Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 ‘Equilíbrio não existe’, afirma Flávia Calina sobre atenção dada aos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/#respond Fri, 05 Nov 2021 17:01:23 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/2-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9360 Quem assiste aos vídeos da educadora Flávia Calina no YouTube pode até pensar que seus filhos nunca brigam, não fazem birra ou jogam as coisas longe quando são contrariados.

Na verdade, ela afirma que Victória, 7, Henrique, 5 e Charlie, 2, são como todas as crianças e passam por tudo isso também, mas que exibir cenas constrangedoras deles não é o intuito do canal, que tem quase oito milhões de inscritos.

Seu primeiro vídeo no YouTube foi publicado em fevereiro de 2009. Na época, ensinava a usar maquiagem e testava produtos.

Com o nascimento de Victoria, há 7 anos, as gravações saíram da frente do espelho e passaram a acompanhar a rotina da família, incluindo viagens, idas ao médico e teste de receitas. As gestações seguintes também foram exibidas no canal, assim como a mudança de casa e um surto recente de pé mão boca.

Flávia mora nos Estados Unidos desde 2005 e conta que algumas diferenças culturais são bastante acentuadas. A principal delas, a forma como os pais americanos ensinam seus filhos a serem independentes desde cedo.

Em conversa com o Blog Maternar, Flávia falou sobre educação respeitosa, equilíbrio na hora de dar atenção para as crianças e a importância de respeitar os sentimentos delas, assunto que aborda nos três livros que lançou recentemente em parceria com a Johnson’s.

Blog Maternar – Você está nos Estados Unidos desde 2005 e trabalhou um tempo como educadora aí. Quais as principais diferenças você encontrou na educação entre os dois países?

Flávia Calina – Há muitas diferenças, mas a principal delas é a independência. No Brasil, a gente era “babá” dos alunos. É normal tratarem as crianças como bebezões por mais tempo. Aqui, com dois anos, por exemplo, eles já se servem e raspam o prato. Em 2007, eu fiz um curso na Califórnia sobre respeito com bebês. Ele abriu minha mente sobre o quanto tentamos fazer tudo por eles, inclusive controlar os sentimentos ou ditar como devem se sentir. Quando comecei a observar as crianças no meu trabalho e depois os meus filhos, a relação melhorou muito, porque eles se sentiam vistos e ouvidos. Também trabalhei com muitas professoras tradicionais que achavam que criança tinha que ficar no seu lugar, eram ríspidas. É difícil mudar essa mentalidade, não fomos ensinados dessa forma. A gente tem vergonha do que a gente sente, não falamos que temos inveja para ninguém. Precisamos aplicar esses ensinamentos primeiro com a gente e aí enxergamos a criança como uma pessoa completa.

Blog Maternar – Os livros trazem seus filhos em momentos de raiva, tranquilidade, medo, confiança, tristeza e alegria. Como escolheu os temas e como faz para trazer leveza a temas delicados, como a birra? 

Flávia Calina – Assim como os adultos, as crianças também experimentam quase todos os dias raiva, tristeza, inveja e medo. A diferença é que nem sempre eles conseguem identificar esses sentimentos. E por não conseguirem explicar o que estão sentindo, pode ser que se joguem no chão ou joguem alguma coisa na parede. Isso não é ok, mas todo comportamento é uma comunicação que ocorre quando elas não conseguem expressar o que estão sentindo. É a partir desses comportamentos que elas mostram o que realmente precisam. Os livros convidam a prestar atenção nesses sentimentos, porque muitas vezes ficamos cegos diante dos comportamentos e mascaramos a necessidade real das crinaças.

Blog Maternar – O choro das crianças pode causar incômodo em alguns adultos e por vezes é silenciado pelo famoso “engole o choro”. Como mudar essa raíz cultural que normaliza esse e outros tipos de violência?  

Flávia Calina- Temos que normalizar o choro. Uma criança não chora porque é mimada, mas porque está realmente sentindo algo. Muitos buscam distrair a criança porque ficam desconfortáveis com aquele sentimento. Normalizar os sentimentos move a violência para longe, por meio da empatia. Chorar não é errado e não é defeito, como digo no livro. Se a criança está com raiva, por exemplo, no lugar de falar “não pode”, observe e diga: você tá com raiva? Como está se sentindo? O que podemos fazer para você não sentir raiva? Eu não sou perfeita, também piso na bola, mas quando isso ocorre, eu peço desculpas e aproveito para ensinar aos meus filhos que sempre há uma nova chance, uma esperança que dá para melhorar, fazer diferente.

Equilíbrio não existe, diz Flávia sobre atenção dada aos filhos (Arquivo Pessoal)

Blog Maternar – Você tem três filhos de idades diferentes (7, 5 e 2). Como faz para equilibrar a atenção para cada um deles e continuar produzindo conteúdo na internet, cuidando da casa e da empresa (loja de roupas)?

Flávia Calina – Cheguei a conclusão de que o equilíbrio não existe. Sempre a gente vai dar mais atenção de um lado e acabar deixando o outro. Mas sigo alguns principios que me ajudam a priorizar. Por exemplo, o Charlie quando era bebê precisava de muito colo, do contato físico. A Vic pede uma atenção diferente , típica da idade dela. O Henrique é o mais independente, mas tem necessidade de ter um tempo junto brincando. Em geral não me pede muitas coisas, apenas para que eu jogue um pouco com ele. O importante é sempre enxergar a pessoa, ouvir, se colocar no lugar e perceber qual a necessidade naquele momento. Todos querem se sentir vistos e amados.

Blog Maternar – Recentemente, no aniversário de um dos seus filhos, os demais irmãos entregaram presentes para o aniversariante e não ganharam nada. Como educar para não sentir inveja e entender que naquele dia não ganharão nada?   

Flávia Calina – Não há solução rápida para criar filhos, todo dia é uma sementinha. É preciso regar, falar e aparar arestas. Quem tem irmão ou teve primos próximos sabe que há competição. O que não devemos fazer é envergonhá-los por sentirem o que sentem, porque muitas vezes eles não sabem lidar com aquilo. Já passei por isso aqui e procuro dizer: você também queria isso? Eu entendo, mas você se lembra de quando foi sua vez? Como será no seu aniversário? Procuro levar pro lado de sentir algo gostoso ao ver o outro feliz e curtir junto. Nós ensinamos o ABC para as crianças, a se vestirem, e não ficamos bravos quando erram a conta ou a forma de colocar a roupa. Porém, quando sentem ciúmes, nós ficamos bravos. O problema é que eles vão dar um jeito desse sentimento fazer sentido para eles e o comportamento pode virar uma bola de neve. Costumo dizer que o papel dos pais é serem mentores: como eu quero que ele enxergue a vida? As crianças têm que saber que eles sempre têm com quem contar.

Blog Maternar – Seu canal exibe sua vida, sua rotina, você fala sobre algumas dificuldades e até expõe vulnerabilidades. Um exemplo é quando se trancou no closet e chorou falando sobre suas dores no puerpério do Charlie. Qual o limite da exposição? O que entra e o que você prefere ocultar do seu público?

Flávia Calina – Essa é a pergunta que me faço diariamente. Eu tento me colocar no lugar deles, mas sei que não sou eles. Evito choros, cenas que podem soar engraçadinhas, mas que gerem constrangimentos. Vídeos com biquini ou momento de birras também não entram. Pode até soar que quero parecer perfeita, mas não é isso. Não consigo imaginar eu discutindo com meu marido e alguém colocando o vídeo na internet. Eu sempre aviso que vou gravar antes e agora que são maiores conseguem entender esse trabalho, principalmente quando nos reconhecem na rua.  A Vi é quem mais veta coisas. Ela tem mais vergonha e o não dela é não. Além disso, o canal não é das crianças. Se fosse, teria que forçar a gravação. Depender somente da criança é ruim porque uma hora expana. Minha bandeira é o respeito com a criança. Minha missão é que mais  pessoas entendam essa mensagem.

