães atentas na plateia e foi taxativo ao falar como seguir fórmulas são o combustível para errar na educação dos pequenos.

“Somos patéticos como pais. Passamos os melhores anos das nossas vidas preocupados com bobeiras: o bebê não dorme sozinho, o bebê não dorme a noite toda, o bebê chupa o dedo, o bebê não quer comer brócolis. Todas essas coisas não serão problemas em cinco anos. E, em 30 anos. Serão as melhores memórias de nossas vidas”, diz ele.

Durante a palestra, ele coloca fim em diferentes mitos -sono do bebê, amamentação, frustração, castigos, estímulos e alimentação -todos os pitacos que as mães recebem (e todas nós recebemos em algum momento da vida) são derrubados pelo pediatra.

Ele, no entanto, não aponta nenhum caminho milagroso, apenas ressalta a importância de ouvir o bebê, atendê-lo e amá-lo, respeitando seu tempo. “Somos animais sociais. Vivemos em sociedade. Devemos querer que nossos filhos vivam em sociedade. E isso significa respeitar as regras: saber como obter ajuda quando precisar e a prestar ajuda quando pedirem”, diz ele.

 Nas poucas vezes em que confirma sua preferência em algum comportamento, mostra dados. Quando fala sobre cama compartilhada, por exemplo, traz números que demonstram que crianças que dormem com os pais desde o nascimento, têm maior confiança para dormir em seu próprio quarto a partir dos três anos.

“É simples. Se sei que serei bem recebido na cama dos meus pais, posso dormir tranquilamente na minha cama e correr pra deles se algo dá errado, mas se nunca consegui essa confiança de aceitação, vou sempre tentar dormir lá para não ser rechaçado na madrugada”, afirma, mostrando um estudo com crianças suíças, que aumentaram as idas aos quartos dos pais entre os três e os seis anos de idade, quando, segundo o médico, começam a entender melhor as rotinas da família.

Ele também defende que os pais devem investir tempo e amor nos filhos, sem castigos ou recompensas e aceitando que birras acontecem porque os bebês ainda não têm maturidade para entender que não podem ter algo naquele momento.

“O carinho não deseduca. Os adultos são condenados quando roubam, matam e, mesmo assim, só quando vários juízes determinam isso. Mas os pais condenam quando colocamos o pé no sofá,  quando não nos comportamos conforme o esperado. Isso precisa parar”, diz.

 

Gonzáles defende cama compartilhada e menos ‘neura’ sobre criação dos filhos (Luciano Bergamaschi)

Entre as mães na plateia, a psicóloga Fernanda Queiroz Aly, 40, chamava a atenção. Grávida, ela acompanhava atenta aos dados de Gonzáles. “Não concordo com tudo, mas tenho uma aproximação com as posições dele e acho importante expandir o horizonte, ouvir outras linhas de pensamento” afirma ela.

Já a dona de casa Desiree Guedes, 38, levou Liam, de apenas dois meses, à tira-colo para ver de perto o médico espanhol. “Acompanho muito as indicações dele. Hoje amamento em tandem (quando a mãe amamenta bebês de idade diferentes ao mesmo tempo) e faço isso muito inspirada nas informações dele”, diz.

A bancária Kelly Magni, 33 anos, e a professora Thayane Guagliardi Fieri Pereira, 32, saíram juntas do ABC com os filhos no sling para ouvir o médico. “Fazemos dança materna em Santo André e conhecemos lá os livros e as opiniões dele. Foi uma identificação muito grande. Estamos muito felizes de estar aqui e compartilhar esse momento”, diz Kelly.

O médico ainda abordou pontos como a importância de uma alimentação saudável para toda a família para que o bebê crie hábitos alimentares saudáveis e a necessidade da vacinação no controle das epidemias, e finalizou falando de seu neto e sua experiência em ser, agora, avô. “Com meu neto hoje, mais do que nunca, percebo que o tempo passa rápido demais.”

‘Passamos os melhores anos da vida preocupados com bobeiras’, diz Gonzáles (Luciano Bergamaschi)

MAIS PALESTRAS

A palestra ocorreu no Teatro Fecap, em São Paulo, e foi promovida pela Editora Timo, que publica os livros do pediatra espanhol no Brasil. Carlos Gonzáles também passará por Fortaleza e Vitória.

