“Estava no meu território”, diz produtora sobre parto domiciliar; veja fotos
A produtora cultural Renata Hasselman, 31, sempre quis um parto natural, preferencialmente na água. Assim que se descobriu grávida, procurou uma profissional que era referência em parto humanizado em Salvador (BA), a obstetra Marilena Pereira.
“Minha primeira preocupação era em ter um médico que fosse a favor do parto natural, pois já sabia que a maioria acaba preferindo a cesárea”, diz ela, que deu à luz Bento no começo do mês em um parto domiciliar.
Ao escolher parir em casa, Renata pode estar acompanhada de sua mãe e irmã. O parto dela também foi assistido pela doula Maiana Kokila, por uma enfermeira obstetra e pela fotógrafa Ludy Siqueira.
A vantagem de parir em casa, e não em uma maternidade, segundo ela, foi a sensação de pertencimento àquele lugar.
“Estava no meu território, onde tudo me é familiar. Neste ambiente pudemos, todas, ficar bem à vontade, sem que houvesse regras ou protocolos”, afirmou.
Outro benefício foi estar em casa já no pós-parto. “Pude relaxar já em casa, na minha cama, no meu quarto, comendo a comida de casa.”
Como é recomendado para as gestantes que planejam fazer parto em casa, Renata tinha um plano B caso tivesse alguma complicação.
Se tivesse algum problema em casa , Renata já tinha escolhido um hospital para fazer seu parto. Seria o Santo Amaro. Mas ela não precisou sacar o plano B.
ESCOLHA E INFORMAÇÃO
Durante sua gestação, Renata diz ter percebido que havia muitas outras grávidas procurando informação sobre parto natural.
No entanto, segundo ela, esse desejo às vezes não se concretiza porque as mulheres não conseguem estabelecer uma relação de igual para igual com seus médicos.
“Muitas são convencidas a fazer uma cesárea pela ameaça de que podem colocar a vida do filho em risco [com um parto natural]. Acho que precisamos procurar profissionais que sigam a linha que desejamos. Também há uma parcela muito grande de mulheres que acredita que a cesárea é a forma mais segura de parir”, diz ela.
Para a Febrasgo (federação das sociedades de ginecologia e obstetrícia), os partos hospitalares sãos mais seguros que os domiciliares. No entanto, a entidade afirma que “em respeito aos direitos reprodutivos e ao princípio bioético da autonomia, defende que a escolha de onde e com quem parir é das mulheres”.
Na semana passada, uma professora da Ufscar morreu 11 dias após uma cesárea realizada depois da tentativa de um parto domiciliar.
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A federação orienta que as mulheres sejam informadas sobre os riscos e benefícios, baseados em evidência científica dos diversos tipos de partos e de onde o filho vai nascer.
A resolução 368 da ANS (Agência de Saúde Suplementar) de estímulo ao parto normal entrou em vigor no último dia 6. Entre as mudanças estão a obrigação das operadoras informarem a taxa de cesárea e de parto normal de seus médicos credenciados.
Outra exigência é a entrega do cartão de gestante e o preenchimento do partograma durante o parto.
A resolução não acaba com a cesárea eletiva, que poderá ser reembolsada se a gestante preencher um termo de consentimento.