Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No mês da ‘paciência negra’, curadora de livros cobra mais pesquisa em obras infantis https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/#respond Fri, 19 Nov 2021 13:24:45 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/kit-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9438 Ao longo de todo o mês de novembro, a educadora Sarah Carolina, do @maternagempreta, está usando seu Instagram para publicar pílulas antirracistas.

“Bullying é diferente de racismo” ou “Assuma que definitivamente não somos todos iguais” estão entre os tópicos das postagens do mês da Consciência (ou paciência) negra, como ela diz.

Leitora voraz, aos 11 anos Sarah percebeu pela primeira vez a falta de representatividade nos livros em “O mundo de Sofia”.

“Perguntei pra minha mãe se não existia filósofo preto. Ela me deu uma resposta bem dura, mas que foi muito importante: pessoas brancas escrevem sobre pessoas brancas, para leitores brancos. Então eu tive o start de procurar autores negros”, conta.

Sarah começou a lecionar em escolas públicas em 2010 e sempre se deparou com racismo, inclusive conta que ele era reproduzido entre os alunos negros.

“Achei que era uma obrigação como professora e também como negra educar para mudar isso.  Nós, pessoas pretas, geralmente não podemos nos dar ao luxo de não incentivar o antirracismo, é uma questão de sobrevivência”, afirma.

Ao deixar a sala de aula, decidiu manter a empreitada que iniciou na última escola onde lecionou: divulgar publicações de qualidade. Nasceu aí o kit Kekerê, um clube de assinatura de literatura infantil antirracista, cujo lema é que a leitura não pode ser privilégio de famílias brancas, com dinheiro, e sim, deve alcançar a todos.

Curadora de livros infantis cobra mais pesquisa e respeito à história dos negros (Arquivo Pessoal)

Na curadoria, ela leva em consideração se as histórias apresentam personagens negros, se todas as crianças, inclusive brancas sentem interesse, se a publicação valoriza a cultura e história afro-brasileiras, se os autores são negros (que sabem o que é ser uma criança preta em uma sociedade racista), ou brancos com trajetória assumidamente antirracista e se o material possui impressão de qualidade.

“No fim tem que passar pelo crivo da criançada. Leio pro meu filho Lucas ou filhos de amigos e observo as reações deles. Já aconteceu de eu achar um livro incrível e as crianças acharem chato”, revela a mãe de Murilo, 18, Lucas, 6 e Maya, 1.

Sarah faz uma crítica aos livros que são considerados afirmativos, mas que foram escritos apenas  para atender um nicho. “Pessoas negras finalmente passaram a ser vistas como consumidoras e por isso muita gente correu para escrever para leitores negros, apenas para se aproveitar da demanda e pela pressa do lucro. Não se deram tempo de refletir sobre o que e como essas obras estavam sendo escritas”, observa.

“Não adianta apenas pegar um personagem branco e lhe atribuir características físicas que o transformem em negro. Falta criticidade e conhecimento sobre alguns temas. Faltam pesquisa e um diálogo sobre as dores do ser negro: mesmo na infância, a vivência da pessoa negra é diferente, e um autor comprometido precisa entender isso”, pontua.

Ela diz que um autor que se propõe a escrever sobre a cultura esquimó, por exemplo, pesquisa e conversa com pessoas que vivenciam essa cultura. Da mesma forma, escrever sobre pessoas pretas requer pesquisa. “Muitos autores parecem dispensar essa etapa, pois supostamente já conhecem nossa cultura (ensinada tortamente na escola onde o negro é sempre o escravizado, a mão de obra etc). Isso é inclusive, o reflexo de um racismo estrutural onde o negro não representa uma cultura, separado da história branca eurocêntrica”, conclui.

SERVIÇO

Kit Kekerê – clube de assinatura de leitura infantil com conteúdo antirracista, a partir de R$29,90 (assinatura mensal)

Instagram –https://www.instagram.com/maternagempreta/

Contato: maternagempreta@gmail.com

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Quer contratar uma babá e não sabe por onde começar? Veja algumas dicas https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/#respond Sat, 30 Oct 2021 17:38:50 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-25-at-15.42.40-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9354 Está pensando em contratar uma babá e não sabe por onde começar? Aqui vão algumas dicas que poderão te dar uma luz na hora de escolher alguém para cuidar dos seus pequenos.

Em primeiro lugar, pergunte para pessoas próximas se há alguma indicação. Grupos de pais da escola, academia, do condomínio, amigos dos amigos e colegas no trabalho podem facilitar a busca e indicar pessoas conhecidas.

Durante o período de entrevista e contratação, verifique referências (ligando para antigos patrões),  pergunte sobre flexibilidade de horário, verifique a experiência (facilidades e dificuldades), se tem noção de primeiros socorros e quais atividades ela poderia fazer com a criança da idade da sua.

Sonde se a profissional está disposta a aprender e se é aberta a novos conceitos: envie posts, artigos e empreste livros. Vale perguntar qual o sonho dela e como você poderia ajudá-la. “Essa pergunta aproxima, conecta e abre infinitas possibilidades de troca”, diz Olga Capri, do Amamente Mais. Olga também orienta pedir um relato de alguma situação difícil que ela viveu e como resolveu a questão.

Valores inegociáveis como tempo de telas, uso de bicos artificiais ou ingestão de açúcares, por exemplo, devem ser pontuados o quanto antes.

DIREITOS

As babás se enquadram na modalidade serviços domésticos. Precisam ser registradas em carteira e ter vale transporte, FGTS, férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno, licença-maternidade, aviso prévio e outros benefícios que o empregador queira oferecer.

É importante ter claro que além do salário bruto, é preciso incluir na organização financeira o INSS de 8,8% e os 11,2 % do FGTS, além do vale transporte (é permitido descontar até 6% do salário da profissional para arcar com esse benefício).

Babás não podem receber salário inferior ao mínimo federal ou piso da categoria no estado. Em São Paulo, por exemplo, o piso hoje está em R$ 1.163,55. A experiência da profissional, formação, quantidade de crianças sob sua responsabilidade, se precisará dirigir e demais tarefas que ela realizará também devem influenciar no valor a ser pago.

