Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Vacinadas, mães voltam a amamentar os filhos para passar anticorpos contra a Covid https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/06/15/vacinadas-maes-voltam-a-amamentar-os-filhos-para-passar-anticorpos-contra-a-covid/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/06/15/vacinadas-maes-voltam-a-amamentar-os-filhos-para-passar-anticorpos-contra-a-covid/#respond Tue, 15 Jun 2021 17:42:49 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/WhatsApp-Image-2021-06-11-at-16.45.13-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8979 A possibilidade de passar anticorpos contra o coronavírus pelo leite materno tem levado algumas mães a oferecer novamente o alimento aos filhos que desmamaram.

É o caso de Beatriz Sêbode, 31. Mãe de Giovana, de 7 meses, Guilherme, 2, e Gabriel, 8, ela amamentava apenas a caçula até conseguir a primeira dose da AstraZeneca/Oxford no dia 17 de maio.

Beatriz extrai cerca de 150 ml por dia, que vão direto para Guilherme, seu filho do meio. O menino nasceu prematuro, com 23 semanas, e mamou até os 3 meses.

“Achei que não custava tentar. Seria uma forma de aumentar a ingestão calórica dele e passar os anticorpos da vacina”, conta a mãe que não descarta também ofertar o leite ao mais velho nos próximos dias.

Mãe de Lavínia*, de 7 meses, e Heloísa*, de 3 anos e 10 meses, Ingrid* conta que só sentiu segurança para mandar a filha mais velha de volta para a escola após ofertar seu leite. A menina mamou no peito até os 10 meses.

Imunizada há pouco mais de 20 dias pela vacina da Pfizer, Ingrid pretende seguir amamentando a caçula e ofertar entre 70 e 120 ml para Heloísa até 20 dias após tomar a segunda dose, marcada para agosto.

“É um desafio grande trabalhar em casa, amamentar uma e tirar leite para a outra, mas sei que estou fazendo o melhor para elas no momento”, conta a lactante.

Ingrid e Beatriz se basearam em pesquisas estrangeiras recentes que evidenciaram a presença de anticorpos no leite materno das participantes vacinadas pela Pfizer.

Por aqui, um levantamento do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP comprovou a presença de anticorpos no leite materno quatro meses após a mãe ser vacinada pela Coronavac, do Instituto Butantan.

As amostras de 10 ml de leite foram coletadas de colaboradoras do HC antes da vacinação, nos 7º, 14º, 21º e 28º dias após a primeira dose, e nos 7º, 14º, 21º dias após a segunda dose, além de uma amostra 4 meses após a vacinação.

Foram encontrados picos de anticorpos na segunda semana após a aplicação da primeira dose e na quinta e sexta semanas após a aplicação da segunda dose.

Em maio deste ano, quatro meses depois da aplicação, 50% das voluntárias que amamentavam (cinco mães) ainda apresentavam anticorpos no leite.

“O leite da mãe oferece anticorpos para todas as doenças e germes que a mãe teve contato ao longo da vida. Todo repertório que há no sangue da mãe vai para o filho pela placenta e pelo leite materno”, explica Magda Carneiro-Sampaio, titular de pediatria da FMUSP e uma das coordenadoras da pesquisa realizada pelo Instituto da Criança e do Adolescente HCFMUSP.

“Além do valor nutricional, o leite possui um lado imunológico que não é possível reproduzir de nenhum jeito, porque é a experiência de vida da mãe que passa para o filho, principalmente nos seis primeiros meses de vida, quando criança não tem capacidade de produzir anticorpos nas secreções”, aponta a especialista.

Apesar da boa notícia, não é possível afirmar que voltar a amamentar vai imunizar totalmente a criança. Primeiro, porque apenas metade das mães apresentaram anticorpos no leite após um tempo e, segundo, porque o leite materno oferece uma proteção passiva.

Beatriz amamenta Giovana, hoje com 7 meses. (Arquivo pessoal)

“Esses anticorpos do leite têm uma ação imediata e ficam muito pouco tempo no corpo da criança, porque não são absorvidos”, diz Magda.

“É como a catapora. Quando a mãe amamenta, ela passa anticorpos que recebeu, mas mesmo assim, a criança precisa ser vacinada, pois pode pegar a doença”, explica Moises Chencinski, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria.

“O leite da mãe protege, mas não imuniza. A proteção integral da criança só virá após a vacinação”, explica.

Também não há estudos que mostrem que esses anticorpos do leite continuam ativos no corpo da criança após um longo período. Inclusive esse estudo com a vacina Coronavac foi encerrado porque a maioria das  voluntárias já deixou de amamentar.

Por isso, os cuidados como o uso de máscara em crianças acima de dois anos, distanciamento social e higienização correta das mãos continuam sendo as melhores formas de prevenção no momento.

