Maternar https://maternar.blogfolha.uol.com.br Dilemas maternos e a vida além das fraldas Fri, 03 Dec 2021 15:35:24 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como explicar o autismo para crianças? Livro infantil sobre cientista pode ajudar https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/08/como-explicar-o-autismo-para-criancas-livro-infantil-sobre-cientista-pode-ajudar-veja-mais-dicas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/11/08/como-explicar-o-autismo-para-criancas-livro-infantil-sobre-cientista-pode-ajudar-veja-mais-dicas/#respond Mon, 08 Nov 2021 14:38:18 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/WhatsApp-Image-2021-11-02-at-13.12.13-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9351 Contar histórias para uma criança é uma poderosa oportunidade para aumentar o vínculo com os pais ou cuidadores, transformar a maneira como elas compreendem o mundo e como enfrentam seus problemas.

As histórias auxiliam no desenvolvimento da imaginação, na capacidade cognitiva e na inteligência emocional. Além disso, a leitura pode ajudar na formação da identidade e ser um meio para afastar preconceitos.

O livro “A Menina Que Pensava Por Meio de Imagens – A História da Cientista Temple Grandin” (Julia Finley Mosca, nVersinhos), por exemplo, é muito útil para explicar o comportamento e a maneira de agir de alguém diagnosticado com TEA (Transtorno do Espectro Autista).

Capa do livro traz Temple ainda menina com camisa azul e branca e lenço amarelo no pescoço olhando para cima. Saindo dos seus pensamentos sobre ela, desenhos de prêmios, um foguete, uma cavaleira sobre o cavalo e rascunhos de projetos que ela desenhou.

A obra traz a biografia da cientista Temple Grandin, que chegou a ser expulsa da escola por mau comportamento. Na verdade, ela não gostava de claridade, barulhos e abraços apertados. Enquanto os médicos diziam que seu cérebro não funcionava, sua mãe sabia que ela era apenas diferente e não inferior. Seu desenvolvimento foi surpreendente após ser levada para a fazenda. Aprendeu a falar com quatro anos, estudou e se formou em três universidades. Temple foi premiada por diversas invenções que auxiliam na criação de animais e, em 2010, foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes, segundo a revista Time.

“A Vaca foi pro Brejo” (Adriana Fernandes e Daniel Kondo, VR editora) passeia de forma bem-humorada por algumas expressões populares da língua portuguesa como “deu zebra”, “na mosca” e “a porca torce o rabo”.

Capa do livro A vaca foi pro brejo traz uma vaquinha preta e branca atolada em um brejo

O primeiro dia de aula pode ser amedrontador, né? Mas “O Monstro da Cores” (Anna llenas, Editora Aletria) vai à escola e descobre que a aula de música, o intervalo, a soneca e a contação de história não se assemelham aos monstros, selvas cheias de armadilha e local cheio de animais ferozes que imaginava ser.

Mudar de lugar e descobrir que seus medos podem ser trocados por alegria também é o mote de “O Muro no Meio do Livro” (Jon Agee, Editora Pequena Zahar). Um cavaleiro está seguro de que o muro o protege dos perigos do outro lado, mas nem tudo é o que parece.

Alguma vez você se sentiu culpada por não ser uma mãe perfeita? Existe mãe perfeita? Qual o momento mais bizarro ou constrangedor que você viveu ao lado de sua mãe em um local público? Nas reuniões de pais na escola, o que sua mãe mais ouvia a seu respeito? Até que ponto você confia em sua mãe?

Essas são algumas das 100 perguntas do livro-caixinha “Mãe e Filha” (Solange Depera Gelles, Giovanna e Paula Depera Rodella, Editora Matrix). Escrita por mãe e filhas, a obra pretende estimular o diálogo e tornar o convívio mais harmonioso e intenso.

Para os pais que preferem usar aplicativos de leitura, seguem mais dicas:

Livrin (gratuito, mas é também possível comprar livros dentro do aplicativo por R$ 16,90 cada)
A ferramenta conta com histórias infantis que colaboram com uma criação feminista para meninas e meninos, e valoriza o enriquecimento cultural da criança, apresentando novas palavras e oportunidades de aprendizado. As histórias são ótimas para que os pais leiam com as crianças, mas elas também podem se divertir sozinhas, já que há a possibilidade de narração e texto bastão, que facilita a leitura para as crianças em alfabetização. Além disso, os conteúdos são apresentados em três idiomas – português, inglês e espanhol. Interessante para um contato inicial com outras línguas. O app está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

As minhas histórias (gratuito)

Conjunto de histórias infantis para ler em família, com possibilidade de responder a pequenas perguntas sobre cada história e desenvolver a interpretação de texto.
No app disponível para Android, a criança pode escolher um conto da lista ou clicar no botão “história aleatória”. Os títulos são atualizados com frequência e entre os disponíveis, estão: João e Maria, A Princesa e o Sapo, O Gato de Botas, A Galinha dos Ovos de Ouro e outros.

Glorify (gratuito e planos mensal e anual, de R$ 14,90 a R$ 149,90)

O aplicativo disponibiliza diariamente citações, reflexões bíblicas, meditações guiadas, orações e músicas. Há uma playlista em parceria com 3 Palavrinhas e Hora de Dormir, além de histórias infantis contadas por embaixadores do app. As histórias são indicadas para ouvir antes de dormir. Está disponível na Google Play Store e Apple Store.

