Cesárea sem urgência pode trazer riscos à mãe e ao bebê

Giovanna Balogh

Agendar um parto por conveniência de data, signo ou qualquer outro motivo é arriscado tanto para a mãe como para o bebê. A obstetra Andrea Campos explica que um dos principais riscos é a prematuridade. “Apesar da idade gestacional, aquele bebê ainda não havia dado sinais de maturidade pulmonar, que costuma desencadear o trabalho de parto”, comenta a médica.

A médica explica que as semanas de gestação são baseadas na ultrassonografia e que ela pode errar para mais e para menos.

“Existe uma margem de erro de sete dias para o ultrassom realizado no início da gravidez, e essa margem de erro vai aumentando no decorrer da gravidez, podendo chegar a quatro semanas nos ultrassons do final da gestação”, comenta. Ou seja, nem sempre um bebê que estaria a termo (entre 37 e 42 semanas) está realmente pronto para nascer.

Ela explica que com isso há maior risco de desconforto respiratório e necessidade de internação em UTI neonatal. “Também há mais taxa de mortalidade neonatal e risco de obesidade e doenças alérgicas na vida adulta”, explica.

Segundo o obstetra Renato Kalil, 12% dos bebês que nascem em cesáreas eletivas passam pela UTI –em parto normal, esse índice é de 3%. “Esse bebê não foi preparado para o parto”, diz. “Não é raro ter um acúmulo de líquido pulmonar. E isso leva a uma pneumonia no berçário”, completa.

Já para a mãe uma cirurgia pode desencadear mais hemorragia, maior risco em uma segunda gestação, entre outros problemas, como infecção puerperal e até mortalidade materna, dizem os especialistas.

“A mãe tem riscos porque o útero não está preparado. Quanto mais evolui a gestação para o final, o segmento uterino afina. Quanto antes opera, esse segmento está grosso, e há muito chances de uma hemorragia”, explica ele, que lembra que a cesariana só pode ser indicada após 39 semanas de gestação, e em casos específicos, como riscos à mãe.

Andrea diz que é muito comum médicos atenderem os pedidos de suas pacientes apesar de a Figo (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) considerar essa prática antiética pois traz riscos tanto para o bebê como para a mãe. (Colaborou NATÁLIA CANCIAN)