Para os menores de dois anos, Chencinski lembra que eles pegam menos a doença, e quando pegam, têm sintomas mais leves, além de transmitirem menos.

“Se a mãe deseja voltar a oferecer o leite, que seja pela razão apropriada: porque é nutricionalmente importante e promove proteção contra várias doenças, inclusive as crônicas”.

Consciente dessa possibilidade, Mayra Leime, 35, diz que também vai voltar a ofertar seu leite para o filho mais velho, de 3 anos e meio, assim que se vacinar. “Já fui em umas 15 UBS atrás de vacina. Quando eu tomar, vou voltar a dar meu leite, porque algum anticorpo vai passar”, diz a mãe que também amamenta um bebê de quatro meses.

*Os nomes foram trocados a pedido da entrevistada

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Problemas com a amamentação? Veja locais que oferecem ajuda de graça https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/problemas-com-a-amamentacao-veja-locais-que-oferecem-ajuda-de-graca/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/08/06/problemas-com-a-amamentacao-veja-locais-que-oferecem-ajuda-de-graca/#respond Thu, 06 Aug 2020 20:21:48 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-05-at-16.22.26-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8932 Apesar da amamentação estar cada vez mais na mídia, é muito comum ouvirmos relatos de mulheres que, mesmo informadas, penaram até a amamentação engrenar.

O respeito à hora dourada (a primeira de vida fora do útero e que o bebê fica em contato pele a pele com a mãe), a pega correta e a distância de mamadeiras e chupetas para evitar confusão de bico não significam sucesso no processo.

Débora que o diga. A mãe da pequena Lucia, de 4 meses, teve apoio no hospital onde a filha nasceu e contou com quatro visitas de uma consultora em amamentação ao longo dos últimos meses. Porém, até hoje passa por incômodos que achava que estariam distantes pelas informações que adquiriu ainda grávida.

“Uma das partes mais difíceis foi a apojadura [descida do leite, que pode ocorrer de 3 a 7 dias depois do parto]. Você tem alta do hospital e sozinha em casa, por causa da pandemia, se vê perdida, com dor, febre e sem saber posicionar o bebê, mesmo sendo algo tão simples”, conta.

“A desinformação ainda é a maior barreira a ser vencida para mudar o perfil de amamentação do nosso país. Muitas gestantes pensam que a amamentação é um processo instintivo e se informam pouco sobre o assunto durante o pré-natal”, observa Cristina Nunes dos Santos, coordenadora da sala e parto e alojamento conjunto do Hospital Sepaco, em São Paulo.

Para se ter uma ideia de como amamentar não é instintivo, a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a gestante tenha uma consulta com o pediatra ainda durante o pré-natal com 32 semanas de idade gestacional para se preparar para amamentar, mas essa prática não é comum no Brasil.

Deixar programada uma consulta para avaliação da amamentação de 48 a 72 horas após a alta hospitalar também pode ajudar no processo. “Pode ser na UBS ou Banco de Leite mais próximo da sua casa, uma consultora de amamentação ou com o pediatra”, explica Cristina.

Apesar das dores, culpa e até frustrações que passou, Débora conta que insistiu na amamentação por causa dos benefícios que Lucia teria e a insistência trouxe muitos resultados. A bebê está saudável, ganhando peso e apesar das dores que vivenciou por muitas ocasiões, a mãe comemora o resultado.

Em uma situação diferente está Aline. Sua filha, Lorena, de 8 semanas, nasceu bem antes da hora. A data provável do seu parto era 20 de setembro, mas uma pré-eclâmpsia antecipou o parto e a bebê, que nasceu com 26 semanas e 730 gramas, precisou ficar internada no Hospital Santa Joana, em São Paulo, desde então.

Lorena chegou a utilizar leite materno do banco de leite do hospital e hoje toma apenas o leite da mãe. “É impressionante como o leite materno tem trazido resultados no ganho de peso dela”, conta a mãe, que doa em média, 200 ml por dia ao hospital.

“Lorena precisou da doação e do mesmo jeito que foi beneficiada quero ajudar outros bebês na mesma situação”, afirma a mãe.

A previsão de alta é no próximo mês. Enquanto isso, Aline continua extraindo leite do peito e cuida dos hábitos alimentares, aguardando o dia em que pegará a filha e poderá amamentá-la direto no peito, em casa.

“O leite de uma mulher que teve bebê prematuro é diferente do leite de uma mãe que teve o filho com 40 semanas, por exemplo. O leite  tem nutrientes compatíveis com a necessidade de cada bebê”, explica Mercedes Sakagawa, nutricionista e coordenadora responsável pelo lactário e Banco de Leite Humano do Grupo Santa Joana.

Segundo ela, o corpo sempre vai se adaptar e produzir nutrientes necessários para cada fase do bebê. A profissional ressalta também que o leite da mãe tem benefícios de transferência imunológica que nenhum outro alimento pode oferecer.

