Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No mês da ‘paciência negra’, curadora de livros cobra mais pesquisa em obras infantis https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/#respond Fri, 19 Nov 2021 13:24:45 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/kit-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9438 Ao longo de todo o mês de novembro, a educadora Sarah Carolina, do @maternagempreta, está usando seu Instagram para publicar pílulas antirracistas.

“Bullying é diferente de racismo” ou “Assuma que definitivamente não somos todos iguais” estão entre os tópicos das postagens do mês da Consciência (ou paciência) negra, como ela diz.

Leitora voraz, aos 11 anos Sarah percebeu pela primeira vez a falta de representatividade nos livros em “O mundo de Sofia”.

“Perguntei pra minha mãe se não existia filósofo preto. Ela me deu uma resposta bem dura, mas que foi muito importante: pessoas brancas escrevem sobre pessoas brancas, para leitores brancos. Então eu tive o start de procurar autores negros”, conta.

Sarah começou a lecionar em escolas públicas em 2010 e sempre se deparou com racismo, inclusive conta que ele era reproduzido entre os alunos negros.

“Achei que era uma obrigação como professora e também como negra educar para mudar isso.  Nós, pessoas pretas, geralmente não podemos nos dar ao luxo de não incentivar o antirracismo, é uma questão de sobrevivência”, afirma.

Ao deixar a sala de aula, decidiu manter a empreitada que iniciou na última escola onde lecionou: divulgar publicações de qualidade. Nasceu aí o kit Kekerê, um clube de assinatura de literatura infantil antirracista, cujo lema é que a leitura não pode ser privilégio de famílias brancas, com dinheiro, e sim, deve alcançar a todos.

Curadora de livros infantis cobra mais pesquisa e respeito à história dos negros (Arquivo Pessoal)

Na curadoria, ela leva em consideração se as histórias apresentam personagens negros, se todas as crianças, inclusive brancas sentem interesse, se a publicação valoriza a cultura e história afro-brasileiras, se os autores são negros (que sabem o que é ser uma criança preta em uma sociedade racista), ou brancos com trajetória assumidamente antirracista e se o material possui impressão de qualidade.

“No fim tem que passar pelo crivo da criançada. Leio pro meu filho Lucas ou filhos de amigos e observo as reações deles. Já aconteceu de eu achar um livro incrível e as crianças acharem chato”, revela a mãe de Murilo, 18, Lucas, 6 e Maya, 1.

Sarah faz uma crítica aos livros que são considerados afirmativos, mas que foram escritos apenas  para atender um nicho. “Pessoas negras finalmente passaram a ser vistas como consumidoras e por isso muita gente correu para escrever para leitores negros, apenas para se aproveitar da demanda e pela pressa do lucro. Não se deram tempo de refletir sobre o que e como essas obras estavam sendo escritas”, observa.

“Não adianta apenas pegar um personagem branco e lhe atribuir características físicas que o transformem em negro. Falta criticidade e conhecimento sobre alguns temas. Faltam pesquisa e um diálogo sobre as dores do ser negro: mesmo na infância, a vivência da pessoa negra é diferente, e um autor comprometido precisa entender isso”, pontua.

Ela diz que um autor que se propõe a escrever sobre a cultura esquimó, por exemplo, pesquisa e conversa com pessoas que vivenciam essa cultura. Da mesma forma, escrever sobre pessoas pretas requer pesquisa. “Muitos autores parecem dispensar essa etapa, pois supostamente já conhecem nossa cultura (ensinada tortamente na escola onde o negro é sempre o escravizado, a mão de obra etc). Isso é inclusive, o reflexo de um racismo estrutural onde o negro não representa uma cultura, separado da história branca eurocêntrica”, conclui.

SERVIÇO

Kit Kekerê – clube de assinatura de leitura infantil com conteúdo antirracista, a partir de R$29,90 (assinatura mensal)

Instagram –https://www.instagram.com/maternagempreta/

Contato: maternagempreta@gmail.com

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‘Equilíbrio não existe’, afirma Flávia Calina sobre atenção dada aos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/#respond Fri, 05 Nov 2021 17:01:23 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/2-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9360 Quem assiste aos vídeos da educadora Flávia Calina no YouTube pode até pensar que seus filhos nunca brigam, não fazem birra ou jogam as coisas longe quando são contrariados.

Na verdade, ela afirma que Victória, 7, Henrique, 5 e Charlie, 2, são como todas as crianças e passam por tudo isso também, mas que exibir cenas constrangedoras deles não é o intuito do canal, que tem quase oito milhões de inscritos.

Seu primeiro vídeo no YouTube foi publicado em fevereiro de 2009. Na época, ensinava a usar maquiagem e testava produtos.

Com o nascimento de Victoria, há 7 anos, as gravações saíram da frente do espelho e passaram a acompanhar a rotina da família, incluindo viagens, idas ao médico e teste de receitas. As gestações seguintes também foram exibidas no canal, assim como a mudança de casa e um surto recente de pé mão boca.

Flávia mora nos Estados Unidos desde 2005 e conta que algumas diferenças culturais são bastante acentuadas. A principal delas, a forma como os pais americanos ensinam seus filhos a serem independentes desde cedo.

Em conversa com o Blog Maternar, Flávia falou sobre educação respeitosa, equilíbrio na hora de dar atenção para as crianças e a importância de respeitar os sentimentos delas, assunto que aborda nos três livros que lançou recentemente em parceria com a Johnson’s.

Blog Maternar – Você está nos Estados Unidos desde 2005 e trabalhou um tempo como educadora aí. Quais as principais diferenças você encontrou na educação entre os dois países?