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(REPORTAGEM: PAULA CABRERA)

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‘Terrible two’ não existe, afirma pediatra Carlos Gonzáles https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/#respond Wed, 09 Oct 2019 12:40:04 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/WhatsApp-Image-2019-10-08-at-19.33.55-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8561 Você já ouviu falar no “terrible two”? A expressão é usada quando o bebê chega perto dos dois anos e passa a ser mais contundente em relação aos seus desejos. Dizem que é a adolescência deles. Gritos, birras, um monte de “não”, “não quero” e “é meu” aparecem de uma hora para outra.

Contrário ao uso do termo, o pediatra espanhol Carlos Gonzáles diz , inclusive, que ele não existe.  Autor de livros sobre amamentação, criação com apego e alimentação infantil, médico diz que a expressão é uma criação americana para designar uma fase em que a criança está apenas se entendendo como indivíduo.

A criação com apego, defendida pelo pediatra, entende que ataques de birra não são para manipular os pais. Eles servem para comunicar necessidades -que podem ser sono, irritação porque os pais passam muitas horas longe, algum medo, frustração e por aí vai. Como o cérebro deles ainda é imaturo, as crises costumar ganhar proporções assustadoras porque eles ainda não sabem como se controlar (às vezes nem a gente que é ‘cavalo veio’ consegue, quem dirá eles).

Em entrevista ao Maternar, Carlos Gonzáles fugiu de fórmulas milagrosas para ter sucesso na criação dos filhos. “Não existem soluções fáceis e garantidas”, diz. Para ele, toda criança tem direito a ser bem tratada, receber carinho e principalmente ser confortada quando chora e não silenciada, como historicamente os pais faziam com os filhos. E para que essa conexão ocorra, é preciso investir tempo.

Por fim, não quis citar erros cometidos na criação dos filhos e nem “se gabar” dos acertos. Confira abaixo:

*

Maternar – A saúde emocional da criança pode refletir em sua alimentação?

Carlos Gonzáles – Muitas crianças e adultos perdem o apetite quando estão tristes ou preocupados. E também há quem coma compulsivamente devido a problemas emocionais. Mas me preocupa mais o problema inverso, como a alimentação pode afetar a saúde emocional. Com o absurdo costume de tentar forçar as crianças a comer (com prêmios ou castigos, com trotes ou ameaças, com distrações ou insistência, com chantagem emocional). Isso pode causar conflitos diários na família e transformar a hora de comer em um inferno para todos –especialmente para a criança.

Maternar  – Quais dicas o senhor dá para que as crianças sejam emocionalmente saudáveis?

Carlos Gonzáles – Não existem soluções fáceis e garantidas. Você não pode dizer “faça isso e seu filho será emocionalmente saudável”, como não se pode dizer “faça isso e seu filho nunca terá febre”. Acho que temos que dedicar tempo e atenção às crianças, tratá-las com carinho e respeito, e se algum dia tiverem um problema emocional –ou tiverem uma febre– faremos o possível para ajudá-las.

Maternar – A introdução do açúcar aos 2 anos pode afetar o paladar da criança?

Carlos Gonzáles – Acostumar-se a comer alimentos doces desde a infância é, provavelmente, consumir açúcar pelo resto da vida. Mas o inverso, evitar açúcar nos primeiros meses ou anos de vida não significa ter uma alimentação mais saudável no futuro. Adolescentes e jovens estão comendo cada vez pior, apesar de ter se alimentado de comidas sem sal e sem açúcar nos primeiros meses. O problema é que os adultos, a sociedade em geral, estão consumindo quantidades enormes de açúcar e sal com pão, bolos, refrigerantes, alimentos pré-cozidos, sucos de frutas (comer frutas é saudável, beber suco de frutas não é saudável – quando liquefeito, o açúcar intrínseco da fruta transforma-se em açúcar livre). E apesar de darmos ao bebê uma dieta especial, depois de dois ou três anos, ele estará comendo o mesmo que os pais. Portanto, o importante é melhorar a dieta dos pais. Se você comer saudável, seu filho pode comer o mesmo a partir dos seis meses. Se você não comer de forma saudável, de que adianta seu filho se alimentar saudavelmente por alguns meses?

Maternar – Cada vez mais pais procuram se informar sobre criação com apego, parto respeitoso e amamentação prolongada. O que essa mudança na criação deve afetar nas futuras gerações?