ENCONTRE APOIO

Para quem não pode pagar pelos serviços de uma consultora em amamentação ou não que sair de casa durante a quarentena, para evitar se contaminar pelo novo coronavírus, segue uma lista de locais que apoiam lactantes de graça. Vale lembrar que gestantes e puérperas fazem parte do grupo de risco e muitas dúvidas podem ser sanadas por telefone, ou chamada de vídeo pelo WhatsApp, inclusive.

Grupo de Quinta – Grupo de Amamentação da Lumos Cultural – SP
Projeto da Lumos cujo objetivo é reunir gestantes e lactantes para discussões à respeito deste tema tão complexo. A roda acontece toda quinta-feira, às 14h30, gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. A moderação fica à cargo da fonoaudióloga Kely Carvalho e da pediatra Renata Lamano tendo como premissa o respeito à individualidade e o acesso à informação baseadas em evidências científicas. Durante a pandemia a roda acontece virtualmente. Telefone: (11) 3862 5327 ou (11) 3872 6344


GVA (Grupo Virtual de Amamaentação – Facebook) – https://www.facebook.com/groups/grupovirtualdeamamentacao


Casa Curumim – SP

Rua Pereira Leite, 513, Sumarezinho, São Paulo – SP,

 Atendimento toda terça, no período da manhã, precisa agendar. Telefone: (11) 98133-9360 e (11) 3803-9926

Aplicativo Bella Materna

Em comemoração ao mês de incentivo à amamentação, o Agosto Dourado, a MAM disponibiliza um cupom de acesso a um mês de teste no aplicativo Bella Materna. A experiência oferece às mães e grávidas o acesso gratuito, 24 horas por dia, a consultas com pediatras, obstetras e enfermeiras, além de contar com um conteúdo exclusivo, informativo e especializado. Para utilizar o aplicativo, basta se cadastrar, inserir o cupom e começar a experiência de um mês, até 31 de agosto.  O aplicativo está disponível para Android e iOS, ou pode ser baixado por meio do link: https://www.bellamaterna.com.br/.


Lactare, banco de leite da Eurofarma

Telefone (11) 4144-9604, por WhatsApp (11)  96629-0681 e por e-mail:  bancodeleite@eurofarma.com.br

Hospital da Mulher – Santo André- SP

Rua América do Sul, 285 – Parque Novo Oratório,  Santo André – SP

Segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, Telefone: (11) 4478-5048 ou (11) 4478-5027


Banco de Leite – Unifesp – SP

R. Dr. Diogo de Faria, 395 – Vila Clementino, São Paulo – SP, 04037-001

Telefone: (11) 5576-4891

 


Banco de Leite do Hospital Fêmina – Porto Alegre- RS

Rua Mostardeiro, 17, 8º andar,  Porto Alegre, RS

Telefone: (51) 3314-5362

 


Mais endereços e telefones espalhados pelo país (cadastrados na Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano)

Norte: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=norte

Nordeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=nordeste

Sudeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=sudeste

Centro-oeste: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=centro-oeste

Sul: https://producao.redeblh.icict.fiocruz.br/portal_blh/blh_brasil.php?regiao=sul


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Parem de responsabilizar a mãe pelo insucesso na amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/26/parem-de-responsabilizar-a-mae-pelo-insucesso-na-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/08/26/parem-de-responsabilizar-a-mae-pelo-insucesso-na-amamentacao/#respond Mon, 26 Aug 2019 21:19:50 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/WhatsApp-Image-2019-08-26-at-18.02.38-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8514 Muitos casais quando engravidam destinam seus esforços para fazer um enxoval legal, uma decoração bacana no quarto do bebê e investem tempo na criação ou confecção das lembrancinhas que serão entregues após o nascimento.

Boa parte deles também se preocupa com o parto, mas quando o assunto é amamentação, ainda é muito comum encontrarmos pessoas que acreditem que dar de mamar é um ato natural e que não há segredos.

Porém, apesar do instinto em buscar o seio materno após o nascimento, o bebê precisa aprender a mamar.

Para se ter uma ideia do quão trabalhoso é, uma mamada no peito movimenta pelo menos 25 músculos diferentes da face.

O bebê, que era alimentado pelo cordão umbilical sem precisar fazer nada, precisa agora se esforçar um bocado para se alimentar.

Fissuras dolorosas podem aparecer quando a pega do bebê não está correta e o peito pode ficar pesado, dolorido e em casos extremos, desenvolver mastite.

Responsabilidade pelo sucesso na amamentação não é só da mulher (Crédito Adobe Stock)

Para evitar problemas como esses, recomenda-se que antes do nascimento busque-se informação com profissionais capacitados, como consultoras em amamentação ou especialistas em aleitamento materno.

