‘Cultura do medo’ gera estranheza em alta precoce de Kate Middleton

Melina Cardoso

O nascimento do terceiro filho do príncipe William e de sua mulher, Kate Middleton, foi um dos assuntos mais comentados no início dessa semana.

Mais do que a chegada do bebê real, a rapidez com que Kate saiu da maternidade gerou novamente grande repercussão.

Assim como no parto dos dois primeiros filhos, George e Charlotte, a duquesa de Cambridge teve alta no mesmo dia, poucas horas após o nascimento.

Vale lembrar que ela utilizou o sistema público de saúde de Londres. “Por lá, é comum o incentivo ao parto domiciliar ou em casas de parto”, explica Juliana Yoshinaga Novaes, ginecologista e obstetra.

A especialista em cardiologia fetal estudou em Londres e explica que o modelo de atenção domiciliar utiliza a mesma equipe durante a gestação e após o parto.  A equipe avalia as condições gerais da mãe e bebê, além de apoiar a amamentação.

E POR AQUI?

Uma portaria do Ministério da Saúde prevê que a mulher só pode ser liberada, no mínimo, após 24 horas em caso de parto normal e 48 horas em casos de cesárea.

“No Brasil, há a cultura do medo. É como se uma mulher grávida fosse uma bomba relógio e o parto fosse patológico”, diz o obstetra Paulo Noronha, da Casa Moara.

Para ele, é necessário mudar a cultura de que o parto normal só possa ser realizado com médicos. “Se a gestação é de baixo risco e a mãe e o bebê estão bem, o nascimento pode ser acompanhado por obstetrizes ou enfermeiras obstétricas”.

Assim como a OMS preconiza, o médico lembra que 85 % dos partos são fisiológicos e deveriam ocorrer sem intercorrências.

O Brasil é o país que mais realiza cesáreas no mundo. Em 2017, estatísticas do Sistema Nacional de Informações sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, mostraram que dos três milhões de partos realizados por aqui, 55,5% foram cesáreas. A OMS recomenda que essa taxa seja de 15% no máximo.

Para reduzir o número de cesáreas, o Ministério da Saúde lançou no ano passado uma série de medidas que estimulam o parto humanizado.

Entre as recomendações, estão o uso de métodos para alívio da dor, como massagens e banhos quentes, a presença de uma doula e de um acompanhante durante o parto, a não obrigatoriedade de jejum, o direito ao uso de anestesia e a liberdade da gestante escolher a posição mais confortável durante o parto.