Flávia Calina – Há muitas diferenças, mas a principal delas é a independência. No Brasil, a gente era “babá” dos alunos. É normal tratarem as crianças como bebezões por mais tempo. Aqui, com dois anos, por exemplo, eles já se servem e raspam o prato. Em 2007, eu fiz um curso na Califórnia sobre respeito com bebês. Ele abriu minha mente sobre o quanto tentamos fazer tudo por eles, inclusive controlar os sentimentos ou ditar como devem se sentir. Quando comecei a observar as crianças no meu trabalho e depois os meus filhos, a relação melhorou muito, porque eles se sentiam vistos e ouvidos. Também trabalhei com muitas professoras tradicionais que achavam que criança tinha que ficar no seu lugar, eram ríspidas. É difícil mudar essa mentalidade, não fomos ensinados dessa forma. A gente tem vergonha do que a gente sente, não falamos que temos inveja para ninguém. Precisamos aplicar esses ensinamentos primeiro com a gente e aí enxergamos a criança como uma pessoa completa.

Blog Maternar – Os livros trazem seus filhos em momentos de raiva, tranquilidade, medo, confiança, tristeza e alegria. Como escolheu os temas e como faz para trazer leveza a temas delicados, como a birra? 

Flávia Calina – Assim como os adultos, as crianças também experimentam quase todos os dias raiva, tristeza, inveja e medo. A diferença é que nem sempre eles conseguem identificar esses sentimentos. E por não conseguirem explicar o que estão sentindo, pode ser que se joguem no chão ou joguem alguma coisa na parede. Isso não é ok, mas todo comportamento é uma comunicação que ocorre quando elas não conseguem expressar o que estão sentindo. É a partir desses comportamentos que elas mostram o que realmente precisam. Os livros convidam a prestar atenção nesses sentimentos, porque muitas vezes ficamos cegos diante dos comportamentos e mascaramos a necessidade real das crinaças.

Blog Maternar – O choro das crianças pode causar incômodo em alguns adultos e por vezes é silenciado pelo famoso “engole o choro”. Como mudar essa raíz cultural que normaliza esse e outros tipos de violência?  

Flávia Calina- Temos que normalizar o choro. Uma criança não chora porque é mimada, mas porque está realmente sentindo algo. Muitos buscam distrair a criança porque ficam desconfortáveis com aquele sentimento. Normalizar os sentimentos move a violência para longe, por meio da empatia. Chorar não é errado e não é defeito, como digo no livro. Se a criança está com raiva, por exemplo, no lugar de falar “não pode”, observe e diga: você tá com raiva? Como está se sentindo? O que podemos fazer para você não sentir raiva? Eu não sou perfeita, também piso na bola, mas quando isso ocorre, eu peço desculpas e aproveito para ensinar aos meus filhos que sempre há uma nova chance, uma esperança que dá para melhorar, fazer diferente.

Equilíbrio não existe, diz Flávia sobre atenção dada aos filhos (Arquivo Pessoal)

Blog Maternar – Você tem três filhos de idades diferentes (7, 5 e 2). Como faz para equilibrar a atenção para cada um deles e continuar produzindo conteúdo na internet, cuidando da casa e da empresa (loja de roupas)?

Flávia Calina – Cheguei a conclusão de que o equilíbrio não existe. Sempre a gente vai dar mais atenção de um lado e acabar deixando o outro. Mas sigo alguns principios que me ajudam a priorizar. Por exemplo, o Charlie quando era bebê precisava de muito colo, do contato físico. A Vic pede uma atenção diferente , típica da idade dela. O Henrique é o mais independente, mas tem necessidade de ter um tempo junto brincando. Em geral não me pede muitas coisas, apenas para que eu jogue um pouco com ele. O importante é sempre enxergar a pessoa, ouvir, se colocar no lugar e perceber qual a necessidade naquele momento. Todos querem se sentir vistos e amados.

Blog Maternar – Recentemente, no aniversário de um dos seus filhos, os demais irmãos entregaram presentes para o aniversariante e não ganharam nada. Como educar para não sentir inveja e entender que naquele dia não ganharão nada?   

Flávia Calina – Não há solução rápida para criar filhos, todo dia é uma sementinha. É preciso regar, falar e aparar arestas. Quem tem irmão ou teve primos próximos sabe que há competição. O que não devemos fazer é envergonhá-los por sentirem o que sentem, porque muitas vezes eles não sabem lidar com aquilo. Já passei por isso aqui e procuro dizer: você também queria isso? Eu entendo, mas você se lembra de quando foi sua vez? Como será no seu aniversário? Procuro levar pro lado de sentir algo gostoso ao ver o outro feliz e curtir junto. Nós ensinamos o ABC para as crianças, a se vestirem, e não ficamos bravos quando erram a conta ou a forma de colocar a roupa. Porém, quando sentem ciúmes, nós ficamos bravos. O problema é que eles vão dar um jeito desse sentimento fazer sentido para eles e o comportamento pode virar uma bola de neve. Costumo dizer que o papel dos pais é serem mentores: como eu quero que ele enxergue a vida? As crianças têm que saber que eles sempre têm com quem contar.

Blog Maternar – Seu canal exibe sua vida, sua rotina, você fala sobre algumas dificuldades e até expõe vulnerabilidades. Um exemplo é quando se trancou no closet e chorou falando sobre suas dores no puerpério do Charlie. Qual o limite da exposição? O que entra e o que você prefere ocultar do seu público?

Flávia Calina – Essa é a pergunta que me faço diariamente. Eu tento me colocar no lugar deles, mas sei que não sou eles. Evito choros, cenas que podem soar engraçadinhas, mas que gerem constrangimentos. Vídeos com biquini ou momento de birras também não entram. Pode até soar que quero parecer perfeita, mas não é isso. Não consigo imaginar eu discutindo com meu marido e alguém colocando o vídeo na internet. Eu sempre aviso que vou gravar antes e agora que são maiores conseguem entender esse trabalho, principalmente quando nos reconhecem na rua.  A Vi é quem mais veta coisas. Ela tem mais vergonha e o não dela é não. Além disso, o canal não é das crianças. Se fosse, teria que forçar a gravação. Depender somente da criança é ruim porque uma hora expana. Minha bandeira é o respeito com a criança. Minha missão é que mais  pessoas entendam essa mensagem.