Diversos locais oferecem cursos gratuitos sobre o assunto, como UBSs e Hospitais e maternidades.

Porém, essa busca pela informação não deveria partir somente da mãe. Pesquisas recentes mostram que um parceiro bem informado é responsável por parte do sucesso da amamentação. Isso porque um companheiro que entende as alterações físicas, psíquicas e emocionais da mulher tende a ficar mais calmo e acalmá-la também.

Mas ainda é alto o número de mulheres que percebem que os maridos não estão tão bem informados sobre o assunto.

Segundo a pesquisa Philips Avent, realizada em junho deste ano com 3500 pessoas em todo o mundo, 88,6% das mães disseram que os parceiros deveriam ser mais informados para tornar o período da amamentação mais fácil.

No Brasil, a pesquisa mostrou também que 77,9% dos homens responderam que gostariam de estar mais envolvidos no processo.

“A amamentação não é apenas entre mãe e bebê, pois esse processo só tem sucesso se todas as redes de apoio estiverem envolvidas. Precisamos diminuir a cobrança e tirar a responsabilidade do sucesso da amamentação da mãe. Todos precisam se responsabilizar”, afirma a enfermeira pediatra Eneida Souza, que também é consultora em aleitamento materno pela Universidade da Califórnia em Angeles.

Ela destaca que o marido pode pode controlar as visitas para que os três (mãe, bebê e pai) fiquem em um ambiente mais tranquilo e possam focar na amamentação.

Além disso, o pai pode preparar algo para a mãe comer, uma vez que ela precisa se alimentar e hidratar com frequência. Se ele se responsabilizar pela organização e limpeza da casa, além de fazer o supermercado, por exemplo, menos preocupações a mulher terá.

“Outro aspecto muito importante é o apoio emocional. Dizer palavras de incentivo, carinho, reforçar que a amamentação é um aprendizado entre mãe e bebê também é papel do pai”, completa Eneida.

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Conheça os principais mitos que cercam a amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/10/conheca-os-principais-mitos-que-cercam-a-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/10/conheca-os-principais-mitos-que-cercam-a-amamentacao/#respond Mon, 10 Jun 2019 22:19:00 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/WhatsApp-Image-2019-06-10-at-19.01.07-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8137 Muitos são os mitos que cercam o aleitamento e levam mães a desistirem de amamentar seus filhos.

O formato do peito e a quantidade de leite estão no topo dos problemas citados por  muitas mães ao desmamarem de forma precoce. Vale lembrar que não existe leite fraco. O leite materno é o alimento perfeito e completo para o bebê até o sexto mês de vida.

Especialistas em amamentação defendem que a oferta de leite deve ser livre, longe de horários rígidos. Quanto mais oferecer, mais o corpo produzirá. Além disso, o bebê tem uma grande necessidade de sucção e precisa ficar no peito da mãe, mesmo sem mamar (o que as tias chamam de ‘chupetar’).

Na verdade, essa é a sucção não nutritiva, momento que o bebê está plugado na mãe, mas sem sugar. Ao retirá-lo, geralmente, a mãe ouve um chorinho de “quero mais”. É nesse momento em que o bebê também se sente seguro e acalentado.

Vilã da amamentação, a confusão de bicos é causada pelo uso de chupetas e mamadeiras. Por requerer menos esforço, a mamadeira deixa de estimular os músculos da face e faz com que o bebê se interesse menos pelo peito.

Todos esses temas estão presentes no livro “Tratado do Especialista em Cuidado Materno Infantil com Enfoque em Amamentação”, da consultora internacional de amamentação Tatiana Vargas. A especialista lançará o material nesta quarta-feira (12), durante o Segundo Congresso Mame Bem, em Belo Horizonte, (MG).

O blog Maternar conversou com ela. Confira abaixo:

1- As mulheres, hoje, conseguem se informar mais e até contestar médicos contrários à amamentação. Como você avalia esse empoderamento feminino?

Tatiana Vargas – Hoje estamos vivendo uma grande mudança, uma grande transformação no modelo de assistência no cuidado materno infantil e nas práticas de parto e de amamentação. Mas a gente sabe que tem alguns profissionais que se acomodam, que não se atualizam. As mães têm buscado se informar, buscado as evidências científicas mais recentes sobre o melhor tipo de assistência e tem realmente discutido, perguntado aos profissionais de saúde e manifestado seu desejo real e as possibilidades seguras de fazerem cumprir esse objetivo. Quando a gente fala dessa mudança de assistência e de paradigmas de parto e amamentação, ele vai partir do empoderamento feminino. Mulheres informadas, com informação de qualidade, com suporte, com segurança vai fazer com que elas realmente busquem profissionais que possam auxiliá-las. Em junho vamos realizar o Congresso Mame Bem, que é voltado para profissionais de saúde e para qualquer pessoa interessada em saber mais em aleitamento justamente para trazer mais informações para gestantes e mães que querem ter mais conhecimento sobre parto, amamentação, desmame, introdução alimentar e criação respeitosa dos filhos.