StoryMax (gratuito)

A premiada publicadora StoryMax tem um app que reúne todas as suas histórias já publicadas (gratuitas e pagas). Os livros recontam clássicos, narrativas populares e poemas com textos originais e adaptações, efeitos de som, narração e interatividade na medida certa para engajar crianças e jovens que adoram ficar imersos em tablets e smartphones. O app também está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

Inventeca (há histórias gratuitas, mas o app também oferece planos que vão de US$ 5,99 a US$ 31,99)

O aplicativo Inventeca apresenta histórias ilustradas para envolver leitores de todas as idades. Pais e outros cuidadores podem reforçar laços com os pequenos por meio da narração. Basta escolher uma história, soltar a imaginação e contar sua própria versão individualmente ou em grupo: ela ficará gravada no app, podendo ser compartilhada com amigos e parentes e até virar livros impressos para colecionar e presentear.
Com narrativas ilustradas assinadas por autores de livros infantis premiados, o app exercita a fala e capacidade de ler imagens e contar histórias em qualquer língua. Está disponível para download na Google Play Store e Apple Store.

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Amamentação gemelar exclusiva é possível, mas caótica; leia relato https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/31/amamentacao-gemelar-exclusiva-e-possivel-mas-caotica-leia-relato/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/31/amamentacao-gemelar-exclusiva-e-possivel-mas-caotica-leia-relato/#respond Sat, 31 Jul 2021 17:18:31 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/Capturar-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9112 Assim que anunciei que estava grávida de gêmeos, recebi mensagens perguntando qual seria o tipo de parto e se eu amamentaria exclusivamente os dois como fiz com minha primeira filha até os seis meses.

Achei cedo para dar essas respostas. Disse que faria o possível para ter um parto normal e que tentaria amamentá-los exclusivamente no peito, mas sem expectativas ou preconceitos caso precisasse usar leite artificial.

No fundo, queria amamentá-los só no peito, principalmente pelos benefícios que eu vi na vida da Helena, que desmamou aos três anos.

Além disso, uma lata de leite custa uns R$50,00 e por aqui seriam sempre duas doses.

Assim que os meninos nasceram (farei meu relato de parto em breve), tivemos a golden hour e eles mamaram na primeira hora. Com um pouquinho mais de experiência, ajeitei a pega dos dois, mas mesmo assim tive fissuras horríveis.

O Miguel nasceu primeiro, com 2,520 quilos. Como tive diabetes gestacional, e ele nasceu abaixo do peso e com pouca reserva de gordura, a indicação era acordá-lo sempre para mamar. Que dureza! Ele apagava no colo, mamava muito pouco e voltava a dormir. Pedia ajuda para as enfermeiras no hospital, tirava a roupinha, molhava o rostinho dele e nada. Achava aquilo tudo muito violento, inclusive. Miguel dava umas cinco mamadas e apagava outra vez.

Tivemos alta.

Em casa, na primeira noite, Miguel estava amolecido, não acordava. Medi sua glicemia (como aprendi no hospital) e estava 24. Corremos para o pronto-socorro com a mala da maternidade, que não havia sido desfeita.

Ele teve uma crise de hipoglicemia, causada pela língua presa. Além de me machucar bastante durante as mamadas, ele ficava exausto para sugar o leite, porque o freio atrapalhava a sucção. Ele mais se cansava do que recarregava as energias mamando.

Samuel, que nasceu com bem mais reserva de gordura no corpo (3,220 quilos) estava com icterícia e a pediatra do plantão decidiu internar os dois.

A enfermeira não me perguntou nada. Tacou uma mamadeira de 120 ml na boca do Miguel, que mamou com gosto. Coitado, estava faminto.

Samuel, no embalo, mamou a mesma quantidade. Estava em choque, tão assustada com o desmaio do Migs, que só fiquei olhando atônita.

Foram cinco dias de internação até o Samuel clarear e o Miguel reagir. Só que eu tinha outra pequena em casa, que estava ansiosa pela chegada dos irmãos, e o pós-parto imediato dentro de uma UTI em plena pandemia de Covid-19, somado à queda hormonal após a gestação gemelar mais a preocupação com os meninos resultaram no atraso da descida do leite.

Eu tive um baby blues pesadíssimo e só chorava.

Quase ninguém sabia o que estava acontecendo e choviam mensagens querendo saber como foi o encontro dos irmãos e se já estávamos com muito sono. Queria eu estar sem dormir na minha casa.

Intestino preso, peitos cheios de fissuras por causa da confusão de bicos e da língua presa, hemorroidas cantando ópera e sem dormir há dias. Minha amiga Denise Saquetto, que é fisioterapeuta pélvica, veio nos ver  e trouxe o laser. O alívio das dores foi quase instantâneo. Incluo as dores emocionais também. Ela sabe ouvir como ninguém.

Comecei a focar na alta, depois resolveria a amamentação. Apesar do protocolo do hospital não permitir oferecer leite no copinho, algumas vezes nós dávamos na tampinha da mamadeira mesmo. A fono me ajudou bastante com as mamadas e me tranquilizou sobre a possibilidade de ainda poder amamentá-los exclusivamente.

No penúltimo dia de internação, durante uma chamada de vídeo com minha filha e minha mãe, senti a blusa molhada. A ocitocina, hormônio do amor, estimulou a descida do leite –11 dias após os meninos terem nascido. Eu sempre vou dizer pra Helena que o leite deles desceu por causa do amor dela.

