Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 No mês da ‘paciência negra’, curadora de livros cobra mais pesquisa em obras infantis https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/19/no-mes-da-paciencia-negra-curadora-de-livros-cobra-mais-pesquisa-em-obras-infantis/#respond Fri, 19 Nov 2021 13:24:45 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/kit-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9438 Ao longo de todo o mês de novembro, a educadora Sarah Carolina, do @maternagempreta, está usando seu Instagram para publicar pílulas antirracistas.

“Bullying é diferente de racismo” ou “Assuma que definitivamente não somos todos iguais” estão entre os tópicos das postagens do mês da Consciência (ou paciência) negra, como ela diz.

Leitora voraz, aos 11 anos Sarah percebeu pela primeira vez a falta de representatividade nos livros em “O mundo de Sofia”.

“Perguntei pra minha mãe se não existia filósofo preto. Ela me deu uma resposta bem dura, mas que foi muito importante: pessoas brancas escrevem sobre pessoas brancas, para leitores brancos. Então eu tive o start de procurar autores negros”, conta.

Sarah começou a lecionar em escolas públicas em 2010 e sempre se deparou com racismo, inclusive conta que ele era reproduzido entre os alunos negros.

“Achei que era uma obrigação como professora e também como negra educar para mudar isso.  Nós, pessoas pretas, geralmente não podemos nos dar ao luxo de não incentivar o antirracismo, é uma questão de sobrevivência”, afirma.

Ao deixar a sala de aula, decidiu manter a empreitada que iniciou na última escola onde lecionou: divulgar publicações de qualidade. Nasceu aí o kit Kekerê, um clube de assinatura de literatura infantil antirracista, cujo lema é que a leitura não pode ser privilégio de famílias brancas, com dinheiro, e sim, deve alcançar a todos.

Curadora de livros infantis cobra mais pesquisa e respeito à história dos negros (Arquivo Pessoal)

Na curadoria, ela leva em consideração se as histórias apresentam personagens negros, se todas as crianças, inclusive brancas sentem interesse, se a publicação valoriza a cultura e história afro-brasileiras, se os autores são negros (que sabem o que é ser uma criança preta em uma sociedade racista), ou brancos com trajetória assumidamente antirracista e se o material possui impressão de qualidade.

“No fim tem que passar pelo crivo da criançada. Leio pro meu filho Lucas ou filhos de amigos e observo as reações deles. Já aconteceu de eu achar um livro incrível e as crianças acharem chato”, revela a mãe de Murilo, 18, Lucas, 6 e Maya, 1.

Sarah faz uma crítica aos livros que são considerados afirmativos, mas que foram escritos apenas  para atender um nicho. “Pessoas negras finalmente passaram a ser vistas como consumidoras e por isso muita gente correu para escrever para leitores negros, apenas para se aproveitar da demanda e pela pressa do lucro. Não se deram tempo de refletir sobre o que e como essas obras estavam sendo escritas”, observa.

“Não adianta apenas pegar um personagem branco e lhe atribuir características físicas que o transformem em negro. Falta criticidade e conhecimento sobre alguns temas. Faltam pesquisa e um diálogo sobre as dores do ser negro: mesmo na infância, a vivência da pessoa negra é diferente, e um autor comprometido precisa entender isso”, pontua.

Ela diz que um autor que se propõe a escrever sobre a cultura esquimó, por exemplo, pesquisa e conversa com pessoas que vivenciam essa cultura. Da mesma forma, escrever sobre pessoas pretas requer pesquisa. “Muitos autores parecem dispensar essa etapa, pois supostamente já conhecem nossa cultura (ensinada tortamente na escola onde o negro é sempre o escravizado, a mão de obra etc). Isso é inclusive, o reflexo de um racismo estrutural onde o negro não representa uma cultura, separado da história branca eurocêntrica”, conclui.

SERVIÇO

Kit Kekerê – clube de assinatura de leitura infantil com conteúdo antirracista, a partir de R$29,90 (assinatura mensal)

Instagram –https://www.instagram.com/maternagempreta/

Contato: maternagempreta@gmail.com

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Como explicar o autismo para crianças? Livro infantil sobre cientista pode ajudar https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/08/como-explicar-o-autismo-para-criancas-livro-infantil-sobre-cientista-pode-ajudar-veja-mais-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/08/como-explicar-o-autismo-para-criancas-livro-infantil-sobre-cientista-pode-ajudar-veja-mais-dicas/#respond Mon, 08 Nov 2021 14:38:18 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/WhatsApp-Image-2021-11-02-at-13.12.13-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9351 Contar histórias para uma criança é uma poderosa oportunidade para aumentar o vínculo com os pais ou cuidadores, transformar a maneira como elas compreendem o mundo e como enfrentam seus problemas.

As histórias auxiliam no desenvolvimento da imaginação, na capacidade cognitiva e na inteligência emocional. Além disso, a leitura pode ajudar na formação da identidade e ser um meio para afastar preconceitos.

O livro “A Menina Que Pensava Por Meio de Imagens – A História da Cientista Temple Grandin” (Julia Finley Mosca, nVersinhos), por exemplo, é muito útil para explicar o comportamento e a maneira de agir de alguém diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Capa do livro traz Temple ainda menina com camisa azul e branca e lenço amarelo no pescoço olhando para cima. Saindo dos seus pensamentos sobre ela, desenhos de prêmios, um foguete, uma cavaleira sobre o cavalo e rascunhos de projetos que ela desenhou.

A obra traz a biografia da cientista Temple Grandin, que chegou a ser expulsa da escola por mau comportamento. Na verdade, ela não gostava de claridade, barulhos e abraços apertados. Enquanto os médicos diziam que seu cérebro não funcionava, sua mãe sabia que ela era apenas diferente e não inferior. Seu desenvolvimento foi surpreendente após ser levada para a fazenda. Aprendeu a falar com quatro anos, estudou e se formou em três universidades. Temple foi premiada por diversas invenções que auxiliam na criação de animais e, em 2010, foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes, segundo a revista Time.

“A Vaca foi pro Brejo” (Adriana Fernandes e Daniel Kondo, VR editora) passeia de forma bem-humorada por algumas expressões populares da língua portuguesa como “deu zebra”, “na mosca” e “a porca torce o rabo”.

Capa do livro A vaca foi pro brejo traz uma vaquinha preta e branca atolada em um brejo

O primeiro dia de aula pode ser amedrontador, né? Mas “O Monstro da Cores” (Anna llenas, Editora Aletria) vai à escola e descobre que a aula de música, o intervalo, a soneca e a contação de história não se assemelham aos monstros, selvas cheias de armadilha e local cheio de animais ferozes que imaginava ser.

Mudar de lugar e descobrir que seus medos podem ser trocados por alegria também é o mote de “O Muro no Meio do Livro” (Jon Agee, Editora Pequena Zahar). Um cavaleiro está seguro de que o muro o protege dos perigos do outro lado, mas nem tudo é o que parece.

Alguma vez você se sentiu culpada por não ser uma mãe perfeita? Existe mãe perfeita? Qual o momento mais bizarro ou constrangedor que você viveu ao lado de sua mãe em um local público? Nas reuniões de pais na escola, o que sua mãe mais ouvia a seu respeito? Até que ponto você confia em sua mãe?

Essas são algumas das 100 perguntas do livro-caixinha “Mãe e Filha” (Solange Depera Gelles, Giovanna e Paula Depera Rodella, Editora Matrix). Escrita por mãe e filhas, a obra pretende estimular o diálogo e tornar o convívio mais harmonioso e intenso.

