Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Acupuntura em grávidas atua desde enjoo até em virar o bebê para o parto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/acupuntura-em-gravidas-atua-desde-enjoo-ate-em-virar-o-bebe-para-o-parto/#respond Fri, 24 Sep 2021 16:22:02 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-23-at-16.39.09-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9298 Cada dia mais se debate a importância das práticas integrativas nos desfechos positivos da gestação e do parto.

Reconhecida oficialmente em 2017 na lista de tratamentos oferecidos pelo SUS (apesar de ser usada desde a década de 80), a acupuntura é uma dessas práticas e ganha espaço entre as grávidas porque substitui, por exemplo, o uso de anti-inflamatórios –proibidos durante a gestação.

Durante a sessão, as agulhas estimulam as terminações nervosas existentes na pele e nos tecidos subjacentes e o “recado” gerado por esses estímulos segue pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central onde são liberadas diversas substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, que desencadeam a analgesia na mulher, atuam como anti-inflamatório, relaxante muscular ou sedativo.

“As agulhas também podem agir sobre o sistema endócrino, imunológico e como moduladora sobre as emoções”, explica Roberta Girelli, médica especializada em acupuntura. Ela cita desfechos positivos em casos de cólicas no início da gestação, enjoos, vômitos, depressão, ansiedade, insônia e constipação intestinal.

“Durante as primeiras sessões percebi uma nítida melhora na ansiedade e mais para o fim, fiz sessões para a Olívia virar [estava pélvica] e deu certo [ficou cefálica]”, conta Julia de Santi, 36, que conseguiu ter a filha de parto normal após a cesárea do primeiro filho.

Acupuntura ajudou a amenizar os enjoos de Julia e aposicionar a bebê para o parto (Arquivo Pessoal)

Ela conta que após a bolsa romper chamou a acupunturista em casa e a ação das agulhas ajudaram a engrenar o parto.

Mãe de dois meninos, Viviane Guizelini, 44, também buscou ajuda na primeira gestação para diminuir os enjoos, problemas musculares, ansiedade e alergias. “Tratei rinite alérgica e o resultados era imediato, ao ponto de entrar na sessão com coriza e sair sem desconforto e sem o nariz estar escorrendo”, lembra. Na segunda gravidez, Viviane não conseguiu fazer sessões de acupuntura e notou mais incômodos durante a gestação.

“Os incômodos foram mais evidentes. Tive contrações de treinamento a partir da 26ª semana e também muita pressão no períneo, além de dor nas costas. Era uma mistura de queimação com algo ‘rasgando’ por dentro. A acupuntura fez muita falta”.

Presentes no histórico de muitas mães, cefaleia, lombalgia e síndrome túnel do carpo também podem ser tratadas com as agulhas.

Essa liberação de substâncias de forma endógena (produzidas pelo próprio organismo) é uma opção segura em todas as fases da gravidez, mas deve ser feita por profissionais especializados e com aval dos médicos que companham essa mulher no pré-natal.

Gestantes com distúrbios de coagulação ou anticoaguladas precisam de mais atenção e é preciso atentar para o que os antigos livros da medicina tradicional chinesa chamam de ‘pontos proibidos’, porque alguns deles estimulam a contração uterina.

Viviane e os filhos Vitor e Antonio (Lente Materna Fotografia/Arquivo Pessoal)

 

“A acupuntura, como qualquer tratamento, não promete exclusividade. Pelo contrário, a colaboração do paciente é essencial ao bom andamento de qualquer opção terapêutica”, destaca Silvana Maria Fernandes, acupunturiatra do Centro de Medicina Integrativa do Hospital e Maternidade Pro Matre.

Silvana cita a correção de hábitos alimentares a ingestão equilibrada de líquidos, um sono regular e prática de exercícios físicos adequados a cada fase gestacional como complementares ao tratamento.  “Tratar ou equilibrar comorbidades, de preferência antes de engravidar e controlar as condições emocionais também são aspectos relevantes abordados na consulta inicial, onde uma anamnese completa deve ser realizada, levando-se em conta todo o histórico médico da paciente, incluindo corpo e mente”, explica.

A literatura também apresenta bons resultados da acupuntura no pós-parto, em distúrbios da lactação (hipogalactia) e em quadros de depressão.

Curta o Maternar no Instagram.

]]>
0
Clareza sobre nossas feridas evita ferimentos emocionais nos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/#respond Tue, 31 Aug 2021 14:13:15 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-31-at-12.31.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9208 Ter clareza das nossas dores emocionais é o melhor caminho para não repeti-las em nossos filhos. Esse é um dos pilares da Teoria do Apego, que defende a criação segura para que a criança se desenvolva plenamente em todas as áreas.

Pais que apanharam na infância tendem a agir de forma violenta com seus filhos. Lembrando que gritos, ameaças, castigos e até o silêncio, ao ignorar um pedido de ajuda são considerados violência também.

Esse comportamento ocorre porque os pais repetem o padrão que receberam no passado. É o mais familiar e o que está internalizado dentro deles, independentemente de ser o melhor, é o conhecido e o mais fácil de ser acessado, explica a psicóloga e especialista em Teoria do Apego Arieli Groff.

Para encerrar esse ciclo, ela defende o autoconhecimento. “Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor”, diz a especialista que lançou o livro “Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade” (Editora Pirililampos).

Na obra, a autora aborda assuntos caros à maternidade, como raiva dos filhos, saudade da vida de antes, solidão e o cansaço mental por ter que tomar todas as decisões relacionadas à criança.

Dividido por assuntos, numa espécie de diário, Arieli também fala sobre a convivência forçada durante a pandemia, o dia da primeira birra pública e a fuga para o banheiro na expectativa de ter apenas um minuto de silêncio –o sonho de toda mãe.

“Minha filha tem minha melhor versão em vários momentos. Mas não é brincando de boneca”, revela a psicóloga destacando o mito da mãe perfeita. “Não somos boas em tudo. E não devemos nos cobrar isso. É cruel. É utópico”, afirma.