Carlos Gonzáles – Não sei. Já veremos. Talvez o aquecimento global afete as gerações futuras mais do que qualquer coisa que fazemos. Mas a questão não é essa. Uma mulher tem o direito de ter o seu parto respeitado e receber as informações e apoio necessários para amamentar a hora que ela quiser. Uma criança tem o direito de ser bem tratada, de receber carinho e ser confortada quando chora. E tudo isso tem que ser gratuito, espontâneo. Então, nem as crianças e nem as gerações futuras têm obrigação de, no futuro, serem mais saudáveis (física ou emocionalmente), mais inteligente ou mais amigáveis para valer o “esforço” de criá-los com amor. Nós fazemos a coisa certa agora porque é a coisa certa, e o futuro ninguém sabe.

Maternar Educar uma criança é uma tarefa muito difícil e exige paciência dos pais. Comportamentos desafiadores de crianças acima de dois anos levam muitos pais a perderem a paciência e até reproduzirem violência em seus filhos. Como os pais devem entender essa fase, que até chegam a chamá-la de terrible two? Existe o terrible two?

Carlos Gonzáles – Não, não há o “terrible two”. E a prova é que você precisa falar em inglês, já que não há uma expressão em português ou espanhol para se referir a isso. Eu nunca tinha ouvido falar de “terrible two” até quase 30 anos e dois filhos, quando comecei a ler livros americanos. Agora, por exemplo, eu tenho um neto de dois anos e ele não poderia ser mais amável, gentil e carinhoso.

Maternar No Brasil, há uma cultura forte do palpite. Como driblar tantos palpites e justificativas sociais quando os pais decidem “quebrar regras” consideradas inquebráveis?

Carlos Gonzáles – Qualquer mudança social produz estranheza e comentários. Eu ainda lembro quando a grande discussão era se as mulheres poderiam usar calças. E, antes disso, a presença das mulheres nas universidades causava desconforto. Os anos passam, as pessoas se acostumam e esses não são mais problemas. Devemos compreender que aqueles que criticam as mudanças, geralmente, o fazem simplesmente por hábito, não por ódio ou porque têm profundas convicções. Portanto, devemos fazer o que achamos conveniente, e não nos preocuparmos com o que as pessoas dizem.

MaternarPor que muitas pessoas ainda entendem criação com apego como criar filhos sem regras?

Carlos Gonzáles – Talvez tenhamos passado tanto tempo acreditando que os pais não têm regras que agora existe uma reação na direção oposta. Mas sim, nós pais, assim como as crianças, temos regras. Não podemos gritar, insultar, ridicularizar, punir e, muito menos, agredir em nossos filhos.

MaternarSe uma criança faz birra no avião, no mercado ou numa fila, por exemplo, pessoas ao redor olham feio, como se a culpa fosse dos pais. Quando os pais agem de forma enérgica, quem está ao redor parece aprovar a reação. Na sua opinião, por que isso acontece?

Carlos Gonzáles – O choro de uma criança causa uma forte reação em um adulto. Porque é para isso que existe o choro: para que os adultos façam alguma coisa para confortá-lo. Mas as regras sociais nos impedem de pegar no colo e confortar uma criança desconhecida, e essa sensação de impotência faz com que o choro nos pareça especialmente irritante. Na realidade, o público não aprova os pais que se comportam de maneira enérgica. Se uma criança chora e os pais gritam ou dão um tapa, ela vai chorar mais. E isso, é claro, não agradará o público. O que as pessoas querem é que os pais façam algo para que a criança pare de chorar o mais rápido possível.

Maternar – Onde considera ter acertado e onde considera ter cometido erros na criação dos seus próprios filhos?

Carlos Gonzáles – Certamente cometi erros que não vou contar a todos, e também tive sucessos, dos quais não penso em me vangloriar.

Autor de livros sobre alimentação e criação com apego, pediatra catalão participa de bate-papo com pais em novembro (Fabio Braga/Folhapress)

Carlos Gonzáles participará do bate-papo “Alimentação, amamentação e criança” promovido pela Editora Timo (responsável pelas publicações do médico no Brasil) no dia 10 de novembro, às 8h30 no Teatro Fecap (av. da Liberdade, 532, Liberdade, São Paulo).

Pais e mães interessados no assunto podem adquirir os ingressos no site:  https://www.sympla.com.br/carlos-gonzalez-em-sao-paulo—edicao-2019__629627.

Ele também passará por Fortaleza, Vitória e falará com profissionais de Saúde, em São Paulo.