Para os pais que preferem usar aplicativos de leitura, seguem mais dicas:

Livrin (gratuito, mas é também possível comprar livros dentro do aplicativo por R$ 16,90 cada)
A ferramenta conta com histórias infantis que colaboram com uma criação feminista para meninas e meninos, e valoriza o enriquecimento cultural da criança, apresentando novas palavras e oportunidades de aprendizado. As histórias são ótimas para que os pais leiam com as crianças, mas elas também podem se divertir sozinhas, já que há a possibilidade de narração e texto bastão, que facilita a leitura para as crianças em alfabetização. Além disso, os conteúdos são apresentados em três idiomas – português, inglês e espanhol. Interessante para um contato inicial com outras línguas. O app está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

As minhas histórias (gratuito)

Conjunto de histórias infantis para ler em família, com possibilidade de responder a pequenas perguntas sobre cada história e desenvolver a interpretação de texto.
No app disponível para Android, a criança pode escolher um conto da lista ou clicar no botão “história aleatória”. Os títulos são atualizados com frequência e entre os disponíveis, estão: João e Maria, A Princesa e o Sapo, O Gato de Botas, A Galinha dos Ovos de Ouro e outros.

Glorify (gratuito e planos mensal e anual, de R$ 14,90 a R$ 149,90)

O aplicativo disponibiliza diariamente citações, reflexões bíblicas, meditações guiadas, orações e músicas. Há uma playlista em parceria com 3 Palavrinhas e Hora de Dormir, além de histórias infantis contadas por embaixadores do app. As histórias são indicadas para ouvir antes de dormir. Está disponível na Google Play Store e Apple Store.

StoryMax (gratuito)

A premiada publicadora StoryMax tem um app que reúne todas as suas histórias já publicadas (gratuitas e pagas). Os livros recontam clássicos, narrativas populares e poemas com textos originais e adaptações, efeitos de som, narração e interatividade na medida certa para engajar crianças e jovens que adoram ficar imersos em tablets e smartphones. O app também está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

Inventeca (há histórias gratuitas, mas o app também oferece planos que vão de US$ 5,99 a US$ 31,99)

O aplicativo Inventeca apresenta histórias ilustradas para envolver leitores de todas as idades. Pais e outros cuidadores podem reforçar laços com os pequenos por meio da narração. Basta escolher uma história, soltar a imaginação e contar sua própria versão individualmente ou em grupo: ela ficará gravada no app, podendo ser compartilhada com amigos e parentes e até virar livros impressos para colecionar e presentear.
Com narrativas ilustradas assinadas por autores de livros infantis premiados, o app exercita a fala e capacidade de ler imagens e contar histórias em qualquer língua. Está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

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‘Equilíbrio não existe’, afirma Flávia Calina sobre atenção dada aos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/05/equilibrio-nao-existe-afirma-flavia-calina-sobre-atencao-dada-aos-filhos/#respond Fri, 05 Nov 2021 17:01:23 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/2-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9360 Quem assiste aos vídeos da educadora Flávia Calina no YouTube pode até pensar que seus filhos nunca brigam, não fazem birra ou jogam as coisas longe quando são contrariados.

Na verdade, ela afirma que Victória, 7, Henrique, 5 e Charlie, 2, são como todas as crianças e passam por tudo isso também, mas que exibir cenas constrangedoras deles não é o intuito do canal, que tem quase oito milhões de inscritos.

Seu primeiro vídeo no YouTube foi publicado em fevereiro de 2009. Na época, ensinava a usar maquiagem e testava produtos.

Com o nascimento de Victoria, há 7 anos, as gravações saíram da frente do espelho e passaram a acompanhar a rotina da família, incluindo viagens, idas ao médico e teste de receitas. As gestações seguintes também foram exibidas no canal, assim como a mudança de casa e um surto recente de pé mão boca.

Flávia mora nos Estados Unidos desde 2005 e conta que algumas diferenças culturais são bastante acentuadas. A principal delas, a forma como os pais americanos ensinam seus filhos a serem independentes desde cedo.

Em conversa com o Blog Maternar, Flávia falou sobre educação respeitosa, equilíbrio na hora de dar atenção para as crianças e a importância de respeitar os sentimentos delas, assunto que aborda nos três livros que lançou recentemente em parceria com a Johnson’s.

Blog Maternar – Você está nos Estados Unidos desde 2005 e trabalhou um tempo como educadora aí. Quais as principais diferenças você encontrou na educação entre os dois países?

Flávia Calina – Há muitas diferenças, mas a principal delas é a independência. No Brasil, a gente era “babá” dos alunos. É normal tratarem as crianças como bebezões por mais tempo. Aqui, com dois anos, por exemplo, eles já se servem e raspam o prato. Em 2007, eu fiz um curso na Califórnia sobre respeito com bebês. Ele abriu minha mente sobre o quanto tentamos fazer tudo por eles, inclusive controlar os sentimentos ou ditar como devem se sentir. Quando comecei a observar as crianças no meu trabalho e depois os meus filhos, a relação melhorou muito, porque eles se sentiam vistos e ouvidos. Também trabalhei com muitas professoras tradicionais que achavam que criança tinha que ficar no seu lugar, eram ríspidas. É difícil mudar essa mentalidade, não fomos ensinados dessa forma. A gente tem vergonha do que a gente sente, não falamos que temos inveja para ninguém. Precisamos aplicar esses ensinamentos primeiro com a gente e aí enxergamos a criança como uma pessoa completa.

Blog Maternar – Os livros trazem seus filhos em momentos de raiva, tranquilidade, medo, confiança, tristeza e alegria. Como escolheu os temas e como faz para trazer leveza a temas delicados, como a birra? 

Flávia Calina – Assim como os adultos, as crianças também experimentam quase todos os dias raiva, tristeza, inveja e medo. A diferença é que nem sempre eles conseguem identificar esses sentimentos. E por não conseguirem explicar o que estão sentindo, pode ser que se joguem no chão ou joguem alguma coisa na parede. Isso não é ok, mas todo comportamento é uma comunicação que ocorre quando elas não conseguem expressar o que estão sentindo. É a partir desses comportamentos que elas mostram o que realmente precisam. Os livros convidam a prestar atenção nesses sentimentos, porque muitas vezes ficamos cegos diante dos comportamentos e mascaramos a necessidade real das crinaças.

Blog Maternar – O choro das crianças pode causar incômodo em alguns adultos e por vezes é silenciado pelo famoso “engole o choro”. Como mudar essa raíz cultural que normaliza esse e outros tipos de violência?  

Flávia Calina- Temos que normalizar o choro. Uma criança não chora porque é mimada, mas porque está realmente sentindo algo. Muitos buscam distrair a criança porque ficam desconfortáveis com aquele sentimento. Normalizar os sentimentos move a violência para longe, por meio da empatia. Chorar não é errado e não é defeito, como digo no livro. Se a criança está com raiva, por exemplo, no lugar de falar “não pode”, observe e diga: você tá com raiva? Como está se sentindo? O que podemos fazer para você não sentir raiva? Eu não sou perfeita, também piso na bola, mas quando isso ocorre, eu peço desculpas e aproveito para ensinar aos meus filhos que sempre há uma nova chance, uma esperança que dá para melhorar, fazer diferente.

Equilíbrio não existe, diz Flávia sobre atenção dada aos filhos (Arquivo Pessoal)

Blog Maternar – Você tem três filhos de idades diferentes (7, 5 e 2). Como faz para equilibrar a atenção para cada um deles e continuar produzindo conteúdo na internet, cuidando da casa e da empresa (loja de roupas)?

Flávia Calina – Cheguei a conclusão de que o equilíbrio não existe. Sempre a gente vai dar mais atenção de um lado e acabar deixando o outro. Mas sigo alguns principios que me ajudam a priorizar. Por exemplo, o Charlie quando era bebê precisava de muito colo, do contato físico. A Vic pede uma atenção diferente , típica da idade dela. O Henrique é o mais independente, mas tem necessidade de ter um tempo junto brincando. Em geral não me pede muitas coisas, apenas para que eu jogue um pouco com ele. O importante é sempre enxergar a pessoa, ouvir, se colocar no lugar e perceber qual a necessidade naquele momento. Todos querem se sentir vistos e amados.