2 – Apesar das muitas informações que temos, não é raro mulheres sofrerem preconceito na rua por amamentar e ainda há quem ache o ato “nojento”. Como e quando isso mudará?

Tatiana Vargas –Infelizmente ainda há mulheres sendo discriminadas, com vergonha de amamentar em público. Tanto que vários movimentos foram criados para serem feitas leis que protejam essas mulheres e deixem claro que amamentação é algo natural, que a mulher pode fazer isso de maneira segura, protegida e feliz. A legislação está aí para ajudar, mas a gente luta para que não precise de lei para que a mulher possa sentir segura, queira e se sinta à vontade em fazer isso e que saiba que é algo natural amamentar o seu filho.

3- Na sua percepção, os hospitais ainda falham muito na hora dourada?

Tatiana Vargas –A hora de ouro ou hora dourada é um momento muito importante para o início da amamentação e na continuidade do aleitamento materno. Com o bebê no colo, pele a pele, auxilia muito o tempo da descida do leite. Em muitos hospitais é difícil atingir esse objetivo, que é um dos passos da iniciativa Hospital Amigo da Criança. Isso acontece por conta das práticas atuais de parto pois muitas vezes a mulher vai para a cesárea e tem mais dificuldade de postura e de profissionais para auxiliá-la a colocar o bebê para mamar na primeira hora de vida. A hora dourada deveria acontecer sempre que o bebê nasce saudável, independente da via de parto.

4- Como uma mãe consegue driblar tamanha oferta que parecem ser boas, mas que no fundo prejudicam a amamentação?

Tatiana Vargas –Há evidências científicas fortes que mostram como o uso de bicos artificiais, uso de mamadeira, uso precoce de fórmulas sem ter indicação clínica real e verdadeira podem impactar nas práticas de aleitamento materno. Todos que lutam pelo aleitamento materno tentam proteger e o governo tem, inclusive, a NBCAL (Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos  para Lactantes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras) que tenta proteger o consumidor de não ser tanto exposto a esses produtos. A gente sofre uma influência grande da mídia e o pós-parto é um momento de imensa fragilidade e essa mulher pode ser influenciada pela mídia, por alguns profissionais para usar aparatos e alimentos que não favorecem o aleitamento materno.

Além da amamentação, o livro também aborda blues puerperal, depressão pós-parto, exterogestação, mudanças físicas, hormonais e psíquicas após a maternidade.

“Tratado do Especialista em Cuidado Materno Infantil com Enfoque em Amamentação”
Autora: Tatiana Vargas
Ilustração: Paula Beltrão
Formato: 456  páginas
Valor unitário: R$ 310 (no congresso será vendido por R$ 250)

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Laser auxilia o tratamento de fissuras durante amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/08/07/laser-auxilia-tratamento-de-fissuras-durante-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/08/07/laser-auxilia-tratamento-de-fissuras-durante-amamentacao/#respond Tue, 07 Aug 2018 14:51:18 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/fotolia_206231521-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7578 A pega incorreta no seio durante a amamentação é um dos principais motivos do desmame precoce, segundo o Ministério da Saúde.

Em evento em comemoração à Semana Mundial da Amamentação, o governo também listou a falta de apoio familiar ou de empregadores, a insegurança em relação à produção de leite e o uso de mamadeiras e chupetas como impeditivos para a continuidade do aleitamento exclusivo até o sexto mês.

A pega incorreta é quando o bebê suga apenas o bico e não a aréola do seio, gerando fissuras, que ocasionam muita dor.

Outros problemas comuns para quem amamenta são mastite (inflamação das glândulas mamária), ingurgitamento mamário (que é o acúmulo de leite nas mamas) e candidíase mamária (infecção por fungo).

 

Thaisa e a filha Manuela: laser ajudou na recuperação dos seios após candidíase mamária

Uma forma de tratar esses problemas é com a laserterapia. O procedimento, que é indolor e sem efeitos colaterais, acelera a cicatrização por meio de ondas de luz.

Conhecer de cor a parte técnica da amamentação não livrou a obstetra Aline Calixto, 30, das temidas fissuras. “Mesmo com toda teoria que sabia, a pega incorreta da bebê gerou alguns machucados”, diz.

Aline conta que na primeira sessão de laser sentiu a diminuição da dor e percebeu a aceleração do processo de cicatrização.

A enfermeira Thaisa Moraes,30, também não conseguiu evitar a candidíase mamária, mesmo munida de informações.

“Comecei a sentir dores no seio, vermelhidão e algumas rachaduras. Fiquei desesperada, tentando entender o que estava acontecendo”, conta a mãe, após nove meses de aleitamento. “O laser salvou minha amamentação”, afirma.

