Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Parto antecipado pode ocasionar déficit de atenção e queda no rendimento escolar, aponta pesquisa https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/parto-antecipado-pode-ocasionar-deficit-de-atencao-e-queda-no-rendimento-escolar-aponta-pesquisa/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/08/parto-antecipado-pode-ocasionar-deficit-de-atencao-e-queda-no-rendimento-escolar-aponta-pesquisa/#respond Thu, 08 Jul 2021 12:48:47 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/WhatsApp-Image-2021-07-07-at-19.41.22-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9035 Antecipar o nascimento de um bebê por meio de uma cesárea pode ocasionar uma série de problemas na saúde da criança.

Os desfechos negativos vão desde os relacionados à maturidade pulmonar, deixando-o menos alerta, com menos condição de interagir com a mãe na primeira hora, até consequências futuras, como atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, queda no rendimento escolar, aparecimento de doenças psiquiátricas e surgimento de doenças metabólicas como diabetes, por exemplo.

Esses são alguns dos resultados observados pelo estudo “Dias potenciais de gravidez perdidos: uma medida inovadora da idade gestacional para avaliar intervenções e resultados de saúde materno-infantil”.

Coordenado pela professora Simone Diniz, do Departamento de Saúde, Ciclos de Vida e Sociedade e vice-diretora da Faculdade de Saúde Pública da USP, o levantamento inédito no país mostra as consequências negativas da abreviação da gestação no curto, médio e longo prazo e prova que cada dia dentro da barriga impacta de forma positiva o desenvolvimento do bebê.

No curto prazo, há maior número de neonatos internados em UTIs, icterícia, alterações da glicemia e dificuldades na amamentação. No longo prazo, há maior impacto no desenvolvimento cognitivo, quadros de déficit de atenção e maior risco para diversas doenças crônicas que poderão surgir ao longo da vida.

“O processo de trabalho de parto mostra a maturidade gestacional e a prontidão para essa transição dramática da vida fetal para a neonatal”, explica Simone.

A pesquisa reforça que crianças nascidas de parto vaginal entram em contato com o microbioma [ecossistema do corpo composto por micróbios, como bactérias, vírus e fungos] da mãe, o que faz com que a semeadura do microbioma do bebê seja mais apropriada. Já os que nascem de cesariana tomam contato em primeiro lugar com bactérias hospitalares.

Além desses resultados, a pesquisa mostra que mulheres com maior escolaridade, residentes em áreas de maior IDH, tendem a ter mais partos prematuros, mas os desfechos tendem a ser positivos por causa do maior acesso às tecnologias.

A literatura considera gravidez “a termo” o bebê que nasce entre 37 e 42 semanas. Porém essa pode ser subdividida em três fases: o termo precoce, entre 37 e 38 semanas e seis dias, o termo pleno, de 39 a 40 semanas e seis dias, e o termo tardio, entre 41 e 42 semanas.

Icterícia, problemas pulmonares, alterações da glicemia e dificuldades na amamentação estão entre os problemas ao antecipar o parto (Adobe Stock)

Maternar – Quais as principais diferenças encontradas entre bebês que nasceram de forma espontânea e os que nasceram de uma cesárea agendada (sendo saudáveis e sem motivo para serem tirados antes do tempo)?

Simone Diniz- Hoje sabemos que o trabalho de parto espontâneo representa um conjunto de eventos epigenéticos, que desligam uma parte dos genes do período intrauterino, para melhor adaptar o bebê para a vida extrauterina. Bebês que nascem de parto espontâneo tendem a nascer quando estão maduros do ponto de vista respiratório, imunológico, metabólico, etc, fazendo essa transição fetal-neonatal de forma mais segura e efetiva, com menor risco de complicações.

Maternar -Na reta final, quais partes do corpo do bebê sofrem mais por ele ter sido tirado antes do prazo correto?

O problema mais visível relacionado ao nascimento antes de uma duração ótima da gravidez diz respeito à maturação pulmonar, com vários problemas para o estabelecimento de um padrão respiratório saudável no recém-nascido. Outra questão importante é que os bebês que nascem de parto espontâneo nascendo mais maduros, também estão mais alertas, e com mais condição de interagir com a mãe na primeira hora, estabelecer amamentação e o contato pele a pele.

Maternar – Boa parte da nossa geração nasceu por cirurgia e até hoje há maternidades que têm 90% de partos cirúrgicos. Quais consequências são claramente causadas pelo nascimento antecipado em nossa geração?