Reconhecer sentimentos, outro pilar da Teoria do Apego, aparece no capítulo “Hoje Tive Raiva”, onde ela ralata quando a filha a tirou do sério. “Ser mãe não me canonizou e ela ser minha filha não lhe dá o título de criança mais legal do universo. Ter raiva da minha filha foi o sentimento mais justo e honesto que pude oferecer. E eu disse o que estava sentindo. Nossa relação continua, com ainda mais verdade”, conta a mãe de Maitê, hoje com cinco anos.

“Criança pede presença. A cada comportamento difícil ou ataque de fúria nossos filhos estão nos dizendo ‘me olha’, ‘me ajuda’, ‘ não estou conseguindo sozinho’, ‘preciso de você’. É fácil amar quando ela está brincando de forma criativa e inteligente, de banho tomado, sendo meiga e dormindo como um anjo”, diz o livro.

No livro Quando Nasce uma Mãe, Arieli Groff fala sobre tabus na criação dos filhos (Divulgação)

O seu puerpério foi muito pesado? O que você sentiu e quanto tempo ele durou?

Ele não foi necessariamente pesado, mas me trouxe surpresas e vivências que mesmo já atuando com infância na clínica como psicóloga, eu não tinha clareza de como eram de fato vividos pelas mães. Me trouxe estranhamento e a angústia de por vezes não conseguir nomear o que eu sentia, e com isso, um sentimento de me ver só em tantos momentos, mesmo rodeada de uma rede de apoio afetiva e presente. Para mim foi aos dois anos da Maitê que senti e consegui retomar algumas questões mais voltadas a mim e conseguir me priorizar em algumas coisas. No final do primeiro ano eu senti um alívio do tipo “conseguimos, vivemos e sobrevivemos” e ao final dos dois anos dela veio esse sentimento de me ter de volta.

Por que a ideia de mãe perfeita faz tantas mães reféns?

Percebo que esse estranhamento que senti é também vivido por muitas mulheres, onde existe uma romantização de como é a chegada de um bebê e pouco se fala de sentimentos que não são vistos como positivos socialmente, como a tristeza, raiva, cansaço, questionamentos sobre a escolha de ter tido filhos, mas que se fazem presentes na realidade de muitas mães. E então quando a mulher sente isso, se percebe sozinha, inadequada, culpada de não sentir só amor e gratidão 24 horas por dia, que também estão presentes, mas não são exclusivamente o que se sente. E com isso, muitas mulheres se envergonham de compartilhar suas vivências, sentimentos, medos, cansaços, como se não tivessem o direito de reclamar. Acredito que esse é um aprisionamento que só iremos abrir aos poucos, com informação, diminuição da cobrança social em cima das mães e rede apoio, individual e coletiva, como sociedade.

Você conta sobre alguns momentos de fuga para cuidar de si, nem que seja no sofá para ter um tempo para ver uma série, ou no banheiro para fazer um xixi em silêncio. O quanto essas fugidinhas te ajudaram a não pirar ou levar a maternidade de forma mais leve?

Me ajudaram muito. Foram quase dois anos com a sensação que a minha vida não me pertencia mais, eu descansava enquanto trabalhava (atendimento em consultório). Esses pequenos momentos me traziam a sensação de ter o controle sobre alguma coisa, por menor que fosse, de que eu ainda tinha autonomia sobre meu tempo e espaço para escolher algo que fosse por mim e para mim.

Você assume que não gosta de brincar, que seu melhor é encontrado em outros momentos com a Maitê. Quando você descobriu isso e aceitou que brincar, algo tão importante para uma criança não era muito sua praia? 

Falo desse brincar mais tradicional, especialmente com meninas, que se espera que se brinque de bonecas, por exemplo, e que a mãe goste disso. Interagimos de outras formas, mas teve o tempo em que ainda me cobrei que precisava gostar de tudo que minha filha tivesse interesse em brincar. Até que entendi que aceitar quais eram as minhas brincadeiras favoritas e que eu não precisava gostar de tudo, me trouxe alívio e assim pude me entregar com mais prazer naquilo que gostava e até mesmo nas brincadeiras que não gostava muito, pois agora não havia cobrança, mas o amor de fazer algo pela felicidade dela.

Você fala sobre sentir raiva da sua filha em alguns momentos. Muitas mães têm medo de assumir isso e você fala com muita naturalidade sobre essa raiva. Alguma mãe já te deu feedback sobre sentir isso e estar aprisionada no medo das opiniões alheias sobre esse sentimento?

Muitas. Alguns sentimentos não são socialmente validados e tampouco valorizados. A raiva é um deles e se mostra como se fosse incompatível com a maternidade. Mas os sentimentos não são nem bons nem ruins, apenas são, o que fazem deles terem um aspecto mais positivo ou negativo é o que escolhemos fazer com eles, e isso vem de um lugar de consciência, autoconhecimento, empatia consigo mesma, o que leva a possibilidade de uma regulação emocional. Com isso, muitas mães me relatam que se sentem julgadas, culpadas, inadequadas e envergonhadas de assumirem o quanto seus filhos tantas vezes despertam raiva, aumentando o senso de solidão que leva à mais raiva. A raiva surge como a percepção de não se sentir vista, sem apoio, percebendo que chega em um limite e/ou quando se vê com recursos internos escassos para lidarem com os filhos. A raiva é uma expressão de cobranças externas e internas, frustrações e desamparos vividos pelas mães.

 O que a pandemia despertou de melhor em você como mãe ? E o pior?

 Ter minha filha 24 horas por dia em casa me fez agradecer por ter o privilégio de conseguir manter a rotina com ela e de trabalho (desde 2018 passei a atender somente online, e meu marido também já trabalhava home office, então já estávamos adaptados a esse modelo de trabalho), nos exigiu criatividade, readaptações, como todas as famílias, morávamos fora da nossa cidade, sem nenhuma rede de apoio (desde junho retornamos para Porto Alegre, morávamos em Florianópolis por uma escolha desde 2018 por mais qualidade de vida, mas a pandemia fez revermos prioridades e voltamos para mais perto da família e amigos daqui), mas ainda assim me fez agradecer pela vida que tinha, pelo privilégio da rotina que criamos e me fez também aproveitar mais os momentos com a minha filha. Ao mesmo tempo, precisei de mais “momentos de respiro”, mas aprendi a respeitar esses movimentos, entender quando meu melhor talvez fosse sair de cena, olhar para mim, me dar um tempo, e retornar podendo ser uma mãe o mais inteira possível.