Não gosto muito de lembrar desses dias na UTI, senti muita culpa pelo desmaio do Miguel. Eu leio e escrevo sobre maternidade, defendo a amamentação com unhas e dentes e estava ali, meio suspensa no ar, sentindo como se alguém estivesse roubando algo de mim. Entendi, porém, que esses dias foram necessários.

Após a alta, paramos em uma farmácia pra comprar uma lata de leite e já agendei a visita da Thalytta Costa, enfermeira especialista em amamentação.

Miguel fez a cirurgia à laser no dia seguinte e assim que o procedimento acabou, mamou com a pega perfeita, sem me machucar. A recuperação dele foi rápida também.

Thalytta me auxiliou na relactação e me deu muitas dicas para conseguir amamentá-los só no peito. Em 15 dias fui diminuindo a oferta noturna do leite artificial e aos poucos fui pegando confiança em mim e neles.

As mamadas sempre foram em livre demanda e eu fiquei em função disso, enquanto a casa, a comida e as roupas eram cuidadas pela minha rede de apoio: minha mãe e minha sogra. Meu marido teve um mês de licença (somando férias e banco de horas) e caprichava na atenção para a filha mais velha.

Sempre preferi amamentar um de cada vez, para entender o ritmo deles e ter um momento “só nosso” com cada um. Quando apertava e os dois mamavam ao mesmo tempo, até água ou comida na boca eu pedia.

Eles estavam ganhando peso, altura e sempre davam sinais de saciedade após as mamadas. Fora isso, as fraldas estavam sempre cheias. A amamentação exclusiva estava rolando bem.

A introdução alimentar começou aos sete meses, quando deram a maioria dos sinais de prontidão. Eu já não aguentava mais amamentar exclusivamente os dois. Na realidade, eu nunca gostei de amamentar. Faço pelos benefícios que a amamentação proporciona para eles, mas se eu disser que amo amamentar, estarei mentindo.

Curto a troca de olhares, a mãozinha deles fazendo carinho em mim, amo ver o ganho de peso e o desenvolvimento a partir do que sai do meu corpo, mas as dores, a abnegação, as mamadas na madrugada  e o “estar à disposição 24 horas por dia” é muito pesado para mim.

A demanda emocional é invisível e somado a tudo isso uma filha de três anos querendo atenção, ainda tentando entender o seu novo lugar na família e sofrendo muito com isso (outro relato que prometo trazer em breve).

Passamos por todos esses perrengues, saímos mais fortalecidos e unidos da internação e fiquei ainda mais empática em relação às mães que não conseguem amamentar.

É muito mais gente jogando contra do que à favor. Então, conseguir e seguir amamentando os dois é uma vitória para todos nós.

 SEMANA MUNDIAL DE ALEITAMENTO MATERNO 

Nesse ano, o tema da SMAM é  “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”. Não cabe só à mulher a responsabilidade pela amamentação.

Médicos, familiares, parceiros e amigos também são responsáveis pelo sucesso ou fracasso da amamentação de uma mãe. Sem apoio, é impossível.

‘Proteger a amamentação: uma responsabilidade de todos’ é o tema da Semana Mundial em  2021

]]> 0 Chegada de um filho é uma situação traumática, mesmo quando tudo vai bem https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/17/chegada-de-um-filho-e-uma-situacao-traumatica-mesmo-quando-tudo-vai-bem/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2021/07/17/chegada-de-um-filho-e-uma-situacao-traumatica-mesmo-quando-tudo-vai-bem/#respond Sat, 17 Jul 2021 13:44:48 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/WhatsApp-Image-2021-07-15-at-14.40.04-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=9084 Para a psicanálise, a chegada de um bebê precisa ser entendida como uma situação traumática.

Isso ocorre porque a entrada de um novo membro na família é “potencialmente desorganizadora”, que pode deixar pais e mães assustados, sem conseguir produzir um sentido para tamanha mudança.

Em geral, a preocupação mais velada é a financeira. Como vou pagar os estudos? E as fraldas, as roupas, remédios e seu lazer? Mas a desorganização vai muito além.

Pai e mãe deixam de ser somente “filhinhos” e passam a ter um “filhinho”. Fora isso, o nascimento de um bebê revisita o passado, onde há traumas, dores e situações nem sempre tratadas.

O relacionamento dentro de casa muda: os planos, horários, saídas e as viagens também.

Porém, essa crise interna não é socialmente aceita, já que o filho é uma bênção e a ideia de trauma não combina com o anúncio feliz e a chuva de “parabéns” que os pais ganham quando contam a novidade para os amigos e familiares.

Só que ela é mais comum do que se imagina. Para quem reconhece em si esse trauma, a indicação é buscar ajuda, tanto de profissionais de saúde mental, quanto criar uma rede de apoio e compartilhamento.

“É absolutamente necessário que mãe e pai possam contar com um ambiente próximo que apoie, dê continência e tolere esse mal-estar inicial”, explica a psicanalista Rachele Ferrari.

No dia 29 de julho, a mestre em Psicologia Clínica pela PUC/SP e doutoranda em Psicologia Clínica pela USP vai comandar uma roda online gratuita para debater esse assombro e sua elaboração.