LIVROS

Flávia lançou recentemente, em parceria com a Johnson´s, três livros infantis que falam sobre emoções. Cada “Me sinto amado quando estou…” traz dois sentimentos distintos (tristeza e felicidade, medo e confiança, e raiva e tranquilidade).

Por meio de vivências com seus filhos, ela mostra como reconhece, valida e lida da melhor forma com o que sentem. “Sentir-se amado em todas as ocasiões faz toda diferença”, diz a idealizadora do movimento “Ganhe o coração de uma criança”.

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Quer contratar uma babá e não sabe por onde começar? Veja algumas dicas https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/#respond Sat, 30 Oct 2021 17:38:50 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-25-at-15.42.40-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9354 Está pensando em contratar uma babá e não sabe por onde começar? Aqui vão algumas dicas que poderão te dar uma luz na hora de escolher alguém para cuidar dos seus pequenos.

Em primeiro lugar, pergunte para pessoas próximas se há alguma indicação. Grupos de pais da escola, academia, do condomínio, amigos dos amigos e colegas no trabalho podem facilitar a busca e indicar pessoas conhecidas.

Durante o período de entrevista e contratação, verifique referências (ligando para antigos patrões),  pergunte sobre flexibilidade de horário, verifique a experiência (facilidades e dificuldades), se tem noção de primeiros socorros e quais atividades ela poderia fazer com a criança da idade da sua.

Sonde se a profissional está disposta a aprender e se é aberta a novos conceitos: envie posts, artigos e empreste livros. Vale perguntar qual o sonho dela e como você poderia ajudá-la. “Essa pergunta aproxima, conecta e abre infinitas possibilidades de troca”, diz Olga Capri, do Amamente Mais. Olga também orienta pedir um relato de alguma situação difícil que ela viveu e como resolveu a questão.

Valores inegociáveis como tempo de telas, uso de bicos artificiais ou ingestão de açúcares, por exemplo, devem ser pontuados o quanto antes.

DIREITOS

As babás se enquadram na modalidade serviços domésticos. Precisam ser registradas em carteira e ter vale transporte, FGTS, férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno, licença-maternidade, aviso prévio e outros benefícios que o empregador queira oferecer.

É importante ter claro que além do salário bruto, é preciso incluir na organização financeira o INSS de 8,8% e os 11,2 % do FGTS, além do vale transporte (é permitido descontar até 6% do salário da profissional para arcar com esse benefício).

Babás não podem receber salário inferior ao mínimo federal ou piso da categoria no estado. Em São Paulo, por exemplo, o piso hoje está em R$ 1.163,55. A experiência da profissional, formação, quantidade de crianças sob sua responsabilidade, se precisará dirigir e demais tarefas que ela realizará também devem influenciar no valor a ser pago.

FUNÇÃO E COMBINADOS

Pelas regras da CBO, Classificação Brasileira de Ocupações, as babás devem cuidar de bebês e crianças, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer.

Todos os combinados com a funcionária, sejam horários, salário, intervalos e atividades devem estar descritos em um contrato. Pode haver um ajuste para que ela exerça outras atividades, como lavar as roupas do bebê, por exemplo. “O importante é que as atividades estejam descritas no contrato para que não se configure acúmulo ou desvio de função”, explica Karolen Gualda, advogada e especialista na área do Direito do Trabalho.

“O contrato estabelece todas as cláusulas que irão reger essa relação. Assim, as duas partes ficarão seguras a respeito do que foi ajustado”, explica a coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Mansur.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Ao empregar uma profissional pela primeira vez, Karolen indicada fazer um contrato de experiência. “Assim, é possível avaliar o trabalho, se o envolvimento com a criança foi o esperado e se a relação está se desenvolvendo como o esperado (o que, principalmente nesse tipo de relação tão próxima, só se descobre mesmo na prática)”.

Se a experiência não for satisfatória, o empregador poderá rescindir o contrato sem precisar arcar com os custos do aviso prévio indenizado ou multa do FGTS. É preciso, porém, ficar atento à dois pontos: o contrato de experiência deverá ser, necessariamente, por escrito e seu prazo não poderá ultrapassar 90 dias.

Nessa situação, se a rescisão acontecer por iniciativa do empregador (antes do final do período), ele deverá pagar as mesmas verbas que a empregada teria direito no final do contrato, além de uma indenização equivalente à metade do salário que ela receberia até a data final.

Se a rescisão antecipada acontecer por iniciativa da empregada, ela receberá as verbas citadas, mas deverá indenizar o empregador pelos prejuízos causados. Esse valor não poderá ser superior ao devido na situação contrária, ou seja, metade dos valores a que ainda teria direito no curso da contratação.

FÉRIAS

A cada 12 meses de trabalho a colaboradora tem direito a 30 dias de férias remuneradas com acrescimo de 1/3. A data não precisa ser exatamente quando a funcionária completa um ano no serviço, mas não pode ultrapassar 12 meses após completar um ano no trabalho. Se isso ocorrer, a babá terá direito a receber férias em dobro.

PAUSAS E DESCANSO

De acordo com a PEC das Domésticas, o intervalo para repouso e alimentação deve ser no mínimo de 30 minutos, e no máximo de 2 horas. Os intervalos não são considerados como horas trabalhadas no cálculo do salário, e devem ser concedidos a cada 6 horas de trabalho.