FUNÇÃO E COMBINADOS

Pelas regras da CBO, Classificação Brasileira de Ocupações, as babás devem cuidar de bebês e crianças, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer.

Todos os combinados com a funcionária, sejam horários, salário, intervalos e atividades devem estar descritos em um contrato. Pode haver um ajuste para que ela exerça outras atividades, como lavar as roupas do bebê, por exemplo. “O importante é que as atividades estejam descritas no contrato para que não se configure acúmulo ou desvio de função”, explica Karolen Gualda, advogada e especialista na área do Direito do Trabalho.

“O contrato estabelece todas as cláusulas que irão reger essa relação. Assim, as duas partes ficarão seguras a respeito do que foi ajustado”, explica a coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Mansur.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Ao empregar uma profissional pela primeira vez, Karolen indicada fazer um contrato de experiência. “Assim, é possível avaliar o trabalho, se o envolvimento com a criança foi o esperado e se a relação está se desenvolvendo como o esperado (o que, principalmente nesse tipo de relação tão próxima, só se descobre mesmo na prática)”.

Se a experiência não for satisfatória, o empregador poderá rescindir o contrato sem precisar arcar com os custos do aviso prévio indenizado ou multa do FGTS. É preciso, porém, ficar atento à dois pontos: o contrato de experiência deverá ser, necessariamente, por escrito e seu prazo não poderá ultrapassar 90 dias.

Nessa situação, se a rescisão acontecer por iniciativa do empregador (antes do final do período), ele deverá pagar as mesmas verbas que a empregada teria direito no final do contrato, além de uma indenização equivalente à metade do salário que ela receberia até a data final.

Se a rescisão antecipada acontecer por iniciativa da empregada, ela receberá as verbas citadas, mas deverá indenizar o empregador pelos prejuízos causados. Esse valor não poderá ser superior ao devido na situação contrária, ou seja, metade dos valores a que ainda teria direito no curso da contratação.

FÉRIAS

A cada 12 meses de trabalho a colaboradora tem direito a 30 dias de férias remuneradas com acrescimo de 1/3. A data não precisa ser exatamente quando a funcionária completa um ano no serviço, mas não pode ultrapassar 12 meses após completar um ano no trabalho. Se isso ocorrer, a babá terá direito a receber férias em dobro.

PAUSAS E DESCANSO

De acordo com a PEC das Domésticas, o intervalo para repouso e alimentação deve ser no mínimo de 30 minutos, e no máximo de 2 horas. Os intervalos não são considerados como horas trabalhadas no cálculo do salário, e devem ser concedidos a cada 6 horas de trabalho.

O trabalho exercido após às 22h até às 5h deverá ser pago com adicional de 20% a mais, como noturno, e caso a pessoa more na empresa, não poderá ser chamada nesse período, tendo em vista se for chamada, o empregador deverá pagar o adicional.

Gleibe Pretti, professor de direito trabalhista da Estácio lembra que o horário noturno deverá ser calculado com a hora reduzida, ou seja, 52 minutos e 30 segundos .

O professor explica que os trabalhos aos finais de semana, que excedam às 44h semanais, tem como escopo o pagamento de 50%. “Caso o descanso semanal remunerado não seja respeitado, o pagamento será de 100%”, diz.

MONITORAMENTO

Se os pais quiserem instalar câmeras para monitorar os filhos em casa, a babá precisa estar ciente.

DEMISSÃO

Quando a babá indica que quer deixar o emprego, ela precisa escrever uma carta de próprio punho pedindo demissão. Devem ser pagos o saldo de férias (se houver), férias vencidas ou proporcionais acrescidas de 1/3, 13º salário integral ou proporcional.

Se a demissão partir do empregador, ele deve pagar o aviso prévio, saldo de salários, férias, 13º salário e levantar o FGTS, e guias de seguro desemprego. A multa de 40% já foi recolhida nas guias do FGTS/DAE.

Já nos casos em que há maus tratos (natureza física ou psicológica),  improbidades como furto, roubo ou estelionato, assédios ou desleixo, a demissão pode ser por justa causa. “Neste caso, a babá só receberá apenas o saldo de salário e férias vencidas se houver”, explica o professor Gleibe Pretti.

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‘De cócoras’, podcast quer dar voz a gestantes e sanar dúvidas sobre parto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/19/de-cocoras-podcast-quer-dar-voz-a-gestantes-e-sanar-duvidas-sobre-parto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/19/de-cocoras-podcast-quer-dar-voz-a-gestantes-e-sanar-duvidas-sobre-parto/#respond Tue, 19 Oct 2021 14:04:07 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-15-at-20.27.53-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9339 Preciso fazer exame de toque vaginal em toda consulta de pré-natal? Até quando é seguro transar grávida? A analgesia pode atrapalhar o parto normal?

Essas foram algumas das dúvidas mais comuns recebidas nas caixinhas das redes socias de Fabiana Garcia e Bianca Rocha, obstetra e obstetriz, respectivamente.

Sem conseguir aprofundar nos assuntos, mas alcançando cada vez mais mulheres, a dupla decidiu criar um podcast para sanar dúvidas sobre gestação e parto.

O nome escolhido foi De Cócoras Podcast. “Primeiro e único nome cotado, a ideia é tirar da horizontal, do tradicional, e fazer pensar em novas possibilidades”, explica Fabiana Garcia.

A dupla também usará a bagagem em consultório para responder a mais questionamentos.

“Ainda recebemos mulheres que sabem muito pouco sobre o processo fisiológico de uma gestação e de um parto. Vemos que elas carregam uma grande insegurança por saberem tão pouco sobre esse período de suas vidas”, observa.

A primeira temporada tem oito episódios e tratará sobre até quando é seguro esperar o nascimento, indicações reais de cesariana, analgesia no parto, parto normal gemelar, entre outros.

Os programas contam sempre com convidados que podem ser pacientes ou profissionais com saberes que elas não dominam ou que vivem realidades obstétricas diferentes das delas.

