Vítimas de violência obstétrica terão encontros para serem ouvidas
Mulheres vítimas de violência obstétrica normalmente sofrem caladas e, muitas vezes, tem dificuldade de lidar com a mistura de sentimentos – do sofrimento à emoção – pelo nascimento do seu filho. Muitas utilizam os grupos de maternidade nas redes sociais para desabafar, mas nem sempre conseguem encontrar o ‘acolhimento’ que gostariam.
Entenda o que é violência obstétrica
Foi pensando nessa mulheres que a Artemis (ONG de defesa da mulher) criou encontros quinzenais para que as mulheres possam desabafar e ser compreendidas por outras que passaram por uma situação semelhante. A ideia é funcionar como as rodas de mães presenciais que já existem onde as mulheres falam sobre as dificuldades do puerpério, da amamentação, entre outros dilemas após o nascimento dos bebês.
A advogada da Artemis, Valéria Sousa, explica que a ideia é ser um espaço terapêutico para as mulheres se expressarem. “Percebemos que há uma demanda reprimida para isso e as mulheres se expõem demais nas redes sociais. Muitos médicos chegam a processá-las por esses desabafos”, comenta. Valéria comenta que nas rodas de gestantes e mães existentes não há espaço para esse assunto.
“Notamos que a mulher se sente muito frustrada. Queremos fortalecer ela nesses encontros para que ela possa, se quiser denunciar o caso. Ela precisa falar sem ser julgada por não ter ter tido força de manter sua vontade no parto”, explica a advogada.
O primeiro encontro será na próxima quarta-feira (18), às 20h, na Casa de Lua, localizada na rua Engenheiro Francisco de Azevedo, 216, na Pompéia (zona oeste de São Paulo). Após o primeiro grupo, os demais serão realizados quinzenalmente, mas as quintas-feiras.
A advogada comenta que a ideia é que os grupos se espalhem pela cidade para que mais mulheres possam participar. O projeto , que recebeu o nome de 12 temas para o empoderamento feminino, vai tratar assuntos diferentes a cada encontro. O primeiro, explica Valéria, é “dando o primeiro passo ao encontro de si mesma”. “Será o ponto de partida para reconhecer a violência e nomear o que aconteceu”, explica. Os encontros são gratuitos e aberto para todas as mulheres.