Blog Maternar – Recentemente, no aniversário de um dos seus filhos, os demais irmãos entregaram presentes para o aniversariante e não ganharam nada. Como educar para não sentir inveja e entender que naquele dia não ganharão nada?   

Flávia Calina – Não há solução rápida para criar filhos, todo dia é uma sementinha. É preciso regar, falar e aparar arestas. Quem tem irmão ou teve primos próximos sabe que há competição. O que não devemos fazer é envergonhá-los por sentirem o que sentem, porque muitas vezes eles não sabem lidar com aquilo. Já passei por isso aqui e procuro dizer: você também queria isso? Eu entendo, mas você se lembra de quando foi sua vez? Como será no seu aniversário? Procuro levar pro lado de sentir algo gostoso ao ver o outro feliz e curtir junto. Nós ensinamos o ABC para as crianças, a se vestirem, e não ficamos bravos quando erram a conta ou a forma de colocar a roupa. Porém, quando sentem ciúmes, nós ficamos bravos. O problema é que eles vão dar um jeito desse sentimento fazer sentido para eles e o comportamento pode virar uma bola de neve. Costumo dizer que o papel dos pais é serem mentores: como eu quero que ele enxergue a vida? As crianças têm que saber que eles sempre têm com quem contar.

Blog Maternar – Seu canal exibe sua vida, sua rotina, você fala sobre algumas dificuldades e até expõe vulnerabilidades. Um exemplo é quando se trancou no closet e chorou falando sobre suas dores no puerpério do Charlie. Qual o limite da exposição? O que entra e o que você prefere ocultar do seu público?

Flávia Calina – Essa é a pergunta que me faço diariamente. Eu tento me colocar no lugar deles, mas sei que não sou eles. Evito choros, cenas que podem soar engraçadinhas, mas que gerem constrangimentos. Vídeos com biquini ou momento de birras também não entram. Pode até soar que quero parecer perfeita, mas não é isso. Não consigo imaginar eu discutindo com meu marido e alguém colocando o vídeo na internet. Eu sempre aviso que vou gravar antes e agora que são maiores conseguem entender esse trabalho, principalmente quando nos reconhecem na rua.  A Vi é quem mais veta coisas. Ela tem mais vergonha e o não dela é não. Além disso, o canal não é das crianças. Se fosse, teria que forçar a gravação. Depender somente da criança é ruim porque uma hora expana. Minha bandeira é o respeito com a criança. Minha missão é que mais  pessoas entendam essa mensagem.

LIVROS

Flávia lançou recentemente, em parceria com a Johnson´s, três livros infantis que falam sobre emoções. Cada “Me sinto amado quando estou…” traz dois sentimentos distintos (tristeza e felicidade, medo e confiança, e raiva e tranquilidade).

Por meio de vivências com seus filhos, ela mostra como reconhece, valida e lida da melhor forma com o que sentem. “Sentir-se amado em todas as ocasiões faz toda diferença”, diz a idealizadora do movimento “Ganhe o coração de uma criança”.

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Quer contratar uma babá e não sabe por onde começar? Veja algumas dicas https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/10/30/quer-contratar-uma-baba-e-nao-sabe-por-onde-comecar-veja-algumas-dicas/#respond Sat, 30 Oct 2021 17:38:50 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-25-at-15.42.40-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9354 Está pensando em contratar uma babá e não sabe por onde começar? Aqui vão algumas dicas que poderão te dar uma luz na hora de escolher alguém para cuidar dos seus pequenos.

Em primeiro lugar, pergunte para pessoas próximas se há alguma indicação. Grupos de pais da escola, academia, do condomínio, amigos dos amigos e colegas no trabalho podem facilitar a busca e indicar pessoas conhecidas.

Durante o período de entrevista e contratação, verifique referências (ligando para antigos patrões),  pergunte sobre flexibilidade de horário, verifique a experiência (facilidades e dificuldades), se tem noção de primeiros socorros e quais atividades ela poderia fazer com a criança da idade da sua.

Sonde se a profissional está disposta a aprender e se é aberta a novos conceitos: envie posts, artigos e empreste livros. Vale perguntar qual o sonho dela e como você poderia ajudá-la. “Essa pergunta aproxima, conecta e abre infinitas possibilidades de troca”, diz Olga Capri, do Amamente Mais. Olga também orienta pedir um relato de alguma situação difícil que ela viveu e como resolveu a questão.

Valores inegociáveis como tempo de telas, uso de bicos artificiais ou ingestão de açúcares, por exemplo, devem ser pontuados o quanto antes.

DIREITOS

As babás se enquadram na modalidade serviços domésticos. Precisam ser registradas em carteira e ter vale transporte, FGTS, férias, 13º salário, horas extras, adicional noturno, licença-maternidade, aviso prévio e outros benefícios que o empregador queira oferecer.

É importante ter claro que além do salário bruto, é preciso incluir na organização financeira o INSS de 8,8% e os 11,2 % do FGTS, além do vale transporte (é permitido descontar até 6% do salário da profissional para arcar com esse benefício).

Babás não podem receber salário inferior ao mínimo federal ou piso da categoria no estado. Em São Paulo, por exemplo, o piso hoje está em R$ 1.163,55. A experiência da profissional, formação, quantidade de crianças sob sua responsabilidade, se precisará dirigir e demais tarefas que ela realizará também devem influenciar no valor a ser pago.

FUNÇÃO E COMBINADOS

Pelas regras da CBO, Classificação Brasileira de Ocupações, as babás devem cuidar de bebês e crianças, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer.

Todos os combinados com a funcionária, sejam horários, salário, intervalos e atividades devem estar descritos em um contrato. Pode haver um ajuste para que ela exerça outras atividades, como lavar as roupas do bebê, por exemplo. “O importante é que as atividades estejam descritas no contrato para que não se configure acúmulo ou desvio de função”, explica Karolen Gualda, advogada e especialista na área do Direito do Trabalho.

“O contrato estabelece todas as cláusulas que irão reger essa relação. Assim, as duas partes ficarão seguras a respeito do que foi ajustado”, explica a coordenadora da área trabalhista do escritório Natal & Mansur.

CONTRATO DE EXPERIÊNCIA

Ao empregar uma profissional pela primeira vez, Karolen indicada fazer um contrato de experiência. “Assim, é possível avaliar o trabalho, se o envolvimento com a criança foi o esperado e se a relação está se desenvolvendo como o esperado (o que, principalmente nesse tipo de relação tão próxima, só se descobre mesmo na prática)”.

Se a experiência não for satisfatória, o empregador poderá rescindir o contrato sem precisar arcar com os custos do aviso prévio indenizado ou multa do FGTS. É preciso, porém, ficar atento à dois pontos: o contrato de experiência deverá ser, necessariamente, por escrito e seu prazo não poderá ultrapassar 90 dias.

Nessa situação, se a rescisão acontecer por iniciativa do empregador (antes do final do período), ele deverá pagar as mesmas verbas que a empregada teria direito no final do contrato, além de uma indenização equivalente à metade do salário que ela receberia até a data final.

Se a rescisão antecipada acontecer por iniciativa da empregada, ela receberá as verbas citadas, mas deverá indenizar o empregador pelos prejuízos causados. Esse valor não poderá ser superior ao devido na situação contrária, ou seja, metade dos valores a que ainda teria direito no curso da contratação.

FÉRIAS

A cada 12 meses de trabalho a colaboradora tem direito a 30 dias de férias remuneradas com acrescimo de 1/3. A data não precisa ser exatamente quando a funcionária completa um ano no serviço, mas não pode ultrapassar 12 meses após completar um ano no trabalho. Se isso ocorrer, a babá terá direito a receber férias em dobro.

PAUSAS E DESCANSO

De acordo com a PEC das Domésticas, o intervalo para repouso e alimentação deve ser no mínimo de 30 minutos, e no máximo de 2 horas. Os intervalos não são considerados como horas trabalhadas no cálculo do salário, e devem ser concedidos a cada 6 horas de trabalho.