“É preciso renunciarmos ao idílio tão veiculado pelas mídias. Há delícias sim e muitas, mas também há dores que precisam ser ouvidas. Falar sobre essas dores e poder receber uma escuta empática é curativo, porque a experiência vai sendo nomeada, transformada e integrada como repertório da vida”, conclui a psicanalista.


SERVIÇO

Maternidade: assombro e elaboração

Dia 29 de Julho – gratuito (pelo Zoom)

 

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Pandemia obriga mães a pedirem demissão após licença-maternidade https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2020/06/23/pandemia-obriga-maes-a-pedirem-demissao-apos-licenca-maternidade/#respond Tue, 23 Jun 2020 13:55:29 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/WhatsApp-Image-2020-06-22-at-19.11.50.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8886 Em meio à pandemia do coronavírus, mães que estão de licença-maternidade e precisam retornar ao trabalho estão preocupadas com o futuro dos filhos. Sem poder colocá-los em creches ou contratar babás, muitas delas são empurradas a pedir demissão por não encontrarem uma saída.

“Não sei o que fazer. Preciso voltar pessoalmente para a empresa, lá não tem home office lá. Fora isso, não tenho parentes por perto, nem posso contratar ninguém para ficar com meu filho”, diz Rute*, mãe solo de Matheus*.

Marcela* também está prestes a voltar ao trabalho após quatro meses de licença-maternidade e mais um mês de férias. Apesar da possibilidade de trabalhar no esquema de home office, não sabe como vai fazer com a pequena Ingrid*. Seu marido trabalha em horário comercial, ela não tem parentes próximos nem pode contratar uma babá para a menina.

“Sem escola, como vou fazer com a bebê sem comprometer meu trabalho? É uma vantagem estar em casa, mas a minha filha vai exigir uma atenção que meus patrões não estão dispostos a permitir”, lamenta a profissional que já pensou em pedir demissão assim que retornar.

“Meu pensamento desde o início era de colocar meu filho na creche, mas com a pandemia, não consegui fazer a matrícula. Meus sogros moram perto, mas os dois trabalham. Minha mãe é de outro estado e não pode ficar aqui porque é grupo de risco”, conta Beatriz*.

“Por um lado, sair do trabalho e ficar cuidando dele seria maravilhoso, pois acompanharia todo o desenvolvimento. Por outro lado, sair do trabalho no meio dessa crise é desesperador. Qual garantia vou ter que conseguirei retornar ao mercado de trabalho? Como vou sustentar meu filho?”, questiona a auxiliar de escritório.

“É uma escolha muito difícil, mas até o momento o que está mais certo é que terei que arriscar e parar de trabalhar. Vou colocar meu filho em primeiro lugar” diz Beatriz*, que retornará da licença daqui 10 dias.

Sem escolas, nem parentes disponíveis para ficar com os bebês, mães são obrigadas a pedir demissão após o fim da licença-maternidade (Imagem: Adobe Stock)

Pensando em reduzir essa vulnerabilidade, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apresentou o projeto de lei 2765/2020, que garante a ampliação da licença maternidade de 120 para 180 dias, e o da licença-paternidade, de 5 para 45 dias.

O texto, que está na fila para ser votado com urgência, também cria a licença-cuidador, que visa ampliar o período de licença para cuidados com o bebê por mais 180 dias. Neste caso, ela pode ser compartilhada com o companheiro, a critério da mãe, sem prejuízo do emprego e nem do salário.

“Em condições normais, 50% das mulheres são demitidas após o retorno da licença. Pensando em uma crise sanitária, sem perspectiva de fim, a situação ainda é pior. Sabemos que muitas empresas podem quebrar e, como sempre, as consequências das crises recaem sobre as mulheres”, afirma a deputada.

Integrante da Bancada Ativista em São Paulo, a deputada estadual e presidente da Associação Artemis, Raquel Marques, lembra que o ECA e a Constituição Federal dizem que crianças são responsabilidade do Estado, da sociedade e das famílias. “Na prática o Estado assume pouca responsabilidade, a sociedade, representada pelas empresas, também fazem pouco e a criança passa a ser vista como problema privado da família e, em última instância, apenas da mulher que a pariu”.

“De um lado a mulher precisa trazer sustento -lembrando das muitas famílias que são chefiadas por mulheres- e ao mesmo tempo se a mãe deixa a criança em casa é abandono de incapaz. Essa conta só fecha colocando uma vida em risco, deixando criança sozinha ou abrindo mão do emprego e tendo consequências financeiras”, afirma a ativista.

Raquel lembra que para o projeto ganhar força no Congresso é preciso pressão popular. Ela cita o envio de e-mails cobrando dos deputados a inclusão do projeto na pauta como uma urgência como uma das formas de mobilização.

“Não é possível que o cuidado com as crianças seja colocado como algo não prioritário. Estamos expondo a vida das crianças e aumentando a desigualdade dessas mulheres. Esse assunto não pode ser tratado como um problema privado”, reforça Raquel Marques.

*Os nomes foram trocados a pedido das mães.

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Bita, Luna ou Patrulha Canina; livros ganham versões personalizadas para crianças https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/19/bita-luna-ou-patrilha-canina-livros-ganham-versoes-personalizadas-para-criancas/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/11/19/bita-luna-ou-patrilha-canina-livros-ganham-versoes-personalizadas-para-criancas/#respond Tue, 19 Nov 2019 15:58:55 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/livro1-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8674 Estimular concentração e a curiosidade, ampliar o vocabulário e incentivar o raciocínio lógico. Esses são alguns dos benefícios que a leitura pode trazer pra uma criança.