 

Por causa das dores, Luciene quase desistiu de amamentar o filho Ian há 9 meses

“As dores eram horríveis e eu chorava em todas as mamadas”, lembra a publicitária Luciene Camaliote,37. A mãe de Ian, hoje com 10 meses, relata também que já na primeira sessão as dores causadas pelas rachaduras foram embora. “Foi incrível amamentar depois. Eu estava quase desistindo”, explica.

“Mas o laser isolado não resolve. É um tratamento coadjuvante”, explica a enfermeira obstétrica e laserterapeuta Mariana Chagas. Ela indica consultores em amamentação atualizados para corrigir a causa do problema.

Laserterapeuta durante uma sessão

Vale lembrar que o serviço de consultoria em amamentação também é encontrado de forma gratuita nos bancos de leite.

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Empresa diz que mãe foi constrangida por passageiros e não seguranças em terminal https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/07/16/empresa-diz-que-mae-foi-constrangida-por-passageiros-e-nao-segurancas-em-terminal/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2018/07/16/empresa-diz-que-mae-foi-constrangida-por-passageiros-e-nao-segurancas-em-terminal/#respond Mon, 16 Jul 2018 17:15:21 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2018/07/Fotolia_20162422_Subscription_Monthly_M-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7556 A Suzantur (empresa de ônibus concessionária) que atua em Santo André (no ABC Paulista) enviou um vídeo para a imprensa no qual alega não serem seguranças os responsáveis pelo constrangimento de uma mulher enquanto amamentava.

Mãe de primeira viagem, Thaís Santina, 21, voltava do médico na última terça-feira (10), quando Otto, de um mês, chorou de fome. Ela estava no Terminal Vila Luzita, em Santo André e procurou um local onde ventasse menos para amamentá-lo. Segundo ela, ao sentar e abrir a blusa, foi avisada por três funcionários do terminal que não poderia amamentar ali. Segundo Thaís, alegaram que era atentado violento ao pudor.

A jovem pediu para amamentar o bebê no banheiro, localizado no lado de fora da estação, mas segundo ela, um dos homens disse que se saísse, deveria pagar uma nova passagem para embarcar no ônibus. Ainda segundo seu relato, um deles ameaçou chamar a polícia.

O vídeo não mostra de forma clara o momento em que Thaís é constrangida, mas indica três passageiros como autores do constrangimento.

Procurada, Thaís disse que não quer mais falar sobre o assunto.

Desde 2015, a lei estadual 16.047 assegura à criança o direito ao aleitamento materno nos estabelecimentos de uso coletivo, públicos ou privados. Ainda de acordo com a lei, há multa para o infrator porque a “amamentação é um ato livre”.

 

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Jamie Oliver, Adele e a polêmica sobre a amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/29/jamie-oliver-adele-e-a-polemica-sobre-a-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/29/jamie-oliver-adele-e-a-polemica-sobre-a-amamentacao/#respond Tue, 29 Mar 2016 18:57:45 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5463 jamie

O chef e apresentador Jamie Oliver causou polêmica na internet ao defender que o Reino Unido melhore sua taxa de amamentação. Ele não fez nada de errado, apenas sugeriu aquilo que é preconizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é amamentar os bebês exclusivamente com leite materno até os seis meses.

O problema foi a forma como ele se expressou. Ele disse que amamentação era “fácil, mais conveniente, mais nutritiva, melhor e grátis”.

Não que ele tenha falado alguma mentira. A questão é que a amamentação não é fácil para muitas mulheres. Justamente por isso elas precisam se apoio e informação para ter sucesso nessa empreitada.

Após a enxurrada de críticas, Oliver foi ao Twitter se desculpar e informar que não iria liderar nenhuma campanha pela amamentação _ele já comandou uma pela redução do açúcar nos alimentos.

“Eu percebo que amamentar nem sempre é fácil e em muitos casos nem sequer é possível. Só queria demonstrar apoio às mulheres que amamentam e que fazem com que amamentar seja possível. A nutrição na infância começa com o devido apoio às mulheres grávidas e eu espero que o sr. Cameron [primeiro-ministro do Reino Unido] esteja envolvido nesta estratégia contra a obesidade”, escreveu o chef.

As desculpas de Oliver não chegaram até a cantora Adele. Questionada se era fácil amamentar, ela disse que só conseguiu amamentar o filho por nove semanas.

“A pressão colocada sobre nós para amamentar é f… de ridícula. Todas as pessoas que nos pressionam por isso devem ir se f…, certo? Porque é difícil. Algumas de nós simplesmente não conseguem”, respondeu a cantora durante um show em Londres.

Adele afirmou que chegou a se sentir um fracasso por não conseguir amamentar Angelo por mais tempo “Amamente se você puder, mas não se preocupe. A fórmula é muito boa. Tudo o que eu queria era alimentá-lo e eu não consegui e me senti como ‘se eu estivesse na selva e meu filho fosse morrer porque meu leite tinha acabado.’