Até que ponto sua filha pode ser ela e quando você “entra em cena” para evitar uma combinação de roupa que não acha adequada, ou fazer algo que não estava no script pelo fato dela ser criança?

Esse foi, e é, um grande desafio para mim. Sou opinativa, gosto de participar de escolhas e é uma nota mental que atualizo todos os dias, de entender que meu gosto, opinião, ponto de vista é somente uma única forma de entender e enxergar o que quer que seja, e não necessariamente a melhor, tampouco a preferida da minha filha, e que não é por ela ter cinco anos que a minha opinião precisa ter mais valor que a dela. Claro, há questões que aos cinco anos ela não tem sequer maturidade para decidir, e aí entendo ser meu dever entrar em cena. Mas em assuntos e situações que ela já possui autonomia pela idade para escolher, procuro incentivar que ela decida. Provoco ela a dizer o que prefere, o que gostaria. Isso vale para roupas por exemplo (desde que não queira sair fantasiada de sereia em um frio de 2ºC do sul) até para questões comportamentais. Quando se chateia ou nos desentendemos, procuro após estarmos emocionalmente mais estabilizadas, conversar com ela, perguntar se entende que a forma como reagiu foi a melhor, como poderia agir em uma próxima situação.

Muitos pais estão ao lado, mas não estão presentes na vida dos filhos. O que essa presença decorativa provoca no emocional das crianças ao seu ver?

Acredito que nada em nossa vida deva ser encarado como sentença, a capacidade de transformação é sempre possível, mas é fato que muitas das vivências da infância deixam marcas e influenciam no desenvolvimento emocional, construção de vínculos e relacionamentos futuros da criança. São várias as mensagens que podemos passar sendo uma presença ausente: fazer com que a criança não se sinta importante, gerar um entendimento que esse amor é condicionado (a criança perceber que é digna de atenção se faz determinadas coisas, por exemplo), gerar comportamentos intensos na criança como forma de chamar a atenção, apresentar dificuldades escolares para igualmente se sentir vista e com isso se desenvolverem adultos com um baixo senso de merecimento, que cultivam relacionamentos de submissão (sejam afetivos, de amizade ou no trabalho, com colegas e chefes) e por vezes expostas à violências (seja física, emocional e/ou psicológica), dificuldade de confiar nas pessoas e em si mesmos. Em termos de construção de vínculos, qualidade e quantidade importam.

Como os pais podem ter essa consciência que você diz necessária para criar sem aprisionar ou sem cometer tantos erros?

Autoconhecimento. Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor, muito amor. Estudar sobre infância, educação, vínculos também é muito importante. Passamos a vida estudando para nossos trabalhos, por que temos a pretensão de achar que não precisamos estudar para a missão mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas? Além disso, poder se olhar com gentileza, empatia e a expectativa da busca pela perfeição, ela é utópica e cruel.

Por que vemos tantos pais repetirem os mesmos erros que juraram que não cometeriam com seus filhos?

O nascimento de um filho é como a abertura de um portal, onde nossos filhos nos catapultam a viver o afeto em sua máxima potência, pois conforme mostra a Teoria do Apego (a qual estudo e é a base teórica que permeia meu trabalho há 16 anos), a criança necessita se sentir segura e protegida para se desenvolver, isso é biológico e inato, e que em qualquer sinal de ameaça, liga seu comportamento de apego, solicitando esse amparo da figura principal de cuidado ( sendo essa ameaça real e legítima para quem a sente, podendo ser desde fome, frio até sentimento de solidão). Ao fazer isso, a criança muitas vezes pede aos pais algo que não receberam em suas próprias infâncias, tráz à tona dificuldades vinculares dos próprios pais, e então muitas vezes pais, com pouca clareza de suas dificuldades e com autoconhecimento não muito aprofundado, tendem a repetir o padrão que receberam, por ser o mais familiar e o padrão que está internalizado dentro de si, independente de ser o melhor, é o conhecido.

Psicóloga especialista em Teoria do Apego Arieli Groff, autora de Quando nasce uma Mãe (Arquivo Pessoal)

Trecho do livro: Nenhuma Novidade

“Especialmente nesse período de isolamento, me peguei pensando nas coisas que precisei abrir mão, seja para mantermos a saúde, seja porque nossa rotina mudou por aqui com Maitê 24 horas por dia em casa. Aí percebi que, por mais que tenha precisado de adaptações, não foi algo inédito.

Percebi que mãe quando vem a parir já abre mão de um monte de coisa. Quiçá já durante a gravidez. Ou pelo simples fato de sermos mulheres. Cursos de gestantes não deveriam ensinar como dar banho ou trocar fralda, tampouco fazer o desserviço de dizer que o bebê tem que mamar a cada 3 horas. Deveriam compartilhar mesmo “como abrir mão da sua vida e se manter sã”, “como se reconhecer após perder sua identidade”.

Deveria ser item obrigatório. Mas isso ninguém nos conta. Não é bonitinho, corrobora para manter as mulheres em uma posição de culpas e deveres como o patriarcado precisa. Enfim, esse tal patriarcado tem me tocado muito nos últimos tempos.

Mas voltando aos meus pensamentos, percebi que, de alguma forma desde meninas, somos ensinadas a sermos as boazinhas, as educadas, a ter modos de mocinha, a dizer amém para os outros e ainda rindo, a deixar nossos quereres de lado. Mas aí nos tornamos mães, e acredito que o que torna tão penoso nesse abrir mão de si mesma não são nossos filhos.

É a reedição de nos sentirmos, mais uma vez, como na nossa história, tendo que nos deixar de lado. Não é algo inédito. Nesse silêncio da casa, me vendo sozinha ainda, entendi que ser mãe não é somente sobre abrir mão de si, é sobre abrir espaços para permitir se transformar.

Deixar que o novo nos atravesse e faça morada. É autorizar trocar a roupa da alma e se preencher de sentimentos, vivências, pensamentos agora, sim, inéditos. E por isso, às vezes, tão assustadores que escolhemos fugir, nos proteger através de medos e reclamações.