LIVROS

Flávia lançou recentemente, em parceria com a Johnson´s, três livros infantis que falam sobre emoções. Cada “Me sinto amado quando estou…” traz dois sentimentos distintos (tristeza e felicidade, medo e confiança, e raiva e tranquilidade).

Por meio de vivências com seus filhos, ela mostra como reconhece, valida e lida da melhor forma com o que sentem. “Sentir-se amado em todas as ocasiões faz toda diferença”, diz a idealizadora do movimento “Ganhe o coração de uma criança”.

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Colar de âmbar não alivia dores, aponta pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/#respond Fri, 03 Sep 2021 12:29:25 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-02-at-13.19.56-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9249 Querido entre muitos pais, o colar de âmbar é vendido como calmante natural, anti-inflamatório e analgésico. Famosas como Isis Valverde, Karina Bacchi e Gisele Bündchen também são adeptas ao objeto, que é feito de resina vegetal fossilizada da região báltica.

A alta concentração de ácido succínio promete atuar sobre cólicas, instabilidade no sono infantil, alergias e incômodos durante o nascimento dos dentes.

Porém, uma pesquisa jogou um balde de água fria nessas crenças. A publicação da revista Altern Complement Med não encontrou evidências que sugiram que o ácido succínico possa ser liberado dos grânulos para a pele humana.

Além disso, os pesquisadores Michael Nissen, Esther Lau, Peter Cabot e Kathryn Steadman também não encontraram evidências que sugiram que o ácido tenha propriedades anti-inflamatórias.

Mãe de oito filhos, a doula e educadora perinatal Laura Muller acreditava nas promessas de calmaria do colar que ganhou de presente. Usou o enfeite em sua segunda filha, Margot, 5, a partir do terceiro mês.

Ela diz que acreditava nos “efeitos visíveis” do colar, porém “Margot vivia no peito, aconchegada no colo ou no sling”, lembra a empreendedora digital.

“Nunca foi o colar, sempre foi meu colo”, reconhece Laura, que, inclusive, foi quem divulgou essa pesquisa em suas redes sociais.

“Erramos tentando acertar. O desespero e a exaustão fazem isso com a gente”, diz.

“Falam muito sobre as dores de cólica ou dos dentes, mas se esquecem de que os saltos e picos de crescimento também alteram o sono e o comportamento do bebê. É sempre mais fácil associar essa mundaça a algo errado do que a um processo fisiológico e natural que se resolve sozinho”, afirma a doula criticando o mercado que vende soluções rápidas para as famílias.

Mãe de Pedro, 1, Christine Dias, 31, atribui ao colar o fato de seu bebê ser tranquilo e não ter sofrido com cólicas ou dores durante a dentição. Ele passou apenas por leves alterações no sono, mas sem febre ou diarreia –comuns aos bebês nessa fase.

“Não consigo dizer se foi o âmbar ou não, não tenho como provar que foi ele, mas vou continuar usando”, afirma a mãe.

RISCOS

Em 2019, a agência feral americana FDA (Food an Drug Administration, espécie de Anvisa deles) emitiu uma advertência sobre o risco que colares, pulseiras ou tornozeleiras representavam para bebês e crianças pequenas.

No documento, os riscos apontados são de mortes por estrangulamento e engasgo.

Casos os pais ainda queiram usar a joia, pediatras não recomendam usá-la sem supervisão, durante a noite ou quando os filhos estejam sentados no banco traseiro do carro, sem adultos por perto.

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Clareza sobre nossas feridas evita ferimentos emocionais nos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/#respond Tue, 31 Aug 2021 14:13:15 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-31-at-12.31.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9208 Ter clareza das nossas dores emocionais é o melhor caminho para não repeti-las em nossos filhos. Esse é um dos pilares da Teoria do Apego, que defende a criação segura para que a criança se desenvolva plenamente em todas as áreas.

Pais que apanharam na infância tendem a agir de forma violenta com seus filhos. Lembrando que gritos, ameaças, castigos e até o silêncio, ao ignorar um pedido de ajuda são considerados violência também.

Esse comportamento ocorre porque os pais repetem o padrão que receberam no passado. É o mais familiar e o que está internalizado dentro deles, independentemente de ser o melhor, é o conhecido e o mais fácil de ser acessado, explica a psicóloga e especialista em Teoria do Apego Arieli Groff.

Para encerrar esse ciclo, ela defende o autoconhecimento. “Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor”, diz a especialista que lançou o livro “Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade” (Editora Pirililampos).

Na obra, a autora aborda assuntos caros à maternidade, como raiva dos filhos, saudade da vida de antes, solidão e o cansaço mental por ter que tomar todas as decisões relacionadas à criança.

Dividido por assuntos, numa espécie de diário, Arieli também fala sobre a convivência forçada durante a pandemia, o dia da primeira birra pública e a fuga para o banheiro na expectativa de ter apenas um minuto de silêncio –o sonho de toda mãe.

“Minha filha tem minha melhor versão em vários momentos. Mas não é brincando de boneca”, revela a psicóloga destacando o mito da mãe perfeita. “Não somos boas em tudo. E não devemos nos cobrar isso. É cruel. É utópico”, afirma.

Reconhecer sentimentos, outro pilar da Teoria do Apego, aparece no capítulo “Hoje Tive Raiva”, onde ela ralata quando a filha a tirou do sério. “Ser mãe não me canonizou e ela ser minha filha não lhe dá o título de criança mais legal do universo. Ter raiva da minha filha foi o sentimento mais justo e honesto que pude oferecer. E eu disse o que estava sentindo. Nossa relação continua, com ainda mais verdade”, conta a mãe de Maitê, hoje com cinco anos.

“Criança pede presença. A cada comportamento difícil ou ataque de fúria nossos filhos estão nos dizendo ‘me olha’, ‘me ajuda’, ‘ não estou conseguindo sozinho’, ‘preciso de você’. É fácil amar quando ela está brincando de forma criativa e inteligente, de banho tomado, sendo meiga e dormindo como um anjo”, diz o livro.

No livro Quando Nasce uma Mãe, Arieli Groff fala sobre tabus na criação dos filhos (Divulgação)

O seu puerpério foi muito pesado? O que você sentiu e quanto tempo ele durou?

Ele não foi necessariamente pesado, mas me trouxe surpresas e vivências que mesmo já atuando com infância na clínica como psicóloga, eu não tinha clareza de como eram de fato vividos pelas mães. Me trouxe estranhamento e a angústia de por vezes não conseguir nomear o que eu sentia, e com isso, um sentimento de me ver só em tantos momentos, mesmo rodeada de uma rede de apoio afetiva e presente. Para mim foi aos dois anos da Maitê que senti e consegui retomar algumas questões mais voltadas a mim e conseguir me priorizar em algumas coisas. No final do primeiro ano eu senti um alívio do tipo “conseguimos, vivemos e sobrevivemos” e ao final dos dois anos dela veio esse sentimento de me ter de volta.

Por que a ideia de mãe perfeita faz tantas mães reféns?

Percebo que esse estranhamento que senti é também vivido por muitas mulheres, onde existe uma romantização de como é a chegada de um bebê e pouco se fala de sentimentos que não são vistos como positivos socialmente, como a tristeza, raiva, cansaço, questionamentos sobre a escolha de ter tido filhos, mas que se fazem presentes na realidade de muitas mães. E então quando a mulher sente isso, se percebe sozinha, inadequada, culpada de não sentir só amor e gratidão 24 horas por dia, que também estão presentes, mas não são exclusivamente o que se sente. E com isso, muitas mulheres se envergonham de compartilhar suas vivências, sentimentos, medos, cansaços, como se não tivessem o direito de reclamar. Acredito que esse é um aprisionamento que só iremos abrir aos poucos, com informação, diminuição da cobrança social em cima das mães e rede apoio, individual e coletiva, como sociedade.