Temos poucos estudos no Brasil sobre os resultados de longo prazo, mas os que já temos indicam um risco aumentado de obesidade e doenças crônicas em geral, na infância e na juventude. Quando vemos os grandes estudos de coortes [pessoas que têm em comum um evento que se deu no mesmo período] dos países escandinavos, que têm publicado muitos dos estudos sobre os efeitos da cesária e da duração reduzidas a gravidez, eles mostram problemas do desenvolvimento neuropsicomotor, do rendimento escolar, de doenças psiquiátricas, doenças metabólicas como diabetes e outras, além de outras doenças crônicas, asma alergias e cânceres.

Então o que deve fazer toda geração que nasceu de cesária, para reduzir seus riscos?

Levar ao máximo uma vida saudável, sobretudo atenção à alimentação e uma comida de verdade, atividade física, e buscar uma vida que vale a pena ser vivida, na companhia de pessoas que gosta. Isso se aplica a todos nós.

Maternar – A pesquisa explica que o trabalho de parto sinaliza ao corpo uma mudança epigenética [mudanças no fenótipo, que se perpetuam nas divisões celulares, sem alterar a sequência de DNA] necessária para ativar ou desativar os genes de uma etapa para a outra. Porém, há uma queima das etapas quando o nascimento é antecipado. Quais são essas etapas cruciais?

Os processos epigenéticos do parto, da transição fetal-neonatal, e perdas no desenvolvimento cerebral, por exemplo, são efeitos desta antecipação. Também há efeitos sobre as mães. Antigamente nós médicos entendíamos o parto apenas como um período doloroso e desnecessário para as mulheres, e arriscado para os bebês. Hoje entendemos que o trabalho de parto e o parto representam o amadurecimento final do bebê, e que pode ser uma experiência muito melhor para a mulher do que tem sido. Dizemos que a experiência do parto tem sido pessimizada (tornada muito mais difícil, dolorosa e arriscada do que poderia), e deveria ser otimizada, que as mulheres devem ser cuidadas e bem tratadas para quererem um parto espontâneo, e não obrigadas a isso. Isso se torna fundamental, mudar a cultura do parir, a partir do reconhecimento dos processos epigenéticos e de formação do microbioma associado ao parto, etapa dos quais se beneficiam tanto os bebês quanto as mães.

Maternar – Qual a relação social entre mulheres mais ricas e maior número de casos prematuros?

Vimos que os padrões de cesárea no setor público e privado são muito diferentes. Quando uma mulher mais rica tem um filho que nasceu antes do que devia e tem algum problema respiratório, ou outro, o acesso à UTI neonatal já está previsto e é muito facilitado. Este efeito seria melhor descrito como as mulheres ricas tendo desfechos piores do que as pobres, no que diz respeito à maturidade dos bebês. Na verdade, agora estamos começando a ver os efeitos negativos da redução da duração da gravidez, isso deve servir de alerta para todos nós, lembrando que atualmente o padrão ouro da assistência para gestações normais é o mínimo de intervenção compatível com a segurança. Hoje em dia muitas mulheres querem ter um parto como a Kate Middleton e outras famosas, com partos sem intervenções, toda tecnologia disponível mas apenas se precisar, indo ao hospital ao final do trabalho de parto, atendida por parteiras, de forma que depois do parto esteja bem o suficiente para sair andando com as próprias pernas, para viver seu puerpério sossegada e apoiada porque o pós-parto precisa de muita ajuda, para pobres e ricas.

Maternar – Qual a diferença entre indução e condução do parto, citadas na pesquisa?

A indução do parto significa que o parto não havia se iniciado e um conjunto de drogas e procedimentos será aplicado para fazer o parto começar. A condução do parto, também chamada aceleração do parto, é um conjunto de procedimentos e drogas para tornar as contrações mais intensas e mais frequentes, para tornar o parto mais rápido. Esses procedimentos eram usados de rotina, e tendem a aumentar o sofrimento e os riscos para mães e bebês. Atualmente sabemos que precisam ser usados com muito critério e cautela, pelos riscos associados.


DICA: GRAVIDEZ SEMANA A SEMANA

Estreia nesta quinta-feira (8), a série “Gravidez Semana a Semana”, no canal do YouTube Mãe de Primeira Viagem.

Serão 42 vídeos, com cinco minutos cada, um para cada semana de gestação. Produzido e apresentado pela jornalista Silvia Faro, a série vai abordar assuntos como exames, alimentação e comportamento.

A supervisão do conteúdo é feita por cinco profissionais de saúde do Elas Parto.

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‘Paciência, dor e frustração’, define deputada Sâmia Bomfim sobre amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/06/29/paciencia-dor-e-frustracao-define-deputada-samia-bomfim-sobre-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/06/29/paciencia-dor-e-frustracao-define-deputada-samia-bomfim-sobre-amamentacao/#respond Tue, 29 Jun 2021 15:32:47 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/samia2-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9024 “Paciência, dor, frustração, medo, coragem, cumplicidade, técnica, jeito e alívio”. Assim a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) define os primeiros dias da amamentação de Hugo.