O trabalho exercido após às 22h até às 5h deverá ser pago com adicional de 20% a mais, como noturno, e caso a pessoa more na empresa, não poderá ser chamada nesse período, tendo em vista se for chamada, o empregador deverá pagar o adicional.

Gleibe Pretti, professor de direito trabalhista da Estácio lembra que o horário noturno deverá ser calculado com a hora reduzida, ou seja, 52 minutos e 30 segundos .

O professor explica que os trabalhos aos finais de semana, que excedam às 44h semanais, tem como escopo o pagamento de 50%. “Caso o descanso semanal remunerado não seja respeitado, o pagamento será de 100%”, diz.

MONITORAMENTO

Se os pais quiserem instalar câmeras para monitorar os filhos em casa, a babá precisa estar ciente.

DEMISSÃO

Quando a babá indica que quer deixar o emprego, ela precisa escrever uma carta de próprio punho pedindo demissão. Devem ser pagos o saldo de férias (se houver), férias vencidas ou proporcionais acrescidas de 1/3, 13º salário integral ou proporcional.

Se a demissão partir do empregador, ele deve pagar o aviso prévio, saldo de salários, férias, 13º salário e levantar o FGTS, e guias de seguro desemprego. A multa de 40% já foi recolhida nas guias do FGTS/DAE.

Já nos casos em que há maus tratos (natureza física ou psicológica),  improbidades como furto, roubo ou estelionato, assédios ou desleixo, a demissão pode ser por justa causa. “Neste caso, a babá só receberá apenas o saldo de salário e férias vencidas se houver”, explica o professor Gleibe Pretti.

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Campanha quer desmitificar que filhos arruínam carreiras https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/campanha-quer-desmistificar-que-filhos-arruinam-carreiras/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/campanha-quer-desmistificar-que-filhos-arruinam-carreiras/#respond Thu, 07 Oct 2021 16:13:40 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/filhosnocurriculo-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9319 “Manhêêê, terminei, vem me limpar? Muitos profissionais em home office certamente passaram por essa situação durante a pandemia.

Mesmo quem não possui filhos foi convidado a olhar essa cena com outros olhos, afinal, o trabalho invisível ganhou luz.

Pensando em aumentar o sentimento de pertencimento e acolher colabordores com filhos, a campanha #filhosnocurrículo estimula patrões e empregados a incluirem essa informação nas redes sociais.

“Convidamos empresas a repensarem as suas relações de trabalho e desconstruírem vieses para que se tornem um lugar inspirador onde pessoas queiram entrar, estar e construir uma carreira”, diz Camila Antunes, cofundadora da Filhos no Currículo.

“Acreditamos que é possível construir uma relação de vínculo e presença com os filhos sem desconstruir uma carreira”, conclui.

Um dos modelos de card disponíveis para quem quiser participar da campanha (link abaixo para download)

NAS REDES

Quem deseja participar da campanha pode postar uma imagem  no Instagram ou Linkedin (link para download abaixo), incluir a hashtag #filhosnocurrículo e escrever uma breve reflexão sobre as  habilidades que os filhos ou enteados agregaram.

“A maternidade me estimulou a desenvolver gestão do tempo, capacidade de observação e percepção mais aguçadas, maior vontade de vencer, acolher os problemas do outro e [aprendi] a ouvir mais que falar”, destaca assistente executiva Annie Baracat,43, mãe de Lilo, 5.

“Hoje não sou somente mulher, ou somente mãe. Sou mulher-mãe, ou mãe-mulher. Uma não existe sem a outra. Após me tornar mãe, me senti muito mais potente e motivada e sou uma profissional muito melhor apos ele”, afirma Annie.

Para ganhar mais força, as organizadoras também sugerem desafiar amigos nas redes sociais.

Link para mais informações: https://filhosnocurriculo.com.br/downloads/

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Pandemia obriga mães a pedirem demissão após licença-maternidade https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/#respond Tue, 23 Jun 2020 13:55:29 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/WhatsApp-Image-2020-06-22-at-19.11.50.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8886 Em meio à pandemia do coronavírus, mães que estão de licença-maternidade e precisam retornar ao trabalho estão preocupadas com o futuro dos filhos. Sem poder colocá-los em creches ou contratar babás, muitas delas são empurradas a pedir demissão por não encontrarem uma saída.

“Não sei o que fazer. Preciso voltar pessoalmente para a empresa, lá não tem home office lá. Fora isso, não tenho parentes por perto, nem posso contratar ninguém para ficar com meu filho”, diz Rute*, mãe solo de Matheus*.

Marcela* também está prestes a voltar ao trabalho após quatro meses de licença-maternidade e mais um mês de férias. Apesar da possibilidade de trabalhar no esquema de home office, não sabe como vai fazer com a pequena Ingrid*. Seu marido trabalha em horário comercial, ela não tem parentes próximos nem pode contratar uma babá para a menina.

“Sem escola, como vou fazer com a bebê sem comprometer meu trabalho? É uma vantagem estar em casa, mas a minha filha vai exigir uma atenção que meus patrões não estão dispostos a permitir”, lamenta a profissional que já pensou em pedir demissão assim que retornar.

“Meu pensamento desde o início era de colocar meu filho na creche, mas com a pandemia, não consegui fazer a matrícula. Meus sogros moram perto, mas os dois trabalham. Minha mãe é de outro estado e não pode ficar aqui porque é grupo de risco”, conta Beatriz*.

“Por um lado, sair do trabalho e ficar cuidando dele seria maravilhoso, pois acompanharia todo o desenvolvimento. Por outro lado, sair do trabalho no meio dessa crise é desesperador. Qual garantia vou ter que conseguirei retornar ao mercado de trabalho? Como vou sustentar meu filho?”, questiona a auxiliar de escritório.