Especialistas em educação defendem que quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros, mais facilmente se apaixonará pela leitura.

Uma sugestão da Dentro da História é incluir uma criança entre os personagens da história. Você escolhe o nome, a característica física e tipo de roupa da criança e ela vira a protagonista.

É possível personalizar histórias do Bita, Show da Luna, Patrulha Canina, Smilinguido, Galinha Pintadinha, Meninas Superpoderosas, Peppa Pig, Barbie e Masha e o Urso.

Também há títulos para os mais velhos como times de futebol, Turma da Mônica, Batman e o mais recente lançamento da empresa: Pequeno Príncipe, clássico de Antoine de Saint-Exupéry, que já foi traduzido para 160 idiomas.

Pequeno príncipe ganha versão interativa (Divulgação)

Perfil do Leitor

Bebê até 2 anos: Está descobrindo o mundo, observando e repetindo o que vê. O ideal é oferecer livros com cores vibrantes, com texturas ou músicas. A duração da atenção é menor nessa fase.

Entre 3 e 5 anos: Mais curiosa, nessa fase a criança escuta histórias e faz muitas perguntas. Livros com situações cotidianas ajudam os pequenos a entenderem o mundo.

Entre 6 e 8 anos: A criança começa a ler sozinha e tem mais atenção e foco na leitura. O ideal para essa fase é estimulá-las com livros que tenham aventuras e bastante emoção.

Criança dos 9 aos 12: Nessa fase, as crianças já emitem algumas opiniões e buscam referências para se espelhar.

Serviço

Dentro da História

Valor: R$ 69,00 + frete

Prazo de entrega é de 7 a 12 dias. ( 20% de desconto na compra de três livros).

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Justiça obriga planos de saúde a credenciarem enfermeiros obstétricos https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/justica-obriga-planos-de-saude-a-credenciarem-enfermeiros-obstetras/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/06/03/justica-obriga-planos-de-saude-a-credenciarem-enfermeiros-obstetras/#respond Mon, 03 Jun 2019 22:47:38 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/06/WhatsApp-Image-2019-06-03-at-19.08.11-1-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8247 Na semana passada, a Justiça federal decidiu que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) deve credenciar obstetrizes e enfermeiros obstétricos nos planos de saúde e hospitais conveniados.

Além disso, os planos devem ressarcir consultas e atendimentos desde o pré-natal até o pós-parto.

Para a enfermeira obstetra Mariana Chagas, a inclusão é um enorme avanço na assistência. “Nosso país é campeão em cesáreas sem necessidade e altos índices de mortalidade materna evitáveis por causa de uma assistência intervencionista.

A sócia fundadora do Espaço Mãe cita o relatório  SowMy, (OPA/OMS) de 2014, que aponta a presença da enfermagem obstétrica como responsável pela redução de até dois terços das mortes maternas e neonatais motivadas pelas boas práticas com menores índices de intervenções cirúrgicas e medicamentosas.

“Quando uma enfermeira obstetra faz parte da equipe, há mais respeito, autonomia, informação de qualidade, liberdade de posição durante o parto, técnicas de alívio de dor e acolhimento”, afirma.

“Essa decisão não deve ser vista como disputa de egos. O foco é a inclusão desses profissionais com o objetivo de melhorar a assistência prestada”, conclui a profissional.

Para a advogada Thaisa Beiriz, do escritório Trotta e Beiriz, a decisão é muito positiva, “pois mostra que os órgãos públicos estão atentos a triste realidade obstétrica do Brasil, não se contentando apenas com a edição de resoluções, mas focando em resultados efetivos”.

Especializada em Direito do consumidor, a advogada aponta que a intenção do Ministério Público é mostrar que a agência reguladora continua negligenciando a realidade obstétrica do Brasil.

“Haja vista que limitou-se apenas a edição de resoluções, não cumprindo com uma de suas principais funções que é a de fiscalização dessas normas”, destaca a profissional, lembrando que  a ANS já possui resolução neste sentido desde 2016.

Procurada, a ANS disse que não se manifestaria. Caso não cumpra a decisão, a agência deverá pagar multa diária de R$ 10.000. Ainda cabe recurso.

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Para pediatra canadense, muitos médicos ainda desconhecem a amamentação https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/27/para-pediatra-canadense-muitos-medicos-desconhecem-a-amamentacao/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/27/para-pediatra-canadense-muitos-medicos-desconhecem-a-amamentacao/#respond Mon, 27 May 2019 12:31:48 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-23-at-15.56.47-1-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8176 “Não pense que os médicos sabem muito sobre amamentação. A maioria não sabe nada“. A opinião é do pediatra canadense Jack Newman. Com mais de 30 anos de experiência no assunto, o médico é coordenador do Centro Internacional de Amamentação em Toronto, no Canadá.

Newman ressalta que dar de mamar não deve doer e que as mães devem tomar cuidado ao buscar informações na internet–onde segundo ele, há muitos dados  errados sobre amamentação. “Se as suas fontes dizem para alimentar o bebê tantos minutos de cada lado, não confie nelas”.