Ser mãe é um ato de fé, é ter a coragem de se jogar no vazio e ser surpreendida por aquilo que ninguém nos conta e, ainda assim, seguir inteira, mas agora, de um outro jeito desconhecido. E aí o peso pode ir embora, por mais difícil que seja. O que fica é leveza e amor”.


 SERVIÇO

Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade

Autora: Arieli Groff

R$ 45, Editora Pirililampos, 115 páginas.

Curta o Maternar no Instagram.

]]>
0
Dores, lágrimas e culpa: o que nem sempre te contam sobre amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/25/dores-lagrimas-e-culpa-o-que-nem-sempre-te-contam-sobre-amamentacao/#respond Tue, 25 Aug 2020 16:31:10 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-19-at-17.55.36-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8960 Todo ano, a campanha #AgostoDourado fala sobre os benefícios de dar de mamar, fala sobre a importância da informação, da preparação ainda no pré-natal, sobre confusão de bicos, consultorias de amamentação e sobre rede de apoio.

Saber sobre tudo isso é essencial, mas não é garantia de sucesso no processo. E é isso que esse relato corajoso da minha amiga Dani Braga mostra. Mesmo bem informada, cercada por uma rede de apoio e de profissionais especialistas no assunto, ela vivenciou momentos muito doloridos no corpo e na mente para seguir em frente com a amamentação de seu filho.

“Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso”, comemora a mãe do Ian, um dos bebês mais simpáticos que já conheci (virtualmente, por causa da pandemia, claro).


“Quando engravidei, estudei e decidi pelo parto normal, mas sabia que poderia precisar de uma cesárea. E tudo bem, não sofria com isso, de verdade.

Algo que eu não tinha dúvida, no entanto, era que a amamentação seria com leite materno e em livre demanda (sempre que o bebê solicita). Fiz um curso de amamentação online e aprendi sobre os inúmeros benefícios para a criança e para a saúde da mãe. No meu plano de parto, expressei meu desejo pela “golden hour” — quando o bebê é colocado para mamar na sua primeira hora de vida.

Ao completar 40 semanas, senti todas as dores do parto até atingir nove dedos de dilatação. Ian nasceu rapidamente. Que sorte eu tive! Agora viria o próximo passo: o bebê em meu colo para ser amamentado. Aqui começa a história que quase ninguém conta. Você até lê que há alguma dificuldade, mas sempre impera o clima de que é algo tão natural que tudo se ajeita rapidamente. Provavelmente o obstetra não vai abordar o assunto a fundo e aquela médica humanizada que você segue no Instagram vai dizer que o grande problema é a cultura da indústria da fórmula láctea.

Quando o bebê veio para os meus braços, eu sabia que a boca dele tinha de ter a abertura semelhante a de um peixinho, que o corpinho dele devia estar barriga com barriga comigo e que ele tinha de abocanhar a aréola. Lembrei de checar tudo, mas não contava com um fator importante: não estava ali sozinha com o bebê da teoria. Ian chegou sugando com pressão e força e não abria a boca suficientemente, nem com a ajuda da minha mão.

Na primeira abocanhada, voou sangue do mamilo na cara dele. A enfermeira veio ajudar e falou que estava tudo certo no manejo. Uma outra técnica confirmou. Passei para o outro seio: sangue e hematoma no primeiro minuto. Doeu. Doeu muito, mas achei que na próxima daria certo. Até posei para uma foto sorrindo.

Não, não deu certo na próxima nem nas seguintes. Piorou. Dois dias depois, veio a apojadura —momento em que o leite de fato desce. Eu também já conhecia o termo. Estava presente quando ela surgiu para minha cunhada, há um ano e meio. Ela passou mal, quase desmaiou, sentiu-se fraca e ofegante durante o banho. Comigo, porém, não foi assim.

Fui tomar banho esperando sintomas semelhantes, mas nada fora do normal ocorreu. De repente, acordei com as mamas muito inchadas. A dor era tão alucinante que quando os fios do cabelo tocavam o peito, eu beliscava minha perna para ver se me concentrava em outra dor. O desespero era tão grande que cancelei todas as visitas.

Duas enfermeiras, uma de cada lado, massageavam as mamas de três em três horas. Eu chorava antes, durante e depois dos procedimentos. O bebê passou a mamar sangue em todas as doloridas tentativas. Foi então que começou a tomar alternadamente fórmula e meu leite ordenhado em um copinho.

Eu detestava ver a cena do bebê bebendo leite no copo, embora soubesse que era o mais indicado na ausência do peito, para não causar a má afamada confusão de bicos. Ao mesmo tempo, sentia-me culpada por odiar a fórmula, afinal, não fosse meu privilégio social, nem teria essa saída. Fórmulas custam caro.

A cabeça foi para o espaço e eu fui para casa sem nem saber quem eu era direito. E permaneci assim por um mês e meio. Queria amamentar, mas odiava. Lembro de bater a cabeça na parede de tanta dor e de desejar que o relógio parasse para não ter de amamentar de novo. Procurava na internet mães que desistiram da amamentação e, curiosamente, só encontrava relatos daquelas que superaram todas as adversidades. Estava claramente procurando na minha bolha, já que, no Brasil, o tempo médio que uma mãe amamenta é de apenas 54 dias.

Comecei a acreditar que era eu quem não amava suficientemente o próprio filho, por isso me sentia daquela forma, sem vontade de amamentar e sem ânimo para qualquer coisa que não fosse chorar. Diagnóstico psiquiátrico: princípio de depressão pós-parto –ao mesmo tempo em que o país entrava de cabeça na pandemia pelo coronavírus.

Além da dor física, doía mais ainda ouvir e ler que se a mãe não está bem, o bebê não fica bem. Era como se alguém gritasse na minha cara que eu estava prejudicando o meu filho.

Remédio. Terapia. Amor da família. Rede de apoio. Eu tive tudo isso, mas a dor da amamentação não passava, as feridas não cicatrizavam. Era peito no sol, peito na compressa fria, peito na pomada, peito no laser e peito na boca do nenê, que lacerava novamente.