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Briga de irmãos pelo maior bife, lápis ou lado no carro inspira livro infantil https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/briga-entre-irmaos-inspira-livro-infantil/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/07/05/briga-entre-irmaos-inspira-livro-infantil/#respond Fri, 05 Jul 2019 16:16:16 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/gatinhos-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8334 Disputa por atenção, pelo maior bife, pelo lápis de cor, pelo lado do sofá ou por quem vai chegar primeiro ao carro. Muitos são os motivos que levam irmãos a brigarem.

E baseada nessas experiências, a nutricionista e blogueira  Ariane Oliveira escreveu “Os Gatinhos Briguentos”.

A publicação conta a história de dois gatinhos que brigam, mas aprendem a ceder um pouquinho para ficarem numa boa. Os felinos têm características físicas dos seus dois filhos, Biel,6, e Mel,2.

“Achei que eles começariam a brigar mais tarde, mas me surpreendi.  Quando a Mel começou a andar, há um ano, as disputas começaram”, conta a mãe.

Segundo a mãe, o livro ajudou os pequenos a entender que se amam e sentem falta um do outro quando estão longe. “Os conflitos ainda existem, é claro. Mas a relação deles tem melhorado e é engraçado ver como se defendem quando alguém briga com eles”, diz.

O lançamento ocorrerá na Livraria da Vila, no Shopping JK (Avenida Jucelino Kubitschek, 2041, loja 335/336, Piso 2, Itaim Bibi, SP) e contará com atividades para crianças, além da presença da autora.

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Autor de ‘Bésame Mucho’, pediatra diz que não devemos obrigar crianças a comer https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/23/autor-de-besame-mucho-pediatra-diz-que-nao-devemos-obrigar-criancas-a-comer/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/07/23/autor-de-besame-mucho-pediatra-diz-que-nao-devemos-obrigar-criancas-a-comer/#respond Thu, 23 Jul 2015 11:58:16 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=3919  

Carlos Gonzáles diz que colo demais não deixa criança mal acostumada (Foto: Divulgação)
Carlos Gonzáles diz que colo demais não deixa criança mal acostumada (Foto: Divulgação)

O pediatra espanhol Carlos Gonzáles está lançando no Brasil a versão em português do livro “Bésame Mucho”. Ele já é cultuado pelas mães brasileiras por seu trabalho com amamentação _ele é autor do livro ‘Manual Prático de Aleitamento Materno’.

Em “Bésame Mucho”, Gonzáles fala da importância da criação com apego para o desenvolvimento das crianças.

Segundo ele, crianças não ficam mal acostumadas porque são carregadas demais no colo.

Gonzáles diz que os pais não devem pressionar os filhos a comer. “Da mesma forma que não se diz quanto ar se deve respirar, não devemos ditar aos filhos quanto eles devem comer.”

Segundo ele, também não se deve dar de comer aos filhos. A estratégia é deixar a comida na frente deles para que comam sozinhos.

Defensor da cama compartilhada, o pediatra diz que as próprias crianças deixam a cama dos pais por vontade própria conforme vão crescendo. Esse sistema é condenado pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que vê riscos de sufocamento para a criança.

Em relação às birras e manhas, que incomodam tantos pais, Gonzáles diz que os adultos devem ensinar as crianças por meio de exemplos.

Leia abaixo a entrevista de Gonzáles para o blog Maternar:

Nós estamos criando nossos filhos com pouco amor? Mães que trabalham fora dão menos carinho ou são mais relaxadas com a criação dos filhos?

Acredito que em geral todos os pais amam seus filhos. O problema é alguns não se atrevem a prová-lo (não carregam a criança no colo, não dividem a cama com ela, a deixam chorar ou a ignoram para não estragá-la) e outros têm pouco tempo para gastar com seus filhos. Mas o amor requer contato e tempo, até mesmo para os adultos. A noiva e o noivo gostam de se olhar, de passar o dia juntos, de se abraçar e beijar, de passear de mãos dadas. Não é fácil manter um namoro à distância.

Até que idade podemos usar a cama compartilhada? E como fazer para que uma criança criada em cama compartilhada passe a dormir em seu próprio quarto sem traumas?

Pode-se usar até que os pais e as crianças queiram. Um estudo na Suíça mostrou que 40% das crianças de 4 anos dormiam na cama dos pais pelo menos duas noites por semana. Aos 10 anos, esse percentual caiu para 12%. Quando a criança cresce, ela vai querer começar a dormir sozinha.