O blog Maternar pediu ao pediatra algumas dicas para ter sucesso na amamentação. Confira as respostas:

1- Não se deixe enganar. Não acredite que todos os médicos sabem muito sobre amamentação. A maioria realmente não sabe quase nada.

2- Aprenda com fontes confiáveis. Se as suas fontes dizem para alimentar o bebê tantos minutos de cada lado, não confie nelas. A internet é uma fonte particularmente ruim quando se trata de amamentação. Em nosso site há boas informações e vídeos em português.

3. A amamentação não deve doer. Se dói, é porque algo está errado e deve ser corrigido. Caso esteja doendo, busque uma boa ajuda. Quanto mais rápido, melhor. [Essa ajuda pode ser uma consultora em amamentação, por exemplo].

4. A boquinha aberta do bebê sobre o peito não significa necessariamente que ele esta sugando. Você pode observar pela pausa dos movimentos em seu queixo. Quanto maior a pausa, mais leite ele sugou na mamada. Um bebê com a pega correta consegue mamadas bem mais efetivas.

5. Quase nenhum medicamento requer que a mãe pare de amamentar.

6. O início tardio da amamentação diminui a oferta de leite da mãe.

O pediatra estará no Brasil para participar da segunda edição do Congresso Mame Bem, que ocorre entre os dias 12 e 15 de junho em Belo Horizonte (MG). O congresso trará diversos especialistas para falar sobre parto, nascimento, problemas mais comuns relacionados ao aleitamento materno, desmame, sono infantil, introdução alimentar e sobre o cuidado na primeira infância.

DICA DE OURO – EXPERIÊNCIA PESSOAL

O GVA , Grupo Virtual de Amamentação, também é uma fonte com informação de qualidade sobre amamentação. Além de relatos de outras mulheres, é possível compartilhar dúvidas, dicas, além de receber muito apoio para amamentar. (Link do Facebook: https://pt-br.facebook.com/gvamamentacao/)

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Para não separar irmãos, casal adota três crianças no interior de SP https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/24/para-nao-separar-irmaos-casal-adota-tres-criancas-no-interior-de-sp/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/05/24/para-nao-separar-irmaos-casal-adota-tres-criancas-no-interior-de-sp/#respond Fri, 24 May 2019 11:40:16 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/05/WhatsApp-Image-2019-05-07-at-12.14.47-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8088 Ao entrar para a fila de adoção, algumas questões são colocadas para os futuros pais como a possibilidade da criança ter um irmão. Hoje, das 46 mil pessoas que esperam para adotar no país, 28 mil optam por apenas uma criança, segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Moradores de Taubaté, no interior paulista, a psicóloga Carina Figueiredo,40, e o marido, o administrador e pastor Alex Figueredo, 44, limitaram em um o número de irmãos quando entraram na fila de adoção. Eles foram habilitados em 2012, após um longo período de entrevistas e envio de documentos.

Casados há quase 20 anos, eles descobriram no terceiro ano da união um problema de saúde nele.

“Adoção nunca foi um assunto romântico para nós. Sempre tivemos os pés no chão porque sabíamos que seria para sempre”, conta Carina.

Em agosto de 2018 o casal foi chamado no Fórum, onde foram avisados que três irmãos estavam disponíveis para adoção. Um menino de 5 e duas meninas: uma de 3 e outra de 2 –essa última ainda não havia sido destituída.

“Eles não falaram muito sobre o passado das crianças, apenas que estavam há oito meses na casa de transição e que foram vítimas de negligência”, conta a mãe. Ela explica que o número de filhos não foi uma questão para o casal e que em nenhum momento pensaram em separá-los.

 

Carina e Alex adotaram três irmãos no ano passado (Crédito Arquivo Pessoal)

Marcaram, então, visitas à casa transitória para conversar com a psicóloga. Em uma dessas visitas, Gustavo, o filho mais velho perguntou para o Alex se ele seria seu pai enquanto jogavam bola. “Instruído a não falar nada, Alex apenas perguntou por que o menino dizia aquilo. Ele respondeu que ele era o pai que ele queria”, lembra Carina.

Em uma nova visita, Gustavo havia dito a todas as crianças do local que os dois seriam seus pais. “Ele nos adotou primeiro”, diz.

As idas à casa passaram a ser diárias e o vínculo entre eles foi aumentando. O casal aproveitou o aniversário de uma sobrinha para apresentá-los para toda a família. A experiência foi positiva para os dois lados.

Uma semana depois perguntaram se o casal queria levá-los para casa para ver como seria a experiência. E assim, o juiz liberou a adoção logo em seguida.

“O início foi desafiador. Eles nos testavam. Cheguei a ouvir que não era mãe e sim tia”, explica Carina.

Reações como essas são esperadas, principalmente em adoções tardias, aponta a psicóloga Tatiany Schiavinato, que atua na área de adoção desde 2012.

“É muito comum crianças terem dificuldades para se vincularem aos novos pais. Isso ocorre por causa da quebra de vínculos anteriores. Os testes e conflitos são reflexos do medo de serem novamente abandonados”, afirma.

A psicóloga destaca que contar mentiras e reagir de forma agressiva também são comuns nessa fase, “até que essa criança se sinta pertencente à essa família”, conclui.

 

Os irmãos Eduarda,3, Gustavo, 5 e Kyara, 2. (Crédito: Arquivo Pessoal)

Neste sábado (25) é comemorado o Dia Nacional de Adoção. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), 9.534 crianças estão para adoção no país. Desse total, 5.262 possuem irmãos.