O trabalho exercido após às 22h até às 5h deverá ser pago com adicional de 20% a mais, como noturno, e caso a pessoa more na empresa, não poderá ser chamada nesse período, tendo em vista se for chamada, o empregador deverá pagar o adicional.

Gleibe Pretti, professor de direito trabalhista da Estácio lembra que o horário noturno deverá ser calculado com a hora reduzida, ou seja, 52 minutos e 30 segundos .

O professor explica que os trabalhos aos finais de semana, que excedam às 44h semanais, tem como escopo o pagamento de 50%. “Caso o descanso semanal remunerado não seja respeitado, o pagamento será de 100%”, diz.

MONITORAMENTO

Se os pais quiserem instalar câmeras para monitorar os filhos em casa, a babá precisa estar ciente.

DEMISSÃO

Quando a babá indica que quer deixar o emprego, ela precisa escrever uma carta de próprio punho pedindo demissão. Devem ser pagos o saldo de férias (se houver), férias vencidas ou proporcionais acrescidas de 1/3, 13º salário integral ou proporcional.

Se a demissão partir do empregador, ele deve pagar o aviso prévio, saldo de salários, férias, 13º salário e levantar o FGTS, e guias de seguro desemprego. A multa de 40% já foi recolhida nas guias do FGTS/DAE.

Já nos casos em que há maus tratos (natureza física ou psicológica),  improbidades como furto, roubo ou estelionato, assédios ou desleixo, a demissão pode ser por justa causa. “Neste caso, a babá só receberá apenas o saldo de salário e férias vencidas se houver”, explica o professor Gleibe Pretti.

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Quer desmamar seu filho? Sinais ajudam a reconhecer o melhor momento https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/09/quer-desmamar-seu-filho-sinais-ajudam-a-reconhecer-o-melhor-momento/#respond Thu, 09 Sep 2021 13:50:43 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-08-at-12.49.25-6-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9269 Assim como sentar, andar, correr ou falar, o desmame deve ser encarado como um processo e não um evento.

Partindo desse princípio, nenhuma criança anda ou fala antes de estar pronta e nenhuma deveria ser desmamada antes de estar madura para isso.

literatura não crava uma idade certa, mas aponta maturidade quando a criança aceita outras formas de consolo, permite não ser amamentada em certas ocasiões, consegue dormir fora do peito e prefere outra atividade a mamar. Além disso, não demonstra ansiedade quando o peito é recusado e tem uma alimentação variada estabelecida.

Aguardar os sinais do desmame nem sempre é fácil para todas as mulheres. Há crianças que acordam mais vezes durante a noite para mamar ou demoram para aceitar o fim da amamentação. Há um cansaço invisível e muitas antecipam o processo.

A OMS recomenda amamentar até os dois anos ou mais, e se uma mãe chegou nessa fase da vida, ela tem muitos motivos para comemorar, afinal o Brasil em 2020 apresentava a média de apenas 54 dias de amamentação exclusiva no peito.

Amamentar exclusivamente por seis meses e seguir amamentando até os dois anos, infelizmente, ainda é um privilégio em nosso país.

Especialistas no assunto orientam desmamar de forma gradual, em uma momento tranquilo da vida da criança, ou seja, sem estar enfrentando outras mudanças drásticas como início da vida escolar, chegada de um irmão ou desfralde. É preciso paciência, porque desmamar pode ser imprevisível e até doloroso para mãe para o filho.

Vale lembrar que desde o nascimento o peito é um local de aconchego, segurança e descanso para o bebê. É o maior porto seguro dele, além de fonte de alimentação, é claro.

Quando Jean* completou dois anos, a empresária Fabiana* decidiu começar o processo de desmame. Leu muito sobre o assunto, fez curso de desmame gentil e aos poucos foi aplicando o que aprendeu na consultoria.

“Sou superativista e pró-amamentação, queria que fosse algo suave e tranquilo igual a tantos relatos que a gente lê na internet, mas não foi tão simples assim”, conta a mãe.

A única “vitória” no processo foi conseguir desvincular o peito do sono do filho, mas no restante do dia, incluindo as madrugadas, o menino demandava muito.

“Quando ele me via já corria pro peito. Ele mamava sempre que estava comigo. A situação estava, na minha opinião, descontrolada”, diz.

Fabiana decidiu parar de ofertar de uma vez, oito meses após o início do processo. “A gentileza já tinha ido pro espaço. Acabei indo por um caminho considerado errado e foi um processo doloroso emocionalmente, que faz com que até hoje eu me sinta culpada pela forma que ele aconteceu”, desabafa.

Já para Mayara Freire, 30, desmamar não estava nos planos, mas Estêvão, de dois anos e sete meses começou a dar os primeiros sinais de que esse tempo está chegando.

Grávida de 5 meses, Mayara conta que surgiram fissuras em seus peitos e ela percebeu que a quantidade de leite também diminuiu.

O filho já ficou três dias sem mamar e inclusive disse que “o tetê agora é do neném”, referindo-se ao bebê que está na barriga. “Nós nunca falamos nada sobre isso com ele. A última vez que mamou foi bem rápido, só um aconchego antes de dormir”, conta a mãe. “Acredito também que o gosto do leite tenha mudado”, observa.

Segundo a pediatra Kelly Oliveira, Mayara tem razão. O leite materno pode sofrer alterações no sabor e na quantidade quando a mãe está grávida novamente.

Na maior parte das vezes é possível amamentar estando grávida. Essa condição é chamada de lactogestação.

“O cuidado maior nesses casos são os aspectos nutricionais da mãe, que devem ser acompanhados de perto. Quando a gestação é de risco, aí então o desmame pode ser considerado”, diz a consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE).

Outra forma possível é a amamentação em tandem, quando a mãe oferece o peito para crianças de idades diferentes. A orientação do ginecologista e obstetra também é imprescindível para esses casos.

Kelly não recomenda desmamar de um dia para o outro. “Desmamar de forma abrupta pode trazer consequências negativas para o bebê, principalmente gerar traumas e recusa de alimentos”.

A orientação da especialista é estipular combinados e conversar muito com a criança, cumprindo os combinados para que ela sinta segurança no processo. “Se a mãe define o desmame e volta atrás, a criança ficará confusa, sem saber o que esperar”, explica.

Para a mãe, é importante fazer ordenhas de alívio, retirando leite quando o peito estiver mais cheio. Isso evitará problemas como mastite e fará com que o corpo pare aos poucos de produzir leite. 

*Nomes trocados a pedido da entrevistada

MASTERCLASS

Pais que desejam mais informações sobre desmame gentil podem participar de um evento online e gratuito no YouTube da Pediatria Descomplicada na próxima quinta-feira (9), às 20h30.

A pediatra Kelly Oliveira, consultora internacional de amamentação pelo International Board of Lactation Consultant Examiners (IBLCE), Alergista e Imunologista pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) dará uma aula sobre como desmamar sem romper o vínculo com a mãe.

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Colar de âmbar não alivia dores, aponta pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/09/03/colar-de-ambar-nao-alivia-dores-aponta-pesquisa/#respond Fri, 03 Sep 2021 12:29:25 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-02-at-13.19.56-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9249 Querido entre muitos pais, o colar de âmbar é vendido como calmante natural, anti-inflamatório e analgésico. Famosas como Isis Valverde, Karina Bacchi e Gisele Bündchen também são adeptas ao objeto, que é feito de resina vegetal fossilizada da região báltica.

A alta concentração de ácido succínio promete atuar sobre cólicas, instabilidade no sono infantil, alergias e incômodos durante o nascimento dos dentes.

Porém, uma pesquisa jogou um balde de água fria nessas crenças. A publicação da revista Altern Complement Med não encontrou evidências que sugiram que o ácido succínico possa ser liberado dos grânulos para a pele humana.

Além disso, os pesquisadores Michael Nissen, Esther Lau, Peter Cabot e Kathryn Steadman também não encontraram evidências que sugiram que o ácido tenha propriedades anti-inflamatórias.