Você conta sobre alguns momentos de fuga para cuidar de si, nem que seja no sofá para ter um tempo para ver uma série, ou no banheiro para fazer um xixi em silêncio. O quanto essas fugidinhas te ajudaram a não pirar ou levar a maternidade de forma mais leve?

Me ajudaram muito. Foram quase dois anos com a sensação que a minha vida não me pertencia mais, eu descansava enquanto trabalhava (atendimento em consultório). Esses pequenos momentos me traziam a sensação de ter o controle sobre alguma coisa, por menor que fosse, de que eu ainda tinha autonomia sobre meu tempo e espaço para escolher algo que fosse por mim e para mim.

Você assume que não gosta de brincar, que seu melhor é encontrado em outros momentos com a Maitê. Quando você descobriu isso e aceitou que brincar, algo tão importante para uma criança não era muito sua praia? 

Falo desse brincar mais tradicional, especialmente com meninas, que se espera que se brinque de bonecas, por exemplo, e que a mãe goste disso. Interagimos de outras formas, mas teve o tempo em que ainda me cobrei que precisava gostar de tudo que minha filha tivesse interesse em brincar. Até que entendi que aceitar quais eram as minhas brincadeiras favoritas e que eu não precisava gostar de tudo, me trouxe alívio e assim pude me entregar com mais prazer naquilo que gostava e até mesmo nas brincadeiras que não gostava muito, pois agora não havia cobrança, mas o amor de fazer algo pela felicidade dela.

Você fala sobre sentir raiva da sua filha em alguns momentos. Muitas mães têm medo de assumir isso e você fala com muita naturalidade sobre essa raiva. Alguma mãe já te deu feedback sobre sentir isso e estar aprisionada no medo das opiniões alheias sobre esse sentimento?

Muitas. Alguns sentimentos não são socialmente validados e tampouco valorizados. A raiva é um deles e se mostra como se fosse incompatível com a maternidade. Mas os sentimentos não são nem bons nem ruins, apenas são, o que fazem deles terem um aspecto mais positivo ou negativo é o que escolhemos fazer com eles, e isso vem de um lugar de consciência, autoconhecimento, empatia consigo mesma, o que leva a possibilidade de uma regulação emocional. Com isso, muitas mães me relatam que se sentem julgadas, culpadas, inadequadas e envergonhadas de assumirem o quanto seus filhos tantas vezes despertam raiva, aumentando o senso de solidão que leva à mais raiva. A raiva surge como a percepção de não se sentir vista, sem apoio, percebendo que chega em um limite e/ou quando se vê com recursos internos escassos para lidarem com os filhos. A raiva é uma expressão de cobranças externas e internas, frustrações e desamparos vividos pelas mães.

 O que a pandemia despertou de melhor em você como mãe ? E o pior?

 Ter minha filha 24 horas por dia em casa me fez agradecer por ter o privilégio de conseguir manter a rotina com ela e de trabalho (desde 2018 passei a atender somente online, e meu marido também já trabalhava home office, então já estávamos adaptados a esse modelo de trabalho), nos exigiu criatividade, readaptações, como todas as famílias, morávamos fora da nossa cidade, sem nenhuma rede de apoio (desde junho retornamos para Porto Alegre, morávamos em Florianópolis por uma escolha desde 2018 por mais qualidade de vida, mas a pandemia fez revermos prioridades e voltamos para mais perto da família e amigos daqui), mas ainda assim me fez agradecer pela vida que tinha, pelo privilégio da rotina que criamos e me fez também aproveitar mais os momentos com a minha filha. Ao mesmo tempo, precisei de mais “momentos de respiro”, mas aprendi a respeitar esses movimentos, entender quando meu melhor talvez fosse sair de cena, olhar para mim, me dar um tempo, e retornar podendo ser uma mãe o mais inteira possível.

Até que ponto sua filha pode ser ela e quando você “entra em cena” para evitar uma combinação de roupa que não acha adequada, ou fazer algo que não estava no script pelo fato dela ser criança?

Esse foi, e é, um grande desafio para mim. Sou opinativa, gosto de participar de escolhas e é uma nota mental que atualizo todos os dias, de entender que meu gosto, opinião, ponto de vista é somente uma única forma de entender e enxergar o que quer que seja, e não necessariamente a melhor, tampouco a preferida da minha filha, e que não é por ela ter cinco anos que a minha opinião precisa ter mais valor que a dela. Claro, há questões que aos cinco anos ela não tem sequer maturidade para decidir, e aí entendo ser meu dever entrar em cena. Mas em assuntos e situações que ela já possui autonomia pela idade para escolher, procuro incentivar que ela decida. Provoco ela a dizer o que prefere, o que gostaria. Isso vale para roupas por exemplo (desde que não queira sair fantasiada de sereia em um frio de 2ºC do sul) até para questões comportamentais. Quando se chateia ou nos desentendemos, procuro após estarmos emocionalmente mais estabilizadas, conversar com ela, perguntar se entende que a forma como reagiu foi a melhor, como poderia agir em uma próxima situação.

Muitos pais estão ao lado, mas não estão presentes na vida dos filhos. O que essa presença decorativa provoca no emocional das crianças ao seu ver?

Acredito que nada em nossa vida deva ser encarado como sentença, a capacidade de transformação é sempre possível, mas é fato que muitas das vivências da infância deixam marcas e influenciam no desenvolvimento emocional, construção de vínculos e relacionamentos futuros da criança. São várias as mensagens que podemos passar sendo uma presença ausente: fazer com que a criança não se sinta importante, gerar um entendimento que esse amor é condicionado (a criança perceber que é digna de atenção se faz determinadas coisas, por exemplo), gerar comportamentos intensos na criança como forma de chamar a atenção, apresentar dificuldades escolares para igualmente se sentir vista e com isso se desenvolverem adultos com um baixo senso de merecimento, que cultivam relacionamentos de submissão (sejam afetivos, de amizade ou no trabalho, com colegas e chefes) e por vezes expostas à violências (seja física, emocional e/ou psicológica), dificuldade de confiar nas pessoas e em si mesmos. Em termos de construção de vínculos, qualidade e quantidade importam.

Como os pais podem ter essa consciência que você diz necessária para criar sem aprisionar ou sem cometer tantos erros?

Autoconhecimento. Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor, muito amor. Estudar sobre infância, educação, vínculos também é muito importante. Passamos a vida estudando para nossos trabalhos, por que temos a pretensão de achar que não precisamos estudar para a missão mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas? Além disso, poder se olhar com gentileza, empatia e a expectativa da busca pela perfeição, ela é utópica e cruel.

Por que vemos tantos pais repetirem os mesmos erros que juraram que não cometeriam com seus filhos?

O nascimento de um filho é como a abertura de um portal, onde nossos filhos nos catapultam a viver o afeto em sua máxima potência, pois conforme mostra a Teoria do Apego (a qual estudo e é a base teórica que permeia meu trabalho há 16 anos), a criança necessita se sentir segura e protegida para se desenvolver, isso é biológico e inato, e que em qualquer sinal de ameaça, liga seu comportamento de apego, solicitando esse amparo da figura principal de cuidado ( sendo essa ameaça real e legítima para quem a sente, podendo ser desde fome, frio até sentimento de solidão). Ao fazer isso, a criança muitas vezes pede aos pais algo que não receberam em suas próprias infâncias, tráz à tona dificuldades vinculares dos próprios pais, e então muitas vezes pais, com pouca clareza de suas dificuldades e com autoconhecimento não muito aprofundado, tendem a repetir o padrão que receberam, por ser o mais familiar e o padrão que está internalizado dentro de si, independente de ser o melhor, é o conhecido.

