Pais conversam menos com bebês quando brincam com jogos eletrônicos (e isso pode afetar a fala)
Pais costumam conversar com os filhos mesmo antes do seu nascimento. A conversa começa quando eles ainda estão na barriga da mãe.
Essa comunicação precoce é considerada fundamental para o desenvolvimento da fala infantil.
Estudo divulgado na revista científica “Jama”, da Associação Médica Americana, alerta sobre os efeitos dos jogos eletrônicos com som sobre a comunicação entre pais e filhos.
Conduzida por Anna Sosa, pesquisadora da Universidade de Northern Arizona, a pesquisa mostra que pais conversam menos quando brincam com jogos eletrônicos que ‘falam’ ou emitem sons e luzes.
O trabalho analisou o comportamento de 26 pares de pais (25 mães e um pai) e filhos, com idades entre 10 e 16 meses. Durante um ano e meio a pesquisadora observou as interações dessas mães com seus bebês enquanto brincavam com três tipos de produtos: jogos eletrônicos, brinquedos tradicionais, como blocos de montar e massinha, e livros infantis.
A pesquisa mostrou que os pais falam muito mais com os filhos quando a brincadeira envolve livros e brinquedos tradicionais: 67 e 56 palavras por minuto, respectivamente. Quando a brincadeira envolve um brinquedo ‘falante’, o número de palavras proferidas cai para 40 por minuto.
De acordo com a pesquisadora, a qualidade do conteúdo da conversação é maior nos jogos sem pilhas, pois há maior riqueza de diálogo e espontaneidade.
“É importante que os pais entendam que estes brinquedos eletrônicos, aplicativos e jogos, inclusive os comercializados como educativos, são um entretenimento para as crianças e não uma ferramenta para seu desenvolvimento”, disse a especialista.ao jornal “El País”.
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NA CONTRAMÃO
Em outra linha, a Academia Americana de Pediatria admitiu em outubro passado que pretende rever sua recomendação sobre o uso de tecnologias por crianças. Até então, a entidade aconselhava que crianças menores de 2 anos não deveriam ser expostas a nenhum tipo de tela, incluindo computador, tablet, televisão e celular. E para as maiores, a exposição não deveria superar 2 horas diárias.
“Em um mundo em que ‘tempo de tela’ está se tornando simplesmente ‘tempo’, nossas políticas devem evoluir ou ficar obsoletas”, informa nota da academia. “Hoje, mais de 30% das crianças americanas usam aplicativos móveis enquanto ainda usam fraldas”, diz a academia.
Segundo pesquisa citada pela academia, 75% das crianças americanas de 13 a 17 anos possuem smartphones e 24% admitem usar seus aparelhos constantemente.
Apesar da guinada de postura, isso não significa que liberou geral. Cada família deve adotar o padrão que considera adequado para a exposição das crianças às novas tecnologias.