No Brasil, a taxa de crianças amamentadas exclusivamente com leite materno subiu de 2% na década de 80 para 39 em 2006, segundo estudo da revista ‘The Lancet’.

Já a Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno, de 2008, mostrou que na duração média do período de aleitamento materno exclusivo é de 54 dias no Brasil. Ou seja, ainda temos muito para conquistar.

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Com bloco de carnaval, Manuela D’Ávila quer incentivar amamentação em público https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/04/com-bloco-de-carnaval-manuela-davila-quer-incentivar-amamentacao-em-publico/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/03/04/com-bloco-de-carnaval-manuela-davila-quer-incentivar-amamentacao-em-publico/#respond Fri, 04 Mar 2016 21:22:57 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5253 Manuela participa da gravação da paródia (Divulgação)
Manuela participa da gravação da paródia (Divulgação)

A deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PC do B) criou o bloco de carnaval ‘Mamãe Eu Quero Mamar no Peito’. O objetivo deste bloco é divulgar os benefícios da amamentação, além de estimular as mulheres a amamentar seus bebês onde e quando quiserem.

Para defender esses princípios, o bloco se apresenta até o fim do mês em vários bairros de Porto Alegre. A largada acontece neste domingo, às 11h, na Redenção, em frente ao Monumento Expedicionário.

Antes da saída do bloco, às 9h30, haverá um bate-papo sobre amamentação com a doula Andrea Fontoura e a enfermeira e consultora Cris Machado.

Em mensagem enviada pelo celular, a deputada diz: “Enquanto uns acham amamentar feio, nós vamos celebrar o amor e a saúde da amamentação com muita festa na Redenção! Tem marchinha e tudo’. Veja o vídeo da gravação da marchinha.

Manuela criou em fevereiro a a Frente Parlamentar Mães Empoderadas, Primeira Infância Respeitada na Assembleia gaúcha, que deve ser lançada no dia 14 de março.

A meta da frente é criar uma rede estadual pela primeira infância e uma carta compromisso sobre o assunto.

O bloco também se apresenta no dia 13, às 15h, na Cidade Baixa, e dia 20, às 16h, na Imperatriz Leopoldinense.

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Ensaio fotográfico aborda dilemas de mães que prolongam amamentação; veja imagens https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/15/ensaio-fotografico-aborda-dilemas-de-maes-que-prolongam-amamentacao-veja-imagens/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/02/15/ensaio-fotografico-aborda-dilemas-de-maes-que-prolongam-amamentacao-veja-imagens/#respond Mon, 15 Feb 2016 09:22:56 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=5042 Mães defendem escolha da amamentação prolongada (Foto: Natalie Mccain/The Honest Body Project)
Mães defendem escolha da amamentação prolongada (Foto: Natalie Mccain/The Honest Body Project)

Amamentar uma criança maior de 12 meses pode ser tão constrangedor quanto dar de mamar em um estádio de futebol. Mulheres que prolongam a amamentação de seus bebês se sentem julgadas e pressionadas a interromper essa fase da maternidade.

Para abordar o  tema, a fotógrafa Natalie Mccain realizou um ensaio com mães que amamentam crianças acima de 1 ano.  “Minha esperança é que essa série abra os olhos dos que estão injustamente criticando o aleitamento prolongado. Nenhuma mãe merece ser julgada pela forma como ela escolhe alimentar seu bebê”, escreveu ela.

Natalie conta que ela também estendeu a amamentação dos seus filhos. “Posso dizer que é uma experiência muito natural e bonita. É hora de nos apoiarmos. O que funciona para uma família pode não dar certo para você, mas não significa que o outro está errado.”

“Amamentar não perde magicamente seus benefícios só porque a criança fez 1 ano. Há tantas razões para continuar amamentando, embora possa parecer estranho para quem não vivenciou essa experiência”, disse a fotógrafa para a revista Self.

Pesquisa realizada em 2014 pela Lansinoh com 13 mil mulheres de nove países identificou diferentes percentuais de rejeição à amamentação prolongada, dependendo da origem da mãe.

Para 6% das húngaras e 6% das francesas, uma criança de 2 anos não deveria ser mais amamentada. Já no Brasil, 44% aprovam a amamentação de crianças crescidas.

Mães retratadas no ensaio dizem que o que mais as incomoda são perguntas sobre quando elas vão parar de amamentar.  “Por que eu tenho de parar? Precisamos ter uma data na cabeça?”, questiona uma delas.

Conheça o trabalho de Natalie na página de seu projeto “The Honest Body”. Veja abaixo as fotos do ensaio.