Consultora de amamentação 1, consultora de amamentação 2, banco de leite, vídeos, conversas com especialistas. Lancei mão de tudo, insisti. Por quê? Não faço ideia. Talvez por querer que Ian tivesse todos os benefícios nutricionais, uma vez que, nos primeiros dias, não conseguia doar todo o meu afeto? Seria perfeccionismo? Ou por almejar ter a liberdade de alimentar meu filho a qualquer momento e em qualquer lugar, sem ter de esterilizar mamadeiras e carregar trambolhos? Hoje, penso que foi tudo isso.

Usei bombinha elétrica para tirar leite (tenho trauma do barulho que ela faz até hoje), fiz ordenha manual, Ian tomou leite no copinho, na colher dosadora e na mamadeira. Tive mastite e necessitei de antibiótico. Enquanto isso, insistia em colocá-lo no peito.

Precisei dar fórmula nos primeiros dias em casa também, mas não fazia ideia de como oferecer, só sabia sobre aleitamento materno. É ridículo para uma jornalista, que prega ouvir todos os lados, ter ido apenas atrás da informação que me interessava.

Durante a gestação, imaginava as respostas que daria quando falassem que era hora de desmamar ou quando sugerissem que seria melhor me esconder para amamentar, mas, no fim das contas, o pitaco que eu mais desejava ouvir era “minha filha, use logo uma mamadeira e pare de sofrer”.

Das poucas opiniões que recebi, uma das mais clássicas: “Seu meu leite não está sustentando o bebê”. Diante da perda de peso dele nas duas primeiras semanas, parecia muito real, o que me jogou ainda mais para baixo.

No mais, todas as pessoas a minha volta respeitaram a minha vontade de persistir amamentando. Enfim, depois de longas semanas, o negócio engrenou.

Quando estava no terceiro mês e tudo parecia normal, uma nova inflamação e um ducto lactífero entupido surgiram. Dor lancinante. O tratamento: usar uma agulha esterilizada ou esfregar uma toalha molhada até estourar a bolha de leite formada no mamilo, além de massagear as ingurgitações doloridas que apareceram no seio. Tentei tudo, sem sucesso imediato. Feito isso, coloquei o bebê para mamar em diferentes posições, a principal delas era a que eu ficava em quatro apoios com o seio na boca do bebê. A cena se repetiu no quarto mês e no quinto, com uma nova mastite e um febrão de três dias.

Alguém já viu alguma propaganda, filme, série ou novela com uma mãe nesta posição? Só observo mãe e filho se entreolhando e sorrindo, como se fosse um ato totalmente instintivo.

Nesta última crise, a ferida aberta no terceiro mês voltou a incomodar. Ao redor dela, o mamilo fica todo esbranquiçado, como se não circulasse sangue na região. Arde demais.

Obviamente nem todas as mães percorrem essa via crucis e muitas sentem prazer desde o início com a amamentação, mas isso não pode ser considerado o padrão. É necessário falarmos sobre as dificuldades para munirmos de informação outras mulheres. Sabendo dos eventuais problemas, podemos buscar soluções que não sejam o desmame precoce, para quem deseja continuar, e também apoio, para quem prefere desistir.

Seria hipocrisia dizer que não me orgulho de olhar as dobrinhas do Ian, frutos da amamentação. Ainda assim, não penso que toda mãe deva passar por isso, sobretudo as que têm pouco ou nenhum apoio. Respeitar-se e estabelecer limites também são atos de amor. Amor próprio e amor materno.

Embora eu reconheça o vínculo que se estabelece por meio da amamentação, posso dizer que aqui em casa o entrosamento não veio por meio dela, ao menos não apenas por essa via. Hoje, o amor pelo meu filho é imenso, ao ponto de sentir saudade de estar perto dele mesmo estando no cômodo ao lado, e amamentar deixou de ser um peso.

A maternidade tem um mantra, o “vai passar”. Junto dele deveríamos incluir “não julguemos outras mães. Não nos comparemos. Falemos sobre nossos filhos e nossas experiências sem precisar esfregar na cara de mães que estão inseguras nosso sucesso com as tais siglas LM/LD/PN/SN, entre outras. Não meçamos outro maternar com a nossa própria régua”.

Feliz fim de agosto dourado e início de primavera florida para quem amamenta no peito, para quem oferece mamadeira e principalmente para quem faz uso real da palavra da moda: empatia.”

 

]]>
0
Autoestima da grávida reflete no vínculo com o bebê, revela pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/07/autoestima-da-gravida-reflete-no-vinculo-com-o-bebe-revela-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/07/autoestima-da-gravida-reflete-no-vinculo-com-o-bebe-revela-pesquisa/#respond Wed, 07 Aug 2019 11:14:53 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/WhatsApp-Image-2019-08-06-at-16.47.35-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8483 Quanto maior a autoestima de uma mulher grávida, maior será o vínculo que ela apresentará com seu bebê no futuro. A autoestima também reflete na qualidade de sono da mãe e na redução dos níveis de estresse, ansiedade e sintomas depressivos.

Esse é o resultado do Projeto Aconchego, uma pesquisa realizado durante três anos com 523 grávidas na primeira gestação e 211 parceiros.

O levantamento mapeou emoções, vínculo com o bebê, percepção de beleza da mulher e seus parceiros em diferentes trimestres da gravidez e início do pós-parto.

Ainda sobre a autoestima, o segundo trimestre da gestação é o que mais apresentou respostas sobre a insatisfação com o corpo.

A pesquisa apontou que o vínculo com o filho também aumenta na proporção do apoio de outros integrantes da família e de amigos próximos. Quanto mais pessoas participando da criação de uma criança, maior será a resiliência do casal.

Parceiros têm menor vínculo com a mulher no terceiro trimestre da gestação, porém esse vínculo aumenta no pós-parto. Já a ansiedade das mulheres tende a subir ao longo da gestação alcançando níveis até quatro vezes maiores após o nascimento do bebê.

“Percebemos que a ansiedade é tão recorrente quanto a depressão e que a percepção de felicidade do homem caminha junto com a da mulher. Quando ela abaixa, ele acompanha”, afirma Eduardo Zlotnik ginecologista e obstetra e vice-presidente do Hospital Albert Einstein.