Logotipo do podcast De Cócoras, que estreia nesta quarta-feira (20), no Spotify

SERVIÇO

De Cócoras Podcast 

Estreia quarta-feira (21), no Spotify e Youtube.

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Campanha quer desmitificar que filhos arruínam carreiras https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/campanha-quer-desmistificar-que-filhos-arruinam-carreiras/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/07/campanha-quer-desmistificar-que-filhos-arruinam-carreiras/#respond Thu, 07 Oct 2021 16:13:40 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/filhosnocurriculo-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9319 “Manhêêê, terminei, vem me limpar? Muitos profissionais em home office certamente passaram por essa situação durante a pandemia.

Mesmo quem não possui filhos foi convidado a olhar essa cena com outros olhos, afinal, o trabalho invisível ganhou luz.

Pensando em aumentar o sentimento de pertencimento e acolher colabordores com filhos, a campanha #filhosnocurrículo estimula patrões e empregados a incluirem essa informação nas redes sociais.

“Convidamos empresas a repensarem as suas relações de trabalho e desconstruírem vieses para que se tornem um lugar inspirador onde pessoas queiram entrar, estar e construir uma carreira”, diz Camila Antunes, cofundadora da Filhos no Currículo.

“Acreditamos que é possível construir uma relação de vínculo e presença com os filhos sem desconstruir uma carreira”, conclui.

Um dos modelos de card disponíveis para quem quiser participar da campanha (link abaixo para download)

NAS REDES

Quem deseja participar da campanha pode postar uma imagem  no Instagram ou Linkedin (link para download abaixo), incluir a hashtag #filhosnocurrículo e escrever uma breve reflexão sobre as  habilidades que os filhos ou enteados agregaram.

“A maternidade me estimulou a desenvolver gestão do tempo, capacidade de observação e percepção mais aguçadas, maior vontade de vencer, acolher os problemas do outro e [aprendi] a ouvir mais que falar”, destaca assistente executiva Annie Baracat,43, mãe de Lilo, 5.

“Hoje não sou somente mulher, ou somente mãe. Sou mulher-mãe, ou mãe-mulher. Uma não existe sem a outra. Após me tornar mãe, me senti muito mais potente e motivada e sou uma profissional muito melhor apos ele”, afirma Annie.

Para ganhar mais força, as organizadoras também sugerem desafiar amigos nas redes sociais.

Link para mais informações: https://filhosnocurriculo.com.br/downloads/

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Quer desmamar seu filho? Sinais ajudam a reconhecer o melhor momento https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/#respond Thu, 09 Sep 2021 13:50:43 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-08-at-12.49.25-6-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9269 Assim como sentar, andar, correr ou falar, o desmame deve ser encarado como um processo e não um evento.

Partindo desse princípio, nenhuma criança anda ou fala antes de estar pronta e nenhuma deveria ser desmamada antes de estar madura para isso.

literatura não crava uma idade certa, mas aponta maturidade quando a criança aceita outras formas de consolo, permite não ser amamentada em certas ocasiões, consegue dormir fora do peito e prefere outra atividade a mamar. Além disso, não demonstra ansiedade quando o peito é recusado e tem uma alimentação variada estabelecida.

Aguardar os sinais do desmame nem sempre é fácil para todas as mulheres. Há crianças que acordam mais vezes durante a noite para mamar ou demoram para aceitar o fim da amamentação. Há um cansaço invisível e muitas antecipam o processo.

A OMS recomenda amamentar até os dois anos ou mais, e se uma mãe chegou nessa fase da vida, ela tem muitos motivos para comemorar, afinal o Brasil em 2020 apresentava a média de apenas 54 dias de amamentação exclusiva no peito.

Amamentar exclusivamente por seis meses e seguir amamentando até os dois anos, infelizmente, ainda é um privilégio em nosso país.

Especialistas no assunto orientam desmamar de forma gradual, em uma momento tranquilo da vida da criança, ou seja, sem estar enfrentando outras mudanças drásticas como início da vida escolar, chegada de um irmão ou desfralde. É preciso paciência, porque desmamar pode ser imprevisível e até doloroso para mãe para o filho.

Vale lembrar que desde o nascimento o peito é um local de aconchego, segurança e descanso para o bebê. É o maior porto seguro dele, além de fonte de alimentação, é claro.

Quando Jean* completou dois anos, a empresária Fabiana* decidiu começar o processo de desmame. Leu muito sobre o assunto, fez curso de desmame gentil e aos poucos foi aplicando o que aprendeu na consultoria.

“Sou superativista e pró-amamentação, queria que fosse algo suave e tranquilo igual a tantos relatos que a gente lê na internet, mas não foi tão simples assim”, conta a mãe.

A única “vitória” no processo foi conseguir desvincular o peito do sono do filho, mas no restante do dia, incluindo as madrugadas, o menino demandava muito.

“Quando ele me via já corria pro peito. Ele mamava sempre que estava comigo. A situação estava, na minha opinião, descontrolada”, diz.

Fabiana decidiu parar de ofertar de uma vez, oito meses após o início do processo. “A gentileza já tinha ido pro espaço. Acabei indo por um caminho considerado errado e foi um processo doloroso emocionalmente, que faz com que até hoje eu me sinta culpada pela forma que ele aconteceu”, desabafa.

Já para Mayara Freire, 30, desmamar não estava nos planos, mas Estêvão, de dois anos e sete meses começou a dar os primeiros sinais de que esse tempo está chegando.

Grávida de 5 meses, Mayara conta que surgiram fissuras em seus peitos e ela percebeu que a quantidade de leite também diminuiu.

O filho já ficou três dias sem mamar e inclusive disse que “o tetê agora é do neném”, referindo-se ao bebê que está na barriga. “Nós nunca falamos nada sobre isso com ele. A última vez que mamou foi bem rápido, só um aconchego antes de dormir”, conta a mãe. “Acredito também que o gosto do leite tenha mudado”, observa.

Segundo a pediatra Kelly Oliveira, Mayara tem razão. O leite materno pode sofrer alterações no sabor e na quantidade quando a mãe está grávida novamente.