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Amamentar é bom para bebês, mães e economia, diz estudo https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/amamentar-e-bom-para-bebes-maes-e-economia-diz-estudo/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2016/01/29/amamentar-e-bom-para-bebes-maes-e-economia-diz-estudo/#respond Fri, 29 Jan 2016 17:50:30 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=4984 OMS recomenda amamentação exclusiva até os 6 meses, prosseguindo com introdução de alimentos até os 2 anos (Foto: Lela Beltrão/Coletivo Buriti)
OMS recomenda amamentação exclusiva até os 6 meses, prosseguindo com introdução de alimentos até os 2 anos (Foto: Lela Beltrão/Coletivo Buriti)

DA FRANCE PRESSE

A amamentação prolongada pode salvar a vida de mais de 800 mil bebês anualmente e representa uma economia de bilhões de dólares para os sistemas de saúde de todo o mundo graças ao papel de proteção contra algumas doenças infantis – é o que diz uma série de estudos publicados nesta sexta-feira.

“Apenas uma criança de cada cinco é a amamentada até os doze meses nos países ricos, enquanto apenas uma de cada três é exclusivamente amamentada nos seis primeiros meses de vida nos países de baixa renda e média”, informa a revista médica britânica ‘The Lancet’.

Assim, são milhões de crianças que não beneficiam plenamente dos benefícios do leite materno, observam os pesquisadores.

O leite materno cobre todas as necessidades nutricionais do bebê durante os primeiros seis meses de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a amamentação exclusiva até os seis meses e a amamentação parcial até os dois anos. De acordo com a entidade, atualmente menos de 40% das crianças em todo o mundo se beneficiam do aleitamento.

Além da função puramente alimentar, o aleitamento materno é conhecido há muito tempo por ter efeitos benéficos tanto para a saúde da criança e quanto da mãe.

A amamentação a longo prazo “poderia salvar mais de 800.000 vidas de crianças a cada ano em todo o mundo, o equivalente a 13% de todas as mortes em crianças menores de dois anos”, explicam os autores, tomando como base uma série de estudos.

Além disso, a amamentação poderia prevenir a cada ano a morte de 20.000 mães em decorrência de câncer de mama, afirmam.

Redução dos riscos de câncer

Contrariando uma “ideia falsamente e amplamente difundida”, os benefícios do aleitamento não dizem respeito apenas aos países mais pobres.

“Nossos trabalhos demonstram claramente que o aleitamento salva vidas e permite economizar em todos os países, ricos e pobres”, escrevem os autores.

Daí a necessidade, de acordo com eles, de resolver o problema a nível mundial.

“Nos países ricos, a amamentação reduz em mais de um terço a morte súbita do lactente. Em países pobres ou de renda média, cerca de metade das epidemias de diarreia e um terço das infecções respiratórias poderiam ser evitadas graças ao aleitamento materno”, dizem os pesquisadores.

A longo prazo a amamentação também ajuda a reduzir o risco de obesidade e diabetes em crianças.

Para as mães, reduziria o risco de câncer de mama e câncer de ovário.

Os pesquisadores também calcularam que trazendo para 90% a taxa de aleitamento materno exclusivo até seis meses nos Estados Unidos, China e Brasil e 45% no Reino Unido, os custos de tratamento de doenças comuns da infância, tais como pneumonia, diarreia ou asma poderiam ser reduzidos.

Graças ao aleitamento “uma economia para o sistema de saúde de ao menos 2,45 bilhões de dólares aos Estados Unidos, de 29,5 milhões ao Reino Unido, de 223,6 milhões na China e 6 milhões no Brasil” seria viável.

Nos países ricos, o Reino Unido, a Irlanda e a Dinamarca têm as mais baixas taxas de amamentação de doze meses do mundo (respectivamente abaixo de 1%, 2%, 3%).

Com base em um estudo anterior, publicado em março de 2015, que considerou que o aleitamento materno contribui para o aumento da inteligência, mais escolaridade e, assim, melhor resultado como adultos, os autores estimam que um baixo aleitamento materno representou uma perda de 302 bilhões de dólares (0,49 % do PIB global) em 2012.

Os cientistas também criticam a publicidade agressiva favorável às fórmulas de substituição que minam, de acordo com eles, os esforços das autoridades para promover o aleitamento materno.

“A saturação dos mercados dos países ricos levou os fabricantes a entrar rapidamente nos mercados emergentes”, acrescentam. “As vendas globais de leite (de substituição) aumentaram no valor de dois bilhões de dólares em 1987 para cerca de 40 bilhões em 2014”, apontam.

Segundo eles, os países podem – e estão em condições de – melhorar consideravelmente a prática do aleitamento materno.

Por exemplo, no Brasil, a duração da amamentação aumentou de 2,5 meses nos anos 1974-1975 para 14 meses em 2006-2007 através de política pró-ativa de serviços de saúde e amplas campanhas de informação.

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