Em 2016, foram adotadas 1.710 crianças. Em 2017, foram 2.128 crianças. Ano passado, foram concretizadas 1.422 adoções no Brasil.

Segundo o CNJ, a regra é que grupo de irmãos permaneçam na mesma família. Tanto que esta é uma das hipóteses para opção por adoção internacional. No entanto, existe possibilidade de que eventualmente possa separar um grupo de irmãos, em famílias, por exemplo, na mesma cidade e região, desde que se comprometam a manter visitas, periódicas para manter o vínculo entre os irmãos.
Caso tenha interesse em adotar uma criança, o CNJ preparou um passo a passo neste link.
DICA

Enquanto produzia esse texto, diversas pessoas indicaram o filme “De Repente Uma Família”. O longa conta a história de Pete (Mark Wahlberg) e Ellie (Rose Byrne), um casal que decide adotar Lizzie (Isabela Moner), uma adolescente que tem outros dois irmãos. O resto não vou contar porque não sou adepta ao spoiler.

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No pior dia da minha vida, não sabia o nome dos vizinhos para pedir socorro, relata mãe https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/04/03/no-pior-dia-da-minha-vida-nao-sabia-o-nome-dos-vizinhos-para-pedir-socorro-relata-mae/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/04/03/no-pior-dia-da-minha-vida-nao-sabia-o-nome-dos-vizinhos-para-pedir-socorro-relata-mae/#respond Wed, 03 Apr 2019 20:17:11 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/04/WhatsApp-Image-2019-04-02-at-15.48.55-320x213.jpeg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=8001 Hoje eu conto a história da Fernanda Aranda, 34, do Dose Dupla. No dia 15 de março, a jornalista viveu uma experiência que provocou uma grande reflexão nela e em mim.

Em seu relato nas redes sociais, a mãe das gêmeas Clara e Olívia, de 4 anos, e de Martin, 1, conta que uma das meninas estava com suspeita de rotavírus e vomitava muito durante a madrugada. Ao seguir para o quarto do caçula, que estava febril, o menino estava roxo e convulsionava.

Ela e o marido, Fábio, decidiram levar Martin ao pronto-socorro, mas não tinham como levar as gêmeas, que naquele momento, dormiam.

“Esmurrei a porta do vizinho sem saber por qual nome gritar”, disse.

Assustados, Daniel e Sabrina Pelegrinelli, abriram a porta e atenderam prontamente o pedido para olhar as gêmeas enquanto os pais delas corriam para o hospital.

“Confiei a dois velhos desconhecidos minhas filhas. Não tinha nem telefone para mandar mensagem”, lembra Fernanda, que mora em um condomínio na Pompeia, em São Paulo.

“Nós também saímos cedo, voltamos tarde e não conhecemos os nomes dos demais vizinhos”, explica Sabrina.

“É bem interessante a ideia de que moramos em um lugar há 5 anos e nunca fizemos um churrasco com os nossos vizinhos  –uma coisa que em São Bernardo do Campo (SP) ou em Montenegro no Sul (RS), [as  respectivas cidades do casal], era possível”, completa Daniel.

Apesar do susto, Daniel e Sabrina atenderam o pedido e ficaram com as gêmeas (Arquivo Pessoal)

Martin recebeu alta no último dia 20. Ele está recuperado e seus olhos de jabuticaba voltaram a brilhar intensamente. Sua febre alta foi motivada por uma virose.

Fernanda e a família entregaram uma suculenta ao casal e agora já sabem que o cachorro deles se chama Backup.

Em seu texto ela também fez uma reflexão sobre viver em regiões altamente povoadas, onde ninguém sabe sequer o nome do vizinho de porta.  “Temos o hábito de escolher amigos pelas afinidades, mas isso acaba nos isolando em nichos. Reformulei alguns valores depois do susto que passamos”, conta a mãe ao Maternar.

“Nós já estamos marcando um café da tarde para unir mais a aldeia, como a Fernanda batizou o nosso condomínio”, disse Sabrina.

Você conhece seus vizinhos de porta? Já viveu algo parecido?

Leia o relato na íntegra

“Qual é o nome do seu vizinho?

O meu, porta porta, chama Daniel. Ele e a Sabrina dividem o mesmo hall comigo há uns 3 anos. Mas eu não sabia como eles chamavam. Até eu viver o pior dia da minha vida.

Em uma dessas viroses, durante a madrugada, a Clara colocava as entranhas para fora fazendo com que a gente suspeitasse de rotavírus. Entre um episodio e outro, passei no quarto do Martin para ver se a febrinha estava melhor. Encontrei meu caçula convulsionando.

Seus movimentos involuntários duraram minutos eternos de desespero. Ele então, roxo, virou os olhos me dando segundos da certeza que eu não mais veria aquelas jabuticabas pretas que tanto me iluminam. Enquanto isso, três da madrugada, eu esmurrava a porta do vizinho sem saber que nome gritar. Eu não sabia.

Precisava que ele, meu desconhecido, ficasse com as minhas pequenas para que eu corresse ao hospital e protegesse o Martin de um destino pior.

Ele, o vizinho, saiu em samba canção, com a Sabrina ao lado. Confiei a dois velhos desconhecidos minhas e filhas. E fui para o hospital descobrir horas depois que a convulsão febril do Martin estava controlada. Não tinha telefone para mandar mensagem. Que coisa esse mundo que vivemos.