Mãe de oito filhos, a doula e educadora perinatal Laura Muller acreditava nas promessas de calmaria do colar que ganhou de presente. Usou o enfeite em sua segunda filha, Margot, 5, a partir do terceiro mês.

Ela diz que acreditava nos “efeitos visíveis” do colar, porém “Margot vivia no peito, aconchegada no colo ou no sling”, lembra a empreendedora digital.

“Nunca foi o colar, sempre foi meu colo”, reconhece Laura, que, inclusive, foi quem divulgou essa pesquisa em suas redes sociais.

“Erramos tentando acertar. O desespero e a exaustão fazem isso com a gente”, diz.

“Falam muito sobre as dores de cólica ou dos dentes, mas se esquecem de que os saltos e picos de crescimento também alteram o sono e o comportamento do bebê. É sempre mais fácil associar essa mundaça a algo errado do que a um processo fisiológico e natural que se resolve sozinho”, afirma a doula criticando o mercado que vende soluções rápidas para as famílias.

Mãe de Pedro, 1, Christine Dias, 31, atribui ao colar o fato de seu bebê ser tranquilo e não ter sofrido com cólicas ou dores durante a dentição. Ele passou apenas por leves alterações no sono, mas sem febre ou diarreia –comuns aos bebês nessa fase.

“Não consigo dizer se foi o âmbar ou não, não tenho como provar que foi ele, mas vou continuar usando”, afirma a mãe.

RISCOS

Em 2019, a agência feral americana FDA (Food an Drug Administration, espécie de Anvisa deles) emitiu uma advertência sobre o risco que colares, pulseiras ou tornozeleiras representavam para bebês e crianças pequenas.

No documento, os riscos apontados são de mortes por estrangulamento e engasgo.

Casos os pais ainda queiram usar a joia, pediatras não recomendam usá-la sem supervisão, durante a noite ou quando os filhos estejam sentados no banco traseiro do carro, sem adultos por perto.

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Clareza sobre nossas feridas evita ferimentos emocionais nos filhos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/31/clareza-sobre-nossas-feridas-evita-ferimentos-emocionais-nos-filhos/#respond Tue, 31 Aug 2021 14:13:15 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-31-at-12.31.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9208 Ter clareza das nossas dores emocionais é o melhor caminho para não repeti-las em nossos filhos. Esse é um dos pilares da Teoria do Apego, que defende a criação segura para que a criança se desenvolva plenamente em todas as áreas.

Pais que apanharam na infância tendem a agir de forma violenta com seus filhos. Lembrando que gritos, ameaças, castigos e até o silêncio, ao ignorar um pedido de ajuda são considerados violência também.

Esse comportamento ocorre porque os pais repetem o padrão que receberam no passado. É o mais familiar e o que está internalizado dentro deles, independentemente de ser o melhor, é o conhecido e o mais fácil de ser acessado, explica a psicóloga e especialista em Teoria do Apego Arieli Groff.

Para encerrar esse ciclo, ela defende o autoconhecimento. “Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor”, diz a especialista que lançou o livro “Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade” (Editora Pirililampos).

Na obra, a autora aborda assuntos caros à maternidade, como raiva dos filhos, saudade da vida de antes, solidão e o cansaço mental por ter que tomar todas as decisões relacionadas à criança.

Dividido por assuntos, numa espécie de diário, Arieli também fala sobre a convivência forçada durante a pandemia, o dia da primeira birra pública e a fuga para o banheiro na expectativa de ter apenas um minuto de silêncio –o sonho de toda mãe.

“Minha filha tem minha melhor versão em vários momentos. Mas não é brincando de boneca”, revela a psicóloga destacando o mito da mãe perfeita. “Não somos boas em tudo. E não devemos nos cobrar isso. É cruel. É utópico”, afirma.

Reconhecer sentimentos, outro pilar da Teoria do Apego, aparece no capítulo “Hoje Tive Raiva”, onde ela ralata quando a filha a tirou do sério. “Ser mãe não me canonizou e ela ser minha filha não lhe dá o título de criança mais legal do universo. Ter raiva da minha filha foi o sentimento mais justo e honesto que pude oferecer. E eu disse o que estava sentindo. Nossa relação continua, com ainda mais verdade”, conta a mãe de Maitê, hoje com cinco anos.

“Criança pede presença. A cada comportamento difícil ou ataque de fúria nossos filhos estão nos dizendo ‘me olha’, ‘me ajuda’, ‘ não estou conseguindo sozinho’, ‘preciso de você’. É fácil amar quando ela está brincando de forma criativa e inteligente, de banho tomado, sendo meiga e dormindo como um anjo”, diz o livro.

No livro Quando Nasce uma Mãe, Arieli Groff fala sobre tabus na criação dos filhos (Divulgação)

O seu puerpério foi muito pesado? O que você sentiu e quanto tempo ele durou?

Ele não foi necessariamente pesado, mas me trouxe surpresas e vivências que mesmo já atuando com infância na clínica como psicóloga, eu não tinha clareza de como eram de fato vividos pelas mães. Me trouxe estranhamento e a angústia de por vezes não conseguir nomear o que eu sentia, e com isso, um sentimento de me ver só em tantos momentos, mesmo rodeada de uma rede de apoio afetiva e presente. Para mim foi aos dois anos da Maitê que senti e consegui retomar algumas questões mais voltadas a mim e conseguir me priorizar em algumas coisas. No final do primeiro ano eu senti um alívio do tipo “conseguimos, vivemos e sobrevivemos” e ao final dos dois anos dela veio esse sentimento de me ter de volta.

Por que a ideia de mãe perfeita faz tantas mães reféns?

Percebo que esse estranhamento que senti é também vivido por muitas mulheres, onde existe uma romantização de como é a chegada de um bebê e pouco se fala de sentimentos que não são vistos como positivos socialmente, como a tristeza, raiva, cansaço, questionamentos sobre a escolha de ter tido filhos, mas que se fazem presentes na realidade de muitas mães. E então quando a mulher sente isso, se percebe sozinha, inadequada, culpada de não sentir só amor e gratidão 24 horas por dia, que também estão presentes, mas não são exclusivamente o que se sente. E com isso, muitas mulheres se envergonham de compartilhar suas vivências, sentimentos, medos, cansaços, como se não tivessem o direito de reclamar. Acredito que esse é um aprisionamento que só iremos abrir aos poucos, com informação, diminuição da cobrança social em cima das mães e rede apoio, individual e coletiva, como sociedade.

Você conta sobre alguns momentos de fuga para cuidar de si, nem que seja no sofá para ter um tempo para ver uma série, ou no banheiro para fazer um xixi em silêncio. O quanto essas fugidinhas te ajudaram a não pirar ou levar a maternidade de forma mais leve?

Me ajudaram muito. Foram quase dois anos com a sensação que a minha vida não me pertencia mais, eu descansava enquanto trabalhava (atendimento em consultório). Esses pequenos momentos me traziam a sensação de ter o controle sobre alguma coisa, por menor que fosse, de que eu ainda tinha autonomia sobre meu tempo e espaço para escolher algo que fosse por mim e para mim.

Você assume que não gosta de brincar, que seu melhor é encontrado em outros momentos com a Maitê. Quando você descobriu isso e aceitou que brincar, algo tão importante para uma criança não era muito sua praia? 

Falo desse brincar mais tradicional, especialmente com meninas, que se espera que se brinque de bonecas, por exemplo, e que a mãe goste disso. Interagimos de outras formas, mas teve o tempo em que ainda me cobrei que precisava gostar de tudo que minha filha tivesse interesse em brincar. Até que entendi que aceitar quais eram as minhas brincadeiras favoritas e que eu não precisava gostar de tudo, me trouxe alívio e assim pude me entregar com mais prazer naquilo que gostava e até mesmo nas brincadeiras que não gostava muito, pois agora não havia cobrança, mas o amor de fazer algo pela felicidade dela.