Na maior parte das vezes é possível amamentar estando grávida. Essa condição é chamada de lactogestação.

“O cuidado maior nesses casos são os aspectos nutricionais da mãe, que devem ser acompanhados de perto. Quando a gestação é de risco, aí então o desmame pode ser considerado”, diz a consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE).

Outra forma possível é a amamentação em tandem, quando a mãe oferece o peito para crianças de idades diferentes. A orientação do ginecologista e obstetra também é imprescindível para esses casos.

Kelly não recomenda desmamar de um dia para o outro. “Desmamar de forma abrupta pode trazer consequências negativas para o bebê, principalmente gerar traumas e recusa de alimentos”.

A orientação da especialista é estipular combinados e conversar muito com a criança, cumprindo os combinados para que ela sinta segurança no processo. “Se a mãe define o desmame e volta atrás, a criança ficará confusa, sem saber o que esperar”, explica.

Para a mãe, é importante fazer ordenhas de alívio, retirando leite quando o peito estiver mais cheio. Isso evitará problemas como mastite e fará com que o corpo pare aos poucos de produzir leite. 

*Nomes trocados a pedido da entrevistada

MASTERCLASS

Pais que desejam mais informações sobre desmame gentil podem participar de um evento online e gratuito no YouTube da Pediatria Descomplicada na próxima quinta-feira (9), às 20h30.

A pediatra Kelly Oliveira, consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE), Alergista e Imunologista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) dará uma aula sobre como desmamar sem romper o vínculo com a mãe.

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Colar de âmbar não alivia dores, aponta pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/#respond Fri, 03 Sep 2021 12:29:25 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-02-at-13.19.56-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9249 Querido entre muitos pais, o colar de âmbar é vendido como calmante natural, anti-inflamatório e analgésico. Famosas como Isis Valverde, Karina Bacchi e Gisele Bündchen também são adeptas ao objeto, que é feito de resina vegetal fossilizada da região báltica.

A alta concentração de ácido succínio promete atuar sobre cólicas, instabilidade no sono infantil, alergias e incômodos durante o nascimento dos dentes.

Porém, uma pesquisa jogou um balde de água fria nessas crenças. A publicação da revista Altern Complement Med não encontrou evidências que sugiram que o ácido succínico possa ser liberado dos grânulos para a pele humana.

Além disso, os pesquisadores Michael Nissen, Esther Lau, Peter Cabot e Kathryn Steadman também não encontraram evidências que sugiram que o ácido tenha propriedades anti-inflamatórias.

Mãe de oito filhos, a doula e educadora perinatal Laura Muller acreditava nas promessas de calmaria do colar que ganhou de presente. Usou o enfeite em sua segunda filha, Margot, 5, a partir do terceiro mês.

Ela diz que acreditava nos “efeitos visíveis” do colar, porém “Margot vivia no peito, aconchegada no colo ou no sling”, lembra a empreendedora digital.

“Nunca foi o colar, sempre foi meu colo”, reconhece Laura, que, inclusive, foi quem divulgou essa pesquisa em suas redes sociais.

“Erramos tentando acertar. O desespero e a exaustão fazem isso com a gente”, diz.

“Falam muito sobre as dores de cólica ou dos dentes, mas se esquecem de que os saltos e picos de crescimento também alteram o sono e o comportamento do bebê. É sempre mais fácil associar essa mundaça a algo errado do que a um processo fisiológico e natural que se resolve sozinho”, afirma a doula criticando o mercado que vende soluções rápidas para as famílias.

Mãe de Pedro, 1, Christine Dias, 31, atribui ao colar o fato de seu bebê ser tranquilo e não ter sofrido com cólicas ou dores durante a dentição. Ele passou apenas por leves alterações no sono, mas sem febre ou diarreia –comuns aos bebês nessa fase.

“Não consigo dizer se foi o âmbar ou não, não tenho como provar que foi ele, mas vou continuar usando”, afirma a mãe.

RISCOS

Em 2019, a agência feral americana FDA (Food an Drug Administration, espécie de Anvisa deles) emitiu uma advertência sobre o risco que colares, pulseiras ou tornozeleiras representavam para bebês e crianças pequenas.

No documento, os riscos apontados são de mortes por estrangulamento e engasgo.

Casos os pais ainda queiram usar a joia, pediatras não recomendam usá-la sem supervisão, durante a noite ou quando os filhos estejam sentados no banco traseiro do carro, sem adultos por perto.

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Clareza sobre nossas feridas evita ferimentos emocionais nos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/#respond Tue, 31 Aug 2021 14:13:15 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-31-at-12.31.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9208 Ter clareza das nossas dores emocionais é o melhor caminho para não repeti-las em nossos filhos. Esse é um dos pilares da Teoria do Apego, que defende a criação segura para que a criança se desenvolva plenamente em todas as áreas.

Pais que apanharam na infância tendem a agir de forma violenta com seus filhos. Lembrando que gritos, ameaças, castigos e até o silêncio, ao ignorar um pedido de ajuda são considerados violência também.

Esse comportamento ocorre porque os pais repetem o padrão que receberam no passado. É o mais familiar e o que está internalizado dentro deles, independentemente de ser o melhor, é o conhecido e o mais fácil de ser acessado, explica a psicóloga e especialista em Teoria do Apego Arieli Groff.

Para encerrar esse ciclo, ela defende o autoconhecimento. “Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor”, diz a especialista que lançou o livro “Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade” (Editora Pirililampos).

Na obra, a autora aborda assuntos caros à maternidade, como raiva dos filhos, saudade da vida de antes, solidão e o cansaço mental por ter que tomar todas as decisões relacionadas à criança.

Dividido por assuntos, numa espécie de diário, Arieli também fala sobre a convivência forçada durante a pandemia, o dia da primeira birra pública e a fuga para o banheiro na expectativa de ter apenas um minuto de silêncio –o sonho de toda mãe.

“Minha filha tem minha melhor versão em vários momentos. Mas não é brincando de boneca”, revela a psicóloga destacando o mito da mãe perfeita. “Não somos boas em tudo. E não devemos nos cobrar isso. É cruel. É utópico”, afirma.