O bebê nasceu na semana passada e é filho do também deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

Sâmia está passando pela apojadura, momento em que o leite materno desce e pode causar uma série de dores e incômodos na mãe.

“Não é tão simples. Definitivamente não é nada simples, pelo menos agora no começo. É um processo, uma construção”, afirma em sua conta no Instagram.

Para falar sobre o momento, Sâmia escolheu uma foto “maternidade real”: cabelo preso em coque, sem maquiagem, com sutiã bege. Hugo mamando de um lado e do outro um coletor de leite.

“[A foto] não me envergonha nem constrange e achei importante compartilhar um pouco para que temas tão fundamentais da vida e da política não fiquem escondidos”, disse a política.

“Quanto mais amamentação vida real, mais a gente estimula as pessoas e embarcarem nessa viagem, sem achar que é magia, mas sim muito estudo, determinação, foco e privilégio”, disse a @plantao_materno.

A atriz Samara Felippo também comentou a postagem. “Que relato importante! Que sua jornada de amor seja linda e leve. Leve não fica muito, hahahhaha, mas cheia de amor eu te garanto!” 

Hugo nasceu de parto normal, dia 24 de junho, às 15h46, pesando 3,8 kg e com 50cm.

Hugo nasceu dia 24 de junho, pesando 3,8 kg e com 50cm  (Foto: @lelabeltrao_fotografia )
LICENÇA PARENTAL 

Sâmia e Glauber apresentaram um projeto de lei recentemente que cria o “Estatuto da Parentalidade”. O texto propõe uma licença parental de 180 dias a todos os trabalhadores e regulamenta um salário parentalidade, que serrá custeado pela Previdência. O objetivo é garantir a paridade entre pais, mães e outras pessoas que adotem uma criança ou adolescente.

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Conheça 24 direitos das grávidas no trabalho, no médico e na vida cotidiana https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/pai-tambem-deve-arcar-com-despesas-da-gestante-veja-outros-direitos-das-gravidas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/15/pai-tambem-deve-arcar-com-despesas-da-gestante-veja-outros-direitos-das-gravidas/#respond Wed, 15 May 2019 12:52:39 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-14-at-17.18.30-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8134 Provavelmente, você já ouviu que toda grávida tem direito ao atendimento prioritário em instituições públicas e privadas, assim como assento prioritário nos transportes coletivos. Mas além desses direitos, há muitos outros garantidos por lei.

 

A Constituição prevê estabilidade da gestante no emprego desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Vale ressaltar que a garantia da estabilidade no emprego também vale para a gestante em contrato de experiência.

 

A empregada gestante tem direito a licença-maternidade de 120 dias, sem prejuízo do emprego e salário. Em caso de parto antecipado, a mulher terá direito aos mesmos 120 (cento e vinte) dias.

 

Mães adotivas também têm direito à licença-maternidade de 120 dias no caso de criança até 1 ano de idade; de 60 dias no caso de criança de 1 até 4 anos de idade e de 30 dias no caso de criança de 4 até 8 anos de idade.

 

A licença-maternidade de 180 dias é obrigatória no serviço público e opcional para empresas do setor privado inscritas no Programa Empresa Cidadã.

 

É direito da gestante ter as despesas decorrentes da gestação custeadas pelo futuro pai. Isso vale para despesas com alimentação, médico, psicólogo, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições indispensáveis, segundo seu médico, além de outros itens que o juiz considerar pertinentes.

 

A gestante também tem direito a transferência de função, quando sua condição de saúde exigir (mediante atestado médico), tendo assegurada a retomada da função anteriormente.

 

Vale mencionar que a gestante que exerce atividade considerada insalubre em grau máximo (contato com agentes químicos, biológicos, infecciosos e fatores físicos prejudiciais à saúde) deverá ser afastada da atividade enquanto durar a gestação, sem prejuízo do adicional de insalubridade recebido.

 

Entre os cargos que se encaixam nesse perfil estão: soldadoras, técnica em radiologia, profissionais da metalurgia, bombeira, química, mineradora, profissional da construção civil, mergulhadora e enfermeira.

 

A alteração também vale se a gestante tiver um atestado médico nos casos das atividades consideradas de grau médio (lugares quentes e úmidos) ou mínimo (locais ruidosos).

 

A gestante ainda tem direito à dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.

 

Mães desempregadas que contribuíram para Previdência Social também podem receber o salário de licença-maternidade. A solicitação do benefício pode ser feita até a criança completar cinco anos.

 

Após o nascimento da criança, a mulher tem direito a dois intervalos especiais de meia hora cada para amamentação até o filho completar seis meses.