Você fala sobre sentir raiva da sua filha em alguns momentos. Muitas mães têm medo de assumir isso e você fala com muita naturalidade sobre essa raiva. Alguma mãe já te deu feedback sobre sentir isso e estar aprisionada no medo das opiniões alheias sobre esse sentimento?

Muitas. Alguns sentimentos não são socialmente validados e tampouco valorizados. A raiva é um deles e se mostra como se fosse incompatível com a maternidade. Mas os sentimentos não são nem bons nem ruins, apenas são, o que fazem deles terem um aspecto mais positivo ou negativo é o que escolhemos fazer com eles, e isso vem de um lugar de consciência, autoconhecimento, empatia consigo mesma, o que leva a possibilidade de uma regulação emocional. Com isso, muitas mães me relatam que se sentem julgadas, culpadas, inadequadas e envergonhadas de assumirem o quanto seus filhos tantas vezes despertam raiva, aumentando o senso de solidão que leva à mais raiva. A raiva surge como a percepção de não se sentir vista, sem apoio, percebendo que chega em um limite e/ou quando se vê com recursos internos escassos para lidarem com os filhos. A raiva é uma expressão de cobranças externas e internas, frustrações e desamparos vividos pelas mães.

 O que a pandemia despertou de melhor em você como mãe ? E o pior?

 Ter minha filha 24 horas por dia em casa me fez agradecer por ter o privilégio de conseguir manter a rotina com ela e de trabalho (desde 2018 passei a atender somente online, e meu marido também já trabalhava home office, então já estávamos adaptados a esse modelo de trabalho), nos exigiu criatividade, readaptações, como todas as famílias, morávamos fora da nossa cidade, sem nenhuma rede de apoio (desde junho retornamos para Porto Alegre, morávamos em Florianópolis por uma escolha desde 2018 por mais qualidade de vida, mas a pandemia fez revermos prioridades e voltamos para mais perto da família e amigos daqui), mas ainda assim me fez agradecer pela vida que tinha, pelo privilégio da rotina que criamos e me fez também aproveitar mais os momentos com a minha filha. Ao mesmo tempo, precisei de mais “momentos de respiro”, mas aprendi a respeitar esses movimentos, entender quando meu melhor talvez fosse sair de cena, olhar para mim, me dar um tempo, e retornar podendo ser uma mãe o mais inteira possível.

Até que ponto sua filha pode ser ela e quando você “entra em cena” para evitar uma combinação de roupa que não acha adequada, ou fazer algo que não estava no script pelo fato dela ser criança?

Esse foi, e é, um grande desafio para mim. Sou opinativa, gosto de participar de escolhas e é uma nota mental que atualizo todos os dias, de entender que meu gosto, opinião, ponto de vista é somente uma única forma de entender e enxergar o que quer que seja, e não necessariamente a melhor, tampouco a preferida da minha filha, e que não é por ela ter cinco anos que a minha opinião precisa ter mais valor que a dela. Claro, há questões que aos cinco anos ela não tem sequer maturidade para decidir, e aí entendo ser meu dever entrar em cena. Mas em assuntos e situações que ela já possui autonomia pela idade para escolher, procuro incentivar que ela decida. Provoco ela a dizer o que prefere, o que gostaria. Isso vale para roupas por exemplo (desde que não queira sair fantasiada de sereia em um frio de 2ºC do sul) até para questões comportamentais. Quando se chateia ou nos desentendemos, procuro após estarmos emocionalmente mais estabilizadas, conversar com ela, perguntar se entende que a forma como reagiu foi a melhor, como poderia agir em uma próxima situação.

Muitos pais estão ao lado, mas não estão presentes na vida dos filhos. O que essa presença decorativa provoca no emocional das crianças ao seu ver?

Acredito que nada em nossa vida deva ser encarado como sentença, a capacidade de transformação é sempre possível, mas é fato que muitas das vivências da infância deixam marcas e influenciam no desenvolvimento emocional, construção de vínculos e relacionamentos futuros da criança. São várias as mensagens que podemos passar sendo uma presença ausente: fazer com que a criança não se sinta importante, gerar um entendimento que esse amor é condicionado (a criança perceber que é digna de atenção se faz determinadas coisas, por exemplo), gerar comportamentos intensos na criança como forma de chamar a atenção, apresentar dificuldades escolares para igualmente se sentir vista e com isso se desenvolverem adultos com um baixo senso de merecimento, que cultivam relacionamentos de submissão (sejam afetivos, de amizade ou no trabalho, com colegas e chefes) e por vezes expostas à violências (seja física, emocional e/ou psicológica), dificuldade de confiar nas pessoas e em si mesmos. Em termos de construção de vínculos, qualidade e quantidade importam.

Como os pais podem ter essa consciência que você diz necessária para criar sem aprisionar ou sem cometer tantos erros?

Autoconhecimento. Não tem mágica, receita pronta ou rápida para isso. E isso requer coragem, disponibilidade interna, entrega e amor, muito amor. Estudar sobre infância, educação, vínculos também é muito importante. Passamos a vida estudando para nossos trabalhos, por que temos a pretensão de achar que não precisamos estudar para a missão mais importante e de maior responsabilidade das nossas vidas? Além disso, poder se olhar com gentileza, empatia e a expectativa da busca pela perfeição, ela é utópica e cruel.

Por que vemos tantos pais repetirem os mesmos erros que juraram que não cometeriam com seus filhos?

O nascimento de um filho é como a abertura de um portal, onde nossos filhos nos catapultam a viver o afeto em sua máxima potência, pois conforme mostra a Teoria do Apego (a qual estudo e é a base teórica que permeia meu trabalho há 16 anos), a criança necessita se sentir segura e protegida para se desenvolver, isso é biológico e inato, e que em qualquer sinal de ameaça, liga seu comportamento de apego, solicitando esse amparo da figura principal de cuidado ( sendo essa ameaça real e legítima para quem a sente, podendo ser desde fome, frio até sentimento de solidão). Ao fazer isso, a criança muitas vezes pede aos pais algo que não receberam em suas próprias infâncias, tráz à tona dificuldades vinculares dos próprios pais, e então muitas vezes pais, com pouca clareza de suas dificuldades e com autoconhecimento não muito aprofundado, tendem a repetir o padrão que receberam, por ser o mais familiar e o padrão que está internalizado dentro de si, independente de ser o melhor, é o conhecido.

Psicóloga especialista em Teoria do Apego Arieli Groff, autora de Quando nasce uma Mãe (Arquivo Pessoal)

Trecho do livro: Nenhuma Novidade

“Especialmente nesse período de isolamento, me peguei pensando nas coisas que precisei abrir mão, seja para mantermos a saúde, seja porque nossa rotina mudou por aqui com Maitê 24 horas por dia em casa. Aí percebi que, por mais que tenha precisado de adaptações, não foi algo inédito.

Percebi que mãe quando vem a parir já abre mão de um monte de coisa. Quiçá já durante a gravidez. Ou pelo simples fato de sermos mulheres. Cursos de gestantes não deveriam ensinar como dar banho ou trocar fralda, tampouco fazer o desserviço de dizer que o bebê tem que mamar a cada 3 horas. Deveriam compartilhar mesmo “como abrir mão da sua vida e se manter sã”, “como se reconhecer após perder sua identidade”.

Deveria ser item obrigatório. Mas isso ninguém nos conta. Não é bonitinho, corrobora para manter as mulheres em uma posição de culpas e deveres como o patriarcado precisa. Enfim, esse tal patriarcado tem me tocado muito nos últimos tempos.

Mas voltando aos meus pensamentos, percebi que, de alguma forma desde meninas, somos ensinadas a sermos as boazinhas, as educadas, a ter modos de mocinha, a dizer amém para os outros e ainda rindo, a deixar nossos quereres de lado. Mas aí nos tornamos mães, e acredito que o que torna tão penoso nesse abrir mão de si mesma não são nossos filhos.