Reconhecer sentimentos, outro pilar da Teoria do Apego, aparece no capítulo “Hoje Tive Raiva”, onde ela ralata quando a filha a tirou do sério. “Ser mãe não me canonizou e ela ser minha filha não lhe dá o título de criança mais legal do universo. Ter raiva da minha filha foi o sentimento mais justo e honesto que pude oferecer. E eu disse o que estava sentindo. Nossa relação continua, com ainda mais verdade”, conta a mãe de Maitê, hoje com cinco anos.

“Criança pede presença. A cada comportamento difícil ou ataque de fúria nossos filhos estão nos dizendo ‘me olha’, ‘me ajuda’, ‘ não estou conseguindo sozinho’, ‘preciso de você’. É fácil amar quando ela está brincando de forma criativa e inteligente, de banho tomado, sendo meiga e dormindo como um anjo”, diz o livro.

No livro Quando Nasce uma Mãe, Arieli Groff fala sobre tabus na criação dos filhos (Divulgação)

O seu puerpério foi muito pesado? O que você sentiu e quanto tempo ele durou?

Ele não foi necessariamente pesado, mas me trouxe surpresas e vivências que mesmo já atuando com infância na clínica como psicóloga, eu não tinha clareza de como eram de fato vividos pelas mães. Me trouxe estranhamento e a angústia de por vezes não conseguir nomear o que eu sentia, e com isso, um sentimento de me ver só em tantos momentos, mesmo rodeada de uma rede de apoio afetiva e presente. Para mim foi aos dois anos da Maitê que senti e consegui retomar algumas questões mais voltadas a mim e conseguir me priorizar em algumas coisas. No final do primeiro ano eu senti um alívio do tipo “conseguimos, vivemos e sobrevivemos” e ao final dos dois anos dela veio esse sentimento de me ter de volta.

Por que a ideia de mãe perfeita faz tantas mães reféns?

Percebo que esse estranhamento que senti é também vivido por muitas mulheres, onde existe uma romantização de como é a chegada de um bebê e pouco se fala de sentimentos que não são vistos como positivos socialmente, como a tristeza, raiva, cansaço, questionamentos sobre a escolha de ter tido filhos, mas que se fazem presentes na realidade de muitas mães. E então quando a mulher sente isso, se percebe sozinha, inadequada, culpada de não sentir só amor e gratidão 24 horas por dia, que também estão presentes, mas não são exclusivamente o que se sente. E com isso, muitas mulheres se envergonham de compartilhar suas vivências, sentimentos, medos, cansaços, como se não tivessem o direito de reclamar. Acredito que esse é um aprisionamento que só iremos abrir aos poucos, com informação, diminuição da cobrança social em cima das mães e rede apoio, individual e coletiva, como sociedade.

Você conta sobre alguns momentos de fuga para cuidar de si, nem que seja no sofá para ter um tempo para ver uma série, ou no banheiro para fazer um xixi em silêncio. O quanto essas fugidinhas te ajudaram a não pirar ou levar a maternidade de forma mais leve?

Me ajudaram muito. Foram quase dois anos com a sensação que a minha vida não me pertencia mais, eu descansava enquanto trabalhava (atendimento em consultório). Esses pequenos momentos me traziam a sensação de ter o controle sobre alguma coisa, por menor que fosse, de que eu ainda tinha autonomia sobre meu tempo e espaço para escolher algo que fosse por mim e para mim.

Você assume que não gosta de brincar, que seu melhor é encontrado em outros momentos com a Maitê. Quando você descobriu isso e aceitou que brincar, algo tão importante para uma criança não era muito sua praia? 

Falo desse brincar mais tradicional, especialmente com meninas, que se espera que se brinque de bonecas, por exemplo, e que a mãe goste disso. Interagimos de outras formas, mas teve o tempo em que ainda me cobrei que precisava gostar de tudo que minha filha tivesse interesse em brincar. Até que entendi que aceitar quais eram as minhas brincadeiras favoritas e que eu não precisava gostar de tudo, me trouxe alívio e assim pude me entregar com mais prazer naquilo que gostava e até mesmo nas brincadeiras que não gostava muito, pois agora não havia cobrança, mas o amor de fazer algo pela felicidade dela.

Você fala sobre sentir raiva da sua filha em alguns momentos. Muitas mães têm medo de assumir isso e você fala com muita naturalidade sobre essa raiva. Alguma mãe já te deu feedback sobre sentir isso e estar aprisionada no medo das opiniões alheias sobre esse sentimento?

Muitas. Alguns sentimentos não são socialmente validados e tampouco valorizados. A raiva é um deles e se mostra como se fosse incompatível com a maternidade. Mas os sentimentos não são nem bons nem ruins, apenas são, o que fazem deles terem um aspecto mais positivo ou negativo é o que escolhemos fazer com eles, e isso vem de um lugar de consciência, autoconhecimento, empatia consigo mesma, o que leva a possibilidade de uma regulação emocional. Com isso, muitas mães me relatam que se sentem julgadas, culpadas, inadequadas e envergonhadas de assumirem o quanto seus filhos tantas vezes despertam raiva, aumentando o senso de solidão que leva à mais raiva. A raiva surge como a percepção de não se sentir vista, sem apoio, percebendo que chega em um limite e/ou quando se vê com recursos internos escassos para lidarem com os filhos. A raiva é uma expressão de cobranças externas e internas, frustrações e desamparos vividos pelas mães.

 O que a pandemia despertou de melhor em você como mãe ? E o pior?

 Ter minha filha 24 horas por dia em casa me fez agradecer por ter o privilégio de conseguir manter a rotina com ela e de trabalho (desde 2018 passei a atender somente online, e meu marido também já trabalhava home office, então já estávamos adaptados a esse modelo de trabalho), nos exigiu criatividade, readaptações, como todas as famílias, morávamos fora da nossa cidade, sem nenhuma rede de apoio (desde junho retornamos para Porto Alegre, morávamos em Florianópolis por uma escolha desde 2018 por mais qualidade de vida, mas a pandemia fez revermos prioridades e voltamos para mais perto da família e amigos daqui), mas ainda assim me fez agradecer pela vida que tinha, pelo privilégio da rotina que criamos e me fez também aproveitar mais os momentos com a minha filha. Ao mesmo tempo, precisei de mais “momentos de respiro”, mas aprendi a respeitar esses movimentos, entender quando meu melhor talvez fosse sair de cena, olhar para mim, me dar um tempo, e retornar podendo ser uma mãe o mais inteira possível.