É garantido por lei acesso a uma sala de amamentação no trabalho para que ela realize a extração do leite. O local deve obedecer a regulamentação técnica dos bancos de leite: ambiente tranquilo, privado e confortável, com freezer e lavatório.

 

No caso de aborto até a 22ª semana de gestação, a mulher tem direito ao afastamento por 14 dias.

 

A licença-maternidade de 120 a 180 dias também é garantida em casos de natimorto (feto que morre no útero e tem mais de 500 gramas ou mais de 23 semana de gestação), em casos de prematuridade ou quando o bebê morre no parto.

 

PRÉ-NATAL E PARTO

 

Toda gestante tem direito a realizar até seis consultas pré-natal gratuitas no posto de saúde, fazer exames gratuitos de urina, sangue, verificação de peso e pressão.

 

A mulher deve ser atendida com respeito e dignidade pelas equipes de saúde, sem discriminação de cor, raça, orientação sexual, religião, idade ou condição social.

Também é seu direito aguardar  atendimento sentada, em lugar arejado, com água para beber e banheiros limpos à sua disposição.

A gestante tem o direito de ser informada anteriormente, pela equipe do pré-natal, sobre qual a maternidade de referência para seu parto e de visitar o serviço antes do parto.

Neste vídeo, do Despertar do Parto, saiba mais sobre a importância do plano de parto, outro direito da gestante.

 

Também são seus direitos:

  • Vaga em hospitais: para o parto, a mulher gestante deve ser atendida no primeiro serviço de saúde que procurar. Em caso de necessidade de transferência para outro local, o transporte deverá ser garantido de maneira segura.
  •  Acompanhamento especializado durante a gravidez, o que inclui exames, consultas e orientações gratuitas.
  • No SUS, Sistema Único de Saúde, a mulher grávida tem direito a um acompanhante (homem ou mulher), de sua indicação, durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto.
  • A mulher internada para dar à luz em qualquer estabelecimento hospitalar integrante do SUS tem o direito de realizar o teste rápido para detecção de sífilis e/ou HIV.
  • A mãe portadora do vírus HIV ou HTLV não deve amamentar o bebê. Por conta disso, ela tem o direito de receber leite em pó, gratuitamente, pelo SUS, até o a criança completar seis meses ou mais.

Segundo a OMS, o uso de ocitocina sintética para acelerar o parto (sem indicação ou consentimento da mulher), episiotomia (corte no períneo que facilita a passagem do bebê) ou indicação de cesárea sem necessidade (geralmente por conveniência do profissional) são considerados violência obstétrica.

Além disso, repetidos exames de toque, descolamento das membranas ou redução de colo durante o toque também são práticas violentas. Saiba mais aqui.

 

A mulher também tem direito a uma doula e se movimentar durante o trabalho de parto e ficar na posição mais confortável para ela.

 

As informações acima são da advogada trabalhista Cintia Lima, do Despertar do Parto, do Ministério da Saúde , do Direito das Mulheres no Parto  e Trotta e Beiriz Advocacia.

 

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Se mãe não está bem, bebê pode chorar mais, afirma autora https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/03/28/bebe-e-radar-de-emocao-materna-mae-precisa-desabafar-defende-autora/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/03/28/bebe-e-radar-de-emocao-materna-mae-precisa-desabafar-defende-autora/#respond Thu, 28 Mar 2019 12:36:26 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/capa_sintonia-de-mae-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7987 Em que momento da história e da evolução humana desaprendemos a amamentar? Perdemos nossos instintos? Como resgatar algo tão precioso, natural e saudável?

Essas são algumas das perguntas que a odontopediatra Andressa Bortolasso faz no início de seu livro “Sintonia de Mãe” (Luz da Serra Editora).

A obra tem pouco mais de 300 páginas e fala sobre gravidez, parto, rede de apoio, aleitamento e desmame.

Entre os trechos que se destacam, está um exercício de autorreconhecimento. A  especialista em amamentação defende uma técnica de comunicação chamada “Eu Sinto”, que é quando a mãe para, reflete sobre seus sentimentos e aprende a verbalizar o que te incomoda.

“O bebezinho é um radar de emoções maternas, então pode contar que, se aconteceu alguma coisa naquele dia e você não estiver bem, seu bebê vai chorar mais”, diz o livro.

 

O autoconhecimento fortalece a conexão com o bebê, defende autora de livro (Crédito: Fotolia)

“É normal que o pós-parto seja um momento tenso e a mulher se torne um pouco mais agressiva, até mesmo pelo instinto de proteção do bebê. Mas é imprescindível manter a harmonia no ambiente, e uma boa comunicação ajuda muito”, completa.