“É uma escolha muito difícil, mas até o momento o que está mais certo é que terei que arriscar e parar de trabalhar. Vou colocar meu filho em primeiro lugar” diz Beatriz*, que retornará da licença daqui 10 dias.

Sem escolas, nem parentes disponíveis para ficar com os bebês, mães são obrigadas a pedir demissão após o fim da licença-maternidade (Imagem: Adobe Stock)

Pensando em reduzir essa vulnerabilidade, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apresentou o projeto de lei 2765/2020, que garante a ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias, e o da licença-paternidade, de 5 para 45 dias.

O texto, que está na fila para ser votado com urgência, também cria a licença-cuidador, que visa ampliar o período de licença para cuidados com o bebê por mais 180 dias. Neste caso, ela pode ser compartilhada com o companheiro, a critério da mãe, sem prejuízo do emprego e nem do salário.

“Em condições normais, 50% das mulheres são demitidas após o retorno da licença. Pensando em uma crise sanitária, sem perspectiva de fim, a situação ainda é pior. Sabemos que muitas empresas podem quebrar e, como sempre, as consequências das crises recaem sobre as mulheres”, afirma a deputada.

Integrante da Bancada Ativista em São Paulo, a deputada estadual e presidente da Associação Artemis, Raquel Marques, lembra que o ECA e a Constituição Federal dizem que crianças são responsabilidade do Estado, da sociedade e das famílias. “Na prática o Estado assume pouca responsabilidade, a sociedade, representada pelas empresas, também fazem pouco e a criança passa a ser vista como problema privado da família e, em última instância, apenas da mulher que a pariu”.

“De um lado a mulher precisa trazer sustento -lembrando das muitas famílias que são chefiadas por mulheres- e ao mesmo tempo se a mãe deixa a criança em casa é abandono de incapaz. Essa conta só fecha colocando uma vida em risco, deixando criança sozinha ou abrindo mão do emprego e tendo consequências financeiras”, afirma a ativista.

Raquel lembra que para o projeto ganhar força no Congresso é preciso pressão popular. Ela cita o envio de e-mails cobrando dos deputados a inclusão do projeto na pauta como uma urgência como uma das formas de mobilização.

“Não é possível que o cuidado com as crianças seja colocado como algo não prioritário. Estamos expondo a vida das crianças e aumentando a desigualdade dessas mulheres. Esse assunto não pode ser tratado como um problema privado”, reforça Raquel Marques.

*Os nomes foram trocados a pedido das mães.

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Campanha defende incluir maternidade como experiência positiva no currículo https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/05/08/campanha-defende-incluir-maternidade-como-experiencia-positiva-no-curriculo/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/05/08/campanha-defende-incluir-maternidade-como-experiencia-positiva-no-curriculo/#respond Fri, 08 May 2020 12:37:00 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/WhatsApp-Image-2020-05-07-at-16.52.19.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8858 Você já imaginou incluir a maternidade ou paternidade como fator positivo em seu currículo?

No lugar de pouco destaque ou até omissão dessa informação, incluí-la em destaque e como motivo de orgulho?

Essa é a proposta da campanha “Ser mãe e ser pai é Potência”, da ONG Somos Mães, que atua no setor 2.5, área de saúde psicoemocional, cultura e humanização do ambiente de trabalho. O Instagram deles é @somosmaesnasempresas.

A proposta é incluir no perfil do Linkedin o cargo de mãe ou pai e descrever as habilidades e sentimentos que os filhos trouxeram.

“Meus valores ficaram mais claros e potentes. Criei um senso de propósito e melhoria constante. Desenvolvi minha comunicação e esta passou a ser mais assertiva e amorosa. Passei a ter um olhar mais empático e acolhedor”, diz um dos perfis.

Anne Bertoli, facilitadora de grupos e responsável pelos programas da empresa conta que a proposta ainda assusta muitos profissionais. “Que senso comum é esse que faz a gente acreditar que nossas forças da maternidade vão sempre causar um distanciamento da nossa potência profissional?”, questiona.

“Vida profissional e pessoal até podem ser separadas, mas a psicológica não. A gente não guarda no bolso a parentalidade quando entra em uma empresa. Essa pandemia [do coronavírus] evidenciou isso” observa Anne.

Para ela, empresas que não abrirem espaços para esses profissionais vão perder talentos. “Esperamos que nosso movimento iniba empresas que se posicionam contrários a isso. É preciso acolher profissionais como pessoas de verdade”, conclui a profissional.

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Sepaco proíbe enfermeiras obstetras nos partos; para advogada, medida é ilegal https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/04/16/sepaco-proibe-enfermeiras-obstetras-nos-partos-para-advogada-medida-e-ilegal/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/04/16/sepaco-proibe-enfermeiras-obstetras-nos-partos-para-advogada-medida-e-ilegal/#respond Thu, 16 Apr 2020 19:22:38 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/04/WhatsApp-Image-2020-04-16-at-15.46.42-1.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8828 A partir do dia 1º de maio, o hospital paulistano Sepaco  vai proibir a entrada de enfermeiras obstetras e obstetrizes nas salas de parto. Apesar da pandemia do coronavírus, a medida não tem relação com a Covid-19.

Em comunicado enviado a grupos de atendimento humanizado, o hospital disse que a mudança era analisada há algum tempo e que essa é uma ação estratégica para “maior controle desse processo, bem como a linearidade das ações e eliminação de conflitos técnicos e comportamentais das equipes”.

Isso significa que se uma mulher contratou uma enfermeira obstetra ou obstetriz para seu parto, deverá abrir mão da profissional que a acompanha no pré-natal e aceitar a ofertada pelo hospital.