Psicóloga especialista em Teoria do Apego Arieli Groff, autora de Quando nasce uma Mãe (Arquivo Pessoal)

Trecho do livro: Nenhuma Novidade

“Especialmente nesse período de isolamento, me peguei pensando nas coisas que precisei abrir mão, seja para mantermos a saúde, seja porque nossa rotina mudou por aqui com Maitê 24 horas por dia em casa. Aí percebi que, por mais que tenha precisado de adaptações, não foi algo inédito.

Percebi que mãe quando vem a parir já abre mão de um monte de coisa. Quiçá já durante a gravidez. Ou pelo simples fato de sermos mulheres. Cursos de gestantes não deveriam ensinar como dar banho ou trocar fralda, tampouco fazer o desserviço de dizer que o bebê tem que mamar a cada 3 horas. Deveriam compartilhar mesmo “como abrir mão da sua vida e se manter sã”, “como se reconhecer após perder sua identidade”.

Deveria ser item obrigatório. Mas isso ninguém nos conta. Não é bonitinho, corrobora para manter as mulheres em uma posição de culpas e deveres como o patriarcado precisa. Enfim, esse tal patriarcado tem me tocado muito nos últimos tempos.

Mas voltando aos meus pensamentos, percebi que, de alguma forma desde meninas, somos ensinadas a sermos as boazinhas, as educadas, a ter modos de mocinha, a dizer amém para os outros e ainda rindo, a deixar nossos quereres de lado. Mas aí nos tornamos mães, e acredito que o que torna tão penoso nesse abrir mão de si mesma não são nossos filhos.

É a reedição de nos sentirmos, mais uma vez, como na nossa história, tendo que nos deixar de lado. Não é algo inédito. Nesse silêncio da casa, me vendo sozinha ainda, entendi que ser mãe não é somente sobre abrir mão de si, é sobre abrir espaços para permitir se transformar.

Deixar que o novo nos atravesse e faça morada. É autorizar trocar a roupa da alma e se preencher de sentimentos, vivências, pensamentos agora, sim, inéditos. E por isso, às vezes, tão assustadores que escolhemos fugir, nos proteger através de medos e reclamações.

Ser mãe é um ato de fé, é ter a coragem de se jogar no vazio e ser surpreendida por aquilo que ninguém nos conta e, ainda assim, seguir inteira, mas agora, de um outro jeito desconhecido. E aí o peso pode ir embora, por mais difícil que seja. O que fica é leveza e amor”.


 SERVIÇO

Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade

Autora: Arieli Groff

R$ 45, Editora Pirililampos, 115 páginas.

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Dores, lágrimas e culpa: o que nem sempre te contam sobre amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/#respond Tue, 25 Aug 2020 16:31:10 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-19-at-17.55.36-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8960 Todo ano, a campanha #AgostoDourado fala sobre os benefícios de dar de mamar, fala sobre a importância da informação, da preparação ainda no pré-natal, sobre confusão de bicos, consultorias de amamentação e sobre rede de apoio.

Saber sobre tudo isso é essencial, mas não é garantia de sucesso no processo. E é isso que esse relato corajoso da minha amiga Dani Braga mostra. Mesmo bem informada, cercada por uma rede de apoio e de profissionais especialistas no assunto, ela vivenciou momentos muito doloridos no corpo e na mente para seguir em frente com a amamentação de seu filho.

“Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso”, comemora a mãe do Ian, um dos bebês mais simpáticos que já conheci (virtualmente, por causa da pandemia, claro).


“Quando engravidei, estudei e decidi pelo parto normal, mas sabia que poderia precisar de uma cesárea. E tudo bem, não sofria com isso, de verdade.

Algo que eu não tinha dúvida, no entanto, era que a amamentação seria com leite materno e em livre demanda (sempre que o bebê solicita). Fiz um curso de amamentação online e aprendi sobre os inúmeros benefícios para a criança e para a saúde da mãe. No meu plano de parto, expressei meu desejo pela “golden hour” — quando o bebê é colocado para mamar na sua primeira hora de vida.

Ao completar 40 semanas, senti todas as dores do parto até atingir nove dedos de dilatação. Ian nasceu rapidamente. Que sorte eu tive! Agora viria o próximo passo: o bebê em meu colo para ser amamentado. Aqui começa a história que quase ninguém conta. Você até lê que há alguma dificuldade, mas sempre impera o clima de que é algo tão natural que tudo se ajeita rapidamente. Provavelmente o obstetra não vai abordar o assunto a fundo e aquela médica humanizada que você segue no Instagram vai dizer que o grande problema é a cultura da indústria da fórmula láctea.

Quando o bebê veio para os meus braços, eu sabia que a boca dele tinha de ter a abertura semelhante a de um peixinho, que o corpinho dele devia estar barriga com barriga comigo e que ele tinha de abocanhar a aréola. Lembrei de checar tudo, mas não contava com um fator importante: não estava ali sozinha com o bebê da teoria. Ian chegou sugando com pressão e força e não abria a boca suficientemente, nem com a ajuda da minha mão.

Na primeira abocanhada, voou sangue do mamilo na cara dele. A enfermeira veio ajudar e falou que estava tudo certo no manejo. Uma outra técnica confirmou. Passei para o outro seio: sangue e hematoma no primeiro minuto. Doeu. Doeu muito, mas achei que na próxima daria certo. Até posei para uma foto sorrindo.

Não, não deu certo na próxima nem nas seguintes. Piorou. Dois dias depois, veio a apojadura —momento em que o leite de fato desce. Eu também já conhecia o termo. Estava presente quando ela surgiu para minha cunhada, há um ano e meio. Ela passou mal, quase desmaiou, sentiu-se fraca e ofegante durante o banho. Comigo, porém, não foi assim.

Fui tomar banho esperando sintomas semelhantes, mas nada fora do normal ocorreu. De repente, acordei com as mamas muito inchadas. A dor era tão alucinante que quando os fios do cabelo tocavam o peito, eu beliscava minha perna para ver se me concentrava em outra dor. O desespero era tão grande que cancelei todas as visitas.

Duas enfermeiras, uma de cada lado, massageavam as mamas de três em três horas. Eu chorava antes, durante e depois dos procedimentos. O bebê passou a mamar sangue em todas as doloridas tentativas. Foi então que começou a tomar alternadamente fórmula e meu leite ordenhado em um copinho.

Eu detestava ver a cena do bebê bebendo leite no copo, embora soubesse que era o mais indicado na ausência do peito, para não causar a má afamada confusão de bicos. Ao mesmo tempo, sentia-me culpada por odiar a fórmula, afinal, não fosse meu privilégio social, nem teria essa saída. Fórmulas custam caro.

A cabeça foi para o espaço e eu fui para casa sem nem saber quem eu era direito. E permaneci assim por um mês e meio. Queria amamentar, mas odiava. Lembro de bater a cabeça na parede de tanta dor e de desejar que o relógio parasse para não ter de amamentar de novo. Procurava na internet mães que desistiram da amamentação e, curiosamente, só encontrava relatos daquelas que superaram todas as adversidades. Estava claramente procurando na minha bolha, já que, no Brasil, o tempo médio que uma mãe amamenta é de apenas 54 dias.

Comecei a acreditar que era eu quem não amava suficientemente o próprio filho, por isso me sentia daquela forma, sem vontade de amamentar e sem ânimo para qualquer coisa que não fosse chorar. Diagnóstico psiquiátrico: princípio de depressão pós-parto –ao mesmo tempo em que o país entrava de cabeça na pandemia pelo coronavírus.