“Um médico só vai perceber esses sintomas na mulher se fugir do pré-natal técnico, que apenas pesa a mãe, mede sua barriga e pede um ultrassom. É preciso uma escuta ativa para falar sobre o que ela não sabe perguntar”.

O obstetra defende a mudança do ensino da conduta médica ainda na faculdade. “Só assim será possível abrir portas que nunca foram abertas e saber como a gestante efetivamente está”, conclui.

 

“O vínculo é essencial para determinar o que a pessoa vai ser no futuro. Ele também determina como será a relação dessa criança com ela mesma e com os outros no futuro”, diz a especialista em desenvolvimento de marcas da Natura, Daniela Becker. “Quanto mais bem cuidada, melhor essa criança saberá cuidar de si mesma”, completa.

Os dados do Projeto Aconchego foram coletados pela área de Ciências e Bem-Estar da Natura, em parceria com o Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Foram ouvidas gestantes das classes A, B e C nos hospitais Albert Einstein e Vila Santa Catarina e em UBS (Unidades Básicas de Sáude).

A pesquisa foi divulgada no início deste mês no relançamento da linha Mamãe e Bebê.

Curta o Maternar no Instagram.

]]>
0
Para ter saúde mental, toda mãe precisa de tempo sozinha, diz Hel Mother https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/10/para-ter-saude-mental-toda-mae-precisa-de-tempo-sozinha-diz-hel-mother/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/10/para-ter-saude-mental-toda-mae-precisa-de-tempo-sozinha-diz-hel-mother/#respond Fri, 10 May 2019 20:12:02 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-10-at-17.08.33-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8112 Você consegue deixar seu filho em casa e sair sem culpa? Sentiu-se mal por voltar a trabalhar após o fim da licença maternidade? Quem te julgou mais? Alguém próximo ou você mesma?

Esses foram alguns dos temas do bate-papo sobre maternidade que ocorreu nesta sexta-feira (10), no Espaço TragaLuz, em São Paulo.

“É uma armadilha achar que que ninguém vai cuidar do seu filho tão bem quanto você. Isso acaba sobrecarregando ainda mais a mãe”, disse a jornalista e escritora Rita Lisauskas.

“Eu sou o maior exemplo dos meus filhos. Se saio para trabalhar, fico feliz e bem comigo mesma. É importante eles verem e aprenderem que isso é uma forma de respeitar-se”, explica Shirley Hilgert, do Macetes de Mãe. “Mas já cheguei a sonhar em ser internada”, brinca referindo-se ao cansaço pela criação dos dois filhos. Nesse momento, rolou uma identificação coletiva.

Em relação à maternidade nas redes sociais, Helen Ramos, a Helmother, diz considerar maldade mulheres famosas que postam fotos magras na saída da maternidade ou dizem que emagrecer é questão de força de vontade. “Já cheguei a pesar 10 kilos menos e ouvir que estava linda enquanto vivia uma depressão pesada e me sentia muito mal. A que preço ser magra?”, questionou a roteirista.

Ela lembrou de como é libertador para as mulheres ver Meghan Markle apresentar seu filho à imprensa com o rosto inchado e com a roupa marcando sua barriga de recém-parida.

Helen também contou suas experiências como mãe solo e citou os inúmeros julgamentos que passou por querer sair sem o filho –hoje com cinco anos. “A gente precisa estar coma gente mesma e é preciso procurar e conseguir uma rede de apoio, pela nossa saúde mental”, concluiu. O encontro foi promovido pela Multikids Baby em homenagem ao Dia das Mães.

Curta o Maternar no Instagram.

 

]]>
0
Mulher exibe marcas na barriga e diz que ‘ninguém fala sobre lado negro da maternidade’ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/mulher-exibe-marcas-na-barriga-e-diz-que-ninguem-fala-sobre-lado-negro-da-maternidade/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2017/01/18/mulher-exibe-marcas-na-barriga-e-diz-que-ninguem-fala-sobre-lado-negro-da-maternidade/#respond Wed, 18 Jan 2017 09:25:00 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=6993 Alexandra exibe marcas da gravidez na barriga (Fonte: Instagram?@alexandrabrea)
Alexandra exibe marcas da gravidez na barriga (Fonte: Instagram/@alexandrabrea)

Mãe de duas crianças, a americana Alexandra Kilmurray, 23, decidiu mostrar como ficou sua barriga após o segundo parto. Em vez de uma barriga sarada e cheia de gominhos, como as famosas costumam mostrar, o abdômen de Alexandra aparece flácido e com marcas de estria.

Por que ela decidiu expor sua barriga no Instagram? “Demorou 18 meses para chegar aqui, 18 meses para não chorar quando me olho espeço, 18 meses para voltar a me sentir bonita na minha própria pele de novo” escreveu em post que já recebeu mais de 5.000 curtidas.

Mãe de dois meninos, um de 18 meses e outro de 5 meses, Alexandra diz que “ninguém avisa sobre esse lado da maternidade e da gravidez”. “Ninguém se preocupa em te explicar as mudanças físicas e mentais no momento em que você se vê mãe”.

“Quero aplaudir vocês que estão lutando contra a depressão pós-parto e mesmo assim se levantam por seus filhos. Saúdo vocês que seguem chorando pelas marcas que a gravidez deixou em seus corpos. Celebremos a maternidade, quero animá-las, pois tudo passará”, escreveu.

Por e-mail, Alexandra disse ao Maternar que a maternidade mudou sua vida complemente. “Minha primeira responsabilidade não é mais comigo e sim com meus filhos. A gravidez mudou meu corpo, eu ganhei centenas de estrias por toda parte. Minha vida consiste em amar meus filhos. Esse é meu trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana.”

Ela começou a escrever sobre depressão pós-parto e maternidade real em um blog. “É muito importante para as outras mães saberem que não estão sozinhas, estou ali com elas. Escrevo sobre depressão pós-parto porque ainda não se falou o suficiente sobre isso. Quero que as outras mulheres se sintam confortáveis falando sobre as mudanças da gravidez, sobre seus corpos e sobre a depressão”, afirmou ela por e-mail ao Maternar.