Para a advogada Renata Antunes Archilia, que atua em casos de violência obstétrica, a medida é ilegal porque contraria a norma 398 (2016), da ANS, que obriga hospitais a cadastrarem enfermeiras obstetras e obstetrizes externas. Essa norma foi publicada após uma ação civil pública.

“Todos os hospitais credenciam médicos para atender partos particulares. É necessário manter o credenciamento de enfermeiros externos porque essa norma possibilita a escolha da equipe, e assim diversifica o atendimento, além de proporcionar o maior número de partos normais”, diz.

Enfermeiras no parto ajudam a reduzir mortes maternas (Foto: @katialopesfotografiadeparto )

Para se ter uma ideia da importância dessa profissional, o relatório SowMy (OPA/OMS) de 2014, mostrou que a presença da enfermagem obstétrica é responsável pela redução de até dois terços das mortes maternas e neonatais motivadas pelas boas práticas com menores índices de intervenções cirúrgicas e medicamentosas.

“Gestantes que se sentirem lesadas podem acionar a Justiça por danos morais”, afirma Renata.

GESTANTES PREOCUPADAS

A publicação da informação gerou uma mobilização de muitas gestantes que tinham o Sepaco como opção de maternidade.

“Mudarei meu planejamento de parto. [O Sepaco] era minha primeira opção, mas com essa decisão arbitrária e ilegal, fica impossível. Farei uma denúncia à ANS”, afirma uma gestante na página do hospital nas redes sociais.

“Onde está a humanização num local onde a parturiente não pode levar sua equipe de confiança, que inclui as obstetrizes e enfermeiras obstetras? Lamentável se dizer humanizado, tomando tal medida”, lamenta outra grávida na página.

“Tinha planejado o parto do meu filho com vocês. Quando soube que vocês estão proibindo a entrada de profissionais de assistência ao parto vi que vocês não tem a menor ideia do que é acolher uma vida”, criticou um pai.

O Blog Maternar entrou em contato com a ANS e o Coren-SP, mas até o momento não recebemos resposta. Caso enviem nota, esse texto será atualizado.

PANDEMIA E O DIREITO DAS GRÁVIDAS

A pandemia do coronavírus mudou a rotina de muitos hospitais pelo país, impedindo a entrada de enfermeiros obstétricos, obstetrizes, doulas, fotógrafos ou cinegrafistas na sala de parto. Muitos hospitais pelo Brasil estão, inclusive, impedindo a presença de acompanhante na sala de parto, outro direito previsto por lei. 

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CFM é acionado para revogar norma que prevê intervenções médicas sem consentimento das mulheres https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/07/cfm-e-acionado-para-revogar-norma-que-preve-intervencoes-medicas-sem-consentimento-das-mulheres/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/07/cfm-e-acionado-para-revogar-norma-que-preve-intervencoes-medicas-sem-consentimento-das-mulheres/#respond Thu, 07 Nov 2019 22:38:42 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/WhatsApp-Image-2019-11-07-at-19.31.07-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8620 O CFM (Conselho Federal de Medicina) foi acionado nesta quinta-feira (7) pelo Ministério Público Federal por meio de uma ação civil pública para que sejam revogados os pontos da Resolução 2.232/2019. Nela, gestantes brasileiras são obrigadas a passar por intervenções médicas mesmo sem concordar.

Isso significa, por exemplo, que se no plano de parto a mulher decidir que não quer uma episiotomia (corte no períneo que facilita a saída do bebê) ou ocitocina sintética (hormônio usado para acelerar o parto) e o médico entender que eles sejam necessários, a palavra do profissional vai ser a final e a mulher passará pelos procedimentos, mesmo não autorizando.

Essa norma do Conselho foi publicada em setembro desse ano e prevê que o profissional adote medidas para coagir a paciente a receber tratamentos que não deseja, inclusive com a possibilidade de internações compulsórias ilegais.

Segundo o CFM, a adoção de procedimentos coercitivos ou não consentidos é “autorizada” em casos de urgência e emergência.

Já o Ministério Público Federal entende que as regras são ilegais, pois “ignoram a exigência prevista na legislação de que haja iminente perigo de morte para que tratamentos recusados sejam impostos aos pacientes”.

“Essas novas regras são contrárias às políticas de humanização do nascimento preconizadas pelo Ministério da Saúde, afronta diversos dispositivos legais e direitos consagrados pela Constituição Federal em vigor, além de representar a institucionalização de atos arbitrários e contrários à autonomia das parturientes”, destaca a ação do MPF.

Procurado, o CFM informou que ainda não foi notificado sobre o assunto. “Em caso de solicitação, encaminhará aos órgãos competentes os esclarecimentos necessários com respeito à resolução 2.232/2019“, disse a nota.

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‘Terrible two’ não existe, afirma pediatra Carlos Gonzáles https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/10/09/terrible-two-nao-existe-afirma-pediatra-carlos-gonzales/#respond Wed, 09 Oct 2019 12:40:04 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/WhatsApp-Image-2019-10-08-at-19.33.55-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8561 Você já ouviu falar no “terrible two”? A expressão é usada quando o bebê chega perto dos dois anos e passa a ser mais contundente em relação aos seus desejos. Dizem que é a adolescência deles. Gritos, birras, um monte de “não”, “não quero” e “é meu” aparecem de uma hora para outra.

Contrário ao uso do termo, o pediatra espanhol Carlos Gonzáles diz , inclusive, que ele não existe.  Autor de livros sobre amamentação, criação com apego e alimentação infantil, médico diz que a expressão é uma criação americana para designar uma fase em que a criança está apenas se entendendo como indivíduo.