Além da dor física, doía mais ainda ouvir e ler que se a mãe não está bem, o bebê não fica bem. Era como se alguém gritasse na minha cara que eu estava prejudicando o meu filho.

Remédio. Terapia. Amor da família. Rede de apoio. Eu tive tudo isso, mas a dor da amamentação não passava, as feridas não cicatrizavam. Era peito no sol, peito na compressa fria, peito na pomada, peito no laser e peito na boca do nenê, que lacerava novamente.

Consultora de amamentação 1, consultora de amamentação 2, banco de leite, vídeos, conversas com especialistas. Lancei mão de tudo, insisti. Por quê? Não faço ideia. Talvez por querer que Ian tivesse todos os benefícios nutricionais, uma vez que, nos primeiros dias, não conseguia doar todo o meu afeto? Seria perfeccionismo? Ou por almejar ter a liberdade de alimentar meu filho a qualquer momento e em qualquer lugar, sem ter de esterilizar mamadeiras e carregar trambolhos? Hoje, penso que foi tudo isso.

Usei bombinha elétrica para tirar leite (tenho trauma do barulho que ela faz até hoje), fiz ordenha manual, Ian tomou leite no copinho, na colher dosadora e na mamadeira. Tive mastite e necessitei de antibiótico. Enquanto isso, insistia em colocá-lo no peito.

Precisei dar fórmula nos primeiros dias em casa também, mas não fazia ideia de como oferecer, só sabia sobre aleitamento materno. É ridículo para uma jornalista, que prega ouvir todos os lados, ter ido apenas atrás da informação que me interessava.

Durante a gestação, imaginava as respostas que daria quando falassem que era hora de desmamar ou quando sugerissem que seria melhor me esconder para amamentar, mas, no fim das contas, o pitaco que eu mais desejava ouvir era “minha filha, use logo uma mamadeira e pare de sofrer”.

Das poucas opiniões que recebi, uma das mais clássicas: “Seu meu leite não está sustentando o bebê”. Diante da perda de peso dele nas duas primeiras semanas, parecia muito real, o que me jogou ainda mais para baixo.

No mais, todas as pessoas a minha volta respeitaram a minha vontade de persistir amamentando. Enfim, depois de longas semanas, o negócio engrenou.

Quando estava no terceiro mês e tudo parecia normal, uma nova inflamação e um ducto lactífero entupido surgiram. Dor lancinante. O tratamento: usar uma agulha esterilizada ou esfregar uma toalha molhada até estourar a bolha de leite formada no mamilo, além de massagear as ingurgitações doloridas que apareceram no seio. Tentei tudo, sem sucesso imediato. Feito isso, coloquei o bebê para mamar em diferentes posições, a principal delas era a que eu ficava em quatro apoios com o seio na boca do bebê. A cena se repetiu no quarto mês e no quinto, com uma nova mastite e um febrão de três dias.

Alguém já viu alguma propaganda, filme, série ou novela com uma mãe nesta posição? Só observo mãe e filho se entreolhando e sorrindo, como se fosse um ato totalmente instintivo.

Nesta última crise, a ferida aberta no terceiro mês voltou a incomodar. Ao redor dela, o mamilo fica todo esbranquiçado, como se não circulasse sangue na região. Arde demais.

Obviamente nem todas as mães percorrem essa via crucis e muitas sentem prazer desde o início com a amamentação, mas isso não pode ser considerado o padrão. É necessário falarmos sobre as dificuldades para munirmos de informação outras mulheres. Sabendo dos eventuais problemas, podemos buscar soluções que não sejam o desmame precoce, para quem deseja continuar, e também apoio, para quem prefere desistir.

Seria hipocrisia dizer que não me orgulho de olhar as dobrinhas do Ian, frutos da amamentação. Ainda assim, não penso que toda mãe deva passar por isso, sobretudo as que têm pouco ou nenhum apoio. Respeitar-se e estabelecer limites também são atos de amor. Amor próprio e amor materno.

Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso.

A maternidade tem um mantra, o “vai passar”. Junto dele deveríamos incluir “não julguemos outras mães. Não nos comparemos. Falemos sobre nossos filhos e nossas experiências sem precisar esfregar na cara de mães que estão inseguras nosso sucesso com as tais siglas LM/LD/PN/SN, entre outras. Não meçamos outro maternar com a nossa própria régua”.

Feliz fim de agosto dourado e início de primavera florida para quem amamenta no peito, para quem oferece mamadeira e principalmente para quem faz uso real da palavra da moda: empatia.”

 

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Jornalista relata em livro glórias e perrengues com bebê nascida durante a quarentena https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/07/06/jornalista-relata-em-livro-glorias-e-perrengues-com-bebe-nascida-durante-quarentena/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/07/06/jornalista-relata-em-livro-glorias-e-perrengues-com-bebe-nascida-durante-quarentena/#respond Mon, 06 Jul 2020 13:25:10 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/WhatsApp-Image-2020-07-03-at-10.20.32.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8907 De uns anos pra cá ficou mais comum ouvirmos mulheres falarem abertamente sobre o puerpério. O que antes era escondido ou amenizado passa a ser compartilhado abertamente e tira um baita peso das costas das mães recentes que estão enfrentando privação do sono, desconforto com o novo corpo, medo e inseguranças com um ser tão dependente diante delas.

No passado, esse período costumava ser mais leve para as mulheres. Vizinhas e parentes que moravam perto auxiliavam nos afazeres domésticos, enquanto a atenção da puérpera estava voltada exclusivamente para o bebê.

Com a pandemia do novo coronavírus, muitas famílias se separaram fisicamente e grande parte das mães tiveram que abrir mão de qualquer tipo de ajuda externa. Agora, o isolamento é duplamente mais pesado.

Violeta nasceu em meio a tudo isso. Filha de um casal de jornalistas, Anna Virginia Balloussier e Victor Ferreira, a pequena certamente não sente falta do mar, das festas ou do Carnaval como seus pais, mas ainda não conheceu os avós paternos e o contato externo é bem restrito. Desde seu nascimento, no dia três de março, sua mãe passou a escrever um diário, que agora virou livro. Nele, conta perrengues e alegrias dos primeiros 40 dias da filha trancada com os pais, em um apartamento em Copacabana, no Rio.

Já tive oportunidade de trabalhar por um período com a Anna na TV Folha. Ela é responsável por algumas reportagens memoráveis na editoria: Crianças de 9 religiões diferentes desenham seu jeito de encarar DeusA Copa VIP dos “yellow blocs” e  Alemanha 7, Brasil 1: O dia do massacre do Mineiraço, quando assistiu à final da Copa ao lado de Paulo Maluf.

No jornal, seus textos sempre figuraram entre os mais lidos. Ela escreve bem, já foi correspondente da Folha em Nova York e exibe uma postura segura para todos que a cercam. No livro, ela desmonta tudo isso. Decide abrir medos, inseguranças e traumas que fazem dela ainda mais admirável.

 

Filha de Anna e Victor, Violeta nasceu durante o início da quarentena (Foto: Arquivo Pessoal)

Talvez ela não precise de mim – Diários de uma mãe em quarentena  fala de choro, dúvidas, virilha sem depilação e retorno à vida sexual. Fala também daquele amor diferente de todos os outros, aquele que era sonhado e desejado a cada sopro de velinhas de aniversário.

“Ser bem-sucedida no trabalho, reconhecida pela minha escrita, tudo isso é importante pra mim. Mas me desconsertava muito mais a perspectiva de morrer sem filhos do que ter um texto destroçado por alguém que eu admire, embora eu projete para o mundo exterior que a segunda hipótese me abalaria mais. Empregar bem uma vírgula preenche um ego, não uma vida”, diz um trecho do livro.