A autora defende que a conexão com o bebê é responsável por boa parte do sucesso do aleitamento materno e para que isso ocorra, algumas coisas podem ser planejadas antes mesmo do nascimento do filho.

“Escolher uma rede de apoio e aprender a pedir ajuda são essenciais. As pessoas não adivinham pensamentos, e muitos acham que a mãe está dando conta de tudo porque ela não fala nada”, disse a autora ao Maternar

Mas é  preciso dizer o óbvio? Sim, às vezes, nem o pai da criança consegue perceber  que a mulher está esgotada, cansada e precisando de um tempo para fazer um xixi, beber água ou tomar um banho mais demorado, explica.

APOIO  

Uma rede de apoio é, como o próprio nome diz, uma rede onde a mulher pode descansar e confiar, sabendo que não cairá.

Esse apoio pode ser formado por um apoiador de base, que é a quela pessoa mais próxima como o marido, a mãe ou uma amiga muito próxima. Essa pessoa é aquela com quem a mulher tem segurança para desabafar.

Os apoiadores secundários são aqueles que estão dispostos a ajudar. “Uma amiga que se oferece, uma tia, uma vizinha de porta que diz ‘ qualquer coisa estou aqui’. Não dispense esse tipo de ajuda, porque em algum momento você pode precisar. Pode ser que precise de alguém de confiança para buscar seu filho mais velho na escola, que traga uma coisinha rápida do mercado para você ou que dê uma passada rápida na farmácia”, destaca a autora.

Andressa afirma ainda que pedir ajuda para conseguir tomar um banho demorado ou sair para fazer as unhas ou cuidar de si não significa ser negligente ou desleixada, como muitas mães se sentem. “Olhar para sua necessidades e valorizá-las é um caminho para recuperar a energia drenada pelas atividades maternas. “Entender o que se quer e o que é importante pra si faz com que a mulher fique bem e aumente sua conexão com o bebê”, conclui.

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Filha de Sabrina Sato nasceu com quase 10 meses; médicos dizem que é normal https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/filha-de-sabrina-sato-nasceu-com-quase-10-meses-medicos-dizem-que-e-normal/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/filha-de-sabrina-sato-nasceu-com-quase-10-meses-medicos-dizem-que-e-normal/#respond Thu, 29 Nov 2018 21:05:56 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/4460ed99092979ede17bbbf527ec04ade45125bb76ffc5c3ec637fc079259f12_5bf6fc3ce03c5-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7750 Nasceu nesta quinta-feira (29) a filha da apresentadora Sabrina Sato, 37, com o ator Duda Nagle,35.

Segundo os colegas do F5, Zoe nasceu de cesárea, após 24 horas de trabalho de parto, pesando 3,360kg.

Sabrina sempre declarou que iria esperar o tempo necessário para o nascimento da filha. “Claro que tô muito ansiosa pra sua chegada, mas me preocupo em respeitar o tempo dela, protegendo e cuidando para que tudo dê certo sempre”, disse a apresentadora em sua rede social no início desta semana.

É muito comum gestações durarem mais de nove meses. Inclusive, a literatura médica diz que gestações acima de 41 semanas, como a de Sabrina, ocorrem em 10% dos casos.

“Um dos sinais que evidenciam que o bebê está pronto para nascer é quando a mãe entra em trabalho de parto”, explica a obstetriz Bianca Rocha.

“Aguardar esse tempo é importante para concluir o processo de maturação do feto. É muito benéfico esperar, mesmo que passe da data provável de parto”, completa a profissional.

Para garantir que está tudo bem, a ginecologista e obstetra Fabiana Garcia diz ser preciso monitorar a vitalidade do bebê, com cardiotocografia e ultrassonografia, por exemplo.

“Quando a vitalidade é boa, e a gestação é risco habitual, dá para aguardar o trabalho de parto espontâneo até 42 semanas”, explica a médica.

Para que o nascimento seja normal, ainda é possível utilizar métodos naturais de indução como acupuntura e descolamento de membranas, aponta Fabiana.

Partos que evoluem para uma cesárea, como o de Sabrina Sato, tendem a ter menos sangramento, explica a ginecologista e obstetra Desireé Encinas, da Casita.

“Quando o corpo entra em trabalho de parto, as contrações deixam o local da cesárea mais fino. Com isso, o sangramento é menor”, observa a médica.

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Livro gratuito traz dicas para gestação e pós-parto serem mais leves https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/livro-gratuito-traz-dicas-para-gestacao-e-pos-parto-serem-mais-leves/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/01/16/livro-gratuito-traz-dicas-para-gestacao-e-pos-parto-serem-mais-leves/#respond Tue, 16 Jan 2018 18:39:44 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2018/01/WhatsApp-Image-2017-05-31-at-11.33.30-180x120.jpeg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7254 Quando uma mulher engravida, é muito comum surgirem interrogações sobre a gestação, o parto, a amamentação e a criação do(s) filho(s).