Você também ficou com marcas da gravidez? Conte seu caso para o Maternar

Siga o Maternar no Instagram

Siga o Maternar no Facebook

]]>
0
Mulheres precisam se redescobrir após a maternidade, diz psicóloga e coach de mães https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/09/23/mulheres-precisam-se-redescobrir-apos-a-maternidade-diz-psicologa-e-coach-de-maes/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/09/23/mulheres-precisam-se-redescobrir-apos-a-maternidade-diz-psicologa-e-coach-de-maes/#respond Fri, 23 Sep 2016 20:16:22 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=6506 Foto de Danielle já foi compartilhada mais de 22 mil vezes (Reprodução/Facebook/Danielle Haines)
Foto de Danielle, que relatou solidão e tristeza após o parto já foi compartilhada mais de 22 mil vezes (Reprodução/Facebook/Danielle Haines)

Algumas mulheres sentem-se confusas e sozinhas após a maternidade. Elas estão aprendendo a assumir o papel de mãe e sentem-se perdidas quanto às figuras exercidas até aquele momento, como as de filha, mulher e profissional.

Cheias de dúvidas e angústias, muitas dessas mães estão recorrendo a psicólogas e coachs para se redescobrirem após a maternidade. Não que elas não tenham amigas para conversar e desabafar, mas sentem que estão em momentos diferentes e que seus problemas podem não interessar a outras pessoas.

“Percebo que muitas mães se sentem perdidas com tantas mudanças. Embora as sintam, não conseguem discernir o que está acontecendo de fato, gerando uma série de dúvidas e conflitos internos como a perda de identidade e dos demais papeis que ela exerce na sociedade, sobretudo, em família”, diz a psicóloga e coach Bianca Amorim.

Segundo ela, essa mãe precisa entender o que mudou na sua vida com a chegada do bebê. “Descobrir o que continua a fazer sentido e que agora não faz mais, quais foram as mudanças de valores que ocorreram e estão ocorrendo ao longo deste processo, pois, tudo isso impactará nas suas decisões futuras”, afirma.

O primeiro passo para se redescobrir após a maternidade é o autoconhecimento. “É importante que essa mulher se conheça melhor e aceite estas mudanças para que viva a maternidade de forma mais segura”, diz Bianca.

Para orientar mulheres que passam por esse momento de dúvida, a coach organizou o  1º Workshop Renascendo após a Maternidade, totalmente online e gratuito, que acontecerá de 26 de setembro a 10 de outubro.

O objetivo do worshoph, segundo ela é ajudar as mulheres a encontrar respostas para as dúvidas e culpas mais comuns do universo materno como, “quem sou eu após a maternidade?” e “volto ou não ao trabalho?”.

“É a partir do autoconhecimento que ela vai entender todas as modificações e transformações que a maternidade lhe trouxe, compreender o que realmente lhe faz sentido. O que ela deseja retomar em termos de papéis sociais, quando ela irá retomá-los. São decisões sem regras e que permitem que cada uma as execute de forma muito individual e particular, cada uma tem o seu momento”, diz a coach.

Uma das principais dúvidas que as mães levam para a psicóloga é se é possível ter vida própria e individualidade após a chegada dos filhos. “É possível, mas para isso é preciso este autoconhecimento, ter uma rede de apoio e se colocar em ação. Toda mulher precisa de uma rede de apoio para que ela consiga ter seus momentos de individualidade e isso fará um bem enorme para si e para o seu filho”, afirma Bianca.

Informações e inscrições sobre o workshop podem ser obtidas aqui.

]]>
0
Saiba por que o desejo sexual da mulher cai durante a amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/saiba-por-que-o-desejo-sexual-da-mulher-cai-durante-a-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/06/20/saiba-por-que-o-desejo-sexual-da-mulher-cai-durante-a-amamentacao/#respond Mon, 20 Jun 2016 11:51:03 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5845 Você só quer dormir quando chega a hora de ir para a cama? Entenda motivos (Fotolia)
Você só quer dormir quando chega a hora de ir para a cama? Entenda motivos (Fotolia)

Não se assuste se você perceber que perdeu a vontade de transar logo depois do nascimento do bebê.  As mulheres que amamentam, quase sempre, têm queda do desejo sexual.

Isso acontece porque há um aumento da prolactina, hormônio da produção do leite, que inibe a produção de estrogênio durante o pós-parto e amamentação.

“A queda do nível de estrogênio e a produção de prolactina podem interferir negativamente a libido”, diz o ginecologista Ricardo Bruno, da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de Rio de Janeiro.

Outro problema, segundo ele, é que também há o ressecamento vaginal neste período, o que aumenta a sensação de incômodo durante o ato sexual.

“O estrogênio é responsável por estimular as células da parede vaginal a produzirem o glicogênio, que serve de alimento para os lactobacilos e que mantém o pH da vagina estável e saudável. Com menos estrogênio, a parede vaginal fica mais fina e seca, o que pode levar ao ressecamento. Esse ressecamento vaginal pode causar uma baixa na autoestima, o que afeta o desejo sexual da mulher”, diz Bruno.

Esses sintomas só vão desaparecer, segundo o ginecologista, quando a mulher não estiver mais produzindo leite.

O que fazer até lá? O jeito, diz o médico, é  a mulher conversar com o marido e explicar como se sente. Não adianta querer forçar o sexo sem ter vontade.

“É importante para a mulher compartilhar com o parceiro o problema que afeta tanto ela quanto a relação. Dessa maneira, os dois poderão encontrar juntos uma solução”, afirma Bruno.

Segundo ele, o marido precisa ter muita compreensão sobre esse momento da vida da mulher. “Após o parto, com a falta de estrogênio e o ressecamento vaginal, a última coisa que a mulher pensa é em sexo, ainda mais com um bebê mamando o tempo todo.”

Para a questão do ressecamento, ele sugere o uso de lubrificantes ou hidratantes intravaginais.

“A solução para o ressecamento precisa ser livre de hormônios para não interferir na produção do leite. As opções são o uso de lubrificantes no momento da relação ou de hidratantes intravaginais, que podem ser utilizados em qualquer momento do dia e restauram a lubrificação natural. Os estrógenos locais, tipo promestrieno, também podem ser usados”, diz o ginecologista.