Cólicas, diferenças conjugais e muita cumplicidade também aparecem no livro (Victor é daqueles pais que cumprem seu papel, além de saber a quantidade de amaciante ideal ao lavar as roupinhas). E por fim, há alguns socos no estômago. “Escrevi porque precisava expurgar”, conta a jornalista.

Apesar do nascimento ter ocorrido no meio de uma pandemia terrível, Violeta é abençoada. Não só por ter a mãe por perto o dia inteiro, mas por essa mãe ser a Anna.

SERVIÇO

Talvez ela não precise de mim – Diários de uma mãe em quarentena (Todavia, 80 p.)

E-book com promoção de lançamento: R$9,90

Livro impresso: R$30 + frete

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‘Terrible two’ não existe, afirma pediatra Carlos Gonzáles https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/#respond Wed, 09 Oct 2019 12:40:04 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/WhatsApp-Image-2019-10-08-at-19.33.55-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8561 Você já ouviu falar no “terrible two”? A expressão é usada quando o bebê chega perto dos dois anos e passa a ser mais contundente em relação aos seus desejos. Dizem que é a adolescência deles. Gritos, birras, um monte de “não”, “não quero” e “é meu” aparecem de uma hora para outra.

Contrário ao uso do termo, o pediatra espanhol Carlos Gonzáles diz , inclusive, que ele não existe.  Autor de livros sobre amamentação, criação com apego e alimentação infantil, médico diz que a expressão é uma criação americana para designar uma fase em que a criança está apenas se entendendo como indivíduo.

A criação com apego, defendida pelo pediatra, entende que ataques de birra não são para manipular os pais. Eles servem para comunicar necessidades -que podem ser sono, irritação porque os pais passam muitas horas longe, algum medo, frustração e por aí vai. Como o cérebro deles ainda é imaturo, as crises costumar ganhar proporções assustadoras porque eles ainda não sabem como se controlar (às vezes nem a gente que é ‘cavalo veio’ consegue, quem dirá eles).

Em entrevista ao Maternar, Carlos Gonzáles fugiu de fórmulas milagrosas para ter sucesso na criação dos filhos. “Não existem soluções fáceis e garantidas”, diz. Para ele, toda criança tem direito a ser bem tratada, receber carinho e principalmente ser confortada quando chora e não silenciada, como historicamente os pais faziam com os filhos. E para que essa conexão ocorra, é preciso investir tempo.

Por fim, não quis citar erros cometidos na criação dos filhos e nem “se gabar” dos acertos. Confira abaixo:

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Maternar – A saúde emocional da criança pode refletir em sua alimentação?

Carlos Gonzáles – Muitas crianças e adultos perdem o apetite quando estão tristes ou preocupados. E também há quem coma compulsivamente devido a problemas emocionais. Mas me preocupa mais o problema inverso, como a alimentação pode afetar a saúde emocional. Com o absurdo costume de tentar forçar as crianças a comer (com prêmios ou castigos, com trotes ou ameaças, com distrações ou insistência, com chantagem emocional). Isso pode causar conflitos diários na família e transformar a hora de comer em um inferno para todos –especialmente para a criança.

Maternar  – Quais dicas o senhor dá para que as crianças sejam emocionalmente saudáveis?

Carlos Gonzáles – Não existem soluções fáceis e garantidas. Você não pode dizer “faça isso e seu filho será emocionalmente saudável”, como não se pode dizer “faça isso e seu filho nunca terá febre”. Acho que temos que dedicar tempo e atenção às crianças, tratá-las com carinho e respeito, e se algum dia tiverem um problema emocional –ou tiverem uma febre– faremos o possível para ajudá-las.

Maternar – A introdução do açúcar aos 2 anos pode afetar o paladar da criança?

Carlos Gonzáles – Acostumar-se a comer alimentos doces desde a infância é, provavelmente, consumir açúcar pelo resto da vida. Mas o inverso, evitar açúcar nos primeiros meses ou anos de vida não significa ter uma alimentação mais saudável no futuro. Adolescentes e jovens estão comendo cada vez pior, apesar de ter se alimentado de comidas sem sal e sem açúcar nos primeiros meses. O problema é que os adultos, a sociedade em geral, estão consumindo quantidades enormes de açúcar e sal com pão, bolos, refrigerantes, alimentos pré-cozidos, sucos de frutas (comer frutas é saudável, beber suco de frutas não é saudável – quando liquefeito, o açúcar intrínseco da fruta transforma-se em açúcar livre). E apesar de darmos ao bebê uma dieta especial, depois de dois ou três anos, ele estará comendo o mesmo que os pais. Portanto, o importante é melhorar a dieta dos pais. Se você comer saudável, seu filho pode comer o mesmo a partir dos seis meses. Se você não comer de forma saudável, de que adianta seu filho se alimentar saudavelmente por alguns meses?

Maternar – Cada vez mais pais procuram se informar sobre criação com apego, parto respeitoso e amamentação prolongada. O que essa mudança na criação deve afetar nas futuras gerações?

Carlos Gonzáles – Não sei. Já veremos. Talvez o aquecimento global afete as gerações futuras mais do que qualquer coisa que fazemos. Mas a questão não é essa. Uma mulher tem o direito de ter o seu parto respeitado e receber as informações e apoio necessários para amamentar a hora que ela quiser. Uma criança tem o direito de ser bem tratada, de receber carinho e ser confortada quando chora. E tudo isso tem que ser gratuito, espontâneo. Então, nem as crianças e nem as gerações futuras têm obrigação de, no futuro, serem mais saudáveis (física ou emocionalmente), mais inteligente ou mais amigáveis para valer o “esforço” de criá-los com amor. Nós fazemos a coisa certa agora porque é a coisa certa, e o futuro ninguém sabe.

Maternar Educar uma criança é uma tarefa muito difícil e exige paciência dos pais. Comportamentos desafiadores de crianças acima de dois anos levam muitos pais a perderem a paciência e até reproduzirem violência em seus filhos. Como os pais devem entender essa fase, que até chegam a chamá-la de terrible two? Existe o terrible two?

Carlos Gonzáles – Não, não há o “terrible two”. E a prova é que você precisa falar em inglês, já que não há uma expressão em português ou espanhol para se referir a isso. Eu nunca tinha ouvido falar de “terrible two” até quase 30 anos e dois filhos, quando comecei a ler livros americanos. Agora, por exemplo, eu tenho um neto de dois anos e ele não poderia ser mais amável, gentil e carinhoso.

Maternar No Brasil, há uma cultura forte do palpite. Como driblar tantos palpites e justificativas sociais quando os pais decidem “quebrar regras” consideradas inquebráveis?

Carlos Gonzáles – Qualquer mudança social produz estranheza e comentários. Eu ainda lembro quando a grande discussão era se as mulheres poderiam usar calças. E, antes disso, a presença das mulheres nas universidades causava desconforto. Os anos passam, as pessoas se acostumam e esses não são mais problemas. Devemos compreender que aqueles que criticam as mudanças, geralmente, o fazem simplesmente por hábito, não por ódio ou porque têm profundas convicções. Portanto, devemos fazer o que achamos conveniente, e não nos preocuparmos com o que as pessoas dizem.

MaternarPor que muitas pessoas ainda entendem criação com apego como criar filhos sem regras?

Carlos Gonzáles – Talvez tenhamos passado tanto tempo acreditando que os pais não têm regras que agora existe uma reação na direção oposta. Mas sim, nós pais, assim como as crianças, temos regras. Não podemos gritar, insultar, ridicularizar, punir e, muito menos, agredir em nossos filhos.

MaternarSe uma criança faz birra no avião, no mercado ou numa fila, por exemplo, pessoas ao redor olham feio, como se a culpa fosse dos pais. Quando os pais agem de forma enérgica, quem está ao redor parece aprovar a reação. Na sua opinião, por que isso acontece?