Como identificar quando o choro é de fome, cólica, fralda suja ou sono? Alguma recomendação para a cólica?

A verdade é que eu tenho três filhos, mas eu nunca fui capaz de distinguir por que eles choravam. É preciso ir tentando. Quer peito? Não, não para de chorar. Quer colo? Não, não para de chorar. Quer que eu cante? Também não. Vamos tentar o peito de novo? É assim, tentando, até ele parar de chorar.

Muitas mães receberam a instrução de que colo demais poderia deixar o bebê mal acostumado. O que o senhor pensa desse conselho?

Você conhece rapazes de 15 anos que são carregados no colo porque foram mal acostumados? É bobagem. Crianças pequenas ficam no colo, tomam peito (ou mamadeira), usam fraldas, andam em carrinhos. Os grandes caminham, comem, vão ao banheiro. É normal. Não mudam porque educamos ou acostumamos de uma forma ou de outra. Eles mudam com o tempo, mudam porque crescem.

Várias mães sofrem com as noites mal dormidas. O que esperar do sono do bebê?

De 4 a 5 meses, os bebês tendem a acordar a cada hora e meia. E nesse meio tempo, mesmo dormindo, se movem e fazem barulho. Às vezes, as mães perdem o sono tentando fazer o bebê dormir à noite. O bebê não precisa dormir, pode dormir durante o dia. É a mãe quem precisa dormir. O truque é ir para a cama com o bebê e tentar dormir; e responder o mínimo possível aos movimentos dele na cama. Basta seguir dormindo.

Algumas mães recorrem a técnicas para ensinar o bebê a dormir? E sobre deixar o bebê chorando no quarto sozinho?

Se você o deixa chorando, está ensinando a chorar. E ele vai se acostumar?

O que o senhor pensa sobre punição, castigo e cantinho do pensamento? Há alguma ferramenta menos traumatizante que mães de crianças birrentas possam usar?

Qualquer mãe sabe como controlar seu marido sem punição. Basta dizer-lhe o que fazer. Basta usar o mesmo método com as crianças (que é que às vezes as crianças não obedecem. Bem, às vezes os maridos também não. Ninguém é perfeito).

Como lidar com crianças manhosas e birrentas, aquelas que se jogam no chão do shopping ou dão um tapa na cara dos pais dentro de um restaurante?

Uma criança não age assim sem motivo. Ela tem esse comportamento porque está cansada e porque algo a está incomodando. Só que os pais também estão cansados e a conduta do filho os incomoda. É uma excelente oportunidade para ensinar a teu filho com exemplos. Que queres que faça teu filho quando algo te incomoda? Pois é isso que tem que fazer quando ele te incomoda. Queres que ele pegue alguma coisa? Pegue você. Queres que ele grite? Grite você. Queres que ele conserve a calma e tenha paciência? Então conserve a calma e tenha paciência. Com certeza ele não vai aprender logo de primeira. É uma criança pequena, vai demorar anos. Mas se você seguir dando o bom exemplo, no final ele aprenderá.

Muitas mães se queixam que os filhos não comem ou comem mal. O que fazer? O que o senhor pensa das técnicas para ensinar as crianças a comer melhor?

Não se deve nunca obrigar uma criança a comer. Por nenhum motivo com nenhum método, por mal ou por bem, [castigos, ameaças e chantagem, prêmios, promessas, distrações, exortações, louvores e insistência. Assim como nós não dizemos a ele quanto ar deve respirar, nós não dizemos quanto comer.

O que as mães podem fazer para que os maridos participem mais, acordem mais de madrugada, deem comida, banho, façam a parte prática?

Você pode dizer a ele: “Querido, pode trocar a fralda do bebê? Estou muito cansada”. Ou então: “Querido, poderia dar o banho no bebê hoje? Com você ele fica tão relaxado…” Nós homens temos boa intenção, fazemos qualquer coisa que nos peçam direitinho. E quanto a dar de comer, o truque é não dar de comer, não se deve meter-lhes a colher na boca. Deve-se colocar a comida na frente deles e deixar que as crianças façam o que quiserem. Aos pais cabe comprar, cozinhar e lavar os pratos.