Até que ponto sua filha pode ser ela e quando você “entra em cena” para evitar uma combinação de roupa que não acha adequada, ou fazer algo que não estava no script pelo fato dela ser criança?

Esse foi, e é, um grande desafio para mim. Sou opinativa, gosto de participar de escolhas e é uma nota mental que atualizo todos os dias, de entender que meu gosto, opinião, ponto de vista é somente uma única forma de entender e enxergar o que quer que seja, e não necessariamente a melhor, tampouco a preferida da minha filha, e que não é por ela ter cinco anos que a minha opinião precisa ter mais valor que a dela. Claro, há questões que aos cinco anos ela não tem sequer maturidade para decidir, e aí entendo ser meu dever entrar em cena. Mas em assuntos e situações que ela já possui autonomia pela idade para escolher, procuro incentivar que ela decida. Provoco ela a dizer o que prefere, o que gostaria. Isso vale para roupas por exemplo (desde que não queira sair fantasiada de sereia em um frio de 2ºC do sul) até para questões comportamentais. Quando se chateia ou nos desentendemos, procuro após estarmos emocionalmente mais estabilizadas, conversar com ela, perguntar se entende que a forma como reagiu foi a melhor, como poderia agir em uma próxima situação.

Muitos pais estão ao lado, mas não estão presentes na vida dos filhos. O que essa presença decorativa provoca no emocional das crianças ao seu ver?

Acredito que nada em nossa vida deva ser encarado como sentença, a capacidade de transformação é sempre possível, mas é fato que muitas das vivências da infância deixam marcas e influenciam no desenvolvimento emocional, construção de vínculos e relacionamentos futuros da criança. São várias as mensagens que podemos passar sendo uma presença ausente: fazer com que a criança não se sinta importante, gerar um entendimento que esse amor é condicionado (a criança perceber que é digna de atenção se faz determinadas coisas, por exemplo), gerar comportamentos intensos na criança como forma de chamar a atenção, apresentar dificuldades escolares para igualmente se sentir vista e com isso se desenvolverem adultos com um baixo senso de merecimento, que cultivam relacionamentos de submissão (sejam afetivos, de amizade ou no trabalho, com colegas e chefes) e por vezes expostas à violências (seja física, emocional e/ou psicológica), dificuldade de confiar nas pessoas e em si mesmos. Em termos de construção de vínculos, qualidade e quantidade importam.

Como os pais podem ter essa consciência que você diz necessária para criar sem aprisionar ou sem cometer tantos erros?

Autoconhecimento. Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor, muito amor. Estudar sobre infância, educação, vínculos também é muito importante. Passamos a vida estudando para nossos trabalhos, por que temos a pretensão de achar que não precisamos estudar para a missão mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas? Além disso, poder se olhar com gentileza, empatia e a expectativa da busca pela perfeição, ela é utópica e cruel.

Por que vemos tantos pais repetirem os mesmos erros que juraram que não cometeriam com seus filhos?

O nascimento de um filho é como a abertura de um portal, onde nossos filhos nos catapultam a viver o afeto em sua máxima potência, pois conforme mostra a Teoria do Apego (a qual estudo e é a base teórica que permeia meu trabalho há 16 anos), a criança necessita se sentir segura e protegida para se desenvolver, isso é biológico e inato, e que em qualquer sinal de ameaça, liga seu comportamento de apego, solicitando esse amparo da figura principal de cuidado ( sendo essa ameaça real e legítima para quem a sente, podendo ser desde fome, frio até sentimento de solidão). Ao fazer isso, a criança muitas vezes pede aos pais algo que não receberam em suas próprias infâncias, tráz à tona dificuldades vinculares dos próprios pais, e então muitas vezes pais, com pouca clareza de suas dificuldades e com autoconhecimento não muito aprofundado, tendem a repetir o padrão que receberam, por ser o mais familiar e o padrão que está internalizado dentro de si, independente de ser o melhor, é o conhecido.

Psicóloga especialista em Teoria do Apego Arieli Groff, autora de Quando nasce uma Mãe (Arquivo Pessoal)

Trecho do livro: Nenhuma Novidade

“Especialmente nesse período de isolamento, me peguei pensando nas coisas que precisei abrir mão, seja para mantermos a saúde, seja porque nossa rotina mudou por aqui com Maitê 24 horas por dia em casa. Aí percebi que, por mais que tenha precisado de adaptações, não foi algo inédito.

Percebi que mãe quando vem a parir já abre mão de um monte de coisa. Quiçá já durante a gravidez. Ou pelo simples fato de sermos mulheres. Cursos de gestantes não deveriam ensinar como dar banho ou trocar fralda, tampouco fazer o desserviço de dizer que o bebê tem que mamar a cada 3 horas. Deveriam compartilhar mesmo “como abrir mão da sua vida e se manter sã”, “como se reconhecer após perder sua identidade”.

Deveria ser item obrigatório. Mas isso ninguém nos conta. Não é bonitinho, corrobora para manter as mulheres em uma posição de culpas e deveres como o patriarcado precisa. Enfim, esse tal patriarcado tem me tocado muito nos últimos tempos.

Mas voltando aos meus pensamentos, percebi que, de alguma forma desde meninas, somos ensinadas a sermos as boazinhas, as educadas, a ter modos de mocinha, a dizer amém para os outros e ainda rindo, a deixar nossos quereres de lado. Mas aí nos tornamos mães, e acredito que o que torna tão penoso nesse abrir mão de si mesma não são nossos filhos.