E pra ajudar, muitos olham para uma grávida como ‘domínio público’ e aproveitam qualquer brecha durante uma  conversa pra cobri-la de palpites, críticas e insegurança– tudo que ela não precisa nessa fase.

Para munir mulheres de informação e, consequentemente, mais segurança, surgiu o “Guia da Gestação ao Puerpério – Como Viver Cada Fase Com Mais Leveza”.

Segundo Jéssica Scipioni, autora do livro gratuito, a ideia do guia nasceu após uma experiência de supervisão de estágio em um hospital do SUS em Arapongas (PR), onde diversas mulheres chegavam sentindo contrações, mas não tinham ideia de como seus corpos trabalhavam.

“Refleti muito sobre a importância de preparar as mulheres antes do parto. Percebi que as as mulheres que se informam e se preparam antes têm relatos de parto mais positivos”, observa.

Formada em direito, Jéssica fez o curso de doula e começou a atuar no grupo Doulas em Londrina em 2014. A partir daí reuniu os principais medos, dúvidas e anseios das gestantes. E todos eles entraram na publicação.

O livro também fala sobre a decisão da via de parto, as fases da gestação, a participação do pai durante o processo,  questões emocionais e amamentação. Em cada capítulo há curiosidades históricas e dicas para tornar cada fase menos tensa.

Até hoje, sete mil cópias foram baixadas. Para surpresa da autora, parte do público é formada por médicos e fisioterapeutas, “Acredito que o livro traga um olhar um pouco menos técnico e mais humano para lidar com a mulher”, conclui.

Capa do livro
Capa do livro gratuito “Guia da Gestação ao Puerpério”; para baixá-lo, basta clicar aqui.

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Alojamento conjunto na maternidade traz benefícios para mães e bebês, diz obstetra https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2017/01/02/alojamento-conjunto-na-maternidade-traz-beneficios-para-maes-e-bebes-diz-obstetra/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2017/01/02/alojamento-conjunto-na-maternidade-traz-beneficios-para-maes-e-bebes-diz-obstetra/#respond Mon, 02 Jan 2017 13:20:30 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=6750 Especialista diz que voz da mãe é o som que mais acalma bebê (Foto: Eduardo Knapp -06.jan.2014/Folhapress)
Bebês devem ficar em alojamento conjunto com a mãe (Foto: Eduardo Knapp -06.jan.2014/Folhapress)

Ninguém tem dúvida sobre os benefícios do alojamento conjunto na maternidade para mães e bebês. Alojamento conjunto é quando mãe e bebê ficam no mesmo quarto, diferentemente de quando a criança é levada para o beçário. Essa questão é tão importante que o Ministério da Saúde publicou uma portaria instituindo diretrizes sobre o funcionamento do alojamento conjunto.

De acordo com a portaria 2.068, publicada no dia 24 de outubro, a dupla mãe e bebê devem ficar em alojamento conjunto, em tempo integral, do nascimento até a alta.

A portaria lista uma série de benefícios que o alojamento conjunto proporciona, como estreitamento do vínculo afetivo, favorece a amamentação, fortalece o autocuidado e diminui o risco de infecções.

O obstetra Alberto Guimarães, defensor do parto humanizado,  diz que o alojamento conjunto “traz a oportunidade para a mãe praticar os cuidados com o bebê em um ambiente supervisionado e pode orientá-la sobre a pega da mama, quantidade de leite, troca, banho.”

Segundo ele, as regras anteriores não especificavam tanto como seria o alojamento conjunto, restringindo-se mais à questão do peso do bebê.

“Já existiam regras, mas essa última está mais aprimorada. Antes, dependia mais de uma avaliação subjetiva do profissional de saúde, não determinava direito as posições do obstetra, pediatra, neonatologista e enfermeira.”

Segundo ele, o risco de infecção para o bebê, pois haverá menos gente manuseando-o.

Para a mãe, o  benefício é a equipe de saúde se preocupar mais com ela. “Como mãe e bebê estarão no mesmo local, fica mais fácil observar se ela está com uma hemorragia ou outro problema. Como o foco todo é na criança. Às vezes uma mulher morre no pós-parto porque o bebê nasce e alguém pega para cuidar. Ai foca no bebê  e esquece da mãe.”