A criação com apego, defendida pelo pediatra, entende que ataques de birra não são para manipular os pais. Eles servem para comunicar necessidades -que podem ser sono, irritação porque os pais passam muitas horas longe, algum medo, frustração e por aí vai. Como o cérebro deles ainda é imaturo, as crises costumar ganhar proporções assustadoras porque eles ainda não sabem como se controlar (às vezes nem a gente que é ‘cavalo veio’ consegue, quem dirá eles).

Em entrevista ao Maternar, Carlos Gonzáles fugiu de fórmulas milagrosas para ter sucesso na criação dos filhos. “Não existem soluções fáceis e garantidas”, diz. Para ele, toda criança tem direito a ser bem tratada, receber carinho e principalmente ser confortada quando chora e não silenciada, como historicamente os pais faziam com os filhos. E para que essa conexão ocorra, é preciso investir tempo.

Por fim, não quis citar erros cometidos na criação dos filhos e nem “se gabar” dos acertos. Confira abaixo:

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Maternar – A saúde emocional da criança pode refletir em sua alimentação?

Carlos Gonzáles – Muitas crianças e adultos perdem o apetite quando estão tristes ou preocupados. E também há quem coma compulsivamente devido a problemas emocionais. Mas me preocupa mais o problema inverso, como a alimentação pode afetar a saúde emocional. Com o absurdo costume de tentar forçar as crianças a comer (com prêmios ou castigos, com trotes ou ameaças, com distrações ou insistência, com chantagem emocional). Isso pode causar conflitos diários na família e transformar a hora de comer em um inferno para todos –especialmente para a criança.

Maternar  – Quais dicas o senhor dá para que as crianças sejam emocionalmente saudáveis?

Carlos Gonzáles – Não existem soluções fáceis e garantidas. Você não pode dizer “faça isso e seu filho será emocionalmente saudável”, como não se pode dizer “faça isso e seu filho nunca terá febre”. Acho que temos que dedicar tempo e atenção às crianças, tratá-las com carinho e respeito, e se algum dia tiverem um problema emocional –ou tiverem uma febre– faremos o possível para ajudá-las.

Maternar – A introdução do açúcar aos 2 anos pode afetar o paladar da criança?

Carlos Gonzáles – Acostumar-se a comer alimentos doces desde a infância é, provavelmente, consumir açúcar pelo resto da vida. Mas o inverso, evitar açúcar nos primeiros meses ou anos de vida não significa ter uma alimentação mais saudável no futuro. Adolescentes e jovens estão comendo cada vez pior, apesar de ter se alimentado de comidas sem sal e sem açúcar nos primeiros meses. O problema é que os adultos, a sociedade em geral, estão consumindo quantidades enormes de açúcar e sal com pão, bolos, refrigerantes, alimentos pré-cozidos, sucos de frutas (comer frutas é saudável, beber suco de frutas não é saudável – quando liquefeito, o açúcar intrínseco da fruta transforma-se em açúcar livre). E apesar de darmos ao bebê uma dieta especial, depois de dois ou três anos, ele estará comendo o mesmo que os pais. Portanto, o importante é melhorar a dieta dos pais. Se você comer saudável, seu filho pode comer o mesmo a partir dos seis meses. Se você não comer de forma saudável, de que adianta seu filho se alimentar saudavelmente por alguns meses?

Maternar – Cada vez mais pais procuram se informar sobre criação com apego, parto respeitoso e amamentação prolongada. O que essa mudança na criação deve afetar nas futuras gerações?

Carlos Gonzáles – Não sei. Já veremos. Talvez o aquecimento global afete as gerações futuras mais do que qualquer coisa que fazemos. Mas a questão não é essa. Uma mulher tem o direito de ter o seu parto respeitado e receber as informações e apoio necessários para amamentar a hora que ela quiser. Uma criança tem o direito de ser bem tratada, de receber carinho e ser confortada quando chora. E tudo isso tem que ser gratuito, espontâneo. Então, nem as crianças e nem as gerações futuras têm obrigação de, no futuro, serem mais saudáveis (física ou emocionalmente), mais inteligente ou mais amigáveis para valer o “esforço” de criá-los com amor. Nós fazemos a coisa certa agora porque é a coisa certa, e o futuro ninguém sabe.

Maternar Educar uma criança é uma tarefa muito difícil e exige paciência dos pais. Comportamentos desafiadores de crianças acima de dois anos levam muitos pais a perderem a paciência e até reproduzirem violência em seus filhos. Como os pais devem entender essa fase, que até chegam a chamá-la de terrible two? Existe o terrible two?

Carlos Gonzáles – Não, não há o “terrible two”. E a prova é que você precisa falar em inglês, já que não há uma expressão em português ou espanhol para se referir a isso. Eu nunca tinha ouvido falar de “terrible two” até quase 30 anos e dois filhos, quando comecei a ler livros americanos. Agora, por exemplo, eu tenho um neto de dois anos e ele não poderia ser mais amável, gentil e carinhoso.

Maternar No Brasil, há uma cultura forte do palpite. Como driblar tantos palpites e justificativas sociais quando os pais decidem “quebrar regras” consideradas inquebráveis?

Carlos Gonzáles – Qualquer mudança social produz estranheza e comentários. Eu ainda lembro quando a grande discussão era se as mulheres poderiam usar calças. E, antes disso, a presença das mulheres nas universidades causava desconforto. Os anos passam, as pessoas se acostumam e esses não são mais problemas. Devemos compreender que aqueles que criticam as mudanças, geralmente, o fazem simplesmente por hábito, não por ódio ou porque têm profundas convicções. Portanto, devemos fazer o que achamos conveniente, e não nos preocuparmos com o que as pessoas dizem.

MaternarPor que muitas pessoas ainda entendem criação com apego como criar filhos sem regras?