Livro do pediatra espanhol ganhou versão em português pela editora Timo (Foto: Divulgação)
Livro do pediatra espanhol ganhou versão em português pela editora Timo (Foto: Divulgação)
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Psicólogas criam treinamento para pais ‘sem manual’ lidarem com filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/16/psicologas-criam-treinamento-para-pais-sem-manual-lidarem-com-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2015/04/16/psicologas-criam-treinamento-para-pais-sem-manual-lidarem-com-filhos/#respond Thu, 16 Apr 2015 10:34:38 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=3259 As psicólogas Thaís e Patrícia criaram treinamento para pais (Foto: Arquivo Pessoal)
As psicólogas Thaís e Patrícia criaram treinamento para pais (Foto: Arquivo Pessoal)

Atire a primeira pedra quem nunca teve dúvidas sobre a maneira correta de educar o filho. Ou não se questionou se a bronca de hoje poderia ter algum efeito sobre a criança no futuro. Foi para esse público que as psicólogas mineiras Thaís Moraes e Patrícia Nolêto criaram o curso de treinamento de pais.

Segundo Thais, a ideia do curso surgiu a partir do trabalho individual com crianças no consultório. Ela diz que o tratamento nunca envolve apenas a criança, mas também os pais.

E ao lidar com esses pais, as psicólogas perceberam que muitos estavam carentes de referências sobre a criação dos filhos. “Há muitas dúvidas, muito medo de não estar fazendo a coisa certa, além da culpa”, afirma Thaís.

Patrícia diz que a rotina puxada faz com que muitos pais passem menos tempo com os filhos e por isso têm menos oportunidades para observar como eles ‘estão funcionando’. “É nesse momento de convivência que acontece a educação, não só dos comportamentos, mas também dos pensamentos e das emoções. No Treinamento e pais falamos sobre essa educação sócio-emocional.”

Outra coisa que elas identificaram é que na tentativa de corrigir os filhos, muitos pais aplicavam técnicas punitivas. O cantinho do pensamento, propagado em programas como ‘Supernanny’ pode ter esse caráter punitivo se aplicado para interromper momentos agradáveis, como uma brincadeira.  “Em vez de punir, o pai deve fazer o reforço positivo, acrescentar uma consequência positiva para o ato da criança”, diz Thaís.

Alguns pais procuram o treinamento para aprender a lidar com a birra do filho. Momentos em que a criança se joga no chão do shopping, supermercado ou restaurante e começa a gritar até ser atendida num desejo são uma verdadeira tortura para eles.

Para esses pais, Thaís recomenda que ignorem a pirraça do filho, por mais constrangedor que possa ser. Ela diz que num primeiro momento a criança vai gritar mais e mais alto. “Essa criança quer atenção. E sabe que se gritar consegue o que quer. Se perceber que gritar não adianta mais, vai parar com a birra.”

SERVIR COMO EXEMPLO

Patrícia diz que os pais podem não ter consciência do impacto que causam na vida dos filhos. E que seus atos servem de exemplo para as atitudes da criança.

“É comum ver pais reclamando de filhos que não saem do tablet, da TV ou do celular, mas muitas vezes são eles que enquanto estão brincando com os filhos estão grudados no celular, no Whatsapp, respondendo e-mail do trabalho ou passeando nas redes sociais. Sem perceber,  estão ensinando esse modelo.”

Segundo ela, não existe uma receita infalível para criação dos filhos. “Muitas vezes, o que funcionou para o mais velho não serve para o caçula. Por isso é tão importante entender o funcionamento, quais os pensamentos estão passando pela cabeça de seu filhos, a quais emoções eles se conectam e quais comportamentos aparecem.”

No treinamento, as psicólogas utilizam princípios da terapia cognitiva. “Se pai percebe que o filho está triste, não pergunta só o que aconteceu. Ele também tenta fazer o filho entender como ele se sentiu em relação àquela experiência., que  pensamentos ele teve.”

Thaís diz que os pais não devem se esquecer de elogiar os filhos.  “Precisa elogiar sempre, enxergar o que o filho tem de bom, seus pontos positivos.”

O ‘treinamento para pais, pois filhos não vem com manual’ já vem sendo aplicado em Belo Horizonte. As psicólogas se preparam para montar turmas agora em São Paulo. Os cursos acontecem aos fins de semana e são voltados para pais de crianças de 2 a 12 anos.

O curso não é uma receita de bolo, nas palavras da psicóloga. “Errar faz parte. Mas podemos ajudar a lidar melhor com os sentimentos do aprendizado.”

 

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