Óbvio que meu coração ainda esta apertado por este episódio e, além do trauma, estou muito grata a tudo. Ao Daniel e à Sabrina também. Que receberam minhas lagrimas e abraços de gratidão em nosso primeiro encontro sem pijamas, e sem pressa do elevador que não chega e nos faz ter aquelas conversas sobre o tempo.

Ao Flavio e a Milu, nossos parceiros de brinquedoteca que pareciam distantes no oitavo andar para serem lembrados no desespero, mas foram. E nos apoiaram como só os amigos fazem.

Nisso tudo também andei pensando sobre a triste loucura que é uma sociedade de densidade altamente demográfica não ter mais vizinho.

Isso afeta a todos, porém meu viés é o da maternidade. E pelo lado materno, nesta solidão que nos aperta, falta uma vizinhança. Que tome um chá numa tarde fria de puerpério. Que busque um filho em situação de enchente e trânsito. Que rache a pizza num sábado. Que empreste uma xícara de açúcar e se surpreenda como os meninos cresceram.

Dizem que as melhores criações sãos as feitas em aldeia. Sinto forte a ausência de uma tribo.

Combinei com as crianças que vamos fazer um bolo de chocolate para levar para o Daniel e a Sabrina.

Eles têm um cachorro chamado Backup.

Ainda não sabemos se eles gostam de bolo, mas vamos tentar. Chegamos há pouco em casa. Martin esta bem. Eu ainda demoro uns dias

Da garagem, vi que a luz do apartamento de Daniel esta acesa. Fiquei aliviada. Acho que estou reconhecendo minha aldeia”

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Se mãe não está bem, bebê pode chorar mais, afirma autora https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/03/28/bebe-e-radar-de-emocao-materna-mae-precisa-desabafar-defende-autora/ https://maternar.blogfolha.uol.com.br/2019/03/28/bebe-e-radar-de-emocao-materna-mae-precisa-desabafar-defende-autora/#respond Thu, 28 Mar 2019 12:36:26 +0000 https://maternar.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/capa_sintonia-de-mae-320x213.jpg https://maternar.blogfolha.uol.com.br/?p=7987 Em que momento da história e da evolução humana desaprendemos a amamentar? Perdemos nossos instintos? Como resgatar algo tão precioso, natural e saudável?

Essas são algumas das perguntas que a odontopediatra Andressa Bortolasso faz no início de seu livro “Sintonia de Mãe” (Luz da Serra Editora).

A obra tem pouco mais de 300 páginas e fala sobre gravidez, parto, rede de apoio, aleitamento e desmame.

Entre os trechos que se destacam, está um exercício de autorreconhecimento. A  especialista em amamentação defende uma técnica de comunicação chamada “Eu Sinto”, que é quando a mãe para, reflete sobre seus sentimentos e aprende a verbalizar o que te incomoda.

“O bebezinho é um radar de emoções maternas, então pode contar que, se aconteceu alguma coisa naquele dia e você não estiver bem, seu bebê vai chorar mais”, diz o livro.

 

O autoconhecimento fortalece a conexão com o bebê, defende autora de livro (Crédito: Fotolia)

“É normal que o pós-parto seja um momento tenso e a mulher se torne um pouco mais agressiva, até mesmo pelo instinto de proteção do bebê. Mas é imprescindível manter a harmonia no ambiente, e uma boa comunicação ajuda muito”, completa.

A autora defende que a conexão com o bebê é responsável por boa parte do sucesso do aleitamento materno e para que isso ocorra, algumas coisas podem ser planejadas antes mesmo do nascimento do filho.

“Escolher uma rede de apoio e aprender a pedir ajuda são essenciais. As pessoas não adivinham pensamentos, e muitos acham que a mãe está dando conta de tudo porque ela não fala nada”, disse a autora ao Maternar

Mas é  preciso dizer o óbvio? Sim, às vezes, nem o pai da criança consegue perceber  que a mulher está esgotada, cansada e precisando de um tempo para fazer um xixi, beber água ou tomar um banho mais demorado, explica.

APOIO  

Uma rede de apoio é, como o próprio nome diz, uma rede onde a mulher pode descansar e confiar, sabendo que não cairá.

Esse apoio pode ser formado por um apoiador de base, que é a quela pessoa mais próxima como o marido, a mãe ou uma amiga muito próxima. Essa pessoa é aquela com quem a mulher tem segurança para desabafar.

Os apoiadores secundários são aqueles que estão dispostos a ajudar. “Uma amiga que se oferece, uma tia, uma vizinha de porta que diz ‘ qualquer coisa estou aqui’. Não dispense esse tipo de ajuda, porque em algum momento você pode precisar. Pode ser que precise de alguém de confiança para buscar seu filho mais velho na escola, que traga uma coisinha rápida do mercado para você ou que dê uma passada rápida na farmácia”, destaca a autora.

Andressa afirma ainda que pedir ajuda para conseguir tomar um banho demorado ou sair para fazer as unhas ou cuidar de si não significa ser negligente ou desleixada, como muitas mães se sentem. “Olhar para sua necessidades e valorizá-las é um caminho para recuperar a energia drenada pelas atividades maternas. “Entender o que se quer e o que é importante pra si faz com que a mulher fique bem e aumente sua conexão com o bebê”, conclui.

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