É a reedição de nos sentirmos, mais uma vez, como na nossa história, tendo que nos deixar de lado. Não é algo inédito. Nesse silêncio da casa, me vendo sozinha ainda, entendi que ser mãe não é somente sobre abrir mão de si, é sobre abrir espaços para permitir se transformar.

Deixar que o novo nos atravesse e faça morada. É autorizar trocar a roupa da alma e se preencher de sentimentos, vivências, pensamentos agora, sim, inéditos. E por isso, às vezes, tão assustadores que escolhemos fugir, nos proteger através de medos e reclamações.

Ser mãe é um ato de fé, é ter a coragem de se jogar no vazio e ser surpreendida por aquilo que ninguém nos conta e, ainda assim, seguir inteira, mas agora, de um outro jeito desconhecido. E aí o peso pode ir embora, por mais difícil que seja. O que fica é leveza e amor”.


 SERVIÇO

Quando uma Mãe Nasce: Confissões, Dores e Amores da Maternidade

Autora: Arieli Groff

R$ 45, Editora Pirililampos, 115 páginas.

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Pele infantil exige cuidados contra mudança constante de temperatura https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/25/tempo-seco-exige-cuidado-com-a-pele-infantil-veja-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/25/tempo-seco-exige-cuidado-com-a-pele-infantil-veja-dicas/#respond Wed, 25 Aug 2021 21:01:57 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-24-at-16.24.19-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9214 A baixa umidade e o tempo seco dos últimos dias têm afetado bem mais que os olhos, o nariz e a garganta das crianças. Por ser bem mais sensível, a pele infantil também sente os efeitos da poluição e da mudança constante de temperatura.

Por isso, alguns cuidados básicos podem ser tomados para evitar o ressecamento e a perda da camada de gordura natural que protege o maior órgão do corpo humano.

  1. A partir dos 6 meses a ingestão de água está liberada. Ofereça várias vezes ao dia e, se possível, deixe garrafinhas prontas em diferente cômodos da casa. Pele ressecada pode indicar ingestão baixa de água.
  2. Evite banhos quentes e demorados. Quanto mais alta a temperatura, maior a perda dos lipídeos, gorduras que protegem a pele. O ideal é não passar de 37ºC. O cloro presente na água tratada pode levar à irritabilidade cutânea em crianças, especialmente as alérgicas.
  3. O uso de sabonetes em barra também pode prejudicar essa camada de proteção, prefira os líquidos. Caso a criança tome mais de um banho por dia, use o sabonete em pequena quantidade e em um só dos banhos.
  4. Se o bebê tomar banho na banheira, separe uma porção de água para retirar o excesso de sabão que fica no corpo.
  5. Evite compartilhar sabonetes e cremes de adulto com os pequenos, porque a pele infantil absorve mais facilmente os produtos químicos. Além disso, as fórmulas infantis têm pH correto e evitam alergias.
  6. Bebês e crianças podem usar hidratantes desde que sejam sem cheiro, hipoalergênico e com bom emoliente.
  7. Muitas mães usam pomadas de assadura para hidratar áreas ressecadas dos bebês. Cuidado com as que possuem óxido de zinco na formulação, pois esse ingrediente pode ressecar ainda mais a pele.
  8. Farinha de aveia tem um forte poder hidratante e pode ser salpicada na banheira do bebê (converse com o pediatra antes).
  9. Após usar lenços umedecidos nos bebês, remova o produto com algodão e água.
  10. Automedicação de cremes e outros produtos pode aumentar a oleosidade e causar dermatites. Antes de usar qualquer produto em seu filho, consulte um dermatologista infantil.

As informações são do Departamento de dermatologia pediátrica da Sociedade Brasileira Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e de Simone Saintive, chefe do serviço de dermatologia pediátrica da UFRJ e do dermatologista pediátrico Luiz Telles de Menezes, do Grupo Prontobaby.

MUDANÇA DE TEMPERATURA

Após registrar forte calor nesta quarta-feira (25), São Paulo deve receber uma frente fria que derrubrá as temperaturas nos próximos dias. A queda esperada é de até 18ºC.

Na sexta (27), a temperatura máxima deve ser de 21ºC, e a mínima, de 16ºC, segundo o INMET.

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Introdução alimentar: não estamos prontos para aceitar o não de um bebê https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/13/introducao-alimentar-nao-estamos-prontos-para-aceitar-o-nao-de-um-bebe/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/13/introducao-alimentar-nao-estamos-prontos-para-aceitar-o-nao-de-um-bebe/#respond Fri, 13 Aug 2021 14:23:33 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/mario-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9188 Que atire o primeiro brócolis quem nunca se preocupou com a introdução alimentar do seu filho.

O que dar? De que forma? Quanto oferecer e como lidar com a frustração após seu pequeno jogar no chão todo alimento que você passou a manhã preparando para ele devorar feliz.

Quando atende mães e pais nesta fase, a nutricionista materno-infantil Carla Massuia bate sempre na mesma tecla: o enfoque da introdução não é comer, mas ter a oportunidade de conhecer os alimentos.

“Somos de uma geração ensinada a raspar o prato a todo custo e muitas vezes esperamos que nossos filhos comam tudo que é oferecido para eles, mas não há ninguém que goste de tudo”, afirma a especialista.

Ela pontua que os pais se esquecem de que o ato de comer vai se repetir muitas vezes ao dia até o final da vida, e quanto melhor for a relação da criança com o alimento logo no começo, melhor será a relação para o resto da vida.

“Quanto maior guerra para comer, maior será a recusa. Ninguém é feliz comendo a qualquer custo”, diz a nutricionista. Ela também elenca diversos problemas alimentares na vida adulta com os traumas causados durante a alimentação na infância.

A nutricionista, que também é mãe de Mário, de 1 ano, é adepta do método BLW (do inglês Baby Led Weaning ou desmame guiado pelo bebê), aquele em que os pais colocam a criança em um cadeirão e oferecem na bandeja alimentos que ele pode comer usando as mãos. O intuito é estimular o bebê a conhecer diferentes texturas e comer o quanto quiser, na velocidade que desejar.

A principal fonte de nutrição da criança dessa fase ainda é o leite materno ou a fórmula, então a comida é apenas um complemento para eles nessa fase.

Close em Mario, um bebê de 11 meses comendo um brócolis com as mãos. Ele é branco, tem olhos claros, cabelo levemente ruivo. Seu body branco está sujo de comida, assim como seu rosto e cabelo. Apesar da boca cheia, está sorrindo, sentado no cadeirão.
Mário entre os pais Carla e Renê; introdução alimentar é para conhecer diferentes alimentos e não encher a barriga (Fotos de Arquivo Pessoal)

MAS, E A SUJEIRA?

Mesmo que você opte por outro método, certamente alguma sujeira vai ter que encarar, afinal, os bebês estão aprendendo e acidentes podem acontecer (leia comida na roupa, no cabelo ou pratos voando por causa das mãozinhas ágeis deles).

Caso a sujeira seja um impeditivo para experimentar o BLW, Carla Massuia indica o contato com alimentos mais secos, como cenoura ou quiabo, e sugere ao menos uma refeição no estilo, pelo menos uma vez por semana.

“Nossas mãos têm receptores de reconhecimento e ao usá-las para comer, as crianças treinam a coordenação motora, criam intimidade com o alimento e exploram sua cavidade oral. Bebês que reconhecem o que comem ficam mais confortáveis e se alimentam melhor”, diz.

Vale lembrar que nós adultos adoramos apalpar as coisas antes de comprar (seja uma fruta, um livro ou uma roupa). “Com as crianças é igual. Permitir essa experiência, nem que seja uma vez na semana, vai desenvolver habilidades e ampliar o repertório durante a fase oral, que vai até os 18 meses”, completa.

ENGASGO

Quando mama, o bebê faz um tipo de movimento com a língua. Ao começar a comer, a língua passa a lateralizar a comida e jogar o alimento para ser amassado no céu da boca. Para evitar engasgos, os bebês nascem com um mecanismo de defesa chamado reflexo de GAG. É uma ânsia que ele pode apresentar durante a introdução alimentar e que evita que a comida desça de uma vez.