Carlos Gonzáles – O choro de uma criança causa uma forte reação em um adulto. Porque é para isso que existe o choro: para que os adultos façam alguma coisa para confortá-lo. Mas as regras sociais nos impedem de pegar no colo e confortar uma criança desconhecida, e essa sensação de impotência faz com que o choro nos pareça especialmente irritante. Na realidade, o público não aprova os pais que se comportam de maneira enérgica. Se uma criança chora e os pais gritam ou dão um tapa, ela vai chorar mais. E isso, é claro, não agradará o público. O que as pessoas querem é que os pais façam algo para que a criança pare de chorar o mais rápido possível.

Maternar – Onde considera ter acertado e onde considera ter cometido erros na criação dos seus próprios filhos?

Carlos Gonzáles – Certamente cometi erros que não vou contar a todos, e também tive sucessos, dos quais não penso em me vangloriar.

Autor de livros sobre alimentação e criação com apego, pediatra catalão participa de bate-papo com pais em novembro (Fabio Braga/Folhapress)

Carlos Gonzáles participará do bate-papo “Alimentação, amamentação e criança” promovido pela Editora Timo (responsável pelas publicações do médico no Brasil) no dia 10 de novembro, às 8h30 no Teatro Fecap (av. da Liberdade, 532, Liberdade, São Paulo).

Pais e mães interessados no assunto podem adquirir os ingressos no site:  https://www.sympla.com.br/carlos-gonzalez-em-sao-paulo—edicao-2019__629627.

Ele também passará por Fortaleza, Vitória e falará com profissionais de Saúde, em São Paulo.

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Apoiar a mãe é a primeira grande oportunidade que o homem tem ao se tornar pai https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/09/apoiar-a-mae-e-a-primeira-grande-oportunidade-que-o-homem-tem-ao-se-tornar-pai/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/09/apoiar-a-mae-e-a-primeira-grande-oportunidade-que-o-homem-tem-ao-se-tornar-pai/#respond Fri, 09 Aug 2019 20:18:39 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/WhatsApp-Image-2019-08-09-at-17.08.09-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8505 De uns tempos pra cá a importância da participação do pai na criação dos filhos tem sido amplamente debatida. Apesar disso, ainda é muito comum um pai atuante ser elogiado, enquanto a mãe participativa é apenas uma mãe, mesmo.

Muitos homens defendem que apenas quando o bebê nasce é que a ficha sobre a paternidade cai, enquanto a mãe carrega o bebê no ventre, sente o filho mexer, além de passar pelo parto. Foi o caso de Beto Lima, pai de João Pedro, 5 e Helena, 1. Ele conta que enfrentou dificuldades para achar seu papel após o nascimento do primeiro filho.

Sua esposa enfrentou muitas dificuldades com a amamentação, ao ponto de não querer visitas em casa para não atrapalhar o processo. “Eu não sabia o que fazer e combinamos que ela deveria dizer o que queria, porque também estava perdido”. Ao evitar as visitas e apoiar a esposa, Beto entendeu que o papel de mediador do desejo da mãe foi importante para o sucesso da amamentação dela.

“Quando o bebê chega, a primeira grande oportunidade que o homem tem para ser pai é apoiando a mãe”, conclui.

Beto participou da 4ª mesa redonda sobre amamentação, realizada nesta quinta-feira (8), em São Paulo. Especialistas da Pro Matre e influenciadores digitais dividiram suas experiências sobre o assunto para fechar a semana mundial do aleitamento materno.

Pai do Léo, de apenas dois meses, Luan Ferreira acompanhava da plateia a fala da esposa Isabella Matte. Ele conta que também se viu perdido quando o filho chegou em casa. “Tudo é muito novo, tive muito medo de fazer algo errado, mas estou aprendendo”, conta o pai.

Debate sobre a amamentação promovido pela Pro Matre em São Paulo (Foto: Katia Lopes)

PATERNIDADE ATIVA

Um estudo divulgado em 2016 pela Universidade de Michigan comprovou que quanto mais atuante é o pai, mais autocontrole e cooperação terão os filhos. Essa relação também influencia na qualidade do desenvolvimento social da criança. Na ocasião, foram analisadas 730 famílias de diferentes regiões dos Estados Unidos.

Pai de Ana, de três anos, Pedro de Oliveira, do Canal Ser Pai, conta que quando pegou a filha no colo, se deu conta de que “pela primeira vez na vida teria algo que era pra sempre”.

Para ele, um bom pai vai muito além de prover financeiramente. “Ele deve prover afeto e atenção para o filho porque as crianças preferem ter o pai do lado e não um Porsche na garagem. Eles preferem muito mais dormir em nossa cama do que viver em uma casa enorme”, diz.

Ele critica o “aborto masculino”, aquele cometido pelos pais que colocam filhos no mundo e os ignoram após o nascimento. “Acredito que para mudar nossa sociedade, deixá-la mais igualitária e justa é preciso suprir as necessidades emocionais na infância”.

Nesse vídeo, se você é um pai participativo, certamente vai rolar uma identificação!

 

Feliz Dia dos Pais!

 

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É verdade, na maternidade tudo passa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/02/26/e-verdade-na-maternidade-tudo-passa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/02/26/e-verdade-na-maternidade-tudo-passa/#respond Tue, 26 Feb 2019 17:11:01 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/02/Fotolia_105310969_Subscription_Monthly_M-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7933 É verdade. Tudo passa. E só melhora!

Chega o dia em que sua filha pede para dormir com a vovó e não pede mais o tetê para dormir.  Chega o dia em que ela dorme a noite inteira e é você quem acorda algumas vezes sem motivo aparente.

Chega o momento em que ela te dá bom dia e diz que quer café da manhã antes mesmo do peito.

E quando ela diz: mamãe vai “trabaiá” e “chá vota”?

E chega o momento em que ela não fica mais pendurada na sua perna chorando enquanto você tenta escovar os dentes ou se pentear.

Agora, ela não chora mais quando saio e me acompanha até a porta dizendo alegremente “tchau mamãe, vai cum Deus”.

Esse é o momento que vivo agora. Ontem ela completou dois anos e já não quer tanto colo, já diz quando sente medo, fome ou sono. Também usa meus sapatos pela casa e pede para usar meu batom (quando não corre e se esconde para passar até na orelha).

Também decide que quer ir ao shopping tomar sorvete.

E aí, ela diz “mamãe, ti amu muito muito muito muito”. E eu entendo quando diziam que o começo é duro, mas passa e dá saudade.

É verdade.

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Mães estão cansadas, se culpam e estão longe de ser perfeitas, diz pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/maes-estao-cansadas-se-culpam-e-estao-longe-de-ser-perfeitas-diz-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/07/19/maes-estao-cansadas-se-culpam-e-estao-longe-de-ser-perfeitas-diz-pesquisa/#respond Tue, 19 Jul 2016 19:33:45 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=6056 Ir ao mercado pode não ser tão legal com crianças (Danielle Guenther/danielleguentherphotography.com)
Ir ao mercado pode não ser tão legal com crianças (Danielle Guenther/danielleguentherphotography.com)

As mães brasileiras estão cansadas, se sentem culpadas e distantes do estereótipo da mãe perfeita. Isso é o que revela pesquisa inédita feita pelo Instituto QualiBest e pelo site Mulheres Incríveis com 1.300 mulheres de todas as classes sociais.

Quase 70% das entrevistadas responderam que a vida da mãe brasileira é difícil. Entre as dificuldades da maternidade, 70% citaram a falta de dinheiro para atender as necessidades dos filhos.

Outras 60% responderam que era a falta de tempo para elas mesmas. E 51% disseram que gostariam de ter mais tempo para se dedicar ao trabalho.