 

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ANS orienta hospitais a acabarem com agendamento de cesáreas eletivas precoces https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/07/08/ans-orienta-hospitais-a-acabarem-com-agendamento-de-cesareas-eletivas-precoces/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/07/08/ans-orienta-hospitais-a-acabarem-com-agendamento-de-cesareas-eletivas-precoces/#respond Fri, 08 Jul 2016 20:48:42 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=6017 Bebê nascido de cesárea  (Foto: Toni Pires/Folhapress)
Bebê nascido de cesárea (Foto: Toni Pires/Folhapress)

A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) encaminhou aos hospitais participantes do Projeto Parto Adequado uma política de agendamento de cesarianas eletivas, ou seja, aquelas feitas a pedido da gestante.

O documento está em linha com resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), que determina que as cesáreas a pedido só poderão ser realizadas a partir da 39ª semana de gestação.

No documento, a ANS recomenda a regulação do processo de agendamento das cesárias eletiva com a padronização do cálculo e da informação da idade gestacional _com a indicação, pelo médico, da idade do bebê em semanas e dias.

A ANS orienta os hospitais a adotarem políticas para extinguir o agendamento de cesariana eletiva precoce e para orientação sobre o agendamento de cesáreas eletivas a termo.

A agência também recomentada a adoção de formulário de agendamento com as indicações médicas da cesariana ou da indução. O objetivo é identificar as gestantes que têm indicação médica para cesáreas precoces ou a termo (da 39ª a 42ª semana de gestação).

O documento foi enviado para os 40 hospitais participantes do projeto Parto Adequado.

O material recomenda ainda a revisão e implementação de protocolos de melhores práticas no cuidado obstétrico, tornando o hospital mais responsivo e ajustando com o corpo clínico práticas baseadas nas melhores evidências científicas.

PROTESTO

Ativistas do parto humanizado marcaram para domingo protestos em várias capitais do país contra o PL do deputado federal Victorio Galli (PSC-Mato Grosso). O projeto, batizado de PL da prematuridade, “dispõe sobre o direito de pedido de cesariana à gestante ao completar no mínimo 37 semanas de gestação”.

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Hospital em Cuiabá suspende parto humanizado e diz a obstetra que gritos das pacientes incomodam https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/24/hospital-em-cuiaba-suspende-parto-humanizado-e-diz-a-obstetra-que-gritos-das-pacientes-incomodam/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/05/24/hospital-em-cuiaba-suspende-parto-humanizado-e-diz-a-obstetra-que-gritos-das-pacientes-incomodam/#respond Tue, 24 May 2016 12:16:17 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5759 Victor assiste a parto humanizado (Foto: Elis Freitas)
Victor assiste a parto humanizado (Foto: Elis Freitas)

O Hospital São Mateus, em Cuiabá,  suspendeu a partir deste mês a realização de partos humanizados dentro da instituição.  A decisão foi comunicada ao obstetra Victor Rodrigues, especializado em partos humanizados.

O obstetra disse ao Maternar que recebeu uma ligação  marcando uma reunião com a direção do hospital. No encontro, pediram a ele que não internasse mais no hospital suas pacientes de parto humanizado. A justificativa, segundo ele, é que a ouvidoria do hospital recebeu reclamações, pois as grávidas gritavam demais no parto humanizado e incomodavam os demais pacientes da instituição.

“Tem paciente que verbaliza mais, outras menos. Perguntei quantas reclamações tinham recebido e não souberam dizer. Responderam só que era bastante”, disse ele.

Procurado, o hospital informou por mensagem de WhatsApp que “não tem ambiente apropriado para realizar partos humanizados, atualmente praticados no quarto”. Diz ainda que a falta de estrutura coloca em risco a segurança da mãe e do bebê.

“Os partos humanizados exigem todo um ambiente preparado conforme normas do Ministério da Saúde”, informa a mensagem enviada por uma funcionária do departamento de RH (Recursos Humanos).

Sobre a falta de estrutura, Victor afirma que a instituição alegou que não tinha UTI neonatal para internação. “Dos 120 partos que fiz no ano passado, só quatro precisaram de internação. E cesariana é o que mais dá UTI. Daí vieram com a história dos gritos, pois tem cirurgia cardíaca e paciente que teria reclamado do barulho.”

Segundo o hospital, os partos normal e cesariana continuam sendo realizados no centro cirúrgico.

A decisão do São Mateus irritou uma série de pacientes do obstetra, que criaram a hashtag #EuApoioDrVictorRodrigues em solidariedade ao profissional.

Além dos relatos em favor do obstetra, a hashtag também reúne fotos do médico em exercício.

Victor afirma que a mudança atrapalha, pois ele estruturou sua agenda e consultório em torno do hospital. Além de ter um consultório dentro do hospital, ele também mora perto da instituição. “Tenho agenda de paciente, não tenho para onde ir de repente.”

O obstetra diz que outro hospital se dispôs a receber os partos humanizados que aconteceriam no São Mateus.  O problema, segundo ele, é que essa outra instituição é só maternidade e, às vezes, falta leito para o parto humanizado.