Carlos Gonzáles – Talvez tenhamos passado tanto tempo acreditando que os pais não têm regras que agora existe uma reação na direção oposta. Mas sim, nós pais, assim como as crianças, temos regras. Não podemos gritar, insultar, ridicularizar, punir e, muito menos, agredir em nossos filhos.

MaternarSe uma criança faz birra no avião, no mercado ou numa fila, por exemplo, pessoas ao redor olham feio, como se a culpa fosse dos pais. Quando os pais agem de forma enérgica, quem está ao redor parece aprovar a reação. Na sua opinião, por que isso acontece?

Carlos Gonzáles – O choro de uma criança causa uma forte reação em um adulto. Porque é para isso que existe o choro: para que os adultos façam alguma coisa para confortá-lo. Mas as regras sociais nos impedem de pegar no colo e confortar uma criança desconhecida, e essa sensação de impotência faz com que o choro nos pareça especialmente irritante. Na realidade, o público não aprova os pais que se comportam de maneira enérgica. Se uma criança chora e os pais gritam ou dão um tapa, ela vai chorar mais. E isso, é claro, não agradará o público. O que as pessoas querem é que os pais façam algo para que a criança pare de chorar o mais rápido possível.

Maternar – Onde considera ter acertado e onde considera ter cometido erros na criação dos seus próprios filhos?

Carlos Gonzáles – Certamente cometi erros que não vou contar a todos, e também tive sucessos, dos quais não penso em me vangloriar.

Autor de livros sobre alimentação e criação com apego, pediatra catalão participa de bate-papo com pais em novembro (Fabio Braga/Folhapress)

Carlos Gonzáles participará do bate-papo “Alimentação, amamentação e criança” promovido pela Editora Timo (responsável pelas publicações do médico no Brasil) no dia 10 de novembro, às 8h30 no Teatro Fecap (av. da Liberdade, 532, Liberdade, São Paulo).

Pais e mães interessados no assunto podem adquirir os ingressos no site:  https://www.sympla.com.br/carlos-gonzalez-em-sao-paulo—edicao-2019__629627.

Ele também passará por Fortaleza, Vitória e falará com profissionais de Saúde, em São Paulo.

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Após ampliação da licença paternidade, espanhóis querem ter menos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/28/apos-ampliacao-da-licenca-paternidade-espanhois-querem-ter-menos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/28/apos-ampliacao-da-licenca-paternidade-espanhois-querem-ter-menos-filhos/#respond Fri, 28 Jun 2019 14:23:22 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/WhatsApp-Image-2019-06-28-at-10.23.53-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8323 Até 2021, a licença maternidade e paternidade serão equiparadas na Espanha (16 semanas). A decisão foi aprovada em abril desse ano e faz parte de uma política de equiparação de direitos, instaurada em 2007.

O que seria motivo de comemoração para muitas mulheres evidenciou uma mudança no comportamento nos homens. Foi o que revelou um estudo recente publicado na Revista de Economia Pública.

Segundo as economistas Lídia Farré, da Universidade de Barcelona  e Libertad Gonzalés, da Universidade Pompeu Fabra, os pais que usufruíram do benefício de duas semanas de licença –que entrou em vigor em 2007– se tornaram de 7 a 15% menos propensos a ter outro filho.

Ainda de acordo com o levantamento espanhol, famílias que tiveram filhos antes da lei mostraram pais mais ausentes e menos comprometidos em participar da criação dos filhos. Já as famílias que tiveram filhos após a ampliação da licença para os homens evidenciaram pais mais atuantes e envolvidos na rotina familiar, mesmo após o retorno ao trabalho. A pesquisa foi realizada com homens entre 21 e 40 anos que tiraram licença paternidade de duas semanas.

Muitos são os fatores que podem explicar essa redução, entre eles o senso de responsabilidade, a consciência do esforço e até o custo da criação de uma criança.

Para Anna Chiesa, professora sênior da USP especialista na promoção do desenvolvimento infantil, é papel da sociedade desconstruir a ideia que só a mulher tem instinto para cuidar do recém-nascido. “O vínculo afetivo se constrói com presença. A conexão do pai com o bebê só vai ser gerada se houver participação em sua criação”.

Para ela, colocar o bebê para arrotar, trocar, dar banho ou dar colo também resulta em benefícios emocionais para a mãe –que vive uma oscilação hormonal comum no puerpério.

Quem vive essa mudança de paradigma é o desenhista William Mur, 34. Ele e a namorada, Daiana Vidal,30, esperam o primeiro filho. “Quando nasci, meu pai saiu para um viagem de trabalho em outro estado. Ele pensava que não poderia ajudar em nada estando ali. Para mim, hoje é inadmissível agir dessa forma”.

Além de idas em exames médicos, leituras sobre parto e participação em roda de pais, William diminuiu o ritmo de trabalho para acompanhar a gravidez de perto e se organiza para aproveitar ao máximo a primeira infância do bebê.

VANTAGENS

Um estudo da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal mostra que pais presentes no início da vida dos filhos geram reflexos importantes no desenvolvimento infantil.

Crianças de pais que fizeram uso da licença paternidade apresentaram maior probabilidade de serem amamentadas no primeiro ano de vida.

Além disso, o aumento da licença paternidade pode ajudar a diminuir a diferença entre homens e mulheres no mercado de trabalho e mudar o comportamento das famílias em relação à divisão das tarefas domésticas.

E POR AQUI?

No Brasil, mulheres têm direito a quatro meses de licença e homens a cinco dias. A maioria (que tem direito) tira férias para ampliar o tempo com o recém-nascido.

Empresas cidadã permitem que mulheres tirem seis meses de licença (lembrando que esse é o período sugerido pela OMS para amamentação exclusiva no peito) e estabelecem 20 dias para os homens ficarem em casa.

Também tramita no Senado um projeto de lei que prevê a ampliação da licença paternidade para 15 dias.

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