A pesquisa também fez uma correlação entre a culpa e as dificuldades que as mães tinham para criar o filho. O resultado mostrou que as mães se culpam pelos mesmos motivos que se preocupam com a criação dos filhos. Exemplo: 55% se sentem culpadas por não poder oferece aquilo que acha que os filhos merecem.

Outras 36% se culpam por perder a paciência com frequência. As mulheres também se culpam pela qualidade do tempo que passam com o filho: não ter paciência para brincar com ele (32%)  ou deixá-los muito tempo com TV, jogos, celular, redes sociais (31%).

“[…] O fato de 30% de mães se sentirem culpadas por deixar os filhos com os eletrônicos mostra que um grupo significativo já se preocupa com eventuais prejuízos advindos do conteúdo da internet e das redes sociais”, diz a pesquisa.

Questionadas sobre o que gostariam caso pudessem realizar um pedido, só 12% disseram que queriam ajuda para cuidar dos filhos. De acordo com a pesquisa, 40% pediriam a ajuda de pessoas com o trabalho doméstico. E a metade gostaria de ter mais paciência para brincar com os filhos.

As mulheres entrevistadas também não se identificam com o ideal de mãe mostrado pela mídia: elas disseram que a imagem de mulher perfeita (49%) ou que está sempre feliz (30%) não as representam.

A pesquisa mostra que as entrevistadas fizeram confissões que consideram embaraçosas, como dar palmadas (33%), deixar os filhos assistir TV ou vídeos para poder descansar (28%) e até mesmo esquecê-los em lojas ou na escola (2%).

No questionário online, questões de múltiplas escolhas, a maioria declarou ter de um a dois filhos (81%).

ENSAIO

A fotógrafa Danielle Guenther fez uma série de imagens com famílias reais ‘representando’ como pode ser caótico o dia-a-dia de pais e mães com filhos pequenos.

Em vez de famílias bonitinhas, limpinhas e sorridentes, a série ‘Melhor Cenário’ mostra pais desesperados com a bagunça dos filhos no restaurante, por exemplo. Em outra foto é possível ver pais exaustos no sofá, enquanto os filhos continuam brincando com a corda toda (são ligados no 220, não?). Veja fotos abaixo.

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Como seu bebê é acolhido após o nascimento? Veja procedimentos que podem melhorar essa recepção https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/09/como-seu-bebe-e-acolhido-apos-o-nascimento-veja-procedimentos-que-podem-melhorar-essa-recepcao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/09/como-seu-bebe-e-acolhido-apos-o-nascimento-veja-procedimentos-que-podem-melhorar-essa-recepcao/#respond Mon, 09 May 2016 10:27:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5680 Como seu bebê é recebido daqui do lado de fora? (Foto:  Lela Beltrão/Coletivo Buriti de Fotografia)
Como seu bebê é recebido daqui do lado de fora? (Foto: Lela Beltrão/Coletivo Buriti de Fotografia)

O bebê passa nove meses protegido dentro do útero da mãe. Mas será que ele tem essa mesma sensação de segurança quando nasce? Em muitos lugares, o recém-nascido é afastado da mãe logo após o parto para fazer uma série de exames, além de ser medido, pesado e tomar banho. Depois, longe dos pais, ele recebe colírio de nitrato de prato nos olhos e uma injeção de vitamina K, tudo isso pouco tempo depois de conhecer um novo mundo.

Para a neonatalogista Ana Paula Caldas Machado, o recém-nascido passa por muitos procedimentos desatualizados e desnecessários, que causam desconforto.

Para que a recepção seja acolhedora, diz Ana Paula, o principal é que a criança fique em contato pele a pele com a mãe na primeira hora de vida. Além de fortalecer o vínculo, esse contato também estimula a amamentação.

“O cordão umbilical não deve ser cortado antes de parar de pulsar. O ideal é que o bebê fique o tempo todo com a mãe, só saia de perto em uma situação de emergência. Todos os procedimentos, como pesar e medir, podem ser feitos na sala de parto, na presença da mãe”, afirma ela.

Ela participará do 3° Siaparto (Simpósio Internacional de Assistência ao Parto), que acontece de 1 a 4 de junho em São Paulo.

Entre os procedimentos que ela considera desatualizados está o de pingar o colírio de nitrato de prata no recém-nascido.  Indicado para evitar a conjuntivite provocada pela bactéria da gonorreia, ele também pode causar uma irritação chamada de conjuntivite química.

“O colírio existe faz mais de 110 anos, quando a gente tinha uma incidência alta de gonorreia e não existia antibiótico. Hoje não tem razão para utilizar, a prevalência do gonococo é baixa, é uma doença tratável e colírio só previne contra o gonococo.  É uma prática desatualizada”, afirma Ana Paula.

Mas como sua utilização é recomendada pelo Ministério da Saúde, os pais que não querem aplicar o colírio no bebê devem assinar um termo de recusa informada no hospital onde ele nascer.

Outro sinal de desatualização, segundo ela, é que a doença seria transmitida durante o nascimento pela via vaginal. Mas o colírio é aplicado em todos os bebês, mesmo naqueles nascidos de cesárea.

Uma forma de saber se a mulher corre o risco de estar infectada é realizar exames ainda na gestação. “Só que isso não é uma rotina do pré-natal. Vejo hospitais em que aplicam colírio mesmo em bebês que não passaram pela vagina”, diz a neonatalogista.

Em nota, o Ministério da Saúde informa que  há casos em que a cesárea não é feita com a bolsa íntegra e por este motivo o procedimento ainda está em discussão entre especialistas.

Outro procedimento questionável é a injeção de vitamina K no recém-nascido. O Ministério da Saúde informa que ela deve ser feita de rotina para prevenir a doença hemorrágica, que ocorre pela falta de produção da vitamina K nos recém-nascidos e é potencialmente grave. A recomendação é que ela seja injetável, pois a aplicação oral pode não ter a absorção desejada, informa o ministério.

Para Ana Paula, essa é uma questão de ponto de vista. “A incidência pra doença é de 1 para 20 mil nascidos. Tem gente que acha que é muito, outros que é pouco. É uma questão do jeito de ver a vida mais que a doença em si.”

A aspiração do bebê deixou de ser rotina em 2011. Mas Ana Paula afirma que isso não significa que ela deixou de ser realizada. “A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que não se faça aspiração, que o bebê fique em contato pele a pele. Mas a recomendação é diferente da prática. Mesmo treinando pediatras para fazer diferente, alguns continuam fazendo a mesma rotina de 50 anos atrás, separando o bebê da mãe, fazendo o corte precoce do cordão, aspiração. Não mudou nada.”

O primeiro banho, que muitos pais costumam filmar na maternidade, é outra prática que a neonatologista recomenda que seja adiada. “Se for para dar banho, que seja depois de 24 horas. Se nasceu muito sujinho, passa um pano molhado. Aquela camada branquinha, o vérnix, protege a pele do bebê. Eu recomendo dar o banho em casa, não no hospital.”

Segundo ela, além de ser manipulado de forma excessiva no banho, o bebê perde temperatura. “Não é conveniente que a temperatura dele fique esquentando e depois esfriando.”

E o que os pais podem fazer para evitar que o recém-nascido passe por procedimentos que a família considera que são desnecessários? A recomendação é ter um pediatra da sua confiança na sala de parto.

Mas como a maioria nasce com a presença de um pediatra plantonista, Ana Paula sugere que a mãe faça um plano de parto bem detalhado, deixando claro quais procedimentos ela não quer que sejam realizados. “E contar com a sorte de ter um médico que atenda seu plano de parto, pois ele não é obrigado a respeitá-lo.”

O vídeo abaixo, que circula nas redes sociais, choca algumas pessoas que nunca viram um bebê tomar banho no hospital.

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