É a reedição de nos sentirmos, mais uma vez, como na nossa história, tendo que nos deixar de lado. Não é algo inédito. Nesse silêncio da casa, me vendo sozinha ainda, entendi que ser mãe não é somente sobre abrir mão de si, é sobre abrir espaços para permitir se transformar.

Deixar que o novo nos atravesse e faça morada. É autorizar trocar a roupa da alma e se preencher de sentimentos, vivências, pensamentos agora, sim, inéditos. E por isso, às vezes, tão assustadores que escolhemos fugir, nos proteger através de medos e reclamações.

Ser mãe é um ato de fé, é ter a coragem de se jogar no vazio e ser surpreendida por aquilo que ninguém nos conta e, ainda assim, seguir inteira, mas agora, de um outro jeito desconhecido. E aí o peso pode ir embora, por mais difícil que seja. O que fica é leveza e amor”.


 SERVIÇO

Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade

Autora: Arieli Groff

R$ 45, Editora Pirililampos, 115 páginas.

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Aviso: Vou ali ter dois bebês e já volto https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/09/16/aviso-vou-ali-ter-dois-bebes-e-ja-volto/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/09/16/aviso-vou-ali-ter-dois-bebes-e-ja-volto/#respond Wed, 16 Sep 2020 13:01:20 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-15-at-22.32.12-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8973 Este blog ficará alguns meses sem conteúdo novo porque estou entrando em licença-maternidade.

É uma gestação gemelar e certamente não deve chegar até 40 semanas como foi a minha primeira gravidez.

Gerar dois bebês em meio a uma pandemia foi uma experiência muito louca. Futuramente detalharei tudo que passei aqui.

Estar “guardada” em casa podendo fazer pausas pra aliviar a pubalgia e as dores na lombar sem precisar sofrer no trem e no metrô lotados diariamente foi maravilhoso.

Mas o confinamento e a falta de abraços pesaram muito. Sou abracenta, fazer o quê?

Um beijo no seu coração e até breve.

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Pandemia obriga mães a pedirem demissão após licença-maternidade https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/#respond Tue, 23 Jun 2020 13:55:29 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/WhatsApp-Image-2020-06-22-at-19.11.50.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8886 Em meio à pandemia do coronavírus, mães que estão de licença-maternidade e precisam retornar ao trabalho estão preocupadas com o futuro dos filhos. Sem poder colocá-los em creches ou contratar babás, muitas delas são empurradas a pedir demissão por não encontrarem uma saída.

“Não sei o que fazer. Preciso voltar pessoalmente para a empresa, lá não tem home office lá. Fora isso, não tenho parentes por perto, nem posso contratar ninguém para ficar com meu filho”, diz Rute*, mãe solo de Matheus*.

Marcela* também está prestes a voltar ao trabalho após quatro meses de licença-maternidade e mais um mês de férias. Apesar da possibilidade de trabalhar no esquema de home office, não sabe como vai fazer com a pequena Ingrid*. Seu marido trabalha em horário comercial, ela não tem parentes próximos nem pode contratar uma babá para a menina.

“Sem escola, como vou fazer com a bebê sem comprometer meu trabalho? É uma vantagem estar em casa, mas a minha filha vai exigir uma atenção que meus patrões não estão dispostos a permitir”, lamenta a profissional que já pensou em pedir demissão assim que retornar.

“Meu pensamento desde o início era de colocar meu filho na creche, mas com a pandemia, não consegui fazer a matrícula. Meus sogros moram perto, mas os dois trabalham. Minha mãe é de outro estado e não pode ficar aqui porque é grupo de risco”, conta Beatriz*.

“Por um lado, sair do trabalho e ficar cuidando dele seria maravilhoso, pois acompanharia todo o desenvolvimento. Por outro lado, sair do trabalho no meio dessa crise é desesperador. Qual garantia vou ter que conseguirei retornar ao mercado de trabalho? Como vou sustentar meu filho?”, questiona a auxiliar de escritório.

“É uma escolha muito difícil, mas até o momento o que está mais certo é que terei que arriscar e parar de trabalhar. Vou colocar meu filho em primeiro lugar” diz Beatriz*, que retornará da licença daqui 10 dias.

Sem escolas, nem parentes disponíveis para ficar com os bebês, mães são obrigadas a pedir demissão após o fim da licença-maternidade (Imagem: Adobe Stock)

Pensando em reduzir essa vulnerabilidade, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apresentou o projeto de lei 2765/2020, que garante a ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias, e o da licença-paternidade, de 5 para 45 dias.

O texto, que está na fila para ser votado com urgência, também cria a licença-cuidador, que visa ampliar o período de licença para cuidados com o bebê por mais 180 dias. Neste caso, ela pode ser compartilhada com o companheiro, a critério da mãe, sem prejuízo do emprego e nem do salário.

“Em condições normais, 50% das mulheres são demitidas após o retorno da licença. Pensando em uma crise sanitária, sem perspectiva de fim, a situação ainda é pior. Sabemos que muitas empresas podem quebrar e, como sempre, as consequências das crises recaem sobre as mulheres”, afirma a deputada.

Integrante da Bancada Ativista em São Paulo, a deputada estadual e presidente da Associação Artemis, Raquel Marques, lembra que o ECA e a Constituição Federal dizem que crianças são responsabilidade do Estado, da sociedade e das famílias. “Na prática o Estado assume pouca responsabilidade, a sociedade, representada pelas empresas, também fazem pouco e a criança passa a ser vista como problema privado da família e, em última instância, apenas da mulher que a pariu”.

“De um lado a mulher precisa trazer sustento -lembrando das muitas famílias que são chefiadas por mulheres- e ao mesmo tempo se a mãe deixa a criança em casa é abandono de incapaz. Essa conta só fecha colocando uma vida em risco, deixando criança sozinha ou abrindo mão do emprego e tendo consequências financeiras”, afirma a ativista.

Raquel lembra que para o projeto ganhar força no Congresso é preciso pressão popular. Ela cita o envio de e-mails cobrando dos deputados a inclusão do projeto na pauta como uma urgência como uma das formas de mobilização.

“Não é possível que o cuidado com as crianças seja colocado como algo não prioritário. Estamos expondo a vida das crianças e aumentando a desigualdade dessas mulheres. Esse assunto não pode ser tratado como um problema privado”, reforça Raquel Marques.

*Os nomes foram trocados a pedido das mães.

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Autora sobre violência obstétrica ganha apoio virtual e já mira 2ª edição de livro https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/01/autora-sobre-violencia-obstetrica-ganha-apoio-virtual-e-ja-mira-2a-edicao-de-livro/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/01/autora-sobre-violencia-obstetrica-ganha-apoio-virtual-e-ja-mira-2a-edicao-de-livro/#respond Mon, 01 Jun 2020 12:13:37 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/05/WhatsApp-Image-2020-05-29-at-14.54.27.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8872 Em menos de 15 dias, a jornalista Caira Lima,22, trocou o sentimento de frustração pela comemoração após o sucesso nas vendas de seu livro.

Dia 14 de maio, ela usou sua conta no Twitter para desabafar. “Quis realizar o sonho de publicar meu livro. A editora disse que eu poderia ir pagando conforme vendesse, mas eles acabaram me enrolando, fiz uma dívida enorme com a gráfica e agora com a pandemia os eventos que eu ia pra vender estão cancelados. Não sei o que fazer”, disse na postagem.

Mesmo com apenas 775 seguidores, a publicação alcançou mais de 48 mil pessoas e rapidamente os livros foram sendo vendidos pelo país. A autora conta que a segunda tiragem está prestes a se esgotar e ela já mira a segunda edição do projeto. 01Ah, e a gráfica foi paga!

Fruto de seu trabalho de conclusão do curso em Jornalismo pela pela Universidade Federal do Tocantins, A dor mais doída – Relatos de Violência Obstétrica traz dados e entrevistas com mulheres que foram violentadas nas mais diferentes formas no dia em que era para ser um dos mais felizes de suas vidas.

“É muito comum culparem as mulheres pela falta de informação, mas esquecem que durante o processo do parto, muitas são excluídas das decisões que vão ocorrer em seus corpos. Elas sentem como se qualquer pessoa naquela sala [de parto] poderia tomar decisões pelo corpo, menos ela, a mãe, que vira coadjuvante, quando deveria ser a protagonista”, observa.

Caira disse ter se surpreendido com o fato de que a violência obstétrica não está restrita às pacientes do SUS.

“Em minha pesquisa também percebi que a violência obstétrica gera um peso para o resto da vida. Mulheres mudam a forma de ver o mundo e isso pode desencadear problemas psicológicos futuros como depressão pós-parto ou dificuldades na amamentação, por exemplo”.

Caira percebeu que a mágoa é um ponto comum entre as entrevistadas. “Além da dor sofrida no dia do parto, elas demonstram sofrimento por não terem sido acolhidas por familiares e pessoas próximas também”. Muitas delas precisavam falar, desabafar, e não encontraram a escuta em ninguém.

POLÍTICAS PÚBLICAS

Recentemente, o Ministério da Saúde decidiu abolir o uso do termo “violência obstétrica” das políticas públicas e normas do governo. Contrariando a decisão, o Ministério Público Federal de São Paulo reconheceu o direito de uso do termo e afirmou que o termo é legítimo.

“Durante crises políticas é muito comum os direitos das mulheres serem retirados”, lembra Caira. Para a autora, esse tipo de violência só será combatida se toda a sociedade for informada a fundo sobre o assunto e não só as mulheres que passarão pelo parto. “Informação é direito e não privilégio”, conclui a jornalista.

TRECHO DO LIVRO

“Ísis queria que Ícaro viesse logo ao mundo, aquele sofrimento tinha que acabar. Durante essas horas, apenas um médico que estava de plantão a examinou, uma única vez. A dor e desespero foram tão grandes naquele momento, ela se sentiu tão invadida, que sua reação foi de arranhar a pele do médico com as próprias unhas. Era um desespero difícil de imaginar, uma dor que ela não conhecia, um momento que ela jamais imaginava que seria daquela forma. – Ele foi muito grosso pra fazer o meu exame de toque. Eu tava com muita dor e disse que, se era assim o exame de toque, ele que me perdoasse, mas eu não queria mais nenhum. Depois de fazer o exame de toque, o médico disse que só tinha quatro centímetros de dilatação e que ela deveria esperar porque aquele processo ia demorar. Ela ficou sozinha novamente, sem respostas, com medo e totalmente desnorteada. O tampão saiu. Começou a gritar alto chamando as enfermeiras, só queria saber se o chuveiro estava funcionando, porque queria colocar água quente nas costas para tentar aliviar um pouco da dor. Não estava funcionando. Naquele momento, o quarto era invadido pelos gritos desesperados de Ísis. A única coisa que estava ao seu alcance era clamar por ajuda, mas isso de nada adiantava. Ninguém fazia nada por ela, ninguém lhe massageava as costas, ninguém lhe dizia que tudo ia ficar bem. Pelo contrário, as enfermeiras diziam que quanto mais ela gritasse, menos viriam lhe ver. Acabou fazendo xixi na roupa, na sala do pré-parto, porque ninguém foi com ela ao banheiro e ela tinha medo de se machucar. – Eu cansei de gritar porque ninguém ouvia. Eu dizia que não tinha mais forças e elas respondiam: “mãezinha, é natural. Você tem força”. Ninguém segurou a minha mão. E ninguém deixou o meu marido entrar. Ninguém nem avisou. E ninguém avisou pra ele que eu tava na sala”.

Capa do livro A Dor Mais Doída, de Caira Lima

A DOR MAIS DOÍDA

(Editora Cultura, 87 páginas) 

R$30,00 + frete R$ 7,00

Encomendas pelo telefone (63) 98123-4812 –

Instagram: @kkcaira

PODCAST

Para saber mais sobre violência obstétrica, ouça o podcast 40 Semanas. Três episódios foram dedicados ao tema. Neles, foram ouvidos especialistas e mulheres que, mesmo informadas, não conseguiram escapar da violência física e psicológica durante o nascimento dos filhos.

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