Ao ofertar alimentos para as crianças, os pais devem cortá-los de forma a evitar o engasgo, principalmente os esféricos, como tomate cereja e ovo de codorna (veja mais dicas de cortes de segurança abaixo). Nunca ofereça comida quando o bebês estiverem reclinados, na cadeira de balanço ou deitados. E lembre-se que não são só os sólidos que causam engasgos.

Uma criança nunca deve comer desassistida, principalmente no início. Os pais ou cuidadores devem estar de frente para a criança e com a atenção voltada totalmente para ela. Vale a pena aprender manobras de desengasgo (melhor pecar pelo excesso).

RECUSA

Aos pais cabem três coisas: definir onde a criança vai se alimentar, o que ela irá comer e que horas será a refeição. Evite comer na frente da TV ou sair atrás da criança com o prato na mão. O ideal é sentar-se à mesa e comer junto com os filhos.

A decisão sobre qual alimento dar é de responsabilidade dos adultos, portanto, o filho pode escolher o que quer comer desde que as opções tenham sido dadas pelos pais.

A sensação de previsibilidade traz segurança para os pequenos, por isso, busque ter uma rotina básica, com horários para se alimentar.

Já ao bebê cabe definir a quantidade de alimento, e se vai ou não comer. Afinal, o estômago é dele e o gosto também. “Não estamos prontos pra aceitar o não de um bebê. Fomos criados para comer a todo custo, achando que criança não tinha que querer. Temos uma grande oportunidade de reverter isso, respeitando a escolha dos nossos filhos”, afirma a nutricionista, que atende famílias há 12 anos.

Para tornar esse processo mais leve, a especialista dá mais dicas:

  1. Para o bebê poder iniciar sua aventura com a comida, é necessário que tenha pelo menos 6 meses e que dê sinais de aptidão para iniciar sua jornada: demonstrar interesse pelo alimento, sustentar o tronco e coordenar o movimento mão boca. Isso pode acontecer no dia em que ele faz 6 meses ou não.
  2. A partir daí, podem ser ofertadas todas as frutas, vegetais, cereais (como arroz, aveia, trigo), proteínas de origem animal (ovo, carne, peixe, frango). Neste início, o bebê não precisa de sal e nem de leite de vaca e derivados.
  3. Açúcar deve ser evitado até os 2 anos de vida.
  4. Em geral, essa fase é próxima ao nascimento dos dentes, o que já causa um enorme desconforto para o bebê. Há casos em que a introdução alimentar coincide com o retorno da mãe ao trabalho, então a descoberta pode ser ainda mais angustiante para eles nesse momento, assim como para seus pais. Paciência é a palavra chave.
  5. Ofereça alimentos recusados em novas formas e com outros temperos. No caso de uma recusa recorrente, nunca engane a criança, incluindo esse alimento escondido para forçá-la comer. Isso pode refletir na recusa de mais alimentos.
  6. Comer junto com o bebê e de preferência a mesma comida (apenas temperadas de forma diferente), traz ainda mais confiança para a criança.
  7. Fuja dos mitos e palpites sem base científica. Bebês podem comer todos os tipos de banana, maçã e laranja.
  8. Ofereça bastante água ao longo do dia.
  9. Não há problema algum em repetir as refeições. Nosso filho precisa da gente mais inteira possível. Se um brócolis congelado permitir ter mais tempo com seu filho, vá em frente.
  10. O bebê é exatamente igual a gente: gosta de comida bonita, gostosa, cheirosa e apetitosa. Bote em jogo a boa e velha refoga de alho com cebola, aproveite e já use a salsinha, alecrim, azeite, coentro (há controvérsias), cúrcuma e mais um monte de temperos naturais.
  11. Aos maiores, deixem participar da rotina da alimentação, permita que pegue os alimentos antes do preparo, que lavem as frutas e verduras
  12. Já dizia o ditado: O ladrão de felicidade é a comparação. Cada bebê tem um tempo e um gosto. Relaxe e procure focar em estar com a criança no processo. Comer vai muito além do nutrir o corpo.

MAIS INFORMAÇÕES 

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Pais empreendedores servem famílias e fazem dos clientes rede de apoio https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/07/pais-empreendedores-servem-familias-e-fazem-dos-clientes-rede-de-apoio/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/08/07/pais-empreendedores-servem-familias-e-fazem-dos-clientes-rede-de-apoio/#respond Sat, 07 Aug 2021 14:04:33 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/08/WhatsApp-Image-2021-08-04-at-16.27.28-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9161 Antes de fechar uma venda, Ricardo Figaro, 34, pergunta outras coisas além de quais serão os sabores das comidas que o cliente levará pra casa.

Quer saber a história dos bebês, o que gostam de comer, como anda o sono e como os pais têm lidado com o cansaço típico de quem tem um filho pequeno.

Sua empresa, a Papai Que Fez, fabrica porções de refeições orgânicas congeladas para bebês a partir do sexto mês de vida, quando ocorre o início da introdução alimentar.

O empurrãozinho para abrir um negócio veio da pediatra do filho. Vários pacientes dela estavam preocupados com o início da alimentação dos filhos. Qual grupo de alimentos usar? Como temperar? O terror de muitos pais era a paixão de Ricardo, e a doutora viu um nicho e brincou com a sugestão. Ricardo tinha acabado de perder o emprego por causa da pandemia.

Comidas congeladas facilitam a vida de pais que trabalham fora (Reprodução Instagram @papaiquefez_)

“Cresci vendo meus avós na cozinha e todos os grandes momentos da minha vida têm alguma relação com a comida”, explica o pai de Henrique, de um ano e meio.

Além do feedback sobre os pratos, ele e sua esposa, Erika, também trocam figurinhas com outros pais -e clientes- sobre sono, cama compartilhada, introdução alimentar e salto de desenvolvimento.

“Gosto de passar para os clientes que essa é uma fase gostosa. Meu objetivo é facilitar a vida de outros pais e também proporcionar experiências gustativas como as que eu tento proporcionar para meu filho”, conta.

Foi um pedido do filho ainda pequeno que despertou outro pai para empreender.

Quando era menor, Henry, 12, pediu um cavalinho para Bruno Soares, 35, de Dia das Crianças. Ele também ganhou um boneco que falava, era cheio de luzes e soltava teias pelas mãos.

O cavalo ganhou a corrida. Senta lá, Spider!

“Foi essa simplicidade do meu filho que me impulsionou para trabalhar com meu hobby. O boneco ficou de lado e ele preferiu o cavalo de pau”, conta o artesão, proprietário da Imaginação Sem Limite.

Parte da produção de brinquedos pedagógicos da Imaginação sem Limites (Arquivo Pessoal)

Após também perder o emprego como orientador socioeducativo, ele passou a trabalhar integralmente com a arte em madeira -ofício que aprendeu sozinho, “na marra”, conta.

No começo, fazia peças religiosas, porta-retratos e luminárias e, recentemente, passou a investir em brinquedos montessorianos, que estimulam o desenvolvimento infantil.

Assim como Ricardo, que aproveita as sugestões dos clientes para criar novas receitas, Bruno também recebe diversos pedidos para criar brinquedos em madeira.

“Quando você ouve um pai ou uma mãe falando que sua arte fez o filho deles feliz é emocionante. Ser uma referência de criatividade para meu filho e pros seus amigos, também”, diz.

Bruno passou a fazer objetos de madeira após um pedido do filho Henry, há alguns anos (Arquivo Pessoal)

SERVIÇO

Imaginação Sem Limites – Arte em Madeira

(peças a partir de R$ 35)

Instagram: https://www.instagram.com/isl_imaginacao

Contato: 11 99017-5143

 

Papai Que Fez – Comida para bebês

Porções a partir de R$ 9

Instagram:  https://www.instagram.com/papaiquefez_/

Contato: 11  4211-9606

 

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