Os médicos também podem ajudar oferecendo soluções que tragam “conforto a esta mulher para que a relação sexual volte a ser prazerosa”.

O ginecologista Ricardo Bruno (Arquivo Pessoal)
O ginecologista Ricardo Bruno (Arquivo Pessoal)
]]>
0
Eu tinha a ilusão de que era só colocar no peito e amamentar, diz mãe que teve depressão pós-parto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/06/09/eu-tinha-a-ilusao-de-que-era-so-colocar-no-peito-e-amamentar-diz-mae-que-teve-depressao-pos-parto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/06/09/eu-tinha-a-ilusao-de-que-era-so-colocar-no-peito-e-amamentar-diz-mae-que-teve-depressao-pos-parto/#respond Thu, 09 Jun 2016 12:01:52 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5787 Tatiana conseguiu amamentar após buscar apoio e informação (Divulgação)
Tatiana conseguiu amamentar após buscar apoio e informação (Divulgação)

A consultora de segurança da informação da Bayer, Tatiana Mota, 32, teve depressão pós-parto. Sua dor era causada, principalmente, pela dificuldade que teve para amamentar o filho Daniel, de 2 anos.

“Eu achei que sabia, tinha a ilusão da maternidade perfeita, que era instintivo, que era  só colocar no peito e ia ser natural. Mas não foi assim, tive muita dificuldade com a pega”, diz ela.

Para piorar, ela diz que se informou pouco durante a gravidez sobre amamentação e acabou dando chupeta para o filho. “Tem criança que não tem problema com confusão de bicos, mas eu fui sorteada. “

Só que Tatiana não desistiu. Buscou ajuda em bancos de leite, grupos de apoio, pediu ajuda a consultoras de amamentação e a médicos especialistas. “Demorou três meses para conseguir amamentá-lo exclusivamente com leite materno, mas deu certo. Fui até 1 ano e oito meses.”

Ela diz que sofreu muito até entender o que estava atrapalhando a amamentação. “Até descobrir, fiquei mal. Achava que tinha rejeitado meu peito e tive de complementar [com leite artificial].”

Tatiana conta que seu marido entendeu sua necessidade de se empenhar tanto para amamentar o filho. “Pode ser um pouco difícil entender o quanto eu achava importante dar leite materno. Pra ele, seria mais tranquilo se eu tivesse dado leite artificial. Mas ele entendeu.”

Hoje, a consultora diz que seu empenho valeu a pena. “A maioria desiste [nas primeiras dificuldades]. Sou defensora da amamentação. Acho importante para a mãe e para o bebê.”

No finzinho da licença-maternidade, Tatiana decidiu fazer uma cirurgia de redução de estômago. Ela emagreceu 52 kg desde então. “Perdi uma pessoa.”

Por conta da licença-maternidade e cirurgia, ela ficou sete meses afastada do trabalho. Ela diz que o apoio da empresa foi fundamental para superar essas fases e voltar tranquila para sua função.

“Meu gestor me apoiou muito. Precisei me ausentar nos primeiros meses. Mesmo trabalhando em uma área de TI, ele entendeu que a gente retorna aos poucos, que não dá para desligar a chave [da maternidade]. Pensava muito no meu filho no começo”, diz Tatiaa.

Outro benefício que ela usufrui na Bayer é o do home-office, que permite trabalhar de casa uma vez por semana. “Ajuda muito, pois levo e busco [o filho] na escola neste dia.”

Tatiana é funcionária da Bayer, que criou o programa Conte Comigo para facilitar a volta das funcionárias da licença-maternidade, além de orientar e dar suporte na solução de problemas pessoais as gestantes e as mulheres que já tem filhos .

O projeto oferece atendimento telefônico confidencial de profissionais que podem ajudar a colaboradora ou a mulher do colaborador. Entre os problemas que podem ser atendidos estão desde os de ordem emocional, como jurídicos ou até financeiros, como a perda de emprego do cônjuge.

Na parte jurídica, os profissionais podem ajudar com orientações para casos de separação durante a gravidez ou seguida ao parto ou em processo de adoção.

Além do Conte Comigo, que completou um ano de funcionamento em maio, a Bayer possui 10 programas voltado à saúde da gestante, como isenção de coparticipação no plano de saúde durante a gravidez, dieta especial e sala de amamentação.

]]>
0
Campanha alerta sobre necessidade de apoiar novas mães; veja vídeo https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/02/campanha-alerta-sobre-necessidade-de-apoiar-novas-maes-veja-video/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/02/campanha-alerta-sobre-necessidade-de-apoiar-novas-maes-veja-video/#respond Mon, 02 May 2016 10:48:31 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5613 Foto da campanha Décimo Mês (Divulgação)
Foto da campanha Décimo Mês (Divulgação)

A Bepantol Baby lançou nesta quinta (28) a campanha global Décimo Mês, que trata dos  sentimentos da mulher no puerpério _período de até 45 dias após o parto. Com um vídeo e um site, o objetivo da campanha é apoiar as novas mamães, que muitas vezes se sentem sozinhas e sobrecarregadas nessa fase tão importante da vida.

Rodado em diversos países, o vídeo pergunta para as mães como elas se sentem. E a resposta que se vê são olhos marejados em mulheres cansadas ou inseguras.

Uma delas respondeu que há muito tempo não se pergunta como está se sentindo. Outra afirma que sente-se como o centro do universo tivesse saído dela e ido para a filha. “Você fica tão cansada que pagaria para dormir”, responde uma outra.

Segundo a empresa, o objetivo é criar um movimento mundial que reconheça e auxilie essas mulheres, reforçando o papel da sociedade para que não se perca a alegria dos primeiros dias da vida materna.

“Com o nascimento do filho, as mães passam por uma série de transformações físicas e emocionais. Ainda precisam aprender a lidar com o papel de coadjuvante nas primeiras semanas da vida materna. E é exatamente esse o momento em que elas mais precisam de cuidado e atenção”, diz André Mendes, gerente de marketing de Bepantol Baby no Brasil.

]]>
0