Para a obstetra Roxana Knobel, dois pressupostos podem ser utilizados para classificar um parto como humanizado: 1) a mulher é a protagonista, o centro das atenções; 2) toda intervenção é baseada em evidências científicas.

Partindo desses princípios, o parto será conduzido de acordo com a vontade da gestante. “Se ela não quiser usar camisola para parir, não usa. Ela não vai usar camisola só porque é rotina. Se ela quiser parir de pé, tudo bem”, afirma Roxana em entrevista ao Maternar em 2015.

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Cremerj quer condicionar presença de doula no parto à formação profissional https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/04/cremerj-quer-condicionar-presenca-de-doula-no-parto-a-formacao-profissional/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/04/04/cremerj-quer-condicionar-presenca-de-doula-no-parto-a-formacao-profissional/#respond Mon, 04 Apr 2016 10:34:46 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5489 A doula e fotógrafa Kalu Brum 'doulando' a maquiadora Rebeca Moraes (Foto: Arquivo Pessoal)
A doula e fotógrafa Kalu Brum ‘doulando’ a maquiadora Rebeca Moraes (Foto: Arquivo Pessoal)

Doulas e defensoras da categoria estão se mobilizando para pressionar deputados da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio) a aprovar uma lei que obrigue hospitais e maternidades a liberar a participação dessas profissionais em todas as etapas do parto. O objetivo é esvaziar uma resolução do Cremerj (Conselho Regional de Medicina) que veda a entrada das doulas no parto.

A vice-presidente do Cremerj, Vera Fonseca, diz que o objetivo da resolução é criar um ambiente seguro para o parto. “Doula não é uma profissão reconhecida, não sabemos qual é a formação dela. Se for uma fisioterapeuta ou enfermeira, tudo bem. Mas se não tiver essa formação superior, será melhor para a grávida ter como acompanhante o marido, a  mãe ou uma tia”, diz Vera.

Só que o debate não é sobre a participação da doula como acompanhante da grávida. Já existe uma lei determinando que a gestante tenha um acompanhante de sua livre escolha durante o parto _lugar que normalmente é ocupado pelo marido. A doula é a profissional de confiança que dá suporte físico e emocional para a parturiente, não sua acompanhante.

Para Vera, o diretor-médico dos hospitais devem ser responsabilizados pela permissão da entrada de doulas. O descumprimento da resolução pode acarretar punições para médicos, como a cassação de seu registro. Por isso, maternidades do Rio passaram a barrar a entrada das doulas.

A professora Morgana Einele, autora de uma petição que pede a regulamentação das doulas nos hospitais, contesta os argumentos do Cremerj. “Se doula não fosse uma profissão, não estaria registrada na Classificação Brasileira de Ocupações. A profissão é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e pelo Ministério da Saúde,  que cita e reconhece os benefícios desta profissional. Outra falha no argumento é que a ampla maioria das profissões não tem regulamentação. Não é a regulamentação que faz com que uma função exista ou não.”

Para Morgana,  o que o Cremerj quer é enquadrar a categoria como profissional da área de saúde, que conta com órgãos regulador e fiscalizador. “Acontece que não é este o papel da doula e, portanto, tal analogia é falsa. O tipo de suporte que as doulas oferecem, apesar de ocorrer muitas vezes em ambiente hospitalar, não tem efeito sobre a saúde dela, somente no seu bem-estar físico e emocional.”

Enquanto o impasse continua, várias grávidas estão recorrendo à Defensoria Pública para entrar com ações individuais para garantir a presença da doula no parto. O Nudem (Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher) da Defensoria também analisa a possibilidade de ajuizar uma ação coletiva pedindo que esse direito seja ampliado a todas as grávidas.

Em outra frente, um grupo de ativistas pressiona os deputados da Akerj (Assembleia Legislativa do Rio) a colocar en votação nesta semana um projeto que obriga hospitais a permitirem a entrada da doula.

ENFERMAGEM

O Coren-RJ  (Conselho Regional de Enfermagem do Rio) entrou com recurso contra decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) que derrubou a suspensão da resolução do Cremerj.

Para o Coren-RJ, a resolução também esvazia as atribuições da enfermagem durante o parto sem distócia (complicações).

Mas Vera, do Cremerj, afirma que não é possível saber se haverá complicações do parto até ele acontecer. “Só saberemos se de tudo certo com o parto 24 horas depois de o bebê ter nascido.”

O embate entre enfermagem e médicos não acontece somente no Rio. No Rio Grande do Sul, o Coren-RS conseguiu derrubar parte de uma resolução do Cremers que inibia a participação dos enfermeiros em